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16/10/2025
 

Opinião

“Mathias Velho: o bairro que cresci no epicentro do fim do mundo” (por Fernanda Nascimento)

Redação

Publicado

em

Por Fernanda Nascimento – Jornalista canoense

Escrever sobre a histórica tragédia do Rio Grande do Sul e a maior catástrofe climática do Brasil talvez seja uma tarefa mais simples para quem, como eu, nasceu e cresceu no bairro que é o epicentro do fim do mundo. Não tenho certeza se consigo descrever o que vejo e o que sinto. Tampouco imagino que quem não esteja aqui consiga sentir tudo isso. Nessa tentativa de tradução, talvez o que eu esteja fazendo seja compreender o inexplicável presente.

Nasci em Canoas e até os 23 anos morei na casa dos meus pais, na Mathias Velho. No terreno que hoje está debaixo d’água eles criaram cinco filhos. Seu Nilson e Dona Rejane se conheceram por lá mesmo e seis quilômetros separam a casa em que vivem da Entrada da
Mathias – aquele começo do bairro onde as pessoas resgatadas por barcos chegaram a partir de 4 de maio.

Minha avó materna era uma das moradoras mais antigas do bairro. Negra e vinda de São Luiz Gonzaga, na região das missões, a dona Geni lutava com as forças que possuía para criar os sete filhos. Dona Ilda, minha avó paterna, também morou na mesma rua. E a São
Borja, hoje alagada, é o endereço em que moram ou moraram muitos tios e primos, parentes por parte de pai ou mãe.

Arquivo pessoal

Enchentes dos anos 60

A enchente de 1941 é a tragédia climática de referência para os gaúchos. Há mais de 70 anos o nível que o Guaíba chegou naquela oportunidade, 4,76m, era utilizado como uma referência triste. Mas, em Canoas, no imaginário dos moradores as piores lembranças são
as enchentes dos anos 1960, especialmente a de 1967. Compreendo isso como fruto da ocupação tardia do bairro. Meu pai viveu as enchentes dos anos 1960 e isso quase foi motivo de uma tragédia ainda maior em 2024.

Com quase 80 anos, ele conta histórias sobre como a região em que mora, mesmo distante do início do bairro, é mais alta, um resultado da topografia irregular da região. Histórias sobre como, aos 20 anos, andou com água na altura do peito em alguns locais e na nossa
rua podia caminhar. Ele tinha certeza que estava seguro lá e relutou em sair de casa, mesmo com o alerta de evacuação na região. No primeiro dia da enchente, as imagens e vídeos que vimos dos vizinhos que ficaram por lá mostravam a água na altura das janelas
da casa.

Assim como o pai, outros milhares de moradores também não acreditaram na força das águas. E, mesmo para quem acreditou desde o princípio, o que vimos e o que estamos vivendo é inimaginável. A verdade é que, mesmo acompanhando a tragédia que acontecia na Serra e no Vale do Taquari, e sabendo que as águas desceriam para o Rio dos Sinos, não tínhamos a menor ideia do que aconteceria.

Farol

Farol – Foto: Arquivo Pessoal

Nós perdemos o grande amigo da família: o Farol, cachorro do meu pai. Fui responsável por trazê-lo para casa e isso aconteceu de uma forma inusitada, que até hoje não sei explicar porque aconteceu. Nunca tivemos um cão e meus pais sempre
disseram que não queriam animais – uma opção após o trauma da perda de bichos que haviam morrido quando meus irmãos mais velhos ainda eram crianças.

Mas, em uma viagem para o Farol de Santa Marta, em Laguna, conheci o Farol. Um filhote recém nascido de uma ninhada de pequenos vira-latas. Trouxe. O cachorro viajou de ônibus, de balsa e em ônibus intermunicipal num percurso de mais de 8 horas. Com o adendo de que estava dentro de uma mochila. Não latiu em nenhum momento e chegou. Ganhou o nome do local de origem: Farol.

Meu pai, como a maioria das pessoas que acabam amando seus animais, inicialmente não queria o bicho. Pouco tempo depois, o Farol se transformou no cão mais mimado da rua, quiçá do bairro. Ele tinha 12 anos. Era o caramelo mais obeso que conhecemos, pesando
mais de 40kg.

