É comovedora a fé dos marxistas no marxismo. Tudo o que o filósofo alemão escreveu é objeto de controvérsias – construções teóricas artificiais, de duvidosa aplicação da vida prática e que, onde foram levadas à experiência concreta, resultaram em rotundo fracasso. É um curioso fracasso que deu certo, uma vez que tanto mais o marxismo tenha dado errado, mais parece atrair adeptos e simpatizantes.
E não foi entre operários, os proletários do mundo, que deveriam se unir para afastar a opressão, os destinatários do Manifesto Comunista, que o marxismo prosperou. Foi nas camadas médias, tão execradas pelos marxistas, como vacilantes e oportunistas; foi nas universidades. Quem estuda o marxismo, quem (supostamente) o pratica, não são operários, mas funcionários públicos e de estatais – ao menos aqui no Brasil.
A luta de classes, na teoria de Marx, é o motor da história, o fundamento principal das relações sociais, o abismo intransponível entre os donos dos meios de produção e os trabalhadores – uma teoria abstrata, não demonstrada nos incidentes da experiência viva.
Que existe um conflito potencial, e às vezes, conflito real, não há dúvidas: os trabalhadores querem ganhar mais e os patrões querem pagar menos.
O impasse se resolve através de outras formas, além do conflito, da “luta”. A mais comum é a cooperação, o pacto voluntário, o salário ajustado entre as duas partes, definido por dissídios sindicais, planos de carreira ou pelo mercado.
O trabalhador se submete ao regime de trabalho proposto, aceita a disciplina própria e combinada, e cobra um valor. E porque, se é tão mais vantajosa a posição de empresário, o trabalhador não se faz ele mesmo o patrão? Porque não é uma escolha ao seu alcance, quando lhe faltam iniciativa, capital, recursos tecnológicos e habilidades necessárias para estabelecer-se por conta própria.
Na quase totalidade dos casos, a conveniência é comum e recíproca entre as duas partes. Se existir um emprego que ofereça melhores condições de trabalho e onde se ganha mais, o trabalhador atravessará a rua e mudará de lugar. Não há luta nem conflito.
É verdade que o empregador pode dispensar o empregado, a seu talante e vontade. Na iniciativa privada o empregado não tem estabilidade, como no serviço público. É uma regra vital do jogo. Se assim não fosse, as nações se tornariam mastodônticas repartições públicas, como aconteceu com as repúblicas socialistas da vida real.
O dono da empresa é a parte mais forte da relação de trabalho? Em termos. É verdade que ele ganha mais do que o empregado. Porém é ele quem investe o capital, arca com os riscos e custos do negócio, enfrenta as conjunturas de crise, quando ele amiúde vai à lona e perde tudo. Não há nada mais comum no meio dos empregados, do que ex-patrões, que se deram mal ou desistiram das agruras da classe proprietária. A verdadeira luta do empresário não é a de classe, mas a da sobrevivência da empresa.
A invenção da imprensa por Gutenberg, o advento do motor à combustão e da penicilina, entre tantos outros momentos cruciais, causaram impacto muito maior na história da humanidade do que a luta de classes.
Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.
A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.
Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.
Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.
Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.
Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.
“A maior de todas
as virtudes é a
Coragem, até
porque sem ela
nenhuma das
outras pode ser
praticada”
Maya Angelou
Poetisa
Alexandre de Moraes é uma figura singular. Penso até que errou ao determinar a prisão, mesmo que domiciliar, de Jair Bolsonaro. Não vi descumprimento claro pelo ex-presidente das medidas restritivas determinadas por ele próprio na decisão anterior que impôs ao Capitão o uso de tornozeleira eletrônica. Penso ainda que as penas que estão sendo aplicadas aos vandalos golpistas do 08/01/2023 são demasiadamente elevadas, especialmente quando comparadas àquelas aplicadas aos autores de outras crimes, aparentemente mais graves. Porém, isto não desfaz o imenso trabalho relalizado pelo STF em defesa da nossa Democracia, trabalho este que teve como como líder o próprio Ministro.
Todos na vida erramos e acertamos. Os inimigos querem nos medir por nossos erros. Os amigos por nossos acertos. Eu já prefiro medir as pessoas pelo saldo médio. E sem nenhuma dúvida, o saldo médio da atuação de Alexandre de Moraes é altamente positivo.
Uma das características que mais admiro em um ser humano é a coragem. E isto inegavelmente Alexandre possui de sobra.
Enfrentou internamente um movimento político dos mais raivosos da nossa existência enquanto nação que é o Bolsonarismo Fanático. Esteve, hoje se sabe, na lista de alvos da operação “Punhal verde-amarelo” tramada dentro do Palácio do Planalto por auxiliares próximos do ex-presidente. Esteve até sob a mira dos fuzis dos militantes desta seita política que haviam sido escolhidos para por em prática a operação. E nada disto o fez recuar.
Agora, enfrenta sem vacilações o mais poderoso e nefasto ser que existe sobre a terra que é Trump, que ataca nosso país sob aplausos dos entreguistas, que insistem em manter os dentes arreganhados diante desta ameaça a nossa soberania e deste bombardeio a nossa economia.
Há mais de 200 anos conquistamos, não sem luta, a nossa Independência. Hoje assistimos brasileiros apoiarem e até desejarem o retorno do Brasil à condição de colônia. Não existem outros termos. E nem meio termo. Aplaudir ou desejar que ordens de Trump sejam aceitas pelo nosso Judiciário é desejar que o Brasil volte a ser colônia, agora americana no lugar de portuguesa.
E esta conspiração interna sobre a nossa Soberania é feita às claras, sem pudores ou subterfúgios. Há alguns dias discuti isto em um grupo de zap e ouvi de um empresário que nos transformarmos em um protetorado americano não seria um “mau negocio”. Não é fácil lutar contra adversários externos apoiados por americanófilos internos.
A coragem é a primeira qualidade que deve possuir um Advogado. Escrevi este artigo no “Dia do Advogado” e por isto este 11 de Agosto é dia também de homenagearmos Alexandre de Moraes.
Concluo rogando, como nos ensinou o colega Advogado João de Almeida Neto na bela canção “Vozes Rurais”, Que não falte coragem a estes Homens, contra o tempo e aguentando o repuxo, e que diante de estranhas tendências preservem as nossas Independência e Soberania!
Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.
Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.
É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.
Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.
Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.
*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia