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Uniformes escolares e materiais foram fabricados no Paraguai
Como se já não bastassem as suspeitas de superfaturamento dos uniformes escolares em 2011, que levaram o Ministério Público Estadual (MPE) a abrir uma ação civil pública contra o prefeito Jairo Jorge, a Prefeitura agora está envolvida em mais uma polêmica relativa ao mesmo tema.
Na última quinta-feira, 11, chamou a atenção dos pais dos alunos da escola Duque de Caxias, no bairro Nossa Senhora das Graças, a etiqueta dos uniformes escolares entregues pela Prefeitura de Canoas. A etiqueta tinha o escrito “importador” e, logo abaixo, “produzido no Paraguai”. A empresa é a Nilcatex Têxtil LTDA, do Mato Grosso do Sul.
Mas não é a primeira vez que isso ocorre. Segundo mostram os empenhos do Portal da Transparência, desde 2013 os empenhos são feitos para esta empresa. Só em 2016 foram empenhados R$ 3.937.735,26. Mas isso não é nada em comparação com o empenho do ano anterior.
Somente em 2015, R$ 5.307.559,03 foram empenhados para a Nilcatex. O número é crescente, pois em 2014 o empenho foi de R$ 3.239.372,85. No ano de 2013, no entanto, o valor foi maior: R$ 4.449.364,55 empenhados.
Estranha também é a predileção da Prefeitura por contratar não apenas empresas de fora de Canoas, mas especificamente localizadas no Mato Grosso do Sul, onde a Nilcatex possui filial. A Nayr Confecções, que forneceu os uniformes que geraram a suspeita de superfaturamento em 2011 e que foi doadora da campanha do deputado Nelsinho Metalúrgico (PT) em 2010, está localizada na cidade de Mundo Novo, no mesmo Estado. Nayr Confecções e Nilcatex têm participado de várias licitações em comum nos últimos anos, em grande cidades como Canoas, Goiânia e Maringá.
R$ 4 mil sem licitação
O que chama a atenção é que a empresa tem dois Cadastros Nacionais de Pessoa Jurídica (CNPJ). Um deles é da sua matriz no Brasil em Itoupavazinha, Blumenal, Santa Catarina, fundada em março de 1993. A outra, filial, tem sede no polo empresarial Miguel Letteriello, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Todas as encomendas foram feitas à filial, exceto uma, em 2014, onde a matriz, em Santa Catarina, recebeu R$ 4.995,90 por 80 camisetas, 21 calças poliéster, 21 calça suplex, 35 casacos esportivos “para a equipe de reeducação postural e ginástica laboral”, diz o empenho. Tudo isso com dispensa de licitação.
Ação civil pública
Em 2014, o promotor José Nilton Costa de Souza, do Ministério Público Estadual, ingressou com uma ação civil pública, que ainda está em tramitação, pedindo a condenação por atos de improbidade administrativa, contra o prefeito Jairo Jorge, o secretário municipal da Fazenda, Marcos Bósio, o vereador e ex-secretário de Educação, Paulo Ritter, e a ex-secretária adjunta de Educação, Marta Rufatto. A ação também pede a condenação da empresa Nayr Confecções e de Leandro Colla, Marilde Regina Massocatto Dias, Joles Link da Silva e de Elen Maisa Alves da Silva. O processo é relativo à suspeita de superfaturamento na compra de uniformes escolares em 2010 e 2011. As peças foram compradas pela Prefeitura da empresa Nayr Confecções, por um valor que o MP considera acima do praticado no mercado. O valor da ação é de R$ 3.436.393,24.
O texto cita a apuração feita no inquérito civil n.° 00739.00172/2011, instaurado em dezembro de 2011, tendo por base uma denúncia do advogado José Carlos Duarte. A denúncia noticiou a contratação pela Prefeitura da empresa Nayr Confecções Ltda., com sede em Mundo Novo, Mato Grosso do Sul, para aquisição de uniformes escolares para os alunos de escolas municipais com valores superfaturados.
O texto apresentado pelo MP ressalta, ainda, o alto valor gasto em uniformes nos mesmos anos: “De acordo com o narrado (fls. 39-41 do IC), a empresa Nayr Confecções Ltda., por meio do Registro de Preços (RR) n.° 051/2009, Pregão Presencial (PP) n.° 030/2009 e RR n.° 067/2010 e PP n.° 180/2010 havia sido sagrada vencedora, gerando despesas pagas que totalizaram R$ 6.388.951,87 (seis milhões, trezentos e oitenta e oito mil reais e novecentos e cinquenta e um reais e oitenta e sete centavos) para a aquisição de uniformes escolares e de ‘infraestrutura’”.
O MP aponta ainda que, em comparação à outra licitação efetuada pela Prefeitura Municipal de Maringá/PR, em novembro de 2010 (cujos kits de uniforme eram semelhantes aos adquiridos em Canoas), foi possível constatar irregularidades nos valores praticados pela Administração Pública de Canoas. O texto da ação ressalta que os valores praticados na licitação em Maringá foram bastante inferiores.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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