Hoje, quem escreve melhor no jornalismo brasileiro é José Roberto Guzzo, de Veja. Os alvos de Guzzo são os opositores do governo de Bolsonaro e a mídia. Irônico, ele os encurrala com argumentos de lógica irrespondível e com estilo, onde as palavras escandem, agudas e certeiras. Mas parece dedicado à missão impossível de provar que o governo e Bolsonaro nunca erram, são perfeitos. Fica um pouco demais para o meu gosto.
O jornalista que faz a oposição mais qualificada e competente ao governo Bolsonaro é Reinaldo Azevedo. Ele se diz liberal e conservador, e é mesmo. É impiedoso hoje com Bolsonaro como foi ontem, com os governos de Lula e Dilma. Seu blog no UOL é visitado sofregamente pela esquerda, que antes o chamava de lacaio. Mas não vão até o ponto de desdizer o que antes diziam dele, que isso não é do estilo dos petistas.
Azevedo lê cuidadosamente os textos que analisa, como sentenças e documentos exaustivos, o que os demais jornalistas não fazem. Conhece a Constituição, comenta leis como um bom advogado, embora não tenha formação em direito. O português é perfeito, a forma é clara, e ninguém capta como ele as contradições da era bolsonariana. Não costuma ceder à tentação de adaptar os fatos à opinião que ele tem sobre os mesmos.
José Nêumanne, do Estadão, é bom de texto. Mas tem limitações que não consegue vencer. Uma é a fixação negativa em relação aos tucanos. Parece refletir a mágoa que o seu antigo chefe, o ex-senador José Andrade Vieira tinha contra FHC. O ex-dono do Bamerindus, que já morreu, culpava Fernando Henrique pela perda do Banco, o que não é verdade.
A outra obsessão é o STF. Um artigo sim e outro também ele expõe um certo azedume contra tudo que vem do Supremo. Ora, não há tribunal que agrade a todos, e menos ainda esse STF fragmentário que temos.
Nêumanne, como Augusto Nunes, de Veja, no conflito notório entre o Ministério Público da Lava Jato (notem que não digo todo o MPF) e setores do STF, alegam que o Supremo é leniente contra a corrupção. Mas ambos ignoram que o STF em uma despretensiosa sessão do Tribunal, em 2015, ao decidir pelo fim do financiamento privado das campanhas políticas, fez mais contra a corrupção do que toda a Lava Jato e o seu infrene protagonismo.
Falo dos anteriores para chegar a Fernando Gabeira, a voz mais lúcida e serena do jornalismo brasileiro. Gabeira tem vasta história pessoal, a visão de mundo consolidada na leitura extensa, nos eventos dramáticos da luta clandestina e do exílio, no exercício exemplar de mandatos legislativos, no inovador de temas e pautas como a questão ambiental. Como os bons vinhos, com o tempo vai ficando cada vez melhor.
Gabeira invoca, embora com certo ceticismo, a necessidade de se criar um novo ambiente de discussão e luta política: ao invés da geral impaciência dos atores do jogo, da convivência ríspida destes tempos, abrir um pouco a nossa concepção de vida e de mundo, ora fechada a toda concessão, e combater o que achamos errado (na direita e na esquerda) com razões e argumentos, ao invés da desqualificação liminar de quem é ou possa ser nosso adversário.
Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.
A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.
Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.
Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.
Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.
Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.
“A maior de todas
as virtudes é a
Coragem, até
porque sem ela
nenhuma das
outras pode ser
praticada”
Maya Angelou
Poetisa
Alexandre de Moraes é uma figura singular. Penso até que errou ao determinar a prisão, mesmo que domiciliar, de Jair Bolsonaro. Não vi descumprimento claro pelo ex-presidente das medidas restritivas determinadas por ele próprio na decisão anterior que impôs ao Capitão o uso de tornozeleira eletrônica. Penso ainda que as penas que estão sendo aplicadas aos vandalos golpistas do 08/01/2023 são demasiadamente elevadas, especialmente quando comparadas àquelas aplicadas aos autores de outras crimes, aparentemente mais graves. Porém, isto não desfaz o imenso trabalho relalizado pelo STF em defesa da nossa Democracia, trabalho este que teve como como líder o próprio Ministro.
Todos na vida erramos e acertamos. Os inimigos querem nos medir por nossos erros. Os amigos por nossos acertos. Eu já prefiro medir as pessoas pelo saldo médio. E sem nenhuma dúvida, o saldo médio da atuação de Alexandre de Moraes é altamente positivo.
Uma das características que mais admiro em um ser humano é a coragem. E isto inegavelmente Alexandre possui de sobra.
Enfrentou internamente um movimento político dos mais raivosos da nossa existência enquanto nação que é o Bolsonarismo Fanático. Esteve, hoje se sabe, na lista de alvos da operação “Punhal verde-amarelo” tramada dentro do Palácio do Planalto por auxiliares próximos do ex-presidente. Esteve até sob a mira dos fuzis dos militantes desta seita política que haviam sido escolhidos para por em prática a operação. E nada disto o fez recuar.
Agora, enfrenta sem vacilações o mais poderoso e nefasto ser que existe sobre a terra que é Trump, que ataca nosso país sob aplausos dos entreguistas, que insistem em manter os dentes arreganhados diante desta ameaça a nossa soberania e deste bombardeio a nossa economia.
Há mais de 200 anos conquistamos, não sem luta, a nossa Independência. Hoje assistimos brasileiros apoiarem e até desejarem o retorno do Brasil à condição de colônia. Não existem outros termos. E nem meio termo. Aplaudir ou desejar que ordens de Trump sejam aceitas pelo nosso Judiciário é desejar que o Brasil volte a ser colônia, agora americana no lugar de portuguesa.
E esta conspiração interna sobre a nossa Soberania é feita às claras, sem pudores ou subterfúgios. Há alguns dias discuti isto em um grupo de zap e ouvi de um empresário que nos transformarmos em um protetorado americano não seria um “mau negocio”. Não é fácil lutar contra adversários externos apoiados por americanófilos internos.
A coragem é a primeira qualidade que deve possuir um Advogado. Escrevi este artigo no “Dia do Advogado” e por isto este 11 de Agosto é dia também de homenagearmos Alexandre de Moraes.
Concluo rogando, como nos ensinou o colega Advogado João de Almeida Neto na bela canção “Vozes Rurais”, Que não falte coragem a estes Homens, contra o tempo e aguentando o repuxo, e que diante de estranhas tendências preservem as nossas Independência e Soberania!
Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.
Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.
É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.
Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.
Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.
*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia