Candidatos ao Executivo debatem propostas. Foto: Ageu Cardoso/especial-OT

Marcelo Grisa e
Émerson Vasconcelos

Na noite da última terça-feira, 27 de setembro, O Timoneiro realizou o debate de candidatos a prefeito de Canoas em 2016. Foi a primeira vez em seus 50 anos de história que o jornal convidou os postulantes a expor e confrontar suas ideias para a cidade. O evento foi mediado pelo repórter Bruno Lara.

Comparecimentos
Ocorrido no auditório do Sindicato dos Profissionais da Educação de Canoas (Sinprocan), o debate contou com os candidatos a prefeito Felipe Martini (PSDB), Luiz Carlos Busato (PTB) e Paulo Sérgio (PSOL). A equipe da coligação da candidata da situação, Beth Colombo (PRB), confirmou sua ausência no debate e enviou a seguinte justificativa, que foi lida na abertura do evento: ” A candidata Beth Colombo não participará do debate, devido ao posicionamento parcial do jornal O Timoneiro e do proprietário do jornal ter parentesco com candidato à Prefeitura Municipal.”
Logo após a leitura da nota, o mediador afirmou que o jornal O Timoneiro tem uma história de 50 anos na cidade de Canoas, sempre pautada na defesa da sociedade canoense. “Nestas cinco décadas, a cidade teve diversos governos, militares e democráticos, e O Timoneiro sempre manteve a sua linha editorial de defesa da cidade, independente do tamanho da pressão política e econômica que sofreu. E assim continuará. Governos passam, a cidade fica”, disse.
Em todo o país, as eleições municipais de 2016 ocorrem no domingo, dia 2 de outubro. Canoas é o terceiro maior colégio eleitoral do Estado, com 247.770 mil eleitores, e um dos cinco municípios gaúchos onde há a possibilidade de eleição com segundo turno, dado o número de votantes aptos. As mulheres são maioria entre o eleitorado, com 131.768 votantes, contra 116.002 eleitores homens.
Canoas conta com sistema de biometria para a confirmação da identidade dos eleitores. Mesmo assim, é recomendado que o cidadão, para exercer seu papel democrático, leve às zonas eleitorais um documento de identificação com foto e o título de eleitor.
O transporte, por sua vez, fica por conta do eleitor. A Sogal informou que a data de passe livre em outubro está estipulada para o feriado do dia 12, sendo 3 de outubro, portanto, dia pagante normal nos ônibus canoenses.

“Temos que unir as pessoas por um projeto maior”, fala Martini

Em suas considerações iniciais, Felipe Martini (PSDB) abriu sua fala cumprimentando os presentes e lamentando a falta da candidata da situação que, segundo ele, perdeu mais uma oportunidade de conversar com a população. Ele explicou que o grande objetivo de sua candidatura é priorizar pontos da cidade que sejam de interesse comum de todos os canoenses: “Por isso o nome da nossa coligação é Para Unir Canoas. Nós não queremos unir partidos políticos, queremos unir as pessoas em torno de um projeto maior, que é a construção de um município desenvolvido economicamente e socialmente”.
Perguntado por Busato (PTB) se vai continuar com a mesma empresa de ônibus que atua em Canoas há mais de 30 anos e se manterá o projeto do Aeromóvel, respondeu: “Com relação ao transporte coletivo da nossa cidade, é fundamental para que possamos melhorar a qualidade, abrir o processo licitatótrio. Já se percebe que o atual governo está fazendo um esforço para renovar por mais 20 anos, se não me engano, o que beira uma irresponsabilidade se isso for feito, porque não vai dar ao próximo governo trazer para dentro de sua gestão a possibilidade de contar com uma nova empresa”. O candidato prometeu estudar a possibilidade de manter os horários dos ônibus com uma regularidade similar à do trem. Além disso, falou também da criação de um aplicativo para celular, que permitiria que o usuário das linhas monitorasse seus ônibus. A respeito do aeromóvel, afirmou que existem obras mais fundantes para realizar e demonstrou sua preocupação com a dívida que a cidade terá por trinta anos. Na tréplica, foi ainda mais enfático, afirmou que fará de tudo para revogar o contrato com a atual empresa de ônibus. Falou também que construirá o túnel da Domingos Martins. Segundo ele, basta ter uma vontade política e competência para construir. Foi o único dos candidatos a ter um pedido de direito de resposta aceito durante o debate. O direito de falar por dois minutos foi obtido em decorrência de uma afirmação do candidato Paulo Sérgio (PSOL) que, no entendimento da equipe da coligação e da mediação jurídica do debate, prejudicou o candidato. O candidato do PSOL lembrou que Martini esteve na coligação Bloco do Orgulho Municipal, integrada pela candidata Beth Colombo, em 2012. Em contrapartida, em sua resposta, o candidato do PSDB esclareceu que o partido no qual estava filiado naquela ocasião, o PPS, optou por se aliar à coligação e que ele, enquanto integrante do partido, não tinha a opção de não fazer parte, embora não concordasse com as políticas do atual governo municipal.
No encerramento de sua fala, Martini começou agradecendo tanto os presentes quanto às pessoas que têm participado sua campanha. Além disso, voltou a afirmar que é necessário unir as pessoas em torno de um projeto para a cidade. “Precisamos de uma mudança de atitude na política. Fizemos tudo igual no passado e no presente. Vamos fazer diferente no futuro. Chega dos mesmos, do compadrio e do toma lá, dá cá. Precisamos de menos partidos políticos e mais pessoas, menos politicagem e mais política. Posso afirmar que estou preparado para ser o Prefeito. Posso fazer qualquer enfrentamento, seja ele político, econômico ou social. Quero deixar um legado não só em obras físicas e em propostas e projetos para as próximas gerações, mas também um legado de um prefeito honrado, competente e trabalhador.

