Comunidade
Higienização social: a chama olímpica está limpando as ruas centrais de Canoas
Vias centrais foram recapeadas, pintadas e se tornam ‘zonas livres’ de moradores em situação de rua. Foto: Bruno Lara.
Por Vanderlei Dutra
@vanderleidutra
Aqueles que moram em vias movimentadas, principalmente em áreas centrais, sofrem diariamente com os prejuízos do alto fluxo de carros e de pessoas. Mas, eventualmente, podem ser agraciados com eventos importantes em frente às suas casas.
É o que vai acontecer com quase todos os moradores da avenida Victor Barreto, no centro, onde passará a Tocha Olímpica nesta sexta-feira, 8 de julho. Exceto para aqueles que não têm imóvel matriculado no Cartório e vivem em situação de vulnerabilidade nas ruas.
Para que as imagens da passagem da Tocha Olímpica por Canoas percorram o país, a Prefeitura mobiliza servidores da Saúde e da Assistência Social – e se necessário da Segurança Pública – para uma higienização social não vista antes em Canoas e não condizente com o discurso ideológico no qual Jairo Jorge (PT) se elegeu prefeito duas vezes.

Moradores do local há três anos, homens organizam seus pertences para deixar o local para que seja limpo e pintado para passagem da Tocha Olímpica. Foto: Bruno Lara
Higienização social
Assustados, mais de 30 pessoas em situação de rua que passam suas noites nas ruas do Centro – segundo estimativa dos próprios moradores – receberam a notícia que teriam que deixar os locais onde estão acostumados a dormir, onde se sentem seguros e onde convivem com outros e têm seus utensílios domésticos.
É o caso de quem vive na praça em frente ao Paço Municipal, nas marquises dos Correios e do Banco do Brasil e de sete homens que vivem embaixo da passarela que liga as avenidas Victor Barreto e Guilherme Schell, na altura do edifício Ipicuê, a pouco mais de uma quadra da Prefeitura.
Residentes há cerca de três anos do local, eles têm cozinha, estante com utensílios domésticos, panelas, fruteira, barraca, camas, aquecedores e a companhia de dois cães, integrantes da família.
Apavorados com a ideia de perder suas coisas, eles negociaram com os servidores, que têm esta difícil tarefa de cumprir uma ordem vertical do Prefeito com a máxima redução de danos àqueles que são o objeto de seus trabalhos.
Segundo relataram à reportagem de OT, em visita realizada no local na manhã desta quarta-feira, 6, os servidores do Consultório da Rua mediaram soluções para que todos eles, incluindo os cães, tivessem onde passar a noite de quinta-feira (véspera da passagem da Tocha) e seus pertences fossem retirados, guardados e devolvidos ao local depois do evento.
Será?
A retirada dos pertences e dos moradores se dará na quinta-feira para dar tempo das equipes de manutenção da Prefeitura (elas existem!) limparem e pintarem os locais. Se é certo que os servidores do Consultório da Rua (equipe que faz atendimento de saúde e dá encaminhamentos sociais indo aos locais de vulnerabilidade) buscam soluções para o problema criado sem desejar quebrar a confiança alcançada com muito esforço junto a estas populações, também é de se questionar se os demais setores e níveis governamentais cumprirão a promessa de devolver os pertences nos respectivos locais. Algo que somente depois da passagem do símbolo da Olimpíada poderá ser confirmado.
Medo da polícia
As pessoas em situação de rua com quem a reportagem conversou estavam assustadas. De um lado, o medo de perder seus poucos pertences. De outro, o de serem retiradas a força. E elas sabem, por experiência própria, que quando as forças de seguranças são chamadas não há diálogo.
“Não nos enxergam nunca. Essa Tocha não vai nunca mais voltar aqui, e agora somos obrigados a sair corridos do local onde vivemos”, diz um homem de 30 anos que não vamos publicar o nome, por motivos óbvios. “Muitos de nós são trabalhadores, saem cedo pra se sustentar e com esforço adquirem algumas poucas coisas, e agora podemos perder o pouco que temos?”, diz outro.
Regina Lopes, vendedora que passa pelo local todos os dias quando chega ao trabalho, diz que a higiene e a organização chamam a atenção. “Oito horas da manhã eles já estão tomando chimarrão, tudo sempre limpo e organizado. Nunca vi ninguém reclamar deles”, diz.
