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08/12/2024
 

Opinião

Artigo: “O GUERNICAUSTO” (por Omar Ferri)

Redação

Publicado

em

O GUERNICAUSTO

por Omar Ferri

Como regra geral, não acredite na mídia. Ela, quase sempre está ligada a certas conveniências. Habitualmente inverte fatos ou revela apenas parte da verdade

O jornalismo não tem o direito de interpretar os acontecimentos fora de seus contextos, isto é, não pode ser tão faccioso como até agora tem sido. No caso dos palestinos, os responsáveis pela mídia têm que transmitir às pessoas a realidade dos fatos sem interpretações capciosas. O objetivo da imprensa é esclarecer as ocorrências, cumprindo com exatidão a missão de bem informar. Não podemos mais aceitar notícias estimuladas de acordo com os interesses dos senhores da guerra. Os grupos humanos não podem ser exterminados. Se é para se curvar às iniquidades, por que a imprensa existe? Na amplitude de bem informar, não pode haver dissimulação. Sendo assim como ela é, qual a contribuição que ela dá à Democracia?

É possível contrariar uma imprensa que controla o mundo? Ou um mundo que controla a imprensa? Esse é o grande obstáculo. As esfarrapadas desculpas do Estado policial comandado pelo ultranacionalista Netanyahu têm como escopo principal a alteração da verdade histórica. Portanto, os palestinos têm o direito de proclamar que todas as justificativas dadas pelo poderoso Estado de Israel não passam de uma grossa mentira. Mentira erroneamente acionada como verdade por grande parte da imprensa internacional.

Não são acreditáveis as justificações americanas, menos ainda as versões sionistas. Ambas se alimentam da própria falsidade. Uma mentira dita dezenas de vezes passa a ser considerada verdade.

Em torno de quatro milhões de palestinos fugiram ou foram expulsos de suas terras. Despidos de qualquer sentimento humano, o governo israelense nega o direito de retorno em flagrante violação das leis protetoras dos direitos de cidadania. Israel adotou um sistema de falsidades que se transformaram nas maiores fake news da atualidade. As fake news podem ser conceituadas como degeneração da dignidade pessoal de seus criadores. Os impostores são os gângsteres da mídia, no caso, também, lunáticos fascistoides.

Os disfarces comprometedores da imprensa fazem muito mal à sanidade intelectual dos povos. Muitos jornalistas estão sendo perseguidos e até assassinados por revelarem fatos que ultrajam a dignidade humana pela brutalidade de países onde predomina a histeria religiosa ou as componências raciais preconceituosas.

Nos tempos bíblicos os hebreus, atendendo as ordens de seu Deus, matavam velhos, mulheres, crianças e até primogênitos de animais. Nos dias atuais seus descendentes mantiveram o mesmo DNA, porém, ainda não chegaram ao ponto de matar primogênitos muares.

As ordens dos serviços secretos de Israel são: Levante-se e Mate Primeiro. Suas guerras são criminosas e são promovidas através de um processo desumano que transforma homens em assassinos, ou no mínimo, em agentes criminosos treinados para matar. O atual massacre contra os palestinos, revela, em caráter induvidoso, tratar-se de uma guerra étnica. Um verdadeiro pogrom que não pode continuar.

O Oriente Médio viveu em paz durante dois mil anos. Por muito tempo o Império Romano ocupou toda a região. Séculos depois fez parte do Império Otomano.

Após a Primeira Guerra Mundial a hegemonia militar europeia interveio na criação de novas nações, a maioria sob influxo de seus projetos colonialistas. Por exemplo, o reinado hachemita da Jordânia foi inventado por interesses estratégicos do Mandato Britânico em territórios da Palestina. Hoje abriga ao redor de três milhões de palestinos refugiados das guerras de 1948 e 1967 e, aproximadamente, dois milhões de sírios, muçulmanos ou cristãos.

O atual Estado de Israel tem origem no sionismo. Há mais de um século, Theodor Hertz, seu ideólogo, liderou uma marcha de judeus para ocupar as terras da Palestina, onde implantaram o primeiro kibutz.

Os palestinos não se preocuparam porque imaginavam tratar-se de um grupo isolado, carentes de condições para alterar a paz na região. Mas depois foram chegando muitos outros, muito mais. Então os árabes perceberam que não se tratava apenas de um movimento migratório, mas de uma penetração sorrateira, que tinha o propósito da ocupação da Palestina para retomar, a Terra Santa que pertenceu ao Povo de Deus até a destruição de Jerusalém pelas legiões romanas no ano 70 de nossa era.

