Opinião
Dois Estados: o caminho para a paz (por Carlos Marun – Ex-Ministro de Estado)

Dois Estados: o caminho para a paz
Carlos Marun*
No final do Sec XIX nasceu o Movimento Sionista, que pregava a volta dos Judeus para a Palestina, de onde haviam sido expulsos pelos Romanos há quase dois mil anos, e o estabelecimento ali de um Estado Nacional Judeu.
Com o fim da 2a Guerra Mundial e a divulgação das atrocidades nazistas este movimento se fortaleceu. Os Judeus passaram a migrar em maior número para lá e a contar com crescente apoio internacional. Inicialmente, lutaram contra os Ingleses, que ocupavam a região. Cumpre lembrar que ali o terrorismo foi utilizado pelos Judeus como estratégia de guerra, tendo ficado célebre a explosão do Hotel King David, onde morreram dezenas de ingleses. Este atentado foi praticado pelo Grupo “Irgun”, comandado por Menahem Begin, que veio a se tornar décadas depois o primeiro-ministro de Israel.
Em 1947, com o mundo justamente sensibilizado diante do absurdo do Holocausto, a ONU, tendo como seu secretário-geral nosso compatriota Oswaldo Aranha, decidiu que a Palestina fosse dividida entre Judeus e Palestinos. Os árabes não aceitaram e Israel foi a Guerra em 1948, vencendo de forma heroica e espetacular. Cumpriu-se parte do estabelecido na Resolução da ONU já citada. Foi criado o Estado de Israel. Já os territórios palestinos ainda em poder dos árabes foram divididos: Gaza ficou com o Egito e a Cisjordânia com a Jordânia. Jerusalém também resultou dividida ao fim desta Guerra. A parte oriental sob o domínio da Jordânia e a ocidental sob o domínio de Israel. Não foi criado a Palestina porque se pensava que isto referendaria as fronteiras de Israel, coisa com o que o mundo Árabe não concordava. Porém, já ficou estabelecido que a Cisjordânia e a Faixa de Gaza era onde deveria ser estabelecido o Estado da Palestina.
A Guerra não acabou e os conflitos continuaram. Em 1956, apoiado por uma coalizão Anglo-Francesa, Israel ocupou o Sinai e o Canal de Suez. A reação da ONU foi grande e a coalizão teve que recuar. Ali pela primeira vez soldados brasileiros participaram de uma Força de Paz e o nosso “Batalhão Suez” fez história por lá.
Em 1967 veio a “Guerra dos Seis Dias”, quando realmente ameaçado pelo Pan-Arabismo de Gama Abdel Nasser, o líder do Egito na época, Israel atacou primeiro e venceu, neste curtíssimo espaço de tempo, o Egito, a Jordânia e a Síria. Ao fim desta rapidíssima Guerra, Israel ocupava militarmente o Sinai e a Faixa de Gaza do Egito, as Colinas de Golan da Síria, e a Cisjordânia, inclusive toda Jerusalém, da Jordânia.
Aí chegou 73. Há exatos 50 anos, também no Yom Kippur, Egito e Síria lançaram um grande ataque a Israel. No primeiro dia o Exército Egípicio atravessou o Canal de Suez e destruiu a Linha Bar-Lev, um conjunto de trincheiras construído paralelamente ao Canal de Suez e tido como inexpugnável. Mísseis SAM fornecidos pela Rússia aos Árabes fizeram com que Israel pela primeira vez visse ameaçado o seu controle dos céus da região. Estes mísseis eram uma novidade, e “seguiam” as aeronaves em função do calor dos motores. Aviões americanos cedidos à Israel eram abatidos às dezenas todos os dias. Os Estados Unidos estabeleceram uma ponte aérea para o envio de armamentos para Israel e novos aviões decolavam da América para ao chegar entrarem imediatamente em combate. O Estado Judeu resistiu, mas correu risco real de perder. Isto abriu caminho para um processo de paz. Israel devolveu o Sinai e o Egito reconheceu a existência de Israel. Isto na prática representou a vitória do Estado Judeu na Guerra pela sua existência. Aí começou uma segunda Guerra, a dos Palestinos pela existência de sua Pátria.
O processo continuou, algumas vezes lento e em outras acelerado. Os Palestinos, que haviam optado pelos terrorismos como forma de luta começaram a repensar está situação.
Chegamos em 1993, a Oslo, quando Arafat e Rabin, dois “Homens da Guerra” e heróis dos seus povos, trocaram sob o olhar de Clinton um constrangido mas simbólico aperto de mãos. Aconteceu o reconhecimento mútuo. Pareceu que a Paz estava chegando…
Ao voltar a Palestina, Arafat foi recebido como um herói e venceu com cerca de 90% dos votos a eleição para a Presidência da recém criada Autoridade Nacional Palestina. Os extremistas foram arrasados nas urnas e o Hamas pouco reoresentava. Já em Israel a situação foi diferente e, em novembro de 1995, em um “Sabath”, Itzak Rabin, após participar de uma manifestação onde mais de cem mil israelenses celebravam a paz, foi assassinato por um Judeu com um tiro pelas costas. Na sequência, a maioria do eleitorado de Israel referendou este assassinato, elegendo Nethaniahu e optando pela solução por via da Guerra. Infelizmente esta opção permanece até hoje.
Este ataque do Hamas atinge o arrogante mito da segurança absoluta de Israel pregado por Nethaniahu. Ele convenceu a maioria dos Israelenses que o importante não era a Paz, mas a Segurança. Esqueceu da primeira e agora falhou de forma humilhante na segunda. Isto pode abalar a confiança daqueles eleitores israelenses que confortavelmente assistiam os foguetes lançados pelo Hamas errarem o alvo ou serem abatidos pelos moderníssimos sistemas anti-misseis israelenses. Existem em Israel muitos cidadãos que querem a paz. Desejo que isto faça com que eles sejam mais ouvidos e que sejam abertas negociações sérias para que voltemos a solução “Dois Estados” proposta por Oswaldo Aranha.
Até lá muitíssimos Palestinos já estão morrendo e morrerão, já que deixaram claro que não mais aceitam se render. Mas Israel também terá que contar seus mortos enquanto insistir em não ouvir o seu grito de “Eu quero uma Pátria”.
Por fim, desejo o fim desta matança. Espero sinceramente que desta guerra advenha, como há 50 anos, um avanço no processo de Paz, o qual passa necessariamente pela implantação de dois Estados, Israel e Palestina, livres e soberanos.
*Advogado, Engenheiro e ex-Ministro de Estado
Opinião
‘Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres’ (por Patrícia Alba – deputada estadual)

Patrícia Alba*
Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.
Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.
É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.
Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.
Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.
*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia
Opinião
“Oportunidades perdidas!” (Por Carlos Marun – ex-Ministro)

OPORTUNIDADES PERDIDAS!
Por Carlos Marun – Advogado e ex-Ministro
Não exerço atualmente nenhuma função pública e também não sou aposentado. Sou Advogado e Engenheiro e obtenho a remuneração necessária ao meu sustento e de minha família através da prestação de serviços de advocacia e consultoria a particulares. Niels Bohr, ganhador do prêmio Nobel de Física e um dos pais do modelo atômico, declarou em determinada oportunidade: “A previsão é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro!”. Pois bem, a obrigação do consultor é opinar, e muitas vezes sobre o futuro. Obviamente não utilizando uma bola de cristal ou poderes extra-sensoriais, mas a lógica somada a razoável conhecimento.
Acordo cedo e diariamente envio para clientes, até as 9hs da manhã, um boletim matinal com análises políticas e jurídicas sobre a vida governamental, jurídica e legislativa do país. No de 3a feira(07/01) passada, declarei pensar que o fato de a imensa maioria dos brasileiros continuarem repudiando os atos do 08 de Janeiro somado à onda de “patriotismo fraterno” decorrente da vitória de Fernanda Torres se constituíam em uma excelente oportunidade para Lula buscar atrair o Centro com gestos de pacificação. E daí opinei sobre o futuro, arriscando dizer que o Presidente da República não estava à altura de conseguir se posicionar desta forma.
Infelizmente, acertei. No dia 09/01, Lula, no lugar de agir neste sentido, retomou a verborragia tragicômica, afirmando durante visita à galeria de fotos de ex-presidentes da República que Dilma foi vítima de um golpe comandado por Temer.
Dilma caiu, na forma prevista na Constituição, porque cometeu crime de responsabilidade e porque a isto se somaram condições políticas resultantes do péssimo governo que fazia. Lula não consegue entender que Temer não é mais o Presidente da República pressionado por uma conspiração comandada pelo então Procurador Geral da República que, através de chantagem, obteve o apoio de dois dos maiores grupos econômicos do país, um do ramo das Comunicações e outro do ramo das proteínas animais.
Michel Temer é hoje enormemente reconhecido como o chefe de um exitoso Governo de Centro, que teve coragem de promover reformas fundamentais e positivas. Tão positivas que, não obstante a já citada verborragia, não foram até hoje revogadas pelo atual governo do PT. Até algumas foram levemente alteradas, mas sempre para pior.
Lula não consegue entender também que estas declarações constrangem seus aliados não PTistas ou PSOListas, muitos inclusive ministros(as) que foram na sua grande maioria favoráveis ao impeachment, inclusive votando desta forma. Constrangem de forma especial aqueles MDBistas que participam de seu governo, todos hoje concientes do avanço representado pelo breve Governo Temer.
