ENCHENTE RS
Para dar notícias de como andam as coisas no RS (por Plínio José Borges Mósca)

Plínio José Borges Mósca – professor e diretor de teatro, membro do Colegiado Setorial de Teatro do Estado do Rio Grande do Sul, Tecnólogo da Produção Cênica pela Faculdade Monteiro Lobato, Mestre em Memória Social e Bens Culturais pela Universidade La Salle e Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras da República Francesa.
Amigas e amigos: O RS ainda está longe de dizer que desastre ambiental passou.
As pessoas flageladas e os animais desamparados continuarão ainda por muitos meses nos abrigos criados para as vítimas do desastre ambiental. Muitas cidades ainda estão debaixo d’água, bairros inteiros desapareceram e certamente o número de mortos é maior do que este de 170 pessoas que o Estado afirma.
Porto Alegre por ser a maior cidade do estado e sua capital, é claro que virou a vitrine principal da catástrofe. O Centro da cidade continua alagado, repartições públicas, agências bancárias, fosso de elevadores, fosso de escadas rolantes, garagens subterraneas, praças, restaurantes, hospitais, hotéis, quartéis, shoppings, igrejas e sobretudo milhares de edifícios com moradores, foram alagados. Água e lama no térreo, no primeiro andar e não raramente no segundo andar.
Está evidente a falência da administração pública em vários aspectos. Há anos não se fazia reparações e manutenção nas comportas e nos diques que controlavam as cheias do Rio Guaíba e suas invasões de água na cidade. Algumas roldanas e dobradiças e trilhos de correr as engrenagens das comportas, esfarelaram-se quando foram usadas.
As Casas de Bombeamento, com dupla finalidade: abastecer as estações de tratamento de água para a distribuição de água nos bairros e fazer o retorno do excesso de água para dentro do próprio Rio Guaíba, não funcionaram. Várias com os motores elétricos estragados há 10, 12 ou 15 anos. Várias com vazamentos nas suas paredes, acabaram por ficar completamente submersas. Várias que estavam em locais mais altos, não estavam com seus painéis de controle funcionando.
Os bairros foram ficando sem água tratada que entrava nas caixas d’água e as ruas foram se alagando de água e lama direta do Rio Guaíba.
Tem em Porto Alegre um bairro chamado Menino Deus, cuja avenida principal, Avenida Getúlio Vargas. é comprida e larga, tem um jacaré solto, indo de um lado para outro, funcionários do Jardim Zoológico ainda não conseguiram capturá-lo. Já foi até batizado: Lacoste.
Com o excesso de água do Rio Guaíba e com o excesso de chuvas, muitos bairros ficaram sem energia elétrica ou com energia elétrica intermitente. Tem pedaços da cidade há 15 dias sem luz. As enxurradas, a falta de água potável, os alagamentos e a falta de energia elétrica, aconteceram e ainda estão acontecendo no dia de hoje, em mais de 30 bairros da cidade de Porto Alegre.
O número de pessoas atingidas e prejudicadas por este estado de coisas é de aproximadamente 500 mil pessoas.
Alguns municípios do Estado, como a cidade de Passo Fundo, mesmo com todas as adversidades presentes está realizando o seu calendário profissional cultural, para não deixar seus fazedores de Cultura do município à míngua. “Sirvam suas façanhas de modelo à toda terra”.
O número de comerciantes, empresários, pequenos e médios e até mesmo de grande porte, ultrapassa na capital dos gaúchos a casa de 10.000 empresários severamente prejudicados.
Quase tão grave quanto a enchente e as enxurradas, são os crimes de roubo, furto e depredação que os empresários estão enfrentando neste momento. Precisam de segurança e de estabilidade.
Mais sinistro que as enxurradas, o alagamento das ruas, bairros e cidades e as mortes de pessoas e de animais domésticos, mais horrível que o número de desaparecidos e de desabrigados, é a quantidade de FAKE NEWS plantadas pelos componentes do gabinete do ódio, um conjunto de tentativas nas quais os crimes e a ignorância são misturados com o intuito de tirar proveito político ideológico partidário, neste momento de luto pelos falecidos e de empenho pela vida e do salvamento.