O que diz a Prefeitura
Por meio de nota, a Prefeitura de Canoas informou que criou o Fórum Intersetorial de Redução de Danos, constituído pelas secretarias de Desenvolvimento Social, da Saúde e da Segurança, que vem discutindo, desde o início do ano, a proposta de trabalho junto às pessoas em situação de rua.
“Semanalmente, são realizadas reuniões e atividades com os moradores de rua, buscando construir relações de vínculo com a perspectiva de tirá-los da rua e oferecer-lhes oportunidades de estudo, trabalho, tratamento médico, prevenção a doenças e retorno à família ou ao município de origem”, afirma.
A respeito da retirada dos que estão em situação de rua, informou que, “em função da grande concentração de público no dia do Revezamento da Tocha Olímpica, e assim como fez com as escolas e os comerciantes da cidade, a Prefeitura promoveu reunião com os moradores de rua para informar e orientar sobre o evento. Neste caso, os profissionais do Consultório de Rua propuseram ao grupo que a partir de amanhã (quinta-feira) às 9h, as equipes da Saúde, da Segurança e do Desenvolvimento Social possam recolhem os seus pertences, identificando e guardando-os no depósito da Defesa Civil. Além disso, sugeriram que todos fossem acolhidos no Albergue à noite e convidaram o grupo para participar do importante evento internacional do qual Canoas fará parte. Cabe registrar, ainda, que a proposta foi aceita pelos moradores”, justificou.
Abordagem diária
O órgão destacou os projetos tocados pela atual administração na área. “Aproveitamos a oportunidade para ressaltar, também, que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) realiza trabalho de abordagem diária para acompanhar e dar assistência aos moradores em situação de rua. A equipe faz uma abordagem social com uma van que percorre a cidade nos turnos da manhã e da noite. No período da noite, as pessoas, que assim desejarem, são levadas ao Albergue Municipal Rotary Club, onde podem permanecer das 19h às sete da manhã. Localizado no Bairro Mathias Velho, o espaço acolhe, a cada noite, de 40 a 50 pessoas em situação de rua. Elas recebem material de higiene, uma refeição completa, além do café da manhã e, ainda, auxílio para providenciar documentação. Os dependentes químicos são encaminhados à Secretaria Municipal da Saúde para tratamento”.
SAIBA MAIS: Confira as mudanças no trânsito e o rito para a passagem da Tocha Olímpica em Canoas
Ativistas alertaram contra possível higienização social nas Olimpíadas
Por Vladimir Platonow Edição:Stênio Ribeiro Fonte:Agência Brasil
RIO DE JANEIRO – Ativistas de direitos humanos alertaram, ainda em 2014, contra a possível retirada de pessoas em situação de vulnerabilidade das ruas, principalmente menores de idade, durante os Jogos Olímpicos de 2016. Tal medida, segundo a entidade Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, aconteceu durante a Conferência Rio+20, em 2012, a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo deste ano, quando houve aumento expressivo na internação de crianças e adolescentes durante os dias de realização das partidas.
Vinculado à Assembleia Legislativa do Estado Rio de Janeiro (Alerj), a entidade lançou o relatório Megaeventos, Repressão e Privação de Liberdade no Rio de Janeiro a partir do resultado de uma pesquisa nos locais de detenção dos menores, do sistema prisional e de outras fontes. Dentre os locais, foram colhidos dados no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase). Em um dos exemplos, o relatório aponta que no dia 4 de julho de 2013 havia 1.005 adolescentes privados de liberdade no Degase, número que subiu 40%, um ano depois, para 1.487, já em plena Copa.
“Diante desse quadro, impossível não apontar a evidente relação entre esse fenômeno e a Copa do Mundo de Futebol, do dia 12 de junho a 13 de julho. Essa constatação nos impõe a leitura de que se instalou no estado do Rio de Janeiro, quiçá no Brasil, um verdadeiro estado de exceção, em que adolescentes eram apreendidos pelas forças de segurança e mantidos privados de liberdade pelo Poder Judiciário com vistas à higienização da cidade-sede da partida final da Copa do Mundo de Futebol”, apontou o relatório.