No dia 3 de maio, foi dado o alerta de evacuação até a rua São Lourenço – uma rua antes dos meus pais. Meu pai não queria ir. Quando finalmente decidiu que sairia, o Farol resistiu em subir no carro. Quis morder meu pai e meus irmãos. Na hora da saída, em meio ao caos,
o pai decidiu que iria e deixaria muita comida e água para o Farol. Comida em todo o pátio. A chave de casa ficou com um vizinho – que ficaria por lá, pois tinha uma residência de dois andares e, como já disse, também não imaginava que a água pudesse chegar até ali.

Na manhã seguinte, em meio às notícias da enchente e do resgate, meu pai chorava abraçado em um urso de pelúcia. Quando liguei para ele, a primeira coisa que ele tentou falar, em meio a soluços, foi sobre o cachorro. E se nas primeiras horas os resgates eram todos destinados aos humanos, logo depois, percebemos a possibilidade de tentar buscar o Farol. Mais de cinco barcos foram até lá e não o encontraram – no último, um amigo da família foi até o fundo do terreno, espaço mais alto, e conseguiu resgatar a cachorra da minha prima. Mais jovem, a Bombom resistiu.

Na busca online pelas páginas que começaram a catalogar os animais resgatados e nos abrigos que se estendem por toda a parte não alagada de Canoas, tentamos encontrar o Farol. Meus irmãos percorreram vários locais. Minha irmã chegou a ir ao hospital veterinário
em busca de um cachorro que realmente parecia ele. Mas não era.

Assim que cheguei em Canoas também percorri abrigos e voltei arrasada por perceber a quantidade de animais bem cuidados, tristes, à espera de seus tutores. Somente em um dos sites online havia mais de 2.500 animais cadastrados. Nas palavras de um dos voluntários
do local: “chegam 20 cachorros por dia e saem dois”.

Uma tarde, vi meu pai sentado com o olhar triste. Sentei ao lado e ele me disse: “Não fico triste pela casa. Eu nunca tive nada nessa vida, mesmo. O que me dói é o meu cachorrinho”. Assim que a água começou a baixar conseguimos encontrar o corpo dele, em 17 de maio.
Meus pais choraram o choro preso há 15 dias. Desabamos.

Valos e diques

É engraçado como depois de uma tragédia as memórias são acionadas para coisas e situações do cotidiano que nos passam despercebidas. Canoas é repleta de diques – locais de contenção construídos para escoamento da água e que hoje têm sido questionados em sua eficácia. Na quadra da nossa casa, no fim da rua, sempre existiu o Dique da Curitiba, aquele mesmo que, mais para o fundo do bairro, estourou e por onde começou a enchente em toda a Mathias.

Há menos de 10 anos esse dique foi canalizado. Até então, o cheiro de podre por ali era frequente. Lembro de falar “fulano mora perto do dique”. Na rua do dique, uma rua de chão batido pavimentada somente em 2022, andávamos de bicicleta porque era mais tranquilo. Agora, na enchente, soube que o maior medo de infância da minha irmã era cair no dique.

Outra coisa muito comum quando não havia canalização eram os valos ou valas: o local por onde a água corria. Inclusive, havia um local no bairro passível de referenciação com a simples frase: “é perto do valão”. Na infância, o amigo imaginário do meu irmão mais novo se chamava Valo.

Abrigo voluntário

Com 60% da cidade atingida pela enchente, Canoas teve mais de 90 mil pessoas deslocadas de casa. Cerca de 20 mil precisaram ir para abrigos. As outras foram para casas de amigos, parentes e conhecidos. Quem anda pela parte seca enxerga as ruas e casas cheias de pessoas, carros e bichos. Desconheço quem não esteja na seguinte situação: desabrigado ou abrigando alguém.

Assim como meus pais, a maioria dos meus irmãos reside em Canoas. Com o alerta de evacuação e com a chegada das águas nos bairros Mathias Velho, Canoas, Harmonia e em parte do Centro, três deles precisaram sair de casa. Por sorte, há dois anos, um dos meus
irmãos comprou uma casa espaçosa do outro lado da cidade. E foi para lá que todo mundo se deslocou no dia 3. E é lá que permanecem.

O saldo da enchente na minha família é de três casas alagadas, um centro de treinamento embaixo d’água, uma clínica odontológica ilhada, uma loja de móveis e seu estoque submersos no bairro Navegantes, em Porto Alegre. Naquela casa, 15 pessoas foram diretamente atingidas pela enchente.

