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05/02/2025
 

Comunidade

Compartilhando Amor, Reciclando Vidas!

Projeto leva o mundo das artes a crianças em situação de vulnerabilidade social

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Cooarlas Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT

Cooarlas Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT

 

Por Vanderlei Dutra
@vanderleidutra

 

Há 12 anos, Francisco Enir Lopes iniciou um projeto que mudaria a sua vida e a de centenas de famílias. No Guajuviras, na cooperativa de resíduos COOARLAS, ele dedicava parte do seu tempo para dar aulas de música às crianças da comunidade. Momentos de estudo, disciplina, atenção e um contato com um mundo que, antes, era visto pela TV por estas crianças: o da arte.

De lá para cá, Francisco recebeu reforços importantes e ampliou o trabalho: hoje o Projeto Compartilhar recebe a chancela e o apoio, com seminaristas voluntários, da IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil), CEL Paz de Canoas, Capelania da ULBRA, colégio Cristo Redentor e Seminário Concórdia, e atende quatro cooperativas de resíduos (COPCAMAT, COPERMAG, COOARLAS e Renascer) e três escolas de Ensino Fundamental municipais (Guajuviras, Paulo Freire e Nancy Pansera).
Nossa reportagem acompanhou, convidada pela diretora do Sindicato dos Profissionais em Educação Municipal de Canoas (Sinprocan) Cristine Strobelt, as aulas em três destes locais, e conta um pouco, a seguir, do que encontrou e a opinião de participantes.

Escola Guajuviras

Na tarde nublada, duas salas da EMEF Guajuviras estavam agitadas e iluminadas. Cerca de 40 estudantes, pais e professores estavam atentos às flautas e aos violões. Em rodas, os alunos prestavam atenção nos professores de música André Felipe Silva e Cássio Loose e aos sons dos instrumentos e, nem mesmo a presença de pessoas estranhas com máquinas fotográficas, atrapalhou o desenrolar da aula com cara de ensaio.
Não demorou para que se organizasse uma pequena mostra dos dotes da turma, que com facilidade tocou clássicos da música brasileira. A atenção aos detalhes e a cobrança que cada um se faz é de gente grande, contrastando com a pouca idade dos pequenos artistas.

É o terceiro ano do projeto na escola, que conta hoje com a ajuda de alunos do Seminário Concórdia e estagiários do curso de Teologia da Ulbra. Segundo a diretora Inara Maria Soares Raupp, o projeto auxilia principalmente no trabalho com crianças em situações de vulnerabilidade. “Normalmente, os participantes são crianças cujos pais trabalham o dia inteiro. É gritante a modificação no comportamento e na sociabilidade entre os alunos. Esse apoio (do projeto) foi muito importante. Alunos que preocupavam em sala de aula hoje não dão mais problemas. O projeto cresce, sinal que os alunos estão gostando”, disse.

“O CPM da escola é parceiro e atuante junto ao projeto. As mães colaboram, cerca de 10 pela manhã e cinco à tarde, além do Grêmio Estudantil e o Conselho Escolar”, relata Inara.

Segundo Fabiene Moreira, mãe de Maria (11) e Camiele (7), o projeto é um sucesso. “Estou adorando. Elas mudaram o comportamento. Uma é mais rebelde na escola e está bem melhor. Elas adoram. Por elas, teria todo dia”, diz. Maria, sua filha, conta o que mais gosta: “É legal. Gosto de tocar violão e a música que mais gosto é ‘O Senhor é meu Pastor’”, fala.

EMEF Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

EMEF Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

Paulo Freire

Uma escola com cerca de um ano e meio de funcionamento, que atende uma comunidade em situação de extrema vulnerabilidade social, com muitos casos de indisciplina. Este foi o quadro que Francisco encontrou quando começou o trabalho na EMEF Paulo Freire. Lembra que, em uma das primeiras vezes que foi com seminaristas ao local, saíram assustados, mas lembraram do objetivo do projeto e de suas vidas. “Falamos entre nós: se é aqui que precisam de nós, é aqui que precisamos estar”, relembra.

E assim foi. Com o início do projeto e a chegada da nova diretora Elizabete Fettuccia, as coisas foram melhorando. “Com esse jeito durão e, ao mesmo tempo, maternal, ela foi colocando ordem na criançada”, conta, entre risos, Francisco.
A diretora não esconde este seu jeito durão e interrompe algumas vezes a entrevista com algumas frases mais enérgicas para interromper uma brincadeira mais forte ou até mesmo um princípio de briga. “Já pra sala”, brada ela.

Ela também elogia o projeto: “Esse projeto é maravilhoso. A música ajuda muito na alfabetização. Temos muitos casos com desvio de idade-série, evasão e outras coisas, e a música tem ajudado muito até na postura da turma”, diz.