É imoral e indecente que se tente atrapalhar o que está sendo feito em prol dos desassistidos. Sabe-se que muitas das injúrias e difamações têm inclusive seu nascedor justamente nas mãos de muitos culpados pelo crime de negacionismo ambiental e burramente acreditam que mudando o foco do olhar das pessoas, seus crimes não serão mais lembrados.
O leque dos prejuízos é largo: vai desde a borracharia da esquina, passa por um shopping inteiro e vai até uma companhia de carros forte de transportar dinheiro, que estão todos debaixo d’água.
Quase todas as minhas atividades profissionais estão canceladas “sine die”. Meu bairro, Petrópolis, foi muito pouco machucado por tantas tristezas, tivemos sim muitas panes de eletricidade, a queima de vários aparelhos eletrodomésticos e eletrônicos, 8 dias sem água nas torneiras, a necessidade de buscar num estabelecimento vizinho, um lava-jato, que diariamente gentilmente doava 2 baldes d’água por apartamento, a chatice de subir com os baldes na escada apenas iluminada pela luz de emergência, que diga-se de passagem, são fracas.
Porto Alegre está sem Estação Rodoviária, sem aeroporto, sem Mercado Público Central, sem o metrô de superfície que vai desde o Mercado Público da capital do estado até o município de Novo Hamburgo. Está rareando o dinheiro nos caixas automáticos de bancos e de postos de combustível, está rareando a distribuição de gás nos edifícios, os caminhões pipas com água bruta para abastecimento das caixas d’água dos prédios, hospitais, asilos, creches, abrigos de flagelados, quartéis, lavagem das ruas, mais do que triplicou de preço e todo este estado de tristeza/desolação/prejuízo financeiro, vai demorar bastante tempo ainda.
Por volta de 6 meses podendo chegar até 10 meses em cidades como Canoas, talvez, proporcionalmente a cidade mais vitimizada no RS inteiro, que está com 150 mil pessoas realmente sem seus lares.
Muitos bairros na capital do estado e muitas cidades do interior precisarão ser removidas de onde estavam. São pedaços da cidade que já se sabe que sempre estarão sujeitos às enxurradas e aos alagamentos. Tentar levá-los de volta para aqueles lugares é sinônimo de alimentar a indústria do acidente ecológico, da enchente e das tempestades.
O número de abrigos para pessoas e seus animais domésticos é enorme e a quantidade de abrigos cada vez aumenta mais.
O número de pessoas que colocou-se como voluntários é gigantesco. Mais impressionante ainda é ver pessoas que estão saindo de outros lugares do Brasil, gastando com suas passagens e suas demais despesas para vir até o RS para pegar no pesado, molhar-se, arriscar-se e isso tudo para salvar vidas humanas e de animais domésticos, resgatar pessoas que estão em perigo de morte, oferecer seu tempo, ombro amigo e solidariedade. Até do estrangeiro estão vindo voluntários para por a mão na lama, na água fria e nos flagelados.
Nunca na história do país, exceto no período da II Guerra Mundial, as Forças Armadas do Brasil são tão queridas, admiradas e incentivadas pela população civil (da maioria dos matizes ideológicos) como agora. Nunca mais se deixará de olhar com sorriso e gratidão para o Corpo de Bombeiros Militares do RS e a Defesa Civil do RS.
Tivemos problemas de segurança dentro de alojamento, um crime de estupro e crimes de abuso sexual contra meninos adolescentes.
Tem flagelado tarado, flagelado alcoolátra, flagelado doente. Na hora de fazer o salvamento não dá pra fazer separações por categorias ou pelo dimensão de seus caráteres. Foi prudente a decisão do governador do RS, Eduardo Leite, de colocar segurança pública dentro dos abrigos dos resgatados.
O crime de negacionismo ambiental está evidentemente relacionado com esta tragédia, uma das maiores do Brasil e certamente a maior do RS.
