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Secretário de Segurança avalia primeiros dias de funcionamento do Presídio Canoas I
Jacini confirmou ter ciência dos boatos de que dois detentos tentaram fugir da instalação
Por Bruno Lara e
Émerson Vasconcelos
Em entrevista exclusiva à Rádio OT, o secretário de segurança pública do Estado, Wantuir Jacini, avaliou os primeiros dias de funcionamento do primeiro módulo do Presídio Estadual de Canoas, assim como revelou o andamento dos demais módulos. O Estado trabalha com o ano de 2017 como limite de previsão para pleno funcionamento.
Ouça a entrevista:
Primeiros dias
Jacini explicou que o planejamento para o módulo 1 do presídio vem se concretizando da forma esperada. “Aquele primeiro público que seria recepcionado em Canoas teria o perfil de bom comportamento e que não oferecesse reação ao novo regime que está sendo implantado ali. Estão sendo transferidos uma média de 15 presos por dia, vindos geralmente da região de Charqueadas”, revelou.
Sobre o funcionamento do módulo, o secretário explicou como é feita a adaptação dos presos ao modelo diferenciado da penitenciária: “Quando o preso entra no presídio, primeiro ele vai para a triagem, que ocupa poucas celas. Serve para ele se adaptar, para ele saber como vai ser o regime disciplinar e como vai ser a funcionalidade. É um presídio que incorpora muitas modificações, é muito moderno, diferente do que os presos estão acostumados. Os servidores não têm contato direto com eles, uma vez que a abertura e o fechamento das celas são via aérea. Os presos ficam no primeiro andar e os servidores ficam no segundo, de onde eles controlam tudo, inclusive banho de sol, refeição e ida para as salas de aula ou de trabalho”.
Sem bloqueadores
A respeito de a inauguração ter ocorrido antes da instalação dos bloqueadores de celular, o membro do alto escalão do Executivo estadual explicou que haverá a locação dos equipamentos. “Está em andamento a licitação para locação dos bloqueadores. Será locação por ser uma tecnologia que está em desenvolvimento e, portanto, constantemente sendo superada. Eu já vi outros estados, como São Paulo e Minas, que inicialmente adquiriram e que bem pouco tempo depois aquela tecnologia ficou superada. A questão da urgência das vagas fez com que fizéssemos a inauguração com presos de baixo perfil, que não tem a mesma periculosidade de outros presos pertencentes às facções negativas”.
Demais módulos
Além do primeiro módulo, já inaugurado, o complexo prisional contará também com outros três, que representam mais 2.400 vagas, sendo cada um com 800 apenados. Segundo o secretário, 97% das obras de engenharia civil estão concluídas, mas dentro dos 3% restantes estão situações importantes que ainda precisam ser resolvidas. “Uma situação é o bombeamento da água e do esgoto, que ainda está em andamento. Enquanto o primeiro módulo está no alto, ou seja, no mesmo nível das redes, os demais módulos estão bem abaixo. Para jogar a água lá para baixo tem que ter bombeamento e para tirar o esgoto também. O prazo que me deram pra isso foi de 120 dias”.
O secretário contou ainda que outra obra em andamento é a interligação dos arruamentos entre os presídios e o exterior, assim como o cercamento do perímetro de 50 hectares. “Fora isso, existem ainda as providências de funcionalidades. A cozinha tem várias providências que precisam ser tomadas para instalação, assim como a enfermaria. A Saúde, com médicos enfermeiros e atendentes é atribuição da Prefeitura, e também tem ainda ações a serem tomadas”, declarou.
Para ele, mesmo com todos estes pontos a serem concluídos, é possível cumprir o prazo de inauguração em 2017 ou até mesmo antecipá-lo: “No primeiro checklist que me apresentaram, no ano passado, eu levei um susto. Tinha umas seis folhas de medidas para serem tomadas e isso para inaugurar só este módulo que acabamos de abrir. Ou seja, tivemos que superar tudo isso. Estávamos com a obra pronta e não podíamos inaugurar porque o checklist apontava uma série de medidas, inclusive esta dos bloqueadores que ainda está em andamento. Para inaugurar estas outras unidades os bloqueadores precisarão estão alugados. É diferente de quando você constrói uma casa, aquilo ali é um prédio especial, com medidas de seguranças especialíssimas, que não estão previstas em uma moradia normal. Nós trabalhamos com a data de 2017, mas não descartamos a possibilidade de antecipar.”
