Opinião
Fabiano Vencato: “A música regional gaúcha”

Fabiano Vencato – Agenda Tradicionalista
A MÚSICA REGIONAL GAÚCHA
Antes do surgimento dos festivais no país nos anos 1960 o repertório da música gaúcha se resumia aos trabalhos que representavam essa expressão regional, cantados e executados por intérpretes como Pedro Raymundo, Teixerinha, Gildo de Freitas e José Mendes. Estes artistas faziam muito sucesso no meio rural, mas eram estigmatizados com o termo “grossura”. De maneira sucinta, essa expressão artística regional se resumia na época a alguns gêneros herdados da música europeia de salão, como a valsa, a mazurca, o schottische, a habanera, transformados no Brasil, neste caso na região sul, dando origem a outros gêneros como a rancheira, as toadas e o arrasta-pé, ou permanecendo, como foi o caso da valsa, com algumas particularidades regionais. Com os festivais musicais e a expansão do repertório, viria também um novo estilo nas canções e a procura de sonoridades diferentes daquelas das obras dos anos 1940 e 1950, através de uma construção melódica e harmônica diferenciada que, junto da instrumentação, seriam os elementos musicais dessa nova concepção. A chamada “música nativista” surgiu como uma das expressões sobressalentes no cenário musical gaúcho após o festival nomeado como 1ª Califórnia da Canção Nativa. Nas minhas pesquisas de campo sempre foi evidente o potencial criativo e transformador desse novo estilo, mas sem perder os eixos temáticos do contexto rural e da figura do gaúcho. A junção de música e poesia nas composições do nativismo musical, à procura de uma nova estética trouxe um discurso transformador para a cena artística regional, diversificando as propostas do tradicionalismo gaúcho no sentido de uma expansão modernizadora. Através dessa intenção de renovação o discurso musical toma um lugar de privilégio nas manifestações culturais do tradicionalismo. Nesse discurso musical são expressas e retratadas situações e cenas da vida, desejos e sentimentos como um conjunto ideológico. Por esse motivo, foi se evidenciando que a música ocuparia um lugar central no movimento como a forma mais intensa de comunicação e expressão. É importante notar a centralidade da música sobretudo nas publicações do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) que surgiram em meados dos anos 1950. Os registros bibliográficos dos ideólogos do movimento tradicionalista revelam uma intenção de controlar essas atividades artísticas através do estabelecimento de padrões e formas que a música gaúcha deveria ter. Boa parte da elaboração desses livros e documentos esteve a cargo de Paixão Côrtes e de Barbosa Lessa desde a fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG) em 1948, os quais ditaram em seus registros bibliográficos os parâmetros que regiam a música gaúcha em todos os seus segmentos (CÔRTES 1985). Esse tipo de hegemonia se manifestaria por vários anos, inclusive até o momento da criação do festival 1ª Califórnia da Canção Nativa, na cidade de Uruguaiana, Rio Grande do Sul, onde foram propostas três linhas para a música gaúcha: uma tradicionalista, que seguiria os padrões do MTG uma linha regionalista, mais comprometida com o mercado ou a indústria cultural e uma linha nativista, renovadora em sentido estético. A partir do surgimento do nativismo5 em 1971, considerado como corrente renovadora da música gaúcha, não somente se abriram caminhos novos no sentido musical, como também se expandiram as temáticas de ordem política e social relacionadas ao contexto tradicionalista gaúcho. Isso foi de fundamental importância para uma mudança em termos de crítica social e de discurso intelectual, fatos que trouxeram dinamismo na ordem cultural do tradicionalismo e uma reformulação da postura e do relacionamento com o mundo atual. Com os festivais de música regional gaúcha foi manifesto um câmbio significativo na forma de compor e de executar as novas obras. A música autoral, com uma nova roupagem, passa a ser um dos centros de atenção, pelo que ela expressa no sentido estético e pela mensagem de suas letras. Assim o nativismo musical e os festivais se tornam veículos de uma forma diferente de pensar e representar o gaúcho e sua forma de viver.
Opinião
Artigo: “PRÊMIO NOBEL DO CESSAR-FOGO?” (por Carlos Marun – ex-Ministro de Estado)

*por Carlos Marun
É evidente que Trump mudou muito depois do fiasco de sua conversação com Putin no Alasca. Estendeu tapete vermelho, trocaram abraços e afagos, falaram em paz e o russo assim que chegou em Moscou mandou bombardear Kiev. E com força até então nunca vista. Me parece que ali o Presidente Americano caiu na real: “Posso muito, mas não posso tudo” deve ter pensado. Certamente não foi fácil para ele se olhar no espelho e concluir que não é um Deus, mas é necessário admitir que as mudanças provocadas em seu comportamento foram para “muito menos pior”.
Vejamos: não mais falou em anexar Canadá, a Groenlândia ou o Canal do Panamá; não estendeu as sanções da Lei Magnitsky aos demais membros do nosso Supremo Tribunal Federal que condenaram Bolsonaro e seus liderados a décadas de prisão; tomou a iniciativa de abrir diálogo com o Governo Brasileiro a respeito das Tarifas; e agora obrigou um contrariado Nethaniahu a aceitar assinar um acordo de Cessar-Fogo com o Hamas. Continua aprontando as suas a nível interno, mas é “um outro Trump” visto de fora. E visto de longe pode até ser considerado um presidente normal.
Tem agora o desafio de fazer com que Nethaniahu cumpra um acordo de cessar-fogo que não deseja cumprir. Bibi precisa da guerra para se manter no poder e longe da cadeia. Chegou ao cúmulo de romper unilateralmente um acordo de cessar-fogo anterior ordenando bombardeios em Gaza minutos antes de depor para o Judiciário Israelense em um caso de corrupção. Foi dispensado do interrogatório porque a “guerra” tinha recomeçado. Vai fazer de tudo para que este cessar-fogo também não dê certo.
Ele é um inimigo declarado da Paz. Ao assumir o poder, em função do assassinato de Rabin, sepultou os Acordos de Oslo articulados por Bill Clinton, causando inclusive constrangimento. Não pense Trump que não pode tentar fazer isto também com ele.
Aí um Trump corajoso e decente, que exija o cumprimentos dos compromissos que ele avslisou, será mais do que necessário. É certo que está sendo heróica a resistência do Povo Palestino. É verdade que foram importantes as posições de países como o Brasil e África do Sul que desde o início repudiaram esta resposta genocida. Foi justa a ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional contra o Primeiro-Ministro israelense por crime de genocídio. Foram também importantes os reconhecimentos ao Estado Palestino promovidos por vários países há alguns dias, em especial França, Reino Unido e Austrália. Contribuiu muito o boicote promovido na ONU por dezenas de países que se retiraram do plenário e deixaram Nethaniahu na ridícula posição de falar para as paredes. Foi louvável a coragem dos participantes da “Flotilha Humanitária” que partiu para Gaza e terminou nas prisões de Israel, mas que levou milhões de europeus as ruas em protestos contra o genocídio. É meritória a ação de todos aqueles que no mundo pelas mais diversas formas expuseram a sua indignação frente ao que acontecia.
Porém nada é tão importante quanto este novo posicionamento americano. Por que? Porque os EUA são os garantidores deste acordo e tem verdadeiro poder sobre Israel. Se não o utilizou até agora foi porque não quis. Dou um exemplo: se não fossem os mísseis americanos “Patriots”, operados por militares americanos de dentro de Israel, teríamos assistido imagens de Tel-Aviv que pensaríamos até tratarem-se de fotos de Gaza quando os Alatoiás decidiram reagir com saraivadas de mísseis as provocações israelenses. Tudo é importante, mas no caso, só os EUA e Trump são imprescindíveis.
É sabido que, na sua megalomania, Trump deseja ser agraciado com um Premio Nobel da Paz. Porém, penso que ele só será digno disto se realmente conseguir efetivar a instalação de um Estado Palestino viável ao lado de Israel, e com o reconhecimento mútuo entre ambos. Ele tem poder para isto. Que o faça e receba então este reconhecimento que será justo.
Este é o caminho para a Paz e estaremos torcendo para que ele seja percorrido…
Por enquanto merece um louvável “Prêmio Nobel do Cessar-Fogo”, mas este prêmio não existe…
*Advogado, engenheiro e ex-Ministro de Estado
Opinião
Artigo: “CESSAR FOGO JÁ!!!” (por Carlos Marun – ex-Ministro de Estado)

CESSAR FOGO JÁ!!!
*por Carlos Marun
Desejo a aceitação pela Resistência Palestina do plano de trégua proposto por Trump. É óbvio que existem razões de sobra para a desconfiança em torno das intenções da besta-fera genocida chamada Nethaniahu. E confiar em garantias oferecidas pela metamorfose ambulante chamada Trump é coisa difícil. Mas é o que temos. E é urgente uma trégua que possa avançar para a paz antes que todos os habitantes de Gaza encontrem a morte provocada por bombas, fome, sede ou falta de remédios.
Os habitantes de Gaza já ofereceram ao mundo um inédito exemplo de resiliência, de coragem e de amor a sua terra. Mas agora merecem uma chance de sobreviver. E Nethaniahu já demonstrou que é suficiente mau para levar a efeito uma “Solução Final” para os Palestinos, coisa que Hitler tentou e felizmente foi impedido de concluir em relação aos Judeus.
Além dos Palestinos, os reféns ainda vivos também merecem sobreviver e os jovens soldados israelenses merecem parar de morrer. Já são 913 os militares israelenses mortos em enfrentamentos terrestres, tudo isto para a libertação de somente 7 reféns em combates.
A reação interna em Israel, onde os israelenses de bem que são muitos repudiam este massacre e exigem a volta dos reféns vivos, os últimos reconhecimentos ao Estado Palestino e o vexame imposto a Nethaniahu com a saída de diversas delegações do plenário da ONU no momento da sua fala pelo jeito abriram os olhos de Trump. E os interresses dos EUA na região são muitos e maiores do que simplesmente permanecer sustentando e apoiando o sanguinarismo de Bibi.
Pelo menos a perspectiva de retirada das tropas israelenses de Gaza e da instalação do Estado da Palestina estão presentes no documento proposto e este é o único caminho para a Paz.
Na sequência será hora de os homens e mulheres de bem que vivem na Terra buscarmos a punição de Nethaniahu. Os líderes do bárbaro atentado terrorista de 07/10/2023 já estão mortos. Falta agora a punição daqueles que desde aquele dia praticaram o Terrorismo de Estado matando e esfolando civis em uma Gaza onde não existe sequer uma única arma anti-aérea.
Julgamento e cadeia para Nethaniahu!!!
O Mundo precisa deste exemplo…
*Ex-ministro de Estado
Opinião
“Sapatão com orgulho: nossa existência não pede licença” (por: Isabela Luzardo – Miss diversidade de Canoas 2025)

por Isabela Luzardo*
Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.
A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.
Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.
Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.
Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.
Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.
*Miss diversidade de Canoas 2025
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