Mas, o saldo mais duro é pensar no que não volta. Minha mãe lembrou que perdeu os trabalhinhos de pré-escola de todos os filhos – alguns papéis com mais de 40 anos. Dona Rejane passa o dia inteiro envolvida em mil afazeres domésticos – e mesmo que a gente se antecipe e faça o que ela pretendia fazer, em uma tentativa vã de fazê-la descansar, a mãe vai lá e encontra algo novo para fazer. Uma hora ela me disse: “Minha filha, me deixa. Eu  preciso ocupar a minha cabeça para não enlouquecer”.

De volta para minha terra

Acompanhar de longe uma tragédia envolvendo a própria família é desolador. E eu demorei para conseguir me deslocar para Canoas já que, com todas as estradas bloqueadas, um deslocamento de 15km que era realizado em 25min ou 30min, se transformou em uma
viagem de 60km realizada em, no mínimo, 1h30min. E que pode demorar mais de 4h – situação que vivi no meu retorno.

Em Canoas, fiquei por dias tentando ajudar como podia. Comprei roupas quentes, roupas de cama, material de limpeza etc. Mas o que sinto é a dor porque meu sobrinho de 5 anos diz que quer voltar para casa e não pode. Um dia minha irmã me viu triste por não poder fazer tudo. Ela, que perdeu a casa, me olhou e disse: “Mana, tu não vai conseguir comprar um guarda-roupa inteiro para cada um da
família”. Impotência.

O que vem

Nesses dias de suspensão do espaço-tempo, vivemos em uma realidade de espera pela baixa dos rios e pelo retorno. Um retorno para limpar, mesmo sabendo que não encontraremos o mesmo lugar que deixamos, porque ele já não existe mais.


Texto enviado pela autora à redação do Grupo O Timoneiro

Opinião

Artigo: “PRÊMIO NOBEL DO CESSAR-FOGO?” (por Carlos Marun – ex-Ministro de Estado)

Redação

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Artigo PRÊMIO NOBEL DO CESSAR-FOGO (por Carlos Marun - ex-Ministro de Estado)

*por Carlos Marun

É evidente que Trump mudou muito depois do fiasco de sua conversação com Putin no Alasca. Estendeu tapete vermelho, trocaram abraços e afagos, falaram em paz e o russo assim que chegou em Moscou mandou bombardear Kiev. E com força até então nunca vista. Me parece que ali o Presidente Americano caiu na real: “Posso muito, mas não posso tudo” deve ter pensado. Certamente não foi fácil para ele se olhar no espelho e concluir que não é um Deus, mas é necessário admitir que as mudanças provocadas em seu comportamento foram para “muito menos pior”.

Vejamos: não mais falou em anexar Canadá, a Groenlândia ou o Canal do Panamá; não estendeu as sanções da Lei Magnitsky aos demais membros do nosso Supremo Tribunal Federal que condenaram Bolsonaro e seus liderados a décadas de prisão; tomou a iniciativa de abrir diálogo com o Governo Brasileiro a respeito das Tarifas; e agora obrigou um contrariado Nethaniahu a aceitar assinar um acordo de Cessar-Fogo com o Hamas. Continua aprontando as suas a nível interno, mas é “um outro Trump” visto de fora. E visto de longe pode até ser considerado um presidente normal.

Tem agora o desafio de fazer com que Nethaniahu cumpra um acordo de cessar-fogo que não deseja cumprir. Bibi precisa da guerra para se manter no poder e longe da cadeia. Chegou ao cúmulo de romper unilateralmente um acordo de cessar-fogo anterior ordenando bombardeios em Gaza minutos antes de depor para o Judiciário Israelense em um caso de corrupção. Foi dispensado do interrogatório porque a “guerra” tinha recomeçado. Vai fazer de tudo para que este cessar-fogo também não dê certo.

Ele é um inimigo declarado da Paz. Ao assumir o poder, em função do assassinato de Rabin, sepultou os Acordos de Oslo articulados por Bill Clinton, causando inclusive constrangimento. Não pense Trump que não pode tentar fazer isto também com ele.

Aí um Trump corajoso e decente, que exija o cumprimentos dos compromissos que ele avslisou, será mais do que necessário. É certo que está sendo heróica a resistência do Povo Palestino. É verdade que foram importantes as posições de países como o Brasil e África do Sul que desde o início repudiaram esta resposta genocida. Foi justa a ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional contra o Primeiro-Ministro israelense por crime de genocídio. Foram também importantes os reconhecimentos ao Estado Palestino promovidos por vários países há alguns dias, em especial França, Reino Unido e Austrália. Contribuiu muito o boicote promovido na ONU por dezenas de países que se retiraram do plenário e deixaram Nethaniahu na ridícula posição de falar para as paredes. Foi louvável a coragem dos participantes da “Flotilha Humanitária” que partiu para Gaza e terminou nas prisões de Israel, mas que levou milhões de europeus as ruas em protestos contra o genocídio. É meritória a ação de todos aqueles que no mundo pelas mais diversas formas expuseram a sua indignação frente ao que acontecia.