Parecer técnico
Pouco antes da inauguração, a Prefeitura de Canoas solicitou um parecer sobre o presídio ao especialista em segurança Marcos Rolim, que apontou diversos supostos problemas no complexo. Quando questionado sobre este parecer, o secretário pontuou que todas as considerações de Rolim foram feitas depois da obra pronta e só teriam sido pertinentes se tivessem sido feitas na época da elaboração do projeto ou da licitação. “Depois do Estado investir mais de R$ 120 milhões de impostos dos contribuintes, é inoportuno. A oportunidade de fazer isso era na elaboração do projeto e na época da licitação. O planejamento foi feito pela governadora Yeda Crusius e a licitação no governo Tarso Genro. Nós pegamos com as obras já prontas e com quase 100 milhões já pagos. Se tiver um próximo planejamento deste tipo eu posso chamá-lo para dar opiniões”, disse.
Boato de fuga
Nos últimos dias, um forte boato circulou na cidade dando conta de que dois detentos que já estariam no presídio antes da inauguração oficial teriam fugido e sido recapturados. Sobre o assunto, o secretário confirmou a existência do boato, mas disse não estar interado sobre o assunto. “Lá no dia da inauguração eu também ouvi esse boato, mas os presos que estavam lá até aquele momento estavam fazendo limpeza, capinando e colocando o presídio em condições. Não sei dizer se é verdade, eu até ia perguntar, mas foi tanta gente lá, atendi tanta imprensa que eu até tinha esquecido esse assunto. Agora eu vou perguntar para a superintendência se esse fato realmente aconteceu, mas na verdade o presídio foi inaugurado naquele dia e antes disso não se podia falar nem em presídio e nem em fuga”.
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“Nunca trabalhei na vida, eu faço o que me dá prazer”; morre Jesus Pfeil aos 85 anos
Morreu no domingo, 24, o cineasta, historiador e escritor, e figura ilustre de Canoas, Antonio Jesus Pfeil. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, decretou três dias de luto oficial. O velório acontece nesta segunda-feira, até 17 horas, no Crematório de Cemitério São Vicente, em Canoas.
Antonio Jesus Pfeil nasceu em 7 de outubro de 1939, na área de Canoas que posteriormente foi emancipada e se tornou Nova Santa Rita. Cineasta, historiador e pesquisador do cinema gaúcho, estudou no Colégio La Salle e passou pelo serviço militar. Em 1960, atuou como ator no Teatro Brasileiro de Comédias, que estava com uma peça em cartaz no Theatro São Pedro. Na ocasião, subiu ao palco ao lado de Nathália Timberg e Leonardo Villar.
Seu primeiro curta-metragem, Cinema Gaúcho dos Anos 20, participou da mostra do Festival de Cinema Brasileiro de Gramado e, em 1974, recebeu um prêmio especial no mesmo festival. Além da carreira como cineasta, Jesus também conquistou espaço como pesquisador, autor de artigos e, paralelamente, atua como participante de conferências e de comissões julgadoras em festivais e outros eventos ligados à História do Cinema Gaúcho e Brasileiro.
Resgate
Como escritor e historiador, Jesus tem profunda contribuição para o resgate histórico da cidade. Ele é autor da coleção Canoas: Anatomia de Uma Cidade, e organizador do livro Origens de Canoas, que conta com artigos de Edgar Braga da Fontoura, primeiro prefeito do município. Estas são apenas algumas dentre muitas obras de Jesus no cinema e na literatura.
No ano 2000, Jesus recebeu uma justa homenagem pela sua contribuição para a cultura na cidade. A biblioteca da Escola Municipal Ícaro foi inaugurada e, desde então, se chama Biblioteca Antonio Jesus Pfeil.
Prazeres
Ao ser indagado pelo O Timoneiro, em 2018, sobre como enxerga a importância de seu trabalho para o meio cultural e para Canoas, Jesus, sempre bem-humorado, brinca: “Trabalho? Que trabalho? Eu nunca trabalhei na vida, eu só tenho prazeres, só faço o que me dá prazer”.
“As pessoas me perguntam ‘Jesus, qual é a novidade hoje?’, e eu respondo: ‘Olha, de manhã eu abri os olhos e estava vivo, não morri dormindo. Vamos ver o que acontece hoje’. Eu sempre digo, e disse no filme Jesus – O Verdadeiro, é que meu futuro foi ontem e não tem como saber o que vai acontecer hoje. Sobre o que eu já vivi, eu posso falar. Meu primeiro Kikito em gramado eu ganhei em 1974 e foi o primeiro Kikito gaúcho do festival. Eu gosto de trabalhar com História porque filme de ficção todo mundo faz e faz igual hoje em dia, só muda o nome dos personagens e o título, é sempre o mesmo roteiro. Um filme que eu fiz e gosto de destacar é o Porto Alegre, Adeus…! É uma carta que eu escrevi ao Glauber Rocha. E o Glauber Rocha tinha aquela frase que dizia que tinha que ter uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Pensando bem, hoje em dia as pessoas, muitas vezes, têm a câmera na mão, mas não têm a ideia na cabeça, por isso fazem tanta coisa igual”.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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