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Canoas é a quarta cidade no Estado com maior número de pessoas com HIV
Câmara aprovou projeto de distribuição de preservativos
O dado é da Câmara Municipal de Vereadores de Canoas, argumento utilizado para aprovar, na quinta-feira, 28, o Projeto de Lei (PL) de autoria do legislador Ivo Lech (PMDB), que estabelece a obrigatoriedade de danceterias, boates, casas noturnas e congêneres disponibilizar, gratuitamente, preservativo aos clientes. No Brasil, segundo dados do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/Aids), no decorrer do ano de 2009 foram registrados 38.538 novos casos de Aids, com mais de 11 mil óbitos pela doença.
Estudos regionalizados encontrados em pesquisas do Programa de DST/Aids, em 1980, até junho de 2010, mostram que o Brasil registrou 592.914 casos de Aids. Em 2009, foram notificados 38.538 casos da doença, de forma que a taxa de incidência da moléstia, no Brasil, configurou 20,1 casos por 100.000 habitantes. Analisando-se a epidemia por regiões, e um período de 10 anos (1999 até 2009), embora a taxa de incidência no Sudeste (região que concentra maior número de casos da doença) tenha caído de 24,9 para 20,4 casos 100.000 habitantes, nas demais regiões observa-se grande crescimento da epidemia, cabendo destaque aos números da Região Sul, que saltaram de 22,6 para 32,4 casos para cada 100.000 habitantes. Nas demais regiões, embora também haja ocorrido aumento das incidências da doença, os dados não atingem valores tão elevados, diz a justificativa do projeto.
A proposta prevê ainda que esses estabelecimentos afixem nos banheiros, em local visível, cartazes educativos sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), confeccionados nos moldes utilizados pelo Ministério da Saúde.
Na justificativa do PL nº 07/2015, Lech ressalta a importância da conscientização e defende que o estímulo à prevenção deve ser intensificado em grande escala. “O objetivo é reforçar a estratégia de controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) nos locais em que ela é mais necessária”, afirma. Os estabelecimentos poderão obter os preservativos de forma gratuita junto às unidades de saúde, dentro das cotas de programas de distribuição já existentes. “Não haverá custo ao proprietário do estabelecimento”, explica o vereador. Segundo dados apresentados durante a votação, Canoas é quarta cidade do Estado com maior número de pessoas infectadas pelo HIV.
Informações da Prefeitura Municipal de Canoas dão conta de que em julho de 2013 a cidade contava com 2.108 pacientes portadores do vírus HIV e 1.082 pacientes que faziam uso de medicação Antirretroviral (ARV). Os estados do Rio Grande do Sul e Amazonas são os que possuem maiores taxas de detecção do vírus.
O PL ainda esclarece que em relação à forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade, prevalece o contágio via relações sexuais. Nas mulheres, mais de 95% dos casos registrados em 2009 decorreram de relações sexuais, sem a devida prevenção, com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, mais de 70% dos casos de contaminação têm, como fonte, relações sexuais com parceiros infectados pelo vírus, nas quais foram observadas as formas de prevenção.
O que é o HIV
Este é o vírus causador da AIDS, vírus da imunodeficiência humana. HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Ele ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Alterando o DNA dessa célula que o vírus faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.
Porém, ter HIV não é o mesmo que ter AIDS. Há soropositivos que convivem anos sem apresentar sintomas da doença. O HIV pode ser transmitido através de relações sexuais sem preservativos, seringas usadas e ou de mãe para filho.
Destaques
“Nunca trabalhei na vida, eu faço o que me dá prazer”; morre Jesus Pfeil aos 85 anos
Morreu no domingo, 24, o cineasta, historiador e escritor, e figura ilustre de Canoas, Antonio Jesus Pfeil. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, decretou três dias de luto oficial. O velório acontece nesta segunda-feira, até 17 horas, no Crematório de Cemitério São Vicente, em Canoas.
Antonio Jesus Pfeil nasceu em 7 de outubro de 1939, na área de Canoas que posteriormente foi emancipada e se tornou Nova Santa Rita. Cineasta, historiador e pesquisador do cinema gaúcho, estudou no Colégio La Salle e passou pelo serviço militar. Em 1960, atuou como ator no Teatro Brasileiro de Comédias, que estava com uma peça em cartaz no Theatro São Pedro. Na ocasião, subiu ao palco ao lado de Nathália Timberg e Leonardo Villar.
Seu primeiro curta-metragem, Cinema Gaúcho dos Anos 20, participou da mostra do Festival de Cinema Brasileiro de Gramado e, em 1974, recebeu um prêmio especial no mesmo festival. Além da carreira como cineasta, Jesus também conquistou espaço como pesquisador, autor de artigos e, paralelamente, atua como participante de conferências e de comissões julgadoras em festivais e outros eventos ligados à História do Cinema Gaúcho e Brasileiro.
Resgate
Como escritor e historiador, Jesus tem profunda contribuição para o resgate histórico da cidade. Ele é autor da coleção Canoas: Anatomia de Uma Cidade, e organizador do livro Origens de Canoas, que conta com artigos de Edgar Braga da Fontoura, primeiro prefeito do município. Estas são apenas algumas dentre muitas obras de Jesus no cinema e na literatura.
No ano 2000, Jesus recebeu uma justa homenagem pela sua contribuição para a cultura na cidade. A biblioteca da Escola Municipal Ícaro foi inaugurada e, desde então, se chama Biblioteca Antonio Jesus Pfeil.
Prazeres
Ao ser indagado pelo O Timoneiro, em 2018, sobre como enxerga a importância de seu trabalho para o meio cultural e para Canoas, Jesus, sempre bem-humorado, brinca: “Trabalho? Que trabalho? Eu nunca trabalhei na vida, eu só tenho prazeres, só faço o que me dá prazer”.
“As pessoas me perguntam ‘Jesus, qual é a novidade hoje?’, e eu respondo: ‘Olha, de manhã eu abri os olhos e estava vivo, não morri dormindo. Vamos ver o que acontece hoje’. Eu sempre digo, e disse no filme Jesus – O Verdadeiro, é que meu futuro foi ontem e não tem como saber o que vai acontecer hoje. Sobre o que eu já vivi, eu posso falar. Meu primeiro Kikito em gramado eu ganhei em 1974 e foi o primeiro Kikito gaúcho do festival. Eu gosto de trabalhar com História porque filme de ficção todo mundo faz e faz igual hoje em dia, só muda o nome dos personagens e o título, é sempre o mesmo roteiro. Um filme que eu fiz e gosto de destacar é o Porto Alegre, Adeus…! É uma carta que eu escrevi ao Glauber Rocha. E o Glauber Rocha tinha aquela frase que dizia que tinha que ter uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Pensando bem, hoje em dia as pessoas, muitas vezes, têm a câmera na mão, mas não têm a ideia na cabeça, por isso fazem tanta coisa igual”.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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