Porém nada é tão importante quanto este novo posicionamento americano. Por que? Porque os EUA são os garantidores deste acordo e tem verdadeiro poder sobre Israel. Se não o utilizou até agora foi porque não quis. Dou um exemplo: se não fossem os mísseis americanos “Patriots”, operados por militares americanos de dentro de Israel, teríamos assistido imagens de Tel-Aviv que pensaríamos até tratarem-se de fotos de Gaza quando os Alatoiás decidiram reagir com saraivadas de mísseis as provocações israelenses. Tudo é importante, mas no caso, só os EUA e Trump são imprescindíveis.

É sabido que, na sua megalomania, Trump deseja ser agraciado com um Premio Nobel da Paz. Porém, penso que ele só será digno disto se realmente conseguir efetivar a instalação de um Estado Palestino viável ao lado de Israel, e com o reconhecimento mútuo entre ambos. Ele tem poder para isto. Que o faça e receba então este reconhecimento que será justo.
Este é o caminho para a Paz e estaremos torcendo para que ele seja percorrido…

Por enquanto merece um louvável “Prêmio Nobel do Cessar-Fogo”, mas este prêmio não existe…

*Advogado, engenheiro e ex-Ministro de Estado

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Opinião

Artigo: “CESSAR FOGO JÁ!!!” (por Carlos Marun – ex-Ministro de Estado)

Redação

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Artigo CESSAR FOGO JÁ!!! (por Carlos Marun - ex-Ministro de Estado)

CESSAR FOGO JÁ!!!

*por Carlos Marun

Desejo a aceitação pela Resistência Palestina do plano de trégua proposto por Trump. É óbvio que existem razões de sobra para a desconfiança em torno das intenções da besta-fera genocida chamada Nethaniahu. E confiar em garantias oferecidas pela metamorfose ambulante chamada Trump é coisa difícil. Mas é o que temos. E é urgente uma trégua que possa avançar para a paz antes que todos os habitantes de Gaza encontrem a morte provocada por bombas, fome, sede ou falta de remédios.

Os habitantes de Gaza já ofereceram ao mundo um inédito exemplo de resiliência, de coragem e de amor a sua terra. Mas agora merecem uma chance de sobreviver. E Nethaniahu já demonstrou que é suficiente mau para levar a efeito uma “Solução Final” para os Palestinos, coisa que Hitler tentou e felizmente foi impedido de concluir em relação aos Judeus.

Além dos Palestinos, os reféns ainda vivos também merecem sobreviver e os jovens soldados israelenses merecem parar de morrer. Já são 913 os militares israelenses mortos em enfrentamentos terrestres, tudo isto para a libertação de somente 7 reféns em combates.

A reação interna em Israel, onde os israelenses de bem que são muitos repudiam este massacre e exigem a volta dos reféns vivos, os últimos reconhecimentos ao Estado Palestino e o vexame imposto a Nethaniahu com a saída de diversas delegações do plenário da ONU no momento da sua fala pelo jeito abriram os olhos de Trump. E os interresses dos EUA na região são muitos e maiores do que simplesmente permanecer sustentando e apoiando o sanguinarismo de Bibi.

Pelo menos a perspectiva de retirada das tropas israelenses de Gaza e da instalação do Estado da Palestina estão presentes no documento proposto e este é o único caminho para a Paz.

Na sequência será hora de os homens e mulheres de bem que vivem na Terra buscarmos a punição de Nethaniahu. Os líderes do bárbaro atentado terrorista de 07/10/2023 já estão mortos. Falta agora a punição daqueles que desde aquele dia praticaram o Terrorismo de Estado matando e esfolando civis em uma Gaza onde não existe sequer uma única arma anti-aérea.

Julgamento e cadeia para Nethaniahu!!!
O Mundo precisa deste exemplo…

*Ex-ministro de Estado

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Opinião

“Sapatão com orgulho: nossa existência não pede licença” (por: Isabela Luzardo – Miss diversidade de Canoas 2025)

Redação

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por Isabela Luzardo*

Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.

A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.

Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.

Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.

Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.

Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.

*Miss diversidade de Canoas 2025

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