Em 1917, em nome do Mandato Britânico, o lorde Arthur Balfour declarou apoio incondicional ao estabelecimento de uma nação judaica, através de um modelo de colonização, cujo objetivo subjacente era o de expulsar os árabes da região. Hipocritamente, antes dessa declaração, o governo britânico havia prometido o estabelecimento de um “grande” Estado Palestino, que jamais foi criado. Os ingleses eram tão mistificadores naquela época, como são os Estados Unidos em nossos tempos.

E foi assim que o Sionismo deu início à usurpação de terras que não lhe pertencia. Por esse motivo nasceu o conflito. O conflito evoluiu para guerras. A cada uma delas o Golias hebreu ia garantindo e aumentando os territórios conquistados pelas armas.

Aterrorizado, o povo da terra se pôs em fuga imaginando que logo retornariam para seus lares. Acontece que os judeus sabiam o que queriam e os palestinos ainda não tinham consciência do que estava por vir.

Com o tempo, os palestinos perderão todas as suas terras. Provavelmente, sobrará apenas o gueto da Faixa de Gaza, restos de terra onde os pedaços de famílias sem pátria ficarão isolados do mundo. Mais doloroso ainda, sob a tutela israelense. Hoje os palestinos já não sabem mais o que são. E, no momento em que entenderam de defender suas famílias, suas moradas e sua Pátria, passaram a ser acusados de terroristas.

Será que as causas do terrorismo não tiveram origem nas invasões e nas ocupações dos territórios palestinos da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e da Faixa de Gaza? Por acaso, essa deplorável situação não revela um conflito secular entre apátridas e patriotas?

Em 7 de outubro (estamos em 2023), o grupo palestino Hamas, que controla a Faixa d Gaza, numa doidice insana, lançou um ataque de surpresa contra Israel, matando mais de 1.400 pessoas e capturando reféns.

A gravidade da lamentável ocorrência, nos obriga a indagar, se esse desatino teve origem na decisão de um grupo isolado, ou foi consequência de uma série de situações de anormalidades, decorrentes de invasões, ocupações terroristas de territórios, modificações jurídicas e estruturais da região, genocídio de habitantes, prisões, assassinatos, perda do estatuto constitucional, e enfim a perda da liberdade de um povo que há séculos vivia pacificamente na região.

Para uma perfeita compreensão destes acontecimentos, necessário que informemos ao leitor, fatos da mais alta importância histórica ocorridos em épocas anteriores,

Diga-se preliminarmente que, quando os acontecimentos históricos se revestem de lógica, comprovam que são verdadeiros e, consequentemente, indesmentíveis.

Ocupação colonial da Palestina foi a origem de todos os conflitos. O Estado de Israel é um Estado Ilegítimo, que pôs em movimento uma prática genocida com o objetivo de exterminar os povos árabes lá residentes, que até então viviam à margem de tragédias, provendo seu sustento na forma de agricultura familiar, aliás, como nossos ancestrais, imigrantes alemães, italianos, árabes, polacos, japoneses e também judeus, que vieram produzir riqueza nas províncias do Sul do Brasil e assim contribuir com o progresso da Nação, sem usurpar terras de ninguém.

No século XIX havia na Palestina, 500 mil árabes, 60 mil cristãos e 20 mil judeus. O declínio da região começou com as penetrações do colonialismo europeu. Depois da Segunda Guerra, a população teria aumentado para 650 mil Muçulmanos, 80 mil cristãos e 60 mil judeus.

O estabelecimento de colônias agrícolas israelenses em terras da Palestina teve por objetivo carimbar o judaísmo como identidade nacional, e a ocupação da Cisjordânia por 600 mil judeus, comprova o objetivo de incorporá-la ao Estado de Israel.

Também é verdade, que na Europa oriental, principalmente na Rússia, a instituição de Pogroms resultou numa matança indiscriminada de judeus. Por esta razão, a partir de 1881, houve um incremento de imigração para o oeste da Europa e Estados unidos.

Em 1897, na cidade Suíça de Basileia, um congresso sionista deliberou estabelecer colônias na Palestina. Com essa determinação, ficou claro que o sionismo havia se transformado numa ideologia colonial. Primeiramente, entendiam de estabelecer os judeus na Uganda, Argentina, Estados Unidos, ou Azerbaijão. Embora a Uganda fosse uma colônia Britânica, os líderes ficaram convencidos que a única solução seria fundar o estado judeu na Palestina. Como justificativa, Theodor afirmava que, daquela maneira levariam a cultura ocidental para o oriente. Como se constata, explicação incompatível com a realidade, pois era exatamente a cultura segregacionista ocidental, que comandava as perseguições contra os judeus, tanto que, a partir da noite dos cristais, a brutalidade e a selvageria do abominável regime nazista de Hitler, estimulou a migração para a Palestina.