“Queremos uma Canoas de verdade”, diz Busato

Logo na abertura, Busato (PTB) disse que resolveu lançar sua candidatura para colocar sua experiência a serviço de Canoas. “Tenho experiência de muitos anos como administrador de empresas e agora também como deputado federal que sou e que trouxe o maior número de recursos para o Rio Grande do Sul. Eu quero traçar novos perfis na gestão da cidade. Quero fazer uma gestão mais enxuta, focada principalmente na área da saúde, que hoje é uma grande deficiência no nosso município, também para a segurança pública, que tem uma grande falta de diálogo entre a prefeitura e as polícias militar e civil. Quero também fazer uma remodelação no sistema de educação e, principalmente, diminuir o número de cargos políticos, que hoje existem em demasia. Pretendemos selecionar pessoas que tenham conhecimentos técnicos, sejam ficha limpa e residam na cidade de Canoas”, afirmou.
Questionado pelo candidato Paulo Sérgio (PSOL) sobre políticas de valorização dos trabalhadores da saúde e terceirização no setor, Busato respondeu: “Apesar da candidata Beth Colombo dizer que é referência no Estado inteiro, só se for referência de mau serviço. O que temos visto hoje na cidade são milhares de pessoas esperando exame médico e cirurgias. Já encontrei pessoas aguardando há sete anos um exame de ossiodensitometria. Nós temos que urgentemente contratar médicos e se for o caso em alguns exames especializados, contratar clínicas. A Fundação da Saúde é hoje um órgão que tem que ser prestigiado e remodelado. A finalidade dela não está sendo cumprida e hoje muitos cargos ali são políticos. Nós vamos manter a fundação e vamos fazer com que tenha o foco voltado para a gestão da saúde no município”. Busato afirmou, ainda, que a Cruz Vermelha, que venceu a licitação para gerir o HPSC na primeira etapa, foi eliminada do processo. O candidato afirma que a segunda colocada será anunciada como vencedora já na próxima segunda-feira. O candidato prometeu que irá questionar a forma como esta licitação foi feita e a vitória da segunda colocada. Ainda sobre o tema, na tréplica, prometeu que irá criar uma UPA pediátrica e um posto de saúde da mulher. Além disso, afirmou que um dos postos terá horário ampliado. A respeito de agendamento de consultas, prometeu remodelar o teleagendamento, abrir novamente o agendamento presencial de consultas e avaliar a necessidade de abrir a possibilidade de agendamento via internet.
No último bloco, Busato afirmou que quer uma Canoas que não seja de mentira. “Os recursos têm que ser aplicados onde nós, canoenses, precisamos, como na Saúde. A população precisa de uma assistência médica do governo. Precisamos propiciar mais médicos e uma marcação de consultas que seja rápida. Além disso, precisamos de uma escola que seja boa para nossos filhos e nossos netos, com bons uniformes, que sejam produzidos aqui e não no exterior. Vamos incentivar o esporte e na área da segurança vamos procurar ajudar a Brigada Militar e a Polícia Civil”, afirmou. O candidato voltou a dizer que pretende fazer uma gestão formada por canoenses e pessoas que, de fato, morem no município e na qual o funcionário público seja privilegiado. Busato disse que o funcionalismo público vem sendo desprestigiado nos últimos anos e que isso não pode ocorrer em uma cidade como Canoas. Além disso, lembrou que o PIB da cidade é o segundo maior do Estado e que, por isso, não é aceitável que ela esteja em péssima colocação nos rankings de qualidade.