É o que relata também a professora da turma, Fernanda Spindler. “A minha turma não tinha disciplina, tinha dificuldade de aprendizagem, não sabiam ler, sentar, às vezes nem comer com talheres. Hoje, 80% são alfabetizadas”, conta orgulhosa. Ela ressalta ainda a importância dos alunos terem o contato com outras figuras masculinas para que possam ter outras referências a seguir. “É bom que sejam homens os professores, pois têm as mesmas linguagens dos alunos e, muitas vezes, eles os têm como ídolos. Aprendem que não precisam brigar para se destacar ou chamar a atenção”, salienta.
O sucesso do projeto na escola se resume na fala final da diretora: “Pena que não podemos ter mais turmas com o projeto, pois o nosso espaço não comporta”.

EMEF Paulo Freire. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

EMEF Paulo Freire. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

COOARLAS

Saindo da escola Paulo Freire, Francisco nos guia até a Cooperativa de Reciclagem de Lixo Amigas Solidárias (Cooarlas). Ainda do lado de fora, escutamos o som das flautas que colore a tranquilidade daquela zona simples, em uma tarde agradável. Ao entrar no galpão, uma cena impactante e bonita: dois jovens recebem aula de violão sentados junto ao lixo compactado e embalado para seguir o destino do reaproveitamento.

Ali, em meio ao lixo que vira sustento para dezenas de famílias, alunos e professor dedicam parte de seu tempo na troca de ensinamentos e experiências a partir da arte. Quem estaria aprendendo mais, os alunos ou o seminarista? Deixamos a aula seguir seu ritmo bonito, caminhamos pelo galpão que tem dezenas de mulheres e apenas um homem trabalhando na triagem dos resíduos que passam em uma grande esteira. Após, entramos em uma casinha, com sala e cozinha conjugadas.

O ambiente simples estava repleto de vida. Cerca de 15 crianças com suas flautas em volta de uma mesa estavam atentas ao professor Mateus, que ensinava leitura de partituras. Ponto importante do projeto. Em todas as aulas que acompanhamos, os alunos estavam seguindo partituras, lendo e interpretando as músicas. “Sempre trabalhamos a leitura de partitura, para poderem depois participar de orquestras”, relata o professor, lembrando casos de alunos que seguiram o caminho musical.

Francisco chama as crianças pelos nomes, pergunta se suas mães e pais estão bem. Ele nos aponta uma menina e conta que a mãe dela foi sua aluna, lá no início do projeto, ali mesmo naquela cooperativa, no início dos anos 2000. “A mãe dela participou do projeto, agora a filha mais velha que já está trazendo a irmã mais nova”, conta.

Cooarlas Guajuviras.  Foto: Vanderlei Dutra/OT.

Cooarlas Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

Tio Francisco

De gestos mais contidos, quase tímido, Francisco Enir Lopes, responsável pelo projeto, acompanhou as visitas e nunca falou dele, sempre fez questão de valorizar o trabalho das diretoras, dos professores e dos seminaristas, buscou dar voz aos pais e os alunos. Os adultos o respeitam, os pequenos olham com admiração. Por vezes correm e abraçam suas pernas e deixam escapar um carinhoso “oi, tio!”.

Caminha pelas escolas e pelo galpão de reciclagem como se estivesse em casa. Fala com todos, conhece tudo, lembra histórias destes muitos anos de trabalho pelo próximo.
Nota-se, nas feições do rosto, a satisfação pessoal de ver mudada para melhor a vida de centenas de crianças. E quando não está nos apresentando alguém, nos ensina também: “Precisamos aprender a caminhar juntos, sem ficar questionando (a vida dos outros). Isto procuro passar para os alunos para que eles passem adiante”. Obrigado, Francisco! Aprendemos muito, também.

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Moradores do Mato Grande recebem ticket-alimentação da Central Única das Favelas no valor de R$ 120

Redação

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Moradores do Mato Grande recebem ticket-alimentação da Central Única das Favelas no valor de R$ 120

Moradores do bairro Mato Grande receberam no final manhã desta sexta-feira, 31, cartões ticket-alimentação distribuídos pela Central Única das Favelas (Cufa) do Rio Grande do Sul.

O cartão poderá ser usado pelos beneficiados para comprar alimentos e medicamentos e conta com um crédito de R$ 120,00. O prefeito Airton Souza participou do ato de entrega para cerca de 50 pessoas e conversou com moradores sobre as demandas da comunidade.

A coordenadora da Cufa Canoas, Cristiane Melo Dutra, explica que os cartões podem ser usados em mercados, atacados e algumas farmácias.

“Esses cartões, para as famílias, são de extrema importância, pois são um complemento na comida, na carne, nas verduras, e muitas vezes na farmácia também para medicamentos ou higiene para as crianças”, diz a coordenadora.

