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15/10/2025
 

Opinião

Paulo César de César: “Obrigado, meu pai, por tudo que fizeste por nós”

Redação

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em

De Filho para PAI

UMA JORNADA INSPIRADORA

João César, filho de Teodomira Jardim César e Antônio César, nascido na cidade de Porto Alegre em 04.02.1935. Ficou órfão de pai e mãe muito cedo, não sabia precisar a idade, assim como não sabia precisar o que havia acontecido com os pais, provavelmente, ficou órfão ao redor dos 6 anos de idade, tendo ido morar em uma fazenda de um tio no município de São Pedro do Sul, interior do Rio Grande do Sul. Entretanto, por razões não sabidas, não ficou muito tempo com esses familiares e foi acolhido por outro familiar de nome Antílio, desta vez no município de Ubiretama, também no interior do Rio Grande do Sul.

Aos nove, talvez dez anos de idade, órfão de pai e mãe acolhido por familiar em Ubiretema, lá começou a trabalhar em uma serraria de propriedade do Sr. Telmo Mota. Foi acolhido nessa serraria e o Sr. Telmo lhe falou: “aqui vais trabalhar, vais ter onde dormir, vais ter o que comer, vais receber algum dinheiro e se me roubar vais apanhar”, esses foram os termos do seu primeiro contrato de trabalho. Trabalhou nesta serraria por 5 anos, era esforçado, prestativo, adquirindo a admiração dos outros funcionários, mas também era ambicioso, juntava algum dinheiro, mas não o suficiente e tinha intenções maiores na vida. E aos quinze anos, no interior gaúcho, quase seguiu o caminho do mal, pois fora convidado por “amigos” a seguir o caminho do crime e inicialmente ficou tentado pela ideia, mas graças às orientações do Sr. Telmo Mota acabou seguindo o caminho do bem, pois esse disse a seguinte frase: “este menino vai para Porto Alegre estudar e vai ser alguém na vida”.

Aos dezesseis anos de idade, analfabeto, foi trazido pelo Sr. Telmo Mota para Porto Alegre, esse pagou um hotel simples para o João César ficar um tempo e retornou para o interior gaúcho, se encontraram algumas vezes novamente vários anos depois. João César começou a caminhar com as próprias pernas e para poder arcar com seus custos, inclusive o pagamento da escola para, inicialmente, se alfabetizar, começou a trabalhar na construção civil. Esforçado, estudioso, após dois anos em Porto Alegre, foi aprovado no concurso do Banco do Estado (não vou falar qual estado), mas não foi aceito, o motivo foi que não possuía endereço fixo, pois nessa época morava nos prédios em construção onde estava trabalhando. Desapontado com o ocorrido, mas não desmotivado, prestou concurso para o curso formação de sargento do exército brasileiro, sendo aprovado. A partir deste momento ele se sentiu gente, saído do nada e agora sargento do exército brasileiro. Ele sempre dizia: “o exército foi muito importante, foi democrático, não perguntou de onde eu vim e me deu uma oportunidade”.

Cursou o curso de formação de sargentos em Três Corações – MG, sendo incorporado ao exército brasileiro em 09.04.1954. Exerceu suas atividades como militar em Corumbá – MS, Rio de Janeiro – RJ e Porto Alegre – RS. Em 1961, no episódio da Legalidade havia um conflito, o então governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola queria que o então comandante militar da região sul general Machado Lopes desse início a uma ação militar contra o exército do centro do país para garantir a posse do vice-presidente João Goulart. Machado Lopes sentindo sua vida ameaçada pela tensão do momento, solicitou a um major que escolhesse cinco militares de total confiança para serem seus guarda-costas vinte e quatro horas por dia. João César foi um dos cinco escolhidos e durante quase um ano foi guarda-costas do general Machado Lopes, inclusive frequentando as reuniões com o governador Leonel Brizola e em uma dessas reuniões o general falou: “nunca sob meu comando um soldado brasileiro vai derramar sangue de outro soldado brasileiro”. João César nunca perdoou Leonel Brizola por esta tentativa de conflito armado dentro do país, na verdade, uma guerra civil, e durante toda a vida foi um crítico contumaz do ex-governador.