“Nós vamos avançar muito mais”, afima Paulo Sérgio

Em sua primeira fala, Paulo Sérgio (PSOL) afirmou que sua coligação representa os trabalhadores canoenses. “Canoas é uma cidade que durante muitos anos foi comandada pela mesmas famílias que infelizmente não têm um compromisso com a nossa classe. Hoje, quando vemos que a candidata Beth Colombo não se apresenta no debate, nos dá mais segurança de dizer que nós somos a candidatura que pode seguir realmente as mudanças no nosso município, reforçando a questão da participação popular, com os conselhos populares, e a representação da população se envolvendo neste processo político e, mais do que isso, posso ser um prefeito que consiga realmente dialogar com o servidor público”, disse.
Questionado sobre o tema Cultura, pelo candidato Busato (PTB), Paulo Sérgio disse: “Nosso programa é valorizar o artista local e levar a cultura para os bairros. Temos a proposta de criar a rua da cultura no bairro. Lógico que precisamos trazer grandes shows com artistas de renome nacional, mas precisamos principalmente da valorização para os artistas locais. Além disso, pretendemos implementar o mercado público, que existe em todas as grandes cidades do mundo. É aquele mercado onde se encontra a cultura local e é importante para expor a gastronomia e os artistas, além de oferecer um espaço para a juventude. Pretendemos também abrir um teatro público, que abrigue também cinema. Hoje só temos cinemas no shopping, para quem pode pagar. A Cultura é mecanismo de transformação da sociedade e os professores do município serão importantíssimos para esta implementação”. O candidato explicou que essa valorização da Cultura, na sua visão, é um mecanismo essencial no combate a violência. Paulo ainda disse que reconhece alguns programas do governo Jairo Jorge como válidos, mas que a diferença disso para o que ele pretende implementar no seu governo é muito grande. Segundo o candidato, o investimento será maior na área e terá a juventude como protagonista. Além disso, prometeu também uma maior valorização do Carnaval.
Nas considerações finais, Paulo Sérgio agradeceu a todos os componentes de sua campanha, em especial à sua vice Ceni, pelo trabalho que eles têm feito. Além disso, reafirmou que se coloca como alternativa para a Prefeitura de Canoas: “Nós nos colocamos como alternativa para estes eleitores que iam votar na Beth Colombo e que agora não vão votar mais. Nós vamos avançar muito mais do que o último governo tem feito, justamente porque a gente sabe escolher com quem anda. Vamos andar junto com os trabalhadores, com os professores, com os funcionários da saúde e realmente vamos ter condições de conhecer todas as áreas e mudar essa realidade para melhor. Vamos ter um olhar especial para a juventude, para as mulheres, para brancos, negros, italianos, alemães e, enfim, para todas as pessoas que compõem hoje a nossa cidade e acreditamos que um governo nosso vai ser transformador. Nós queremos realmente mudar a realidade de alguns setores que não foram ainda contemplados. Foram sempre as mesmas famílias que dominaram o cenário político e econômico de Canoas. Temos hoje uma oportunidade gigante de mudar e colocar um trabalhador, como eu, e uma trabalhadora como a Ceni, na Prefeitura e implementar as políticas por outro ponto de vista. Um ponto de vista que nunca nos últimos anos foi visto ou aprofundado. Reconhecemos os avanços do governo Jairo Jorge, mas nós vamos avançar e fazer muito mais”, argumentou.