Rejeitado na Europa, o Sionismo proclamava que em nome da pureza não poderia haver perda de individualidade étnica, nem mistura racial. Os judeus entendem que a raça israelita, uma unidade histórica/cultural biblicamente dirigida por Yavé, seria uma raça santa. Os hebreus continuam obedecendo os comandos de seu Deus. Casamentos mistos põem em perigo a pureza da raça e a incolumidade da religião. Por estas razões, um estado hebreu na Ásia Menor, seria um posto avançado da civilização contra a barbárie do oriente, completando suas aspirações com o seguinte refrão: Uma terra sem povo, para um povo sem terra.

O movimento sionista é ultranacionalista e acredita na superioridade racial e religiosa. Qualquer movimento contra o Sionismo era e é considerado antissemitismo.

Paralelamente, como tática de colonização os judeus começaram a adquirir terras dos árabes pagando mais do que valiam. Não havia problema. Foram ajudados pelos cofres do Barão de Rothschild, o banqueiro mais rico da Europa, que enviava enormes importâncias, através do Fundo Nacional Judeu.

Foi soma desses acontecimentos que extinguiu a paz milenar entre árabes, cristãos e judeus que lá viviam pacificamente. Para os Palestinos a situação se tornou insuportável. Em 1920 ocorreram os primeiros motins (movimentos de massa).

Ao mesmo tempo surgiu no cenário dos conflitos a Haganah (defesa), um grupo paramilitar Sionista.

Em 1925 houve uma explosão de imigrantes judeus. Em 1928 eles deliberaram em dividir a Palestina em dois governos. A ideia facilitava a chegada de mais judeus, particularidade que fazia crescer. a formalização de um estado paralelo. À toda evidência, a separação política e o controle da economia foram fontes de conflitos e violência. Mais confrontos ocorreram. Grande número de judeus foram mortos. Com a instabilidade europeia de pré-guerra, a imigração ganhou impulso.

À medida que os judeus adquiriam glebas, os palestinos começaram a ficar desempregados., fato que originou problemas sociais. Nas cidades começaram a brotar favelas. Para evitar a instabilidade e a insegurança, o Reino Unido inundou a Palestina de soldados, cujas forças militares deram início ao desarmamento dos palestinos. Os árabes foram proibidos de possuir armas. Os ingleses revistavam pessoas e casas criando humilhação para os palestinos, também passaram a destruir cidades, como foi o caso de Jaffa.

Em 1929 e 1936 ocorreram violentos distúrbios. Não tendo condições para enfrentar o Mandato Britânico, que fazia o jogo dos judeus, os palestinos, em 1936, promoveram uma greve geral. Houve reação policial. No intento de intimidar os grevistas o autoritarismo britânico demolia casas, prendia suspeitos e, brutalmente os submetia a trabalhos forçados. Suas lideranças foram assassinadas. A área estava sendo higienizada para possibilitar a divisão. Ao mesmo tempo, para garantir a segurança do novo estado, foi criado um movimento dissidente da Haganah chamado Irgun, o partido de Natanyahu.

Em 1947 houve um massacre perpetrado pelos britânicos. Em algumas cidades, Centenas de edifícios foram destruídos. Concomitantemente, o Irgun transformou-se numa organização terrorista. Os judeus passaram a comandar toda a região.

Em 1967, na guerra dos 6 dias Israel conquistou a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, as Colinas de Golan e o Sinai. Em 1973 eclodiu a guerra do Yoon Kipur. Derrotados, os árabes começaram a entender o que estava acontecendo. O que os franceses fizeram na Argélia, os israelenses estavam fazendo na Palestina. Pior ainda, a ONU aderiu a proposta da divisão em dois estados. 56% formariam o estado judeu e 54% o estado Palestino. Os árabes se revoltaram. A partilha configurava uma brutal injustiça, dado ao fato de que 80% da população era árabe.

Definidos os limites do Estado Judaico, os ingleses criaram a Jordânia integrada por Jerusalém Oriental e a Cisjordânia. Quando se retiraram, os palestinos já estavam praticamente sem território, deixando os judeus livres para atuar do jeito que bem entendiam, pelo que, como primeira tarefa, ocuparam Haifa e cidades próximas.

Cinquenta mil árabes foram expulsos de Haifa. Alguns registros mencionam 70 mil. Milhares foram aprisionados em campos de detenção (melhor seria dizer, de concentração). Os presos eram obrigados a enterrar os próprios cadáveres. Os objetos de valor foram subtraídos pelas forças de ocupação. Logo depois Acra caiu, e 10 mil palestinos foram expulsos.

