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Sistema de detecção de tiros não funciona no Guajuviras
O sistema de detecção de tiros não pode ser utilizado no combate à criminalidade em grande parte do ano passado
De fevereiro à Outubro de 2014 o equipamento emitiu alertas equivocados. Só entre janeiro e fevereiro, segundo o shotspotter, o número de disparos reduziu em mais de 3 mil, devido à falta de manutenção. A Prefeitura garante que o serviço está em pleno funcionamento.
No ano de 2010 uma solução para a criminalidade que se espalhava pelo bairro Guajuviras surgiu como mágica: O detector de tiros conhecido como shotspotter. O Shotspotter é um detector de disparos de arma de fogo através de sensores instalados em grandes áreas urbanas, e permite um planejamento mais eficiente da segurança pública. Há mais de uma década este sistema existe nas cidades americanas e veio para Canoas há cinco anos.
Pioneiro no Estado e, segundo o site American Security International (ASI), no Brasil o shotspotter funciona em Canoas e na Tijuca, no Rio de Janeiro. Também segundo a plataforma, que presta consultoria para o sistema no país, os resultados em março de 2013 levando em consideração os dois sistemas do tipo em operação, abrangem 9,5 quilômetros quadrados, e resultaram em apenas oito prisões.
O equipamento custou R$ 2 milhões na aquisição e, mensalmente, gera um investimentode R$ 58 mil em manutenção. O problema é que, em grande parte do ano de 2014, não pode ser utilizado no combate à criminalidade em função da falta de manutenção que, desde o final 2013, não recebeu. O fato resulta na inconfiabilidade dos dados por estes fornecidos. Um novo contrato com a empresa que fornece o serviço foi assinado no ano passado, o que levou a polícia a voltar a utilizar o shotspotter.
Fazendo uma projeção anual,o shotspotter custa R$ 696 mil em manutenção. A remuneração de um Policial Militar (PM) no Estado do Rio Grande do Sul é de R$ 1.864,70 ao mês. Apenas com o investido na manutenção do equipamento, que conta com vasta falta de confiabilidade, seria possível pagar o salário de um efetivo de 30 novos PMs.
O equipamento, quando com falta de manutenção adequada, não para de funcionar, mas, os sensores – responsáveis por avaliar a veracidade do disparo – podem confundir sons altos emitidos e disparar um falso alerta. Só em janeiro de 2014, cerca de 3.400 disparos foram registrados, enquanto em fevereiro, o número caiu para 311. Ao todo, foram implantados 44 sensores no bairro, instalados em postes e prédios. A detecção do disparo leva de nove a 15 segundos para chegar ao Centro de Operações.
Em outubro do ano passado, mesmo com a volta da manutenção, dos 88 registros apenas 17 resultaram em ocorrências atendidas pela Briga Militar. Dos 16 alertas no primeiro mês deste ano, apenas em um a PM despachou viaturas.
No ano passado, o Bairro Guajuviras liderou o número de assassinatos em Canoas com 27 ocorrências, quase 20% do total em todo o município. Porém, de acordo com o secretário se segurança pública e cidadania, Adriano Klafke, o número de mortes na região vem diminuindo. Em 2009, era de 70 a cada 100 mil habitantes. Atualmente, o número é inferior a 35 mortes por 100 mil habitantes.
A secretária de Segurança Pública e Cidadania do município, por meio de nota, garantiu o que o sistema não ficou inoperante, mas sim, com a eficiência comprometida. São 44 sensores instalados em toda a cidade, que com a eficiência completa, informa a BM de um tiro, em menos de 15 segundos.
O que diz a Prefeitura
O Secretário Municipal de Segurança Pública e Cidadania, Adriano Klafke, afirma que o sistema Shotspotter está em funcionamento e a tecnologia tem boa confiabilidade. Destaca que todos os alertas do equipamento instalado na Sala Integrada de Monitoramento da SMSPC também são recebidos pela Brigada Militar, na Sala de Operações do 15º BPM, simultaneamente.
O custo de manutenção, que inclui suporte e manutenção de peças, é de R$ 58 mil mensais. A empresa responsável é a Free Networks, representante da Shotspotter no Brasil.
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“Nunca trabalhei na vida, eu faço o que me dá prazer”; morre Jesus Pfeil aos 85 anos
Morreu no domingo, 24, o cineasta, historiador e escritor, e figura ilustre de Canoas, Antonio Jesus Pfeil. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, decretou três dias de luto oficial. O velório acontece nesta segunda-feira, até 17 horas, no Crematório de Cemitério São Vicente, em Canoas.
Antonio Jesus Pfeil nasceu em 7 de outubro de 1939, na área de Canoas que posteriormente foi emancipada e se tornou Nova Santa Rita. Cineasta, historiador e pesquisador do cinema gaúcho, estudou no Colégio La Salle e passou pelo serviço militar. Em 1960, atuou como ator no Teatro Brasileiro de Comédias, que estava com uma peça em cartaz no Theatro São Pedro. Na ocasião, subiu ao palco ao lado de Nathália Timberg e Leonardo Villar.
Seu primeiro curta-metragem, Cinema Gaúcho dos Anos 20, participou da mostra do Festival de Cinema Brasileiro de Gramado e, em 1974, recebeu um prêmio especial no mesmo festival. Além da carreira como cineasta, Jesus também conquistou espaço como pesquisador, autor de artigos e, paralelamente, atua como participante de conferências e de comissões julgadoras em festivais e outros eventos ligados à História do Cinema Gaúcho e Brasileiro.
Resgate
Como escritor e historiador, Jesus tem profunda contribuição para o resgate histórico da cidade. Ele é autor da coleção Canoas: Anatomia de Uma Cidade, e organizador do livro Origens de Canoas, que conta com artigos de Edgar Braga da Fontoura, primeiro prefeito do município. Estas são apenas algumas dentre muitas obras de Jesus no cinema e na literatura.
No ano 2000, Jesus recebeu uma justa homenagem pela sua contribuição para a cultura na cidade. A biblioteca da Escola Municipal Ícaro foi inaugurada e, desde então, se chama Biblioteca Antonio Jesus Pfeil.
Prazeres
Ao ser indagado pelo O Timoneiro, em 2018, sobre como enxerga a importância de seu trabalho para o meio cultural e para Canoas, Jesus, sempre bem-humorado, brinca: “Trabalho? Que trabalho? Eu nunca trabalhei na vida, eu só tenho prazeres, só faço o que me dá prazer”.
“As pessoas me perguntam ‘Jesus, qual é a novidade hoje?’, e eu respondo: ‘Olha, de manhã eu abri os olhos e estava vivo, não morri dormindo. Vamos ver o que acontece hoje’. Eu sempre digo, e disse no filme Jesus – O Verdadeiro, é que meu futuro foi ontem e não tem como saber o que vai acontecer hoje. Sobre o que eu já vivi, eu posso falar. Meu primeiro Kikito em gramado eu ganhei em 1974 e foi o primeiro Kikito gaúcho do festival. Eu gosto de trabalhar com História porque filme de ficção todo mundo faz e faz igual hoje em dia, só muda o nome dos personagens e o título, é sempre o mesmo roteiro. Um filme que eu fiz e gosto de destacar é o Porto Alegre, Adeus…! É uma carta que eu escrevi ao Glauber Rocha. E o Glauber Rocha tinha aquela frase que dizia que tinha que ter uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Pensando bem, hoje em dia as pessoas, muitas vezes, têm a câmera na mão, mas não têm a ideia na cabeça, por isso fazem tanta coisa igual”.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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