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DIA DO TRABALHO: Sindec e a luta para proteger trabalhadores do comércio
Marcelo Grisa
especial
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Canoas (Sindec-RS) é uma entidade sindical que atende mais de 14 mil associados. O número é alcançado hoje porque a organização não mais atende somente o território canoense: ela conta com duas sub-sedes em Cachoeirinha e Gravataí, além de representar comerciários de Nova Santa Rita. Além de todos os funcionários de múltiplas empresas aos quais defende e presta serviço, o próprio Sindec emprega mais de 40 colaboradores.
O presidente, Antonio Fellini, que lidera o Sindicato desde a década de 80, acredita que o começo vitorioso da história da entidade foi o que levou à sua consolidação como representante dos empregados do comércio na região. Tudo começou ainda antes, em 1977, quando foi fundada a Associação dos Profissionais Empregados no Comércio de Canoas. O registro sindical ocorreu apenas em 19 de março de 1980, quando o então ministro do Trabalho, Murilo Macedo, promulgou o registro sindical, mudando a nomenclatura.
“Aí então, em julho, estabelecida a primeira diretoria, foi alugada uma pequena sala, na rua Cândido Machado, de onde saímos depois que este prédio foi construído”, refere-se Fellini ao amplo imóvel, localizado na Rua Alberto Torres, nº 224, próximo à rua Dr. Barcelos. A sede administrativa foi iniciada em 1985, sendo terminada no ano seguinte; as demais instalações foram sendo implementadas aos poucos no terreno (1993 e 2010) para abrigar estruturas e serviços que agregam-se às lutas da entidade.
O Sindec-RS presta assistência jurídica a partir de sua assessoria especializada aos empregados que sentirem-se lesados em suas relações com os patrões, ajudando-os a buscar seus direitos na Justiça do Trabalho. Além disso, também presta serviços médicos, tanto na forma de profissionais que atendem na sede da entidade, como em convênios firmados com clínicas e consultórios, com descontos de até 50% para os sindicalizados. A sede também disponibiliza o Salão Nobre para eventos.
Um outro foco na prestação de serviços é a Escola de Educação Infantil Pequeno Comerciário, que atende dezenas de filhos de mulheres que atuam no setor em Canoas. “É um serviço que poucos sindicatos fazem, e é importante porque 70%, quase dez mil, dos afiliados são mulheres”, explica Fellini. De acordo com o presidente, o trabalho aos domingos também prejudica essas trabalhadoras, já que muitas delas atuam em dupla jornada, precisando também cuidar da casa e dos filhos.
Ainda em 1986, o Sindec já lutava ativamente por pautas como o sábado inglês – com trabalhos somente até as 13h no comércio. Entretanto, tais iniciativas foram sofrendo derrotas ao longo dos anos nacionalmente. “Apesar da ditadura, nos anos 80 tínhamos um patronato mais sensível aos pedidos dos trabalhadores”, afirma Fellini. Hoje, segundo ele, todo o esforço se concentra em defender os direitos trabalhistas existentes, posicionando-secontra medidas como o PL 4330, que tem o objetivo de ampliar a terceirização de serviços, por exemplo.
Segundo o presidente, entretanto, toda a luta e os serviços tem um futuro incerto: faltaria consciência do alto custo da manutenção das jornadas de pressão política por parte dos sindicalizados, bem como da percepção dos encargos necessários para manter iniciativas como a creche e o salão de festas funcionais. “Os Sindicatos são o último fio de democracia para o trabalhador. Assumimos creches e outros serviços porque vemos que o Estado não atende, e nós, como também eleitos pelo voto, precisamos atender os pedidos dos sindicalizados”, aponta Fellini.
Segundo o presidente do SINDEC-RS, faltariam medidas como uma melhor fiscalização por parte das Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs); a reforma política; e um melhor atendimento dos serviços mais básicos à população. “Aqui, trabalhamos de maneira semelhante aos políticos, mas ouvimos mais. Temos que honrar e fazer tudo dentro da lisura, como estamos fazendo há 35 anos. As pessoas nos cobram, precisamos respeitar isso.”
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“Nunca trabalhei na vida, eu faço o que me dá prazer”; morre Jesus Pfeil aos 85 anos
Morreu no domingo, 24, o cineasta, historiador e escritor, e figura ilustre de Canoas, Antonio Jesus Pfeil. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, decretou três dias de luto oficial. O velório acontece nesta segunda-feira, até 17 horas, no Crematório de Cemitério São Vicente, em Canoas.
Antonio Jesus Pfeil nasceu em 7 de outubro de 1939, na área de Canoas que posteriormente foi emancipada e se tornou Nova Santa Rita. Cineasta, historiador e pesquisador do cinema gaúcho, estudou no Colégio La Salle e passou pelo serviço militar. Em 1960, atuou como ator no Teatro Brasileiro de Comédias, que estava com uma peça em cartaz no Theatro São Pedro. Na ocasião, subiu ao palco ao lado de Nathália Timberg e Leonardo Villar.
Seu primeiro curta-metragem, Cinema Gaúcho dos Anos 20, participou da mostra do Festival de Cinema Brasileiro de Gramado e, em 1974, recebeu um prêmio especial no mesmo festival. Além da carreira como cineasta, Jesus também conquistou espaço como pesquisador, autor de artigos e, paralelamente, atua como participante de conferências e de comissões julgadoras em festivais e outros eventos ligados à História do Cinema Gaúcho e Brasileiro.
Resgate
Como escritor e historiador, Jesus tem profunda contribuição para o resgate histórico da cidade. Ele é autor da coleção Canoas: Anatomia de Uma Cidade, e organizador do livro Origens de Canoas, que conta com artigos de Edgar Braga da Fontoura, primeiro prefeito do município. Estas são apenas algumas dentre muitas obras de Jesus no cinema e na literatura.
No ano 2000, Jesus recebeu uma justa homenagem pela sua contribuição para a cultura na cidade. A biblioteca da Escola Municipal Ícaro foi inaugurada e, desde então, se chama Biblioteca Antonio Jesus Pfeil.
Prazeres
Ao ser indagado pelo O Timoneiro, em 2018, sobre como enxerga a importância de seu trabalho para o meio cultural e para Canoas, Jesus, sempre bem-humorado, brinca: “Trabalho? Que trabalho? Eu nunca trabalhei na vida, eu só tenho prazeres, só faço o que me dá prazer”.
“As pessoas me perguntam ‘Jesus, qual é a novidade hoje?’, e eu respondo: ‘Olha, de manhã eu abri os olhos e estava vivo, não morri dormindo. Vamos ver o que acontece hoje’. Eu sempre digo, e disse no filme Jesus – O Verdadeiro, é que meu futuro foi ontem e não tem como saber o que vai acontecer hoje. Sobre o que eu já vivi, eu posso falar. Meu primeiro Kikito em gramado eu ganhei em 1974 e foi o primeiro Kikito gaúcho do festival. Eu gosto de trabalhar com História porque filme de ficção todo mundo faz e faz igual hoje em dia, só muda o nome dos personagens e o título, é sempre o mesmo roteiro. Um filme que eu fiz e gosto de destacar é o Porto Alegre, Adeus…! É uma carta que eu escrevi ao Glauber Rocha. E o Glauber Rocha tinha aquela frase que dizia que tinha que ter uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Pensando bem, hoje em dia as pessoas, muitas vezes, têm a câmera na mão, mas não têm a ideia na cabeça, por isso fazem tanta coisa igual”.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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