Serviu ao exército brasileiro até 15.09.1967, portanto, mais de 13 anos. Durante o período final no exército prestara e fora aprovado no concurso para delegado da polícia civil, naquele tempo não era necessário ser advogado para ser delegado de polícia. Foi diplomado delegado da polícia civil do Rio Grande do Sul em 04.12.1967, tendo exercido as funções de delegado de polícia em Porto Alegre – RS e Camaquã – RS. Nesta época era casado e pai de dois filhos, uma menina e um menino. Por razões não bem sabidas pediu transferência e foi designado como delegado para o município de Santa Rosa – RS, indo sozinho para esta localidade, tempos depois solicitou o divórcio (na época desquite), algo incomum para a época e muito mal aceito pela sociedade.

Em Santa Rosa desistiu da carreira de delegado e foi trabalhar na junta do trabalho. Foi aprovado no vestibular de direito na faculdade de Santo Ângelo – RS. Ia todos os dias de ônibus, um trajeto de aproximadamente uma hora, e nestas idas e vindas conheceu uma estudante de biologia Ivaldina Bottega, começaram a namorar e casaram em 06.03.1971, inicialmente ela relutou em casar, após saber que ele era um homem desquitado, “imagina casar com um homem desquitado”, mas ela acabou aceitando após João Cesar falar: “ você deve ir pelo seu coração e não pelo que as outras pessoas pensam ou falam sobre o nosso relacionamento”. Foram morar em Santo Ângelo e tiveram três filhos. Formou-se em direito em 18.03.1972 e começou a trabalhar como advogado. Por cobrança e estímulo de sua esposa Ivaldina, a qual inclusive pagou a inscrição no concurso, prestou concurso para oficial do registro de imóveis, sendo aprovado e designado para o município de Marcelino Ramos – RS, onde permaneceu por 3 anos, 6 meses e 14 dias. Durante o seu período em Marcelino Ramos prestou novo concurso para oficial do registro de imóveis para ir a uma entrância superior, foi aprovado e designado para Camaquã. Durante o período em Camaquã prestou concurso para magistratura estadual, foi aprovado, mas não foi aceito e, portanto, não se tornou juiz, o motivo foi, segundo ele, porque era desquitado, algo não bem aceito nos anos 1970. Pela segunda vez na vida foi aprovado em um concurso público, mas não foi aceito. Ficou 4 anos em Camaquã e depois foi removido e designado para o cartório de registro de imóveis de Canoas – RS, o qual assumiu em Janeiro de 1981.

Em Canoas foi o oficial do registro de imóveis por 30 anos, admirado, respeitado, ainda hoje é lembrado como um cartorário exemplar. Teve importante participação política e social, nunca teve cargo político, mas sempre esteve participante na vida política e social do município de Canoas e também em muitas questões do estado do Rio Grande do Sul. Sempre atento às questões sociais ajudava muito os mais necessitados, até porque conheceu o lado duro da vida, pois passou muitas dificuldades em sua jornada.

Era homem experiente, pois viveu muitas coisas na vida, homem de muitos conhecidos e poucos amigos, vou ser injusto esquecendo alguém, mas não posso deixar de citar três pessoas, na comunidade de Canoas, que João César considerava seus amigos: Francisco José Luz (tabelião em Canoas), Jorge Uequed (advogado) e Jandir Copoani (empresário).

Este breve relato é na verdade uma homenagem a meu pai João César, homem que deu uma formação muito sólida de caráter aos filhos. Esta é uma jornada inspiradora, alguém que saiu do nada, alfabetizado aos 16 anos, formou-se em direito e tornou-se oficial do registro de imóveis de Canoas, serve como exemplo de perseverança e força de vontade. Como ele mesmo dizia: “tudo é possível, mas exige sacrifício”.

