Conecte-se conosco

header-top

enchentes rio grande do sul






 

07/09/2024
 

Destaques

Opinião: Uma tarde de domingo

Avatar

Publicado

em

Zeca16022016

Por José Carlos Rodriguez

Na tarde de domingo, estava fazendo Zapping, tentando apaziguar a minha ansiedade. Sempre acontece. Às vezes os domingos são chatos, só o que salva é a companhia da família ou dos amigos. Eis que encontro, em um canal, um documentário chamado “Uma noite de 67”. No palco estava a nata da MPB, Chico, Gil, Caetano, Edu Lobo, até o Roberto Carlos estava, sempre com o mesmo penteado (rsrs).

Era 21 de outubro de 1967. No Teatro Paramount, centro de São Paulo, acontecia a final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. Entrou para a história dos festivais, da música popular e da cultura do Brasil, pois é naquele momento que o Tropicalismo explode, a MPB racha, Caetano e Gil se tornam ídolos instantâneos e se confrontam as diversas correntes musicais e políticas da época.

Disputavam o primeiro lugar Chico, com seu Roda Viva, Gil, com seu Domingo no Parque, e Edu Lobo e seu Pontiado. Edu ficou em primeiro, Gil em segundo e subiu ao palco com Os Mutantes, com o baixista Arnaldo Baptista e aquela roupa estranha, uma jovem Rita Lee mais ao fundo ajudando nos vocais e o cabelo estranho à Lá Beatles de Sergio Dias. Emocionante a execução de Roda Viva de Chico Buarque. Mas o desfrute de tudo estava nas entrevistas, feitas ali mesmo, antes de entrar no palco, com um teatro lotado, todo mundo girando por ali, um jovem Caetano, Gil, Chico, Sergio Ricardo, Roberto Carlos, dando entrevistas, conversando entre eles. Inexplicável o sentimento na hora em que eles cantam cada um sua música, quanta elegância, não só na vestimenta, mas também na postura. A platéia era um show aparte.

No mesmo domingo, a primeira notícia que vejo ao acessar um site de noticias era sobre um show de Jorge Benjor. Um cidadão pagou ingresso, sentou na primeira fila só para chamar Benjor de “Criolo sujo”. Em que cabeça cabe a mentalidade de alguém que paga para avacalhar o artista desse jeito? Como parte dos brasileiros é ingrato com seus artistas, xinga no show, xinga na rua. Eu tinha uma professora de teatro que sempre dizia. “Mesmo não gostando do espetáculo, aplauda. Por trás disso houve um trabalho bem intencionado para fazer alguma coisa melhor”. Eu tenho que entender que se você xinga o Pele na rua, você não entende nada de futebol, portanto insultar o Chico Buarque na rua, e para quem não entende nada de música, pagar ingresso para insultar além de burrice e doentio, e mais, perdeu a noção de identidade. Acredite, gente com Tom Jobim, João Gilberto, Hermeto Pascoal, Gonzaga, Elis Regina, Nana Caymmi, Marisa Monte, Alcione e até Teixeirinha e Gildo de Freitas, só por citar alguns, são expressões da enorme variedade cultural de um país que é um continente, que tem um forte apego aos seus regionalismos, mas tudo faz parte do mesmo. E muitos deles saíram pelo mundo levando essa variedade cultural que e admirada e aplaudida de pé.

Antes do carnaval, houve uma enxurrada de postagens nas redes sociais, criticando o carnaval, a maior, senão a única, expressão da cultura popular, e o reality show BBB, um programa que só existe por que tem candidatos que querem participar. Quando faltar candidatos, termina. Eu imaginava todo esse pessoal sentado na varanda de suas casas, saboreando um chá, lendo livros, ouvindo boa música. As redes sociais acordaram alguns monstros adormecidos em parte da população, o triste é que não vamos atrás do que realmente interessa que é a informação verdadeira e imparcial. Chegaremos a um ponto de odiar nossos artistas só por uma questão político-ideológica, esquecendo o quanto eles contribuíram para a formação cultural e da identidade deste país. Cazuza teve sorte quando ele deu aquela entrevista com a bandeira comunista pendurada na parede. As redes sociais não existiam.  Se fosse nos dias atuais, imaginem só.

Continuar a ler
Clique em Comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Destaques

Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro

Redação

Publicado

em

Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro - Enchente 67
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com

A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.

As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.

O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.

Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.

Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.

Primeiras memórias

Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.

Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.

Na época, Zenoma Muzykant estava em Canoas a apenas dois anos

Na época, Zenoma Muzykant estava em Canoas a apenas dois anos

A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.

A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.

Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”

Socorrista e resgatado

Samuel Eilert resgatava pessoas de barco na enchente de 1967

Samuel Eilert resgatava pessoas de barco na enchente de 1967

Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.

Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.

“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.

Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.

Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.

“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.

Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.

Continuar a ler

Destaques

Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal

Redação

Publicado

em

Prefeitura disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal

Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.

A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.

Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.

Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.

No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:

– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato

*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.

Continuar a ler

Destaques

DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos

Redação

Publicado

em

DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos

Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.

De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850  mil pessoas.

Risco de inundação extrema

O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.

Continuar a ler
publicidade

Destaques

Copyright © 2023 Jornal Timoneiro. Developed By Develcomm