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Opinião: Não troco o carnaval por uma ambulância!
Por Bruno Lara
Antes que pensem o contrário, não sou rico e uso o SUS a minha vida inteira. A saúde é sim essencial e será para todo o sempre, assim como educação e segurança. Os três pilares de qualquer eleição bem sucedida. Mas existem diferenças ideológicas em cada governo e isso é essencial. Cada um possui políticas públicas diferentes e que entendem ser o melhor para a sociedade. O voto é a ferramenta que legitima que esta ideia é a que a maioria do povo quer.
Pois bem. Na cidade de Porto Ferreira, no interior de São Paulo, a prefeita Renata Braga (PSDB) resolveu tomar uma atitude que caiu muito bem para a imagem do partido, que comemorou a novidade como uma vitória. Ela acabou com o carnaval na cidade. Em uma jogada de marketing, anunciou que a verba que seria destinada para a maior e mais tradicional festa brasileira para adquirir uma ambulância. A decisão obviamente foi comemorada e a chefe do Executivo aplaudida. O custo da festa é em torno de R$ 120 mil.
Esquecem-se estes que o Carnaval não é apenas uma festa, mas uma comemoração de um ano de árduo trabalho, a mistura de culturas e uma grande oportunidade de crescimento social. Embora os trabalhos sociais tenham se perdido na maioria das agremiações beneficentes, muito em função de pessoas com interesses duvidosos as usam para alcançar algum lugar na política, estas ostentavam papel importante e que faz falta para todas as comunidades.
Para servir de base, o maior carnaval do Brasil e, por consequência, do mundo, o do Rio de Janeiro, movimenta em torno de R$ 1 bilhão todos os anos, além de criar 300 mil postos de trabalho e agitar o comércio local com a vinda de pessoas de todos os estados e de fora do país. Só no ano passado, segundo o portal online UOL, foram 977 mil turistas no período. O evento na Marquês da Sapucaí é esperado o ano todo pelos comerciantes. O carnaval de Salvador, segundo a revista Época, em 2014, foi o responsável pela entrada de R$ 10 milhões nos cofres públicos. Deixar de investir R$ 120 mil para adquirir uma ambulância é, na verdade, abrir mão de um retorno que, no futuro, bem investido e sem corrupção, poderá servir para adquirir duas ou mais. A reeleição, no entanto, parece mais importante.
O retorno financeiro ainda é o menor dos argumentos. Os barrocões das escolas de samba sim deveriam receber uma forte atenção do poder público. Um trabalho de arte, de cultura, de aprendizado que poderia ser usado para o bem, mas não o é por falta de interesse dos gestores. Para servir de comparação, usamos o número de interessados nesta festa que além da farra conta a história do seu povo para o mundo. No Rio, são 12 as escolas de samba. Cada uma delas pode levar de 2.500 a 4.000 componentes. Todas estão sempre lotadas. Faça as contas e pense quantas pessoas gostam e passam, ao menos uma vez no ano, no barracão da escola para desfilar alguns minutos na avenida.
Ninguém vai para desfilar no máximo 82 minutos na passarela. O carnaval é uma oportunidade de contar e fazer histórias, de mudar práticas cotidianas, de trazer e mostrar cultura para o povo. “É hoje o dia da alegria e a tristeza nem pode pensar em chegar. Diga espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu”, samba regravado por Monobloco, Fernanda Abreu, Caetano Veloso e tantos outros que entendem a mensagem de transmitir ao Brasil um pouco mais de confiança, esperança e alegria. O carnaval é um grito de alegria. É a nossa festa.
Crianças podem sair das drogas e do mundo do crime por aprender a tocar um instrumento. Isto pode ser uma renda para famílias carentes e, para quem não sabe, é. A confecção de fantasias e alegorias, além de uma arte, também tem utilidades para além dos minutos na avenida. O que houve com os carnavais de rua quando as pessoas tomavam as suas ruas com fantasias feitas por si mesmas? Aquelas pessoas que competiam qual escola era a mais bonita: a da sua rua ou a da rua ao lado? Uma união dos vizinhos para não fazer feio. Devolvam o carnaval ao povo!
Neste ano a multicampeã canoense, Rosa Dourada, falará sobre Olorum, a criação do mundo e a força dos orixás em um samba de autoria do vereador e integrante antigo da escola, Sidiclei Mancy. “Olorum o Deus, o criador, que beleza a natureza que meu pai criou e confiou a cada orixá um elemento para se manifestar, abre as portas e os caminhos óh Bara, com sua licença a minha Rosa vai passar”, pede a campeã de 2013, que representa a Vila Cerne, e que não concorreu em 2014, pois a festa foi cancelada. Ao menos agora, em 2015, o carnaval de Canoas está marcado para os dias 19 e 20 de fevereiro. #JáTemCarnaval
Para aqueles que acreditam que se trata apenas de bunda e sexo e se esquecem que se trata de uma tradição que, no território local, data da colonização do Brasil praticada pelos escravos, mas que surgiu na Mesopotâmia. O que está nos falindo não é o futebol ou as festas, o que está nos falindo é a corrupção. O que fale o Brasil não são os foliões das passarelas, mas os foliões do dinheiro público.
Não troco por serem coisas distintas. Por uma não ser uma alternativa a outra. Não troco, pois uma é uma possibilidade de financiamento, de captação de recursos para a outra. Não troco, pois já se foram dois anos sem é o dinheiro economizado não foi para a saúde. A festa da carne nos lembra de onde viemos e para onde queremos ir. “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz”, samba de Niltinho Tristeza que traz ao conhecimento do povo o tão desconhecido hino da independência.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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