Obrigado meu pai, agradeço por tudo que fizeste por nós, em nome dos filhos e de sua eterna esposa Ivaldina Bottega César.

Paulo César de César

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Opinião

Artigo: “PRÊMIO NOBEL DO CESSAR-FOGO?” (por Carlos Marun – ex-Ministro de Estado)

Redação

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Artigo PRÊMIO NOBEL DO CESSAR-FOGO (por Carlos Marun - ex-Ministro de Estado)

*por Carlos Marun

É evidente que Trump mudou muito depois do fiasco de sua conversação com Putin no Alasca. Estendeu tapete vermelho, trocaram abraços e afagos, falaram em paz e o russo assim que chegou em Moscou mandou bombardear Kiev. E com força até então nunca vista. Me parece que ali o Presidente Americano caiu na real: “Posso muito, mas não posso tudo” deve ter pensado. Certamente não foi fácil para ele se olhar no espelho e concluir que não é um Deus, mas é necessário admitir que as mudanças provocadas em seu comportamento foram para “muito menos pior”.

Vejamos: não mais falou em anexar Canadá, a Groenlândia ou o Canal do Panamá; não estendeu as sanções da Lei Magnitsky aos demais membros do nosso Supremo Tribunal Federal que condenaram Bolsonaro e seus liderados a décadas de prisão; tomou a iniciativa de abrir diálogo com o Governo Brasileiro a respeito das Tarifas; e agora obrigou um contrariado Nethaniahu a aceitar assinar um acordo de Cessar-Fogo com o Hamas. Continua aprontando as suas a nível interno, mas é “um outro Trump” visto de fora. E visto de longe pode até ser considerado um presidente normal.

Tem agora o desafio de fazer com que Nethaniahu cumpra um acordo de cessar-fogo que não deseja cumprir. Bibi precisa da guerra para se manter no poder e longe da cadeia. Chegou ao cúmulo de romper unilateralmente um acordo de cessar-fogo anterior ordenando bombardeios em Gaza minutos antes de depor para o Judiciário Israelense em um caso de corrupção. Foi dispensado do interrogatório porque a “guerra” tinha recomeçado. Vai fazer de tudo para que este cessar-fogo também não dê certo.

Ele é um inimigo declarado da Paz. Ao assumir o poder, em função do assassinato de Rabin, sepultou os Acordos de Oslo articulados por Bill Clinton, causando inclusive constrangimento. Não pense Trump que não pode tentar fazer isto também com ele.

Aí um Trump corajoso e decente, que exija o cumprimentos dos compromissos que ele avslisou, será mais do que necessário. É certo que está sendo heróica a resistência do Povo Palestino. É verdade que foram importantes as posições de países como o Brasil e África do Sul que desde o início repudiaram esta resposta genocida. Foi justa a ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional contra o Primeiro-Ministro israelense por crime de genocídio. Foram também importantes os reconhecimentos ao Estado Palestino promovidos por vários países há alguns dias, em especial França, Reino Unido e Austrália. Contribuiu muito o boicote promovido na ONU por dezenas de países que se retiraram do plenário e deixaram Nethaniahu na ridícula posição de falar para as paredes. Foi louvável a coragem dos participantes da “Flotilha Humanitária” que partiu para Gaza e terminou nas prisões de Israel, mas que levou milhões de europeus as ruas em protestos contra o genocídio. É meritória a ação de todos aqueles que no mundo pelas mais diversas formas expuseram a sua indignação frente ao que acontecia.