Lula pensa que pode “comprar” o Centro com cargos. Está errado. Pode no máximo “alugar”. Ele me parece um “caso perdido” que precisa do Centro para a sua reeleição, mas que se afasta dele e dela cada vez que expressa o seu rancor pela deposição constitucional de Dilma, perfeitamente prevista no Estado Democrático de Direito do qual apregoa ser um “amante”.
Porém, como eu afirmei, consultor tem que opinar também sobre o futuro e vou então falar de outra oportunidade que provavelmente será perdida.
O Centro não tem candidato a presidência e segue como uma boiada para o matadouro, “mugindo tonta” e sabendo que ao final terá que optar entre um candidato de direita ou de esquerda. Pois bem, um simples gesto pode hoje fazer surgir este candidato.
Neste caso uma candidata. Falo de Simone Tebet e afirmo que se deixasse o Governo agora em função das palavras de Lula, estaria iniciando uma trajetória que poderia levar o Centro a Presidência em 2026. Não precisaria e nem deveria sair atirando em um governo do qual participa, mas teria que deixar claro que sai porque discorda destas palavras reincidentemente repetidas por Lula.
Conheço Simone. Trata-se de mulher capaz e honrada e que de forma alguma precisa do cargo de Ministra para viver. Mas por dever de ofício devo declarar que penso que ela não aproveitará esta oportunidade.
Opinião
“Quando o Jogo Se Torna Armadilha: A importância da Educação Financeira em Tempos de Apostas” (por Cristiane Souza)

O crescimento das plataformas de apostas, popularmente conhecidas como “bets“, tem gerado um impacto profundo e preocupante em diferentes segmentos da população brasileira, especialmente entre as famílias em situação de vulnerabilidade econômica.
O fácil acesso a essas plataformas, aliado à promessa de ganhos rápidos, atrai indivíduos que, diante de oportunidades limitadas e dificuldades financeiras, veem no jogo uma esperança de alívio imediato. No entanto, essa promessa frequentemente se transforma em uma armadilha perigosa, levando a perdas financeiras expressivas e aumentando ainda mais a instabilidade das famílias.
Um dos aspectos mais alarmantes desse fenômeno é o uso de recursos provenientes de programas assistenciais, como o Bolsa Família, para financiar apostas. Segundo dados do Banco Central, em agosto deste ano, cerca de 3 bilhões de reais destinados a apoiar famílias em extrema pobreza foram direcionados para plataformas de apostas. Embora o Bolsa Família seja apenas uma das fontes de renda afetadas, o impacto das apostas não se restringe a esses beneficiários, atingindo diversas famílias de baixa renda que, por falta de orientação financeira, acabam comprometendo seu sustento em busca de ganhos ilusórios, oferecidos por jogos online.
Nesse aspecto, a educação financeira surge como uma ferramenta essencial para evitar que famílias sejam atraídas pelas armadilhas do jogo. Porque muitas vezes, a falta de conhecimento sobre os riscos envolvidos nas apostas e a ausência de planejamento financeiro adequado levam as pessoas a decisões impulsivas, agravando sua situação econômica. A falta de controle sobre os gastos, a tentação de compensar perdas com novas apostas e a dificuldade em priorizar necessidades básicas criam um ciclo vicioso que coloca em risco não apenas as finanças, mas também o bem-estar emocional e social dessa população.
É crucial que a educação financeira seja acessível e adaptada às realidades dessas populações, ensinando-as a planejar, poupar e gastar de forma consciente. Mais do que nunca, em um cenário de crescente popularidade das apostas, as famílias, especialmente as em situação de vulnerabilidade precisam ser capacitadas para tomar decisões financeiras responsáveis, evitando que o sonho de um ganho rápido as leve a uma armadilha de dívidas e frustrações.
Além disso, a conscientização sobre os perigos das apostas deve ser acompanhada por políticas públicas que incentivem o uso responsável dos recursos e ofereçam alternativas viáveis para melhorar a qualidade de vida dessas famílias. O jogo, em si, não é a raiz do problema, mas sim a combinação de vulnerabilidade econômica, falta de informação e ausência de planejamento financeiro que expõe famílias aos riscos das apostas.
Em tempos de apostas, é urgente reforçar a importância da educação financeira para proteger as famílias e oferecer-lhes a oportunidade de construir um futuro mais seguro e estável. Somente com conhecimento e conscientização será possível romper com o ciclo de perdas e garantir que os recursos recebidos sejam utilizados para sua verdadeira finalidade: promover dignidade e segurança.
Cristiane Souza – Educadora financeira e estudante de Psicologia
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