Prosseguindo com avanços, os sionistas passaram a controlar as cinco cidades mais importantes da Palestina. Sob o comando da Haganah quinhentas vilas foram destruídas. Os israelenses assassinavam o quanto podiam. exatamente como agora (outubro de 23), fato que significava limpeza em favor da etnia pura, que na realidade não deixava de ser também uma limpeza cultural para apagar da memória uma civilização que lá existia há vários séculos. Estavam instituindo um verdadeiro Apartheid Militar. Setecentos mil palestinos se refugiaram na Cisjordânia e Gaza, ou emigraram para outros países.

Sem consulta prévia dos árabes, a ONU aprovou em 1947 a divisão da Palestina em dois estados, um para os judeus e outro para os árabes. Os árabes rejeitaram a arbitrariedade que violava os fundamentos do direito histórico constitucional. Sequer tinham o direito de opinar. Para o comando israelense, um fato consumado tinha mais importância jurídica do que qualquer concepção contrária.

Via de consequência, em 1948 foi criado o estado de Israel, logo admitido como membro das Nações Unidas, conforme a Resolução 69 da Comissão de Segurança da ONU. O Sionista David Ben Gurion foi seu primeiro-ministro. Este foi o marco principal da origem de todos os males. Não nos esqueçamos que os árabes vinham ocupando a palestina a partir do ano 636 da nossa era.

Cinco países árabes enviaram tropas para impedir a formação. Foram rechaçados. A guerra de 1948 foi o início de um movimento que proclamava o inconformismo do Oriente Médio em face da invasão ilegal do exército judeu. A guerra de 1948 terminou com a vitória de Israel. Os palestinos foram repelidos. Entre 600 e 750 mil fugiram ou foram expulsos de Israel. Se tornaram apátridas.

As sucessivas derrotas permitiram que o território fosse oficialmente entregue aos judeus em 1949. Em 1950, Israel decretou que os proprietários ausentes por quatro anos, suas as terras e suas edificações passariam a ser propriedade estatal, fato que tipificava um esbulho criminoso. O terror policialesco israelense foi a verdadeira causa da fuga dos palestinos que pediam refúgio ou se exilavam nos países próximos (Jordânia, Líbano, Síria e outros). Sob o ponto de vista bíblico, os sionistas afirmavam que a palestina pertencia aos judeus. Setenta por cento dos judeus ainda acreditam ingenuamente, que são membros do povo escolhido.

Como resposta, em maio de 1964, a Palestina fundou a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que era uma frente única de vários movimentos contra os judeus, tendo como principal grupo a Al Fatah, sob a liderança de Yasser Arafat. Na guerra do Yoon Kipur os árabes foram derrotados. Dada a a impossibilidade de reação, contra o poderoso exército de Israel, em 1968 a OLP passou a apoiar oficialmente uma solução bi-estatal com israelenses e palestinos vivendo lado a lado.

De qualquer forma, sentindo-se vítimas do terror judaico, os palestinos criaram um movimento de rebelião denominado de intifada, com o objetivo de atacar os abusos dos invasores, com paus e pedras e atiradeiras, o único armamento que podiam dispor. Interesses políticos e religiosos incendiaram a região. Yasser Arafat recusou as propostas de paz formuladas por Israel.

Em 1982 a Falange Maronita Cristã, com a colaboração do exército israelense, perpetrou na capital do Líbano o terrível massacre de Sabra e Chatila onde viviam acampados em barracas mais de 3 mil refugiados palestinos.

Os assassinatos foram vergonhosos, covardes e sanguinolentos. Foram denominados por Ronen Bergman de massacres aterradores. Ronen apontou Ariel Sharon de responsável direto pela operação. Mataram indistintamente velhos, mulheres e crianças. Foi uma verdadeira carnificina.

Uma mulher gravida foi assassinada. Rasgaram-lhe o ventre de onde tiraram uma criança já sem vida, que foi esquarteja sob o aplauso dos israelenses que bradavam: mais um futuro terrorista morto. O terrorismo e os assassinatos não foram invenção do Hamas. Desde a antiguidade bíblica os judeus eram experts nessas empreitadas.

Foi então que presidentes norte-americanos se deram conta que somente através da paz e do entendimento, o conflito poderia ser solucionado. Surgiram no cenário Carter e Clinton que propunham um acordo. Yasser Arafat representando a Autoridade Palestina concordou e finalmente, Yitzhak Rabin e Shimon Peres representando Israel aderiram. Declarações conjuntas puseram fim às desavenças. Os acordos de Oslo, assinados em 04.05.1994, ratificaram os princípios firmados em Washington. Dois estados seriam criados e, assim, as divergências seriam encerradas.

Ainda, conforme Bergman, após o acordo de Oslo, acreditando na pacificação, os palestinos se comprometeram a suspender a intifada.

Não levando em conta aspectos cronológicos, a história registra que apenas o Estado de Israel foi criado. Ficava claro que, a marcha sionista de 1880 produzira frutos e a cada guerra mais os israelenses se apossavam de terras palestinas. As invasões eram “científicas”, isto é, estrategicamente bem-organizadas. Clinton e Carter já não eram mais presidentes. Rabin tinha sido assassinado por um israelense contrário à pacificação. Shimon Peres perdeu a eleição para Benjamin Netanyahu. As muralhas desmoronaram. Através de milhares de assentamentos, os judeus iam aos poucos tomando conta da Cisjordânia que deveria integrar o território palestino. As pré-concebidas ideias do açougueiro Ariel Sharon foram aceitas pela maioria dos israelenses e então tudo se agravou. Enquanto os árabes reagiam com atentados e intifadas, os israelenses assassinavam todos os grandes líderes palestinos. A essas ações eles denominavam de assassinatos selecionados. Não conseguiram matar Arafat. Sharon levou para seu caixão essa dor em seu coração petrificado por ódios seculares.

O fato de os israelenses não cumprirem os acordos de Oslo, fez com que Yasser Arafat e a Autoridade Palestina perdessem prestígio, circunstância que fortificou politicamente o Hamas e que por isso mesmo, venceu as eleições na Faixa de Gaza.

O fortalecimento do Hamas deu condições para que assumissem posições no cenário internacional, de modo especial, com intensão de fazer fracassar os acordos de Israel com os países árabes, com relevância em relação a Arábia Saudita. Para os árabes, as ações do Hamas estavam repletas de razão. Para os judeus o Hamas é um grupo de terroristas. A palavra pegou.

Hoje o mundo todo tem em seu subconsciente que os palestinos são um grupo de perigosos terroristas que pratica atos de terrorismo contra o pacífico povo israelense. Estratificou-se na imprensa mundial que os palestinos, a Al Fatah, o Hamas e o Hezbollah são grupos terroristas. Pode ser, mas também pode não ser. Será que quem luta pela sua Pátria e pelas suas terras comete terrorismo? Será que quem luta para defender ou retomar o que é seu é terrorista? Será que aqueles que formavam uma Nação que hoje foi destruída são terroristas? Como alguém ousaria afirmar que não, se toda a imprensa mundial diz que sim?

Todavia, a pergunta que paira no ar é a seguinte: havia outra forma de luta contra o poderoso exército de Israel? É justo que os palestinos, que tiveram seus lares destruídos, sejam condenados a viver em guetos na Faixa de Gaza, onde, a há dezesseis anos estão submetidos a bloqueio israelense?

Em homenagem à declaração universal dos direitos da humanidade não temos razões para nos recolher ao silêncio: terroristas são aqueles que estão cremando os bebês palestinos nas fornalhas incendiárias das bombas israelenses

Em homenagem aos direitos vitais, não encontramos razões para obrigar um povo a rezar pela cartilha dos covardes. Há muitas maneiras de alguém ser terrorista. Certamente, o termo jamais servirá para manchar o ideal de quem luta pelos seus filhos, pelas suas propriedades, pela sua pátria, pela sua liberdade, enfim, por justiça.

As nações são criadas por um processo histórico, jamais por imposições autoritárias de grupos invasores. Igualmente, na criação dos países não existe nascimento espontâneo, muito menos autoritário.

Um promotor do Tribunal de Nuremberg, pedindo a condenação dos responsáveis pelo Holocausto, proclamava que os judeus tinham o direito de viver em paz e dignidade.

Não seria o caso de estender este mesmo direito aos palestinos?

O jornalista israelense Bruno Altman já afirmava que a propriedade da terra tem muitas origens, mas com toda a certeza, não a que provém de tradições religiosas.  Não existe direito histórico que justifique ocupações não consentidas. Os líderes sionistas fizeram mal em ocupar território que nãos lhes pertencia, impedindo a soberania de outro povo.

A solução é aceitar a manutenção do Estado de Israel, mas, também, em igualdade de direitos, permitir o estabelecimento de um Estado Palestino independente na Cisjordânia.

Se Israel ganhar a guerra, com toda a certeza perderá a paz. É fato comprovado que Israel mata 10 vezes mais árabes e, sem dúvida, embora não se tenham estatísticas, 50 vezes mais crianças.

Mas, será que a falta de liberdade, a perda do futuro, o desespero, as destruições de cidades inteiras, a dor infinita de verem suas famílias se despedaçarem, com hospitais já sem condições para salvar as dolorosas mortes de recém-nascidos, muitos morrendo nos braços de seus país, cujos gritos de desespero ecoam por todo o mundo, e tudo devidamente comprovado pelas comovedoras imagens das televisões, não são casos suficientes para rebeliões defensivas?