Para o advogado Antônio Pedro Soares, que participou da elaboração do relatório, ficou claro que houve uma ação intencional de retirar das ruas pessoas em vulnerabilidade social, o que poderá se repetir nas Olimpíadas. “Isto [a higienização] vai ocorrer novamente, se nada for feito, e já está acontecendo nessa chamada Operação Verão, que tem detido adolescentes, em dias de sol, que se dirigem às praias. Nós estamos fazendo um alerta de que, se a sociedade civil não se organizar, se a imprensa não se ativer a essas denúncias, isso vai acontecer em 2016. O alerta deste relatório é que isso vai acontecer, se não estivermos mobilizados para enfrentar”, destacou.
Outro integrante do Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura, Taiguara Líbano Soares, reconheceu que há investimentos importantes na economia e na infraestrutura com os grandes eventos, mas advertiu para as possíveis consequências, se mantidas as atuais políticas de segurança nas Olimpíadas.
“De um lado, há grande fluxo de capital para a rede hoteleira e a realização de obras, mas se observa, de maneira inequívoca, um impacto pernicioso nos locais de privação de liberdade, aumento na população prisional, maior número de adolescentes nas unidades socioeducativas e aumento de políticas repressivas de higienismo social, retirando população de rua dos grandes centros urbanos.”
O relatório também destaca a prisão de ativistas políticos nas manifestações ocorridas a partir de junho de 2013, sendo que muitos continuam encarcerados, como o morador de rua Rafael Braga, que portava um vidro de desinfetante e foi preso, acusado de estar com explosivos. O documento cita ainda a prisão de 19 jovens, no dia 12 de julho de 2014, véspera da final da Copa, com a justificativa de que eles estariam tramando ações violentas para inviabilizar a partida.
A advogada Margarida Pressburger, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro e membro do Alto Comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, discordou do tratamento dispensado aos manifestantes.
Segundo ela, “o direito de manifestação é constitucional. Eu mesma, nos anos de chumbo [governo militar] fui às ruas, joguei bolinha de gude em pata de cavalo, e isso em anos de ditadura. Agora nós vivemos em uma democracia e os jovens não podem ir às ruas se manifestar? Me preocupa, em nome da democracia e da livre manifestação, a prisão desses ativistas”.
O relatório aborda ainda o aumento da massa carcerária no estado do Rio, que saltou de 29.045 presos, em 2011, para 38.568 presos, em 2014 – 33% a mais -, e traça um paralelo do aumento do número de presos com os grandes eventos na cidade. Ao final, há uma série de recomendações aos órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário.
Comunidade
Moradores que decidiram permanecer na Praia do Paquetá recebem auxílio da Defesa Civil

De acordo com a gestão municipal, desde a quinta-feira, 19, quando as águas começaram a subir na Praia do Paquetá, a comunidade local começou a receber suporte da Prefeitura de Canoas, com coordenação da Defesa Civil e contando com a ação integrada entre diversas secretarias.
Entre as ações voltadas a quem optou por permanecer no local, ocorreram entregas de cestas básicas e suporte com acolhimento a famílias atingidas, além de resgate de pets encontrados na região. Na localidade vivem 120 famílias, das quais 100 optaram por permanecer nas suas casas.
Para o secretário da Defesa Civil e Resiliência Climática, Vanderlei Marcos, a estratégia prioritária é antecipar o suporte humanitário, mitigando o impacto sobre a vida das pessoas. Além da entrega de ranchos completos, a Defesa Civil atuou no alerta sobre riscos e na oferta de transporte para quem necessitasse buscar segurança por decorrência da cheia.
Já o secretário da Assistência Social, Márcio Freitas, trabalhou na entrega de alimentos e comandou o serviço de abrigos públicos para desalojados. A secretária de Bem-estar Animal, Paula Lopes, liderou o resgate de bichinhos de estimação para castração e encaminhamento a tutores. As atividades prosseguirão ao longo do final de semana.
“A nossa comunidade vive da pesca e do turismo. Com o tempo adverso, não tem como pescar, nem tem pessoas para comprar nosso pescado. Esse alimento garante segurança para estes dias difíceis”, pontuou o presidente da Associação de Moradores e Pescadores da Praia de Paquetá, Paulo Denilto.
Moradora de Paquetá, Elisabete Saroba agradeceu o donativo que irá manter a família formada por sete pessoas, cujos adultos trabalham na pesca e na construção, pelas próximas semanas. A Defesa Civil mantém plantão na entrada do bairro para orientar e transportar pessoas para acolhimento. As demais áreas da cidade não apresentam mais zonas de alagamento.