Há vários programas de assistência social, de amparo financeiro para as vítimas do desastre provocado pelo crime de negacionismo ambiental, programas de amparo que estão sendo oferecidos pelos municípios, pelo Estado e pela União. Bilhões estão sendo liberados pelo governo federal, milhões estão sendo alocados pelo governo estadual e pelas prefeituras.
Se muitos municípios e se o Estado tivessem investido mais em prevenção e manutenção, da mesma forma que nós humanos temos que de vez em quando fazer o nosso “check-up” , a realidade seria menos desgraçada.
No meio de toda essa realidade com sua tristeza que será crescente, me sinto um sujeito privilegiado. Estou na minha casa, seco, agora com água nas torneiras, com luz o tempo todo, agora com Internet e até televisão, com minha cachorra, tenho comida em casa e todos os remédios que preciso tomar todos os dias.
Que o destino, que o Altíssimo, que nossos mestres e guias, que nosso empenho individual, que nossa garra coletiva nos amparem e nos protejam hoje e sempre.
ENCHENTE RS
Cavalo Caramelo vira símbolo em estudo internacional sobre catástrofe no RS

Símbolo da resiliência do povo gaúcho na enchente de maio de 2024, o cavalo Caramelo virou símbolo em estudo internacional sobre catástrofe climática no Rio Grande do Sul. A pesquisa sobre os efeitos da crise ambiental nos municípios está sendo desenvolvida pela americana Carolina Marques de Mesquita, na Universidade Yale, em New Haven, Connecticut.
Filha de brasileiros, Carolina Marques de Mesquita, 27 anos, visitou o animal que foi adotado oficialmente pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), após ter sido resgatado de cima de um telhado de zinco, onde permaneceu por cinco dias ilhado pelas águas em Canoas.
“Achei o Rio Grande do Sul uma boa referência para o meu estudo. O Caramelo ficou conhecido mundialmente”, disse a estudante.
Formada em Ciências Políticas e Letras pela Universidade Estadual do Arizona e mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Chicago, Carolina é doutoranda do terceiro ano no Departamento de Ciência Política de Yale. Sua pesquisa explora política ambiental, movimentos sociais e cultura política juvenil, com foco nos EUA e no Brasil.
“Tive interesse em ver como os municípios e os ativistas estão respondendo a essa crise ambiental, ainda mais depois da enchente. Estou numa fase preliminar do estudo. Pretendo voltar em janeiro para continuar as entrevistas”, explica.
O diretor de Relações Internacionais da Ulbra, Antônio Costa, recepcionou a doutoranda, apresentou a estrutura da Universidade e contou sobre o período em que a Ulbra se tornou o maior abrigo de atingidos por eventos climáticos da América Latina.
“Começamos acolhendo 200 pessoas e chegamos a 8 mil, além dos 3 mil animais. Voluntários e alunos de muitos cursos de graduação ajudaram. Foram 54 dias”, ressalta. O professor se colocou à disposição para dar apoio à pesquisadora e lembrou da importância da troca de conhecimentos entre as instituições de ensino.
“A Ulbra tem mais de 54 convênios de cooperação acadêmica com instituições de ensino de 20 países. Temos muitos alunos que vão fazer intercâmbio e estágios que possibilitam conexões e novos aprendizados”, ressaltou o diretor de Relações Internacionais da Ulbra.
Acolhimento no Hospital Veterinário
A história do cavalo Caramelo ganhou repercussão internacional, incluindo menções no New York Times, ABC News, El País, CNN Chile e The Guardian, entre outros. O resgate foi realizado em 9 de maio de 2024 por uma equipe que anestesiou o cavalo ainda no telhado, transportou-o em um bote e, posteriormente, o transferiu em um caminhão do Exército até Hospital Veterinário (HV) da Ulbra, que é referência no tratamento de animais de grande porte. Além de Caramelo, cerca de 1,5 mil animais receberam atendimento no HV da Ulbra, incluindo cães, gatos e equinos.