A morte de crianças soterradas ou sufocadas pelos vômitos dos mísseis lançados contra dezenas de cidades, será que isso não conta?

Os judeus acusam o Hamas de terrorista, mas eles, que matam famílias inteiras que nenhuma culpa tem da guerra, são o que? As imagens aterradoras das TVs falam mais alto do que o silêncio amargurado de todos quantos sentem a injustiça e nada podem fazer. Combater a barbárie do terrorismo com a insanidade de uma guerra genocida, qual a diferença?

Desde os primeiros movimentos sionistas, depois de vencerem todas as batalhas, tomarem todas as terras, expulsarem todas as famílias, está claro que o exército israelense mata por ódio racial, para que nenhum palestino fique vivo, Estes fatos provam que o objetivo proposto desde os movimentos iniciais é o de eliminar a etnia árabe para instalar definitivamente o povo de Deus na Terra Santa. Quem viver verá.

Esta é a terrível verdade que anima em caráter irresistível a guerra de conquista.

O povo de Deus repete Josué, uma espécie de Gengis Khan judeu, que arrasou cidades inteiras, não deixando pedra sobre pedra, matando velhos, mulheres, crianças, todos os seres vivos, inclusive primogênitos dos animais, até conquistar a terra de Canaã. As conquistas sempre terminavam em saque e pilhagens,

Estes acontecimentos comprometem os israelenses como responsáveis por um racismo genocida, praticados por homens sem sentimento, sem humanismo, destituídos de qualquer resquício de razão, muito embora, as partes em conflito tenham o mesmo Deus. Nesta Guerra tudo é inexplicável e tudo tem explicação.

O Sionismo afirma que a raça israelita trata-se de uma estirpe santa. Casamentos mistos põem em perigo a pureza da raça e da religião. Ela encerra uma unidade histórica cultural que teve seu DNA programado, montado, e dirigido por Deus.

Yuval Harari, uma das vozes israelenses de maior alcance, autor de Sapiens (uma Breve história da Humanidade), pediu ao jornal The Guardian, que a ampliação do conflito seja evitada. Forças externas precisam intervir par desescalar o conflito. Disse ver a região dominada por fanáticos religiosos irresponsáveis, dos dois lados

Num dos memoráveis encontros entre Einstein e Freud, Einstein pergunto-lhe: Por que tanto ódio entre os homens, e ele mesmo respondeu: é porque o homem encerra dentro de si um desejo de ódio e destruição e, Freud referindo-se aos motivos acrescentou: o prazer de agressão e de destruição.

Os fatos estão se consumando. A Faixa de Gaza é a Guernica de nosso tempo. Shimon Peres tinha razão: das guerras só sobram os cadáveres. O Holocausto para os judeus teve fim em 1945. O Holocausto palestino, começou a dezenas de anos, sem que se saiba quando terá fim.

 

Opinião

“Quando o Jogo Se Torna Armadilha: A importância da Educação Financeira em Tempos de Apostas” (por Cristiane Souza)

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O crescimento das plataformas de apostas, popularmente conhecidas como “bets“, tem gerado um impacto profundo e preocupante em diferentes segmentos da população brasileira, especialmente entre as famílias em situação de vulnerabilidade econômica.

O fácil acesso a essas plataformas, aliado à promessa de ganhos rápidos, atrai indivíduos que, diante de oportunidades limitadas e dificuldades financeiras, veem no jogo uma esperança de alívio imediato. No entanto, essa promessa frequentemente se transforma em uma armadilha perigosa, levando a perdas financeiras expressivas e aumentando ainda mais a instabilidade das famílias.

Um dos aspectos mais alarmantes desse fenômeno é o uso de recursos provenientes de programas assistenciais, como o Bolsa Família, para financiar apostas. Segundo dados do Banco Central, em agosto deste ano, cerca de 3 bilhões de reais destinados a apoiar famílias em extrema pobreza foram direcionados para plataformas de apostas. Embora o Bolsa Família seja apenas uma das fontes de renda afetadas, o impacto das apostas não se restringe a esses beneficiários, atingindo diversas famílias de baixa renda que, por falta de orientação financeira, acabam comprometendo seu sustento em busca de ganhos ilusórios, oferecidos por jogos online.

Nesse aspecto, a educação financeira surge como uma ferramenta essencial para evitar que famílias sejam atraídas pelas armadilhas do jogo. Porque muitas vezes, a falta de conhecimento sobre os riscos envolvidos nas apostas e a ausência de planejamento financeiro adequado levam as pessoas a decisões impulsivas, agravando sua situação econômica. A falta de controle sobre os gastos, a tentação de compensar perdas com novas apostas e a dificuldade em priorizar necessidades básicas criam um ciclo vicioso que coloca em risco não apenas as finanças, mas também o bem-estar emocional e social dessa população.