Comunidade
Abrigo em Canoas acolhe 129 pessoas atingidas pelas fortes chuvas da madrugada

Na tarde desta quarta-feira, 18, a cidade de Canoas segue monitorando os impactos das fortes chuvas registradas na noite anterior. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Assistência Social, 129 pessoas seguem acolhidas no Ginásio São Luís, no bairro São Luís.
O abrigo emergencial foi estruturado para garantir acolhimento seguro e digno à população afetada. Além disso, 35 pessoas que estavam abrigadas já puderam retornar com segurança para suas residências no bairro Mathias Velho, uma das regiões mais atingidas.
A Prefeitura reforça que permanece mobilizada, por meio de suas equipes técnicas e voluntários, para oferecer suporte imediato às famílias em situação de vulnerabilidade durante este período de instabilidade climática. A estrutura no Ginásio São Luís conta com alimentação, espaço para higiene, roupas, colchões, atendimento ambulatorial e também acolhimento de animais de estimação.
Comunidade
Canoas lança Campanha do Agasalho 2025 com o tema “O seu roupeiro não sente frio”

Com o tema “O seu roupeiro não sente frio – desapegue do que você não usa mais e aqueça quem precisa”, a Campanha do Agasalho 2025 de Canoas foi lançada oficialmente na manhã de sábado, 14, durante a 3ª edição do evento Prefeitura na Tua Casa, na Praça Dona Mocinha, no bairro Niterói.
A iniciativa busca mobilizar a comunidade para a doação de roupas e cobertores, com foco no acolhimento das pessoas em situação de vulnerabilidade social e em situação de rua. Diante da antecipação das ondas de frio, antes mesmo do início oficial do inverno, a campanha ganha ainda mais relevância neste momento.
Neste ano, a ação contará com telebusca de doações, facilitando a entrega dos itens pela população, além de uma parceria com uma lavanderia industrial de Cachoeirinha, que garantirá a higienização das peças arrecadadas.
Coordenada pela Secretaria Municipal da Defesa Civil e Resiliência Climática, a campanha envolve a parceria das secretarias de Assistência Social, Segurança Pública, Desenvolvimento Econômico e Inovação e Cidadania, Mulher e Inclusão, integrando esforços para ampliar o alcance das ações.
O secretário da Defesa Civil e Resiliência Climática, Vanderlei Marcos, ressaltou o papel fundamental da população na construção de uma cidade mais solidária:
“Essa campanha é um esforço coletivo que depende do engajamento de toda a sociedade. Cada doação representa uma barreira contra o frio para quem não tem proteção. Nosso trabalho é garantir que esses itens cheguem com dignidade a quem mais precisa, e para isso, contamos com o espírito solidário dos canoenses.”
Durante o lançamento, o prefeito em exercício Rodrigo Busato destacou a importância da união da sociedade em torno da causa.
“A Campanha do Agasalho é mais do que uma ação de inverno, é um gesto de cuidado com quem mais precisa. Cada peça doada representa acolhimento e respeito. Nosso compromisso de governo é garantir que nenhum canoense enfrente o frio sem o mínimo necessário para se proteger”, afirmou Rodrigo Busato.
- Destaques1 semana atrás
Canoas cobra governo estadual por recursos para reconstrução: “A cidade não pode mais esperar”, diz prefeito
- Estado1 semana atrás
CHUVAS: Governo do Estado disponibiliza mapa com informações sobre bloqueios parciais e totais nas rodovias gaúchas
- Notícias1 semana atrás
Canoas decreta situação de emergência devido a alagamentos e chuvas intensas
- Clima1 semana atrás
Tempestades provocam estragos, desalojam famílias e causam bloqueios em rodovias no RS
- Comunidade7 dias atrás
Moradores que decidiram permanecer na Praia do Paquetá recebem auxílio da Defesa Civil
- Canoas4 dias atrás
Medalha Pinto Bandeira é entregue a 15 cidadãos nesta segunda-feira, 23; confira quem são
- Emprego1 semana atrás
Havan abre 200 vagas de emprego para nova megaloja em Canoas
- Enchente 2024 Canoas2 dias atrás
Canoas vai receber mais de R$ 300 milhões para obras de prevenção e reconstrução, garante Busato