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CONSEQUÊNCIAS DO TEMPORAL: Comércio e moradores sofrem com danos a serviços básicos e 300 árvores caídas
Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
Árvores caídas, perdas no comércio e moradores em espera. Canoas ainda vive cenários como estes nos dias após a tempestade que atingiu o Estado na noite de terça-feira, 16.
A falta de luz, água e comunicações afetou partes da cidade na quarta-feira. Nesta quinta-feira, 18, os serviços estão em processo de restabelecimento.
Ao final da manhã de quinta, 18, apenas na Região Metropolitana, eram mais de 170 mil pontos sem luz, de acordo com a concessionária de energia RGE. Em informação repassada pela empresa à Prefeitura de Canoas, 63 mil desses postos se encontram no município, o que equivale a cerca de 37% do total.
O serviço de energia já foi restabelecido em bairros como Mato Grande, Centro, Nossa Senhora das Graças, Olaria, Estância Velha e Igara, e a empresa espera retomar os serviços assim que possível em toda a cidade.
A Corsan não forneceu números específicos, mas em comunicado, informou que o fornecimento de água deve estar normalizado na madrugada da sexta-feira, 19.
A empresa afirmou que a normalização tem sido possível graças à instalação de geradores nas estações de tratamento. Apesar disso, é possível que ocorram interrupções e oscilações na pressão da rede.
Entretanto, em bairros como o Cinco Colônias, a chuva tornou algumas situações piores. Na casa de Elisabete Delfino, moradora da Rua das Pitangueiras, a água não veio da rua, mas de dentro dos próprios canos da casa. A condição, que começou sem gravidade na semana anterior, agravou-se na noite de terça-feira.
“Era muita água. No meu quarto, tinha dez centímetros de água. Botamos a água com rodo para a rua a noite inteira, e eu precisava ainda cuidar para os meus netos não terem contato com o esgoto”, relatou.
Equipes estão nas ruas realizando a retirada das cerca de 300 árvores que caíram após a tempestade, de forma a agilizar a retomada do fornecimento dos serviços básicos.
Comércio prejudicado
O primeiro dia após o evento climático extremo afetou inclusive o comércio no centro da cidade. As lojas que abriram precisaram fazer horários diferenciados devido à falta de luz, e parte das vendas foi prejudicada por conta da consequente ausência de internet nos estabelecimentos.
“Nosso maior fluxo é online. As máquinas de cartão funcionam de alguma forma, mas a bateria da balança não durou o dia todo na terça”, afirmou Adriele Campos Martins, que trabalha em uma pet shop na Rua Coronel Vicente.
Próximo ao local, no semáforo com a Rua Dr. Barcelos, um dos cruzamentos mais movimentados da cidade inspirava atenção aos motoristas. Sem o sinal, era necessário cautela para atravessar partes importantes da região central, como o acesso à BR-116.
Apesar de a energia ter retornado a quase todos os pontos do Centro até a manhã do dia 18, muitos lugares não retomaram os serviços. A agência canoense do Sistema Nacional de Emprego (Sine), por exemplo, continuou fechada na quinta-feira, 18.
Os sistemas eletrônicos do local ainda não estavam funcionando plenamente, o que impediu o atendimento desde a quarta-feira, 17.
Outros serviços em Canoas foram restabelecidos na quinta, 18. O transporte público municipal já opera com 100% da frota nas ruas, com algumas rotas tendo desvios no trânsito no Fátima e na Vila Cerne.
Nas casas de saúde do município, as conjunturas variam. O Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) e o Hospital Universitário (HU) já têm água e luz. O Pronto Socorro ainda precisa de água através de caminhões-pipa, mas atende normalmente.
O HU ainda enfrenta problemas no atendimento por conta de restrições nos serviços de internet. O HNSG está com suspensão parcial das cirurgias eletivas por conta de um destelhamento no Bloco Cirúrgico.
Previsão do tempo
O clima deve permanecer nublado em Canoas na próxima semana. Entretanto, não há previsão de eventos climáticos como o da última terça-feira. As mínimas devem oscilar entre 17 e 21 graus, com máximas de 27 a 31.