É crucial que a educação financeira seja acessível e adaptada às realidades dessas populações, ensinando-as a planejar, poupar e gastar de forma consciente. Mais do que nunca, em um cenário de crescente popularidade das apostas, as famílias, especialmente as em situação de vulnerabilidade precisam ser capacitadas para tomar decisões financeiras responsáveis, evitando que o sonho de um ganho rápido as leve a uma armadilha de dívidas e frustrações.

Além disso, a conscientização sobre os perigos das apostas deve ser acompanhada por políticas públicas que incentivem o uso responsável dos recursos e ofereçam alternativas viáveis para melhorar a qualidade de vida dessas famílias. O jogo, em si, não é a raiz do problema, mas sim a combinação de vulnerabilidade econômica, falta de informação e ausência de planejamento financeiro que expõe famílias aos riscos das apostas.

Em tempos de apostas, é urgente reforçar a importância da educação financeira para proteger as famílias e oferecer-lhes a oportunidade de construir um futuro mais seguro e estável. Somente com conhecimento e conscientização será possível romper com o ciclo de perdas e garantir que os recursos recebidos sejam utilizados para sua verdadeira finalidade: promover dignidade e segurança.

Cristiane Souza – Educadora financeira e estudante de Psicologia

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Opinião

ARTIGO: “Palmas para um derrotado” (por Carlos Marun- Ex-Ministro de Estado)

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Primeiro Ministro de Israel

No dia 24 de Julho de 2024 a Democracia Americana viveu mais um dia triste, coisa que tem infelizmente se tornado comum por lá. Quase a totalidade dos congressistas republicanos e boa parte dos democratas receberam sob aplausos Benjamin Nethaniahu, que pela 6a vez discursou no Capitólio, um símbolo da Democracia Universal, onde um fascínora como este Primeiro-Ministro sequer deveria ser autorizado a pisar.

Nethaniahu chegou ao poder depois do assassinato por um correligionário seu, com um tiro pelas costas, de Ytzak Rabin, um líder forjado na guerra e que teve coragem de buscar a paz. Convenceu o eleitorado israelense de que ele não precisava de paz, mas de segurança. Recebeu uma procuração deste eleitorado para acabar com o processo de Paz. E o fez, também com um tiro pelas costas. Continuou escravizando os palestinos e fortalecendo militarmente Israel, sempre com o apoio incondicional dos Estados Unidos da América.

Tudo parecia estar correndo bem. É verdade que Nethaniahu para continuar no poder e longe da cadeia teve que se unir ao que de mais radical e fanático existe na política israelense, mas os líderes da maioria dos Estados Árabes, contaminados pelo vírus da indignidade, já caminhavam para iniciar negócios com Israel, através de acordos de Paz que se constituíam em tratados comerciais e que esqueciam os Palestinos.

Até que chegou o 07 de outubro. Infelizmente, no lugar de limitar sua ação aos ataques a bases militares de Israel inicialmente praticados, o Hamas permitiu que se instalasse a barbárie de um imenso atentado terrorista. Isto, naturalmente aproximou de Israel e solidariedade do mundo. E o contra-ataque foi ao início imensamente apoiado. Biden foi até lá abraçar Bibi, encostou em Gaza um imenso porta-aviões e autorizou Nethaniahu a lá buscar o armamento que quisesse a fim de destruir o Hamas. O conflito acabaria em alguns dias pensaram muitos. Afinal em 1967 foram necessários somente 6 dias para que Israel derrotasse vários exércitos árabes de uma vez só.

Mas daí as coisas começaram a fugir do script. Nethaniahu não queria só aniquilar o Hamas. Queria aniquilar Gaza. O alvo preferencial passou a ser a infraestrutura do enclave. Seus prédios, escolas, hospitais, igrejas… suas crianças. Um Genocídio começou a ser executado e, desta vez, televisionado. O Mundo começou a se horrorizar com o que assistia. O apoio a barbárie praticado pelas Forças Armadas de Israel, sob o comando de Nethaniahu e de seu governo composto por assassinos fanáticos, começou a minguar. E a se transformar em um pesado fardo para os que mantinham esta posição.