Quando chegou à Ulbra, Caramelo foi atendido pela equipe de veterinários da Universidade. O animal apresentava desidratação leve, exaustão física devido ao jejum prolongado, lesões cutâneas e um acentuado estado de desnutrição.
Caramelo apresentou completa recuperação após o resgate, fez exames, foi vacinado, ganhou cuidados odontológicos e a implantação de um microchip para identificação, garantindo a sua identidade e facilitando o controle e monitoramento de sua saúde.
Sua cronologia dentária aponta que o animal tem entre seis e oito anos de idade. Atualmente, Caramelo está saudável e engordou mais de 50 quilos desde que chegou à Ulbra, já pesando cerca de 400 quilos. Ele é mantido na fazenda-escola da Universidade, ao lado de outros animais de grande porte.
ENCHENTE RS
Prefeituras têm até sexta-feira, 25, para aderir ao programa Partiu Futuro Reconstrução

Encerra na sexta-feira, 25, o prazo para que prefeituras realizem a adesão à segunda edição do programa Partiu Futuro Reconstrução, ação do governo do Estado que prevê a contratação de 2.785 jovens aprendizes atingidos pelas enchentes de 2024. Ao todo, 103 municípios gaúchos que decretaram situação de calamidade ou fazem parte do programa RS Seguro podem ser beneficiados.
A previsão de investimento do programa é de R$ 99,5 milhões e ele tem como público jovens de 14 a 22 anos incompletos, inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) e em situação de vulnerabilidade social, como desabrigados ou desalojados e atingidos. Os selecionados atuarão como aprendizes em órgãos públicos estaduais e municipais, com direito a carteira assinada, bolsa-auxílio, vale-alimentação e acompanhamento educacional e psicossocial.
Intercâmbio cultural levará candidatos para a Espanha
A manifestação de interesse por parte das prefeituras precisa ser feita por meio de ofício, encaminhado para o e-mail partiufuturo@social.rs.gov.br, indicando o número de jovens que o município deseja atender. O edital foi publicado pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) no dia 18/7.
Uma novidade desta edição é a oferta de vagas para intercâmbio cultural internacional, para jovens de Porto Alegre e de Canoas. Os candidatos poderão inscrever-se para concorrer a uma das cincos vagas, sendo três para a Capital e duas para Canoas, para uma viagem de sete dias a Barcelona e Valência, na Espanha. Eles serão selecionados com base no desempenho escolar e participação no programa.
Partiu Futuro Reconstrução
Lançado em 2024, o Partiu Futuro Reconstrução foi criado para dar suporte a jovens de 14 a 22 anos incompletos, atingidos pelas enchentes no Estado e inscritos no Cadastro Único (CadÚnico). Foram selecionados 1,5 mil jovens, entre estudantes e egressos da rede pública de ensino, que têm atuado como aprendizes em órgãos públicos municipais, estaduais ou federais.
Os jovens têm direito a carteira assinada, jornada de 20 horas semanais, bolsa-auxílio de R$ 894,52 e vale-alimentação de R$ 550. Além da experiência prática, eles têm acesso a aulas teóricas, acompanhamento psicológico, orientação jurídica, reforço escolar, telemedicina e seguro.
O programa é executado pela Demà Jovem by Renapsi, em Porto Alegre e Canoas, e pelo Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) nos outros 21 municípios abrangidos do interior do Estado.
A iniciativa faz parte do Plano Rio Grande, programa de Estado liderado pelo governador Eduardo Leite e criado para reconstruir o Rio Grande do Sul e torná-lo ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro.
ENCHENTE RS
Governo divulga nova relação de contemplados na segunda fase do programa MEI RS Calamidades

“O MEI RS Calamidades representa uma ação concreta do governo do Estado para a retomada econômica de empreendedores que foram afetados e tiveram suas atividades paralisadas. Além de apoio financeiro, os profissionais recebem orientação técnica para recomeçar e manter o seu negócio. Estamos empenhados em oferecer o suporte necessário a todos eles”, afirmou o titular da STDP, Gilmar Sossella.
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