“Em Canoas foram distribuídos nessa última semana 400 cartões divididos por bairros nas partes com mais vulnerabilidade.” A primeira a receber o cartão foi a aposentada Marilei Rodrigues, 60 anos. “A Cufa faz um trabalho excelente aqui. Eu estou muito feliz por ter ganhado o cartão. Vou usar no mercado, me ajuda muito”, comentou ela.

O prefeito Airton Souza participou do início da entrega dos cartões, conversou com moradores locais e caminhou pelas ruas para receber demandas da comunidade. Airton elogiou o trabalho da Cufa em Canoas e a parceria com o município em benefício da população.

“Queremos trazer soluções para os problemas, e mais dignidade para as pessoas que vivem na vulnerabilidade.”

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ATENÇÃO! Prefeitura de Canoas alerta sobre golpe relacionado ao Auxílio Reconstrução

Redação

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ATENÇÃO! Prefeitura de Canoas alerta sobre golpe relacionado ao Auxílio Reconstrução

A Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Pública (SMSP), alerta a população canoense sobre a prática de golpistas que utilizam, de modo criminoso, o nome da Administração Municipal ou mesmo de alguns departamentos, a fim de obter informações pessoais de forma ilícita e até mesmo solicitando pagamentos para regularizar eventuais pendências.

Auxílio Reconstrução

O golpe mais recente apresenta agora uma orientação enganosa sobre o programa Auxílio Reconstrução, do Governo Federal. Através de uma mensagem via WhatsApp, os estelionatários pedem que a pessoa clique em um falso link e inclusive digite seu CPF.

A secretária de Projetos e Captação de Recursos de Canoas, Daniela Fontoura, reforça que não estão sendo realizados novos cadastros para o Auxílio Reconstrução.

“Aguardamos a formalização dos critérios que serão definidos pelo Governo Federal, e uma divulgação oficial nos canais da Prefeitura será feita com orientações claras sobre como proceder. A Administração jamais solicita dados pessoais, informações financeiras ou números de contas bancárias, nem envia links por meio de números de telefone sem identificação”, ressalta.

Conforme o secretário da SMSP, Major Alberto Rocha, a comunidade deve ficar atenta e sempre desconfiar das formas de contato.

“É recomendado não clicar em links suspeitos e sempre buscar informações nas páginas oficiais da Prefeitura e até mesmo entrando em contato com o setor competente ou fonte oficial. Sabemos que em diversos casos, os e-mails ou sites falsos de fato imitam as identidades visuais dos portais dos governos para enganar as vítimas, portanto sempre fique atentos aos detalhes. Já outra dica importante é sempre observar a extensão dos e-mails e a identificação dos números telefônicos”, afirma.

Empresas

No âmbito empresarial, os estelionatários fazem contato por meio de mensagens falsas; através de e-mail, whatsapp ou SMS, alegando irregularidades no alvará de funcionamento de estabelecimento ou na situação do Microempreendedor Individual (MEI).

Os criminosos chegam a encaminhar guias falsas com cobranças indevidas em links não oficiais, fazem pedidos para saque de dinheiro por parte das vítimas e ainda buscam obter informações pessoais para cometer fraudes. Em uma das práticas citam o Departamento de Licenciamento Urbano e Obras, que sequer existe na composição administrativa da gestão.

Dúvidas e informações a respeito de pagamento de taxas e sobre a situação legal das empresas podem ser obtidas pelos canoenses junto ao Escritório do Empreendedor (Rua Dr. Barcelos, 969, Centro) ou através do telefone (51) 3425 7604.

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Abertas as inscrições para quatro turmas de cursos gratuitos em Canoas

Redação

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Abertas as inscrições para quatro turmas de cursos gratuitos em Canoas

Estão abertas as inscrições para a formação de quatro turmas dos cursos gratuitos – Administração de Materiais e Logística Integrada e de Eletricista Predial, oferecidos no município.

Os interessados devem confirmar presença, pessoalmente, na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação (SMDEI), munidos de xérox e originais dos seguintes documentos – Identidade (RG ou CNH), CPF, Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e comprovante de residência atualizado. O prazo encerra na próxima terça-feira, 28, ou até o fechamento das turmas. 

Local

A sede da SMDEI está localizada na Rua Doutor Barcelos, 969, no Centro de Canoas. O horário de expediente é das 9 ao meio-dia e das 14 às 16h. O público-alvo são pessoas desempregadas ou consideradas subocupadas (comprovação mediante cópia da CTPS), que residem em Canoas e possuem mais de 14 anos.
A promoção dos cursos é da Prefeitura de Canoas, por meio da SMDEI, a partir de convênio com o Governo do Rio Grande do Sul, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação – Diretoria de Emprego, Trabalho, Renda e Formação Profissional do Estado.
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Graduação Lasalle

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