E os combates? Ali o fiasco está sendo pior. Em mais de 9 meses de luta, já são 688 os militares israelenses reconhecidamente mortos e mais de 10 mil os feridos, tudo isto no enfrentamento a um grupo de milicianos famintos e mal armados. E não passaram de 7 os reféns vivos libertados. As FFAA de Israel só tem sido eficientes nos bombardeios aéreos, isto porque não existem armas antiaéreas em Gaza e porque o chão é impossível de errar. E no chão do “gueto” mais densamente povoado do mundo, as bombas não tem dificuldade para acertar as cabeças de civis, sejam eles homens, mulheres ou crianças, que se protegem sob lonas de barracas.

Este novo cenário militar tem animado outros grupos a participarem do conflito em apoio aos Palestinos, aí se destacando o Hezbolah, que há anos já acabou com a ocupação militar do Sul do Líbano, e os Houtis, que do distante Iêmen tem sido hoje a novidade e que já conseguiram atingir até Tel-Aviv.

Biden, acossado por movimentos internos de repúdio a um genocídio praticado com o uso de munição americana teve que passar a rever sua posição. Chegou a aprovar na ONU um razoável plano de cessar-fogo, mas tem recebido em troca a costumeiramente ingrata e arrogante resposta negativa de Bibi.

É este o Nethaniahu que viajou a Washington. Humilhado e isolado. Foi pedir mais munição, em um reconhecimento de que sozinho não pode vencer o Hamas. No lugar disto foi recebido com protestos e apelos por um cessar-fogo tanto de Biden como de de ambos os candidatos a eleição presidencial. Recebeu também aplausos de muitos congressistas é verdade e penso que Nethaniahu visitou o único lugar do mundo onde pode ser hoje aplaudido. Em Israel não pode sequer sair às ruas.

Porém, eis que, quando isto parece se constituir em mais um episódio do triste “fim de carreira” da Democracia Americana, surge o pronunciamento de Kamala Harris imediatamente após seu encontro com Bibi, e renova as nossas esperanças. Ela de forma altiva hipotecou apoio irrestrito a existência de Israel, mas repudiou a forma da vingança de Nethaniahu e reafirmou apoio a instalação do Estado da Palestina. Ou seja, a única coisa aproveitável desta desastrada visita é que aqueles viciados em otimismo como eu passamos a ter para quem torcer naquela eleição.

Carlos Marun- Ex-Ministro de Estado

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Opinião

Neuropsicóloga fala sobre saúde mental nas escolas

Redação

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Neuropsicóloga fala sobre saúde mental nas escolas

Prof Dra.Gilca Lucena Kortmann

Psicóloga CRP-07/38742/ Neuropsicóloga

Todo aluno ao entrar na escola, traz consigo uma bagagem de valores, aptidões, angústias, um mundo interior configurado a partir de uma combinação de fatores que procedem de fontes biológica e ambiental na qual desponta como fator primacial a influência dos pais, colegas, professores. As aprendizagens de crianças e adolescentes são processos evolutivos que estão imbricados no relacionamento destes com a escola e com a figura do professor(a), e em tempos pós pandêmicos, seguidos de manifestações da natureza que colocou a todos em situação de cansaço mental ou estafa mental, estresse crônico com sobrecarga das funções do cérebro, causando desregulação no sistema nervoso, abrimos espaço para reflexão e compreensão dos sentimentos , manifestações em termos de saúde mental destes atores envolvidos no espaço escolar procurando identificar as respostas tóxicas frente a este estresse que viveram  e vivem após inúmeras perdas: de casa , escolas, pertences de recordações..

Quando as crianças e adolescentes vivenciam uma dificuldade forte frequente e prolongada,  sem apoio emocional de um adulto, entre elas estão a negligência, abuso físico e emocional, ou exposição à violência, ou elevada carga de perdas como esta que vivemos no RS no mês de maio, com as catástrofes climáticas, devemos tomar  alguns cuidados com as soluções adotadas especialmente no caso das crianças e adolescentes , pois o estresse é uma resposta fisiológica a uma situação adversa, e quando produzido, desencadeia mudanças químicas em seus corpos que  podem afetar os sistemas imunológico, endocrinológico e psiconeurológico.

Vivemos neste momento, uma enxurrada de informações, em uma velocidade e complexidade que interpela nossa vida pessoal, profissional, com inúmeras demandas, produzimos o tempo todo e, em nosso entorno problemas sociais, angústias, depressões, cansaço dos professores: tristezas, isolamentos, problemas com o sono (Revista Nova Escola/2021).

De que forma acolher nossos alunos? Crianças e adolescentes com comportamentos disruptivos por excesso de telas, e quando os pais retiram ficam sem controle de impulsos, sem controle das suas emoções, pais desgastados faltam com ajuste parental. Portanto, o trabalho de refletir sobre a saúde mental de crianças e adolescentes, fazer modificação na rotina diária, no estilo de vida é um desafio. Força de vontade, é um fator preponderante, não espere! Dê seu modelo.

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