Porém nada é tão importante quanto este novo posicionamento americano. Por que? Porque os EUA são os garantidores deste acordo e tem verdadeiro poder sobre Israel. Se não o utilizou até agora foi porque não quis. Dou um exemplo: se não fossem os mísseis americanos “Patriots”, operados por militares americanos de dentro de Israel, teríamos assistido imagens de Tel-Aviv que pensaríamos até tratarem-se de fotos de Gaza quando os Alatoiás decidiram reagir com saraivadas de mísseis as provocações israelenses. Tudo é importante, mas no caso, só os EUA e Trump são imprescindíveis.

É sabido que, na sua megalomania, Trump deseja ser agraciado com um Premio Nobel da Paz. Porém, penso que ele só será digno disto se realmente conseguir efetivar a instalação de um Estado Palestino viável ao lado de Israel, e com o reconhecimento mútuo entre ambos. Ele tem poder para isto. Que o faça e receba então este reconhecimento que será justo.
Este é o caminho para a Paz e estaremos torcendo para que ele seja percorrido…

Por enquanto merece um louvável “Prêmio Nobel do Cessar-Fogo”, mas este prêmio não existe…

*Advogado, engenheiro e ex-Ministro de Estado

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Artigo: “CESSAR FOGO JÁ!!!” (por Carlos Marun – ex-Ministro de Estado)

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Artigo CESSAR FOGO JÁ!!! (por Carlos Marun - ex-Ministro de Estado)

CESSAR FOGO JÁ!!!

*por Carlos Marun

Desejo a aceitação pela Resistência Palestina do plano de trégua proposto por Trump. É óbvio que existem razões de sobra para a desconfiança em torno das intenções da besta-fera genocida chamada Nethaniahu. E confiar em garantias oferecidas pela metamorfose ambulante chamada Trump é coisa difícil. Mas é o que temos. E é urgente uma trégua que possa avançar para a paz antes que todos os habitantes de Gaza encontrem a morte provocada por bombas, fome, sede ou falta de remédios.

Os habitantes de Gaza já ofereceram ao mundo um inédito exemplo de resiliência, de coragem e de amor a sua terra. Mas agora merecem uma chance de sobreviver. E Nethaniahu já demonstrou que é suficiente mau para levar a efeito uma “Solução Final” para os Palestinos, coisa que Hitler tentou e felizmente foi impedido de concluir em relação aos Judeus.

Além dos Palestinos, os reféns ainda vivos também merecem sobreviver e os jovens soldados israelenses merecem parar de morrer. Já são 913 os militares israelenses mortos em enfrentamentos terrestres, tudo isto para a libertação de somente 7 reféns em combates.

A reação interna em Israel, onde os israelenses de bem que são muitos repudiam este massacre e exigem a volta dos reféns vivos, os últimos reconhecimentos ao Estado Palestino e o vexame imposto a Nethaniahu com a saída de diversas delegações do plenário da ONU no momento da sua fala pelo jeito abriram os olhos de Trump. E os interresses dos EUA na região são muitos e maiores do que simplesmente permanecer sustentando e apoiando o sanguinarismo de Bibi.

Pelo menos a perspectiva de retirada das tropas israelenses de Gaza e da instalação do Estado da Palestina estão presentes no documento proposto e este é o único caminho para a Paz.

Na sequência será hora de os homens e mulheres de bem que vivem na Terra buscarmos a punição de Nethaniahu. Os líderes do bárbaro atentado terrorista de 07/10/2023 já estão mortos. Falta agora a punição daqueles que desde aquele dia praticaram o Terrorismo de Estado matando e esfolando civis em uma Gaza onde não existe sequer uma única arma anti-aérea.

Julgamento e cadeia para Nethaniahu!!!
O Mundo precisa deste exemplo…

*Ex-ministro de Estado

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“Sapatão com orgulho: nossa existência não pede licença” (por: Isabela Luzardo – Miss diversidade de Canoas 2025)

Redação

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por Isabela Luzardo*

Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.

A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.

Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.

Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.

Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.

Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.

*Miss diversidade de Canoas 2025

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