Há a possibilidade de pancadas de chuva todos os dias, com exceção de terça-feira, 23. Nos demais, a precipitação deve variar entre 2 a 10 milímetros por dia.
Números de emergência
Em caso de problemas com árvores caídas, alagamentos e outras consequências da chuva, é necessário comunicar à Defesa Civil pelos telefones (51) 3476-3400 e 99322-5764, assim como ao Corpo de Bombeiros, pelo 193.
A Guarda Municipal também está de prontidão nos telefones 153, 32363888 ou pelo 32363889. A sinalização devido à queda de árvores ou alagamentos deve ser comunicada à Diretoria de Trânsito, no número 156.
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“Nunca trabalhei na vida, eu faço o que me dá prazer”; morre Jesus Pfeil aos 85 anos
Morreu no domingo, 24, o cineasta, historiador e escritor, e figura ilustre de Canoas, Antonio Jesus Pfeil. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, decretou três dias de luto oficial. O velório acontece nesta segunda-feira, até 17 horas, no Crematório de Cemitério São Vicente, em Canoas.
Antonio Jesus Pfeil nasceu em 7 de outubro de 1939, na área de Canoas que posteriormente foi emancipada e se tornou Nova Santa Rita. Cineasta, historiador e pesquisador do cinema gaúcho, estudou no Colégio La Salle e passou pelo serviço militar. Em 1960, atuou como ator no Teatro Brasileiro de Comédias, que estava com uma peça em cartaz no Theatro São Pedro. Na ocasião, subiu ao palco ao lado de Nathália Timberg e Leonardo Villar.
Seu primeiro curta-metragem, Cinema Gaúcho dos Anos 20, participou da mostra do Festival de Cinema Brasileiro de Gramado e, em 1974, recebeu um prêmio especial no mesmo festival. Além da carreira como cineasta, Jesus também conquistou espaço como pesquisador, autor de artigos e, paralelamente, atua como participante de conferências e de comissões julgadoras em festivais e outros eventos ligados à História do Cinema Gaúcho e Brasileiro.
Resgate
Como escritor e historiador, Jesus tem profunda contribuição para o resgate histórico da cidade. Ele é autor da coleção Canoas: Anatomia de Uma Cidade, e organizador do livro Origens de Canoas, que conta com artigos de Edgar Braga da Fontoura, primeiro prefeito do município. Estas são apenas algumas dentre muitas obras de Jesus no cinema e na literatura.
No ano 2000, Jesus recebeu uma justa homenagem pela sua contribuição para a cultura na cidade. A biblioteca da Escola Municipal Ícaro foi inaugurada e, desde então, se chama Biblioteca Antonio Jesus Pfeil.
Prazeres
Ao ser indagado pelo O Timoneiro, em 2018, sobre como enxerga a importância de seu trabalho para o meio cultural e para Canoas, Jesus, sempre bem-humorado, brinca: “Trabalho? Que trabalho? Eu nunca trabalhei na vida, eu só tenho prazeres, só faço o que me dá prazer”.
“As pessoas me perguntam ‘Jesus, qual é a novidade hoje?’, e eu respondo: ‘Olha, de manhã eu abri os olhos e estava vivo, não morri dormindo. Vamos ver o que acontece hoje’. Eu sempre digo, e disse no filme Jesus – O Verdadeiro, é que meu futuro foi ontem e não tem como saber o que vai acontecer hoje. Sobre o que eu já vivi, eu posso falar. Meu primeiro Kikito em gramado eu ganhei em 1974 e foi o primeiro Kikito gaúcho do festival. Eu gosto de trabalhar com História porque filme de ficção todo mundo faz e faz igual hoje em dia, só muda o nome dos personagens e o título, é sempre o mesmo roteiro. Um filme que eu fiz e gosto de destacar é o Porto Alegre, Adeus…! É uma carta que eu escrevi ao Glauber Rocha. E o Glauber Rocha tinha aquela frase que dizia que tinha que ter uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Pensando bem, hoje em dia as pessoas, muitas vezes, têm a câmera na mão, mas não têm a ideia na cabeça, por isso fazem tanta coisa igual”.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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