Opinião
Tito Guarniere: “Nos países em que a imprensa não é livre só temos versão oficial”

Tito Guarniere
ARMAZÉM
O grau de compromisso com a democracia de um governo é medido pelo respeito que tem com a imprensa. Quando critica governos e governantes, a imprensa está cumprindo parte essencial do seu papel. Imprensa que perdoa, omite, minimiza os erros deles – governos e governantes – é imprensa oficial, é porta-voz, pena alugada.
Todo governo se queixa do tratamento da imprensa, menos nos países onde não há imprensa livre – nestes só existe a versão oficial. Os jornais e emissoras de rádio e tevê encobrem os fatos, só veiculam as notícias de interesse do governo – numa palavra, mentem.
Ou há imprensa livre, e daí decorre que existe um certo grau de democracia, ou se não há, é ditadura. Ponto. Ah, mas a imprensa distorce fatos e comete erros. Sim, é verdade. Mas na democracia há remédios para o erro ou o abuso. É um custo, um mal necessário. Pior é imprensa única, censurada, calada.
Jair Bolsonaro tem ojeriza contra a mídia em geral. Não sei se já houve um governante tão hostil à imprensa quanto ele. É um dos seus lados mais obscuros.
Quando parecia ter se acalmado, de repente, do nada, ele abre a mala de diatribes, ofensas e ameaças contra a mídia e os seus operadores. Perguntado sobre os depósitos do seu amigão do peito, Fabrício Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro, sua mulher, ele espumou: “Tenho vontade de encher a tua boca de porrada, tá?”
Falando aos repórteres sobre a pandemia, ele usou do desprezo chulo que é uma das marcas de sua linguagem: “Quando (a Covid-19) pega em um bundão de vocês (da imprensa), a chance de sobreviver é muito menor”. Àquelas alturas já havia morrido no Brasil 115 mil bundões.
Em outro evento, perguntaram-lhe se ele tinha recibo de um suposto empréstimo a Fabrício Queiroz. Ele partiu logo para xingar a mãe: “Pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu ao teu pai, está certo?”.
Bolsonaro não tem peias nem limites. Um repórter lhe fez uma pergunta incômoda e ele atacou de galo: “Você tem uma cara de homossexual terrível”. Depois, condescendeu: “Mas nem por isso te acho homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual”.
Em uma daquelas entrevistas do cercadinho, em dia que parecia estar mais irritado do que de costume, deu uma carteirada presidencial ao repórter que insistia em cumprir o seu ofício: “Cala a boca!”.
Com a jornalista Patrícia Campos de Mello ele pegou pesado. A propósito de uma matéria sobre o uso de robôs na eleição, ele partiu para a baixaria de duplo sentido: “Ela queria dar um furo a qualquer preço”. E por aí vai.
Millor Fernandes, um gênio da raça, deu a definição perfeita de jornalismo: “Jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”.
Dá para compreender certos medalhões do jornalismo brasileiro que batem parelho nas esquerdas, no Congresso, em ministros do STF, em governantes destronados como Lula e Dilma e na própria imprensa. Eles têm o direito à opinião e de escrever o que bem entenderem – aí fazem jornalismo. Mas quando se omitem sistematicamente de mencionar os ataques e as grosserias de Bolsonaro contra a imprensa e seus colegas jornalistas, estão mais para o armazém de Millor.
Opinião
‘Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres’ (por Patrícia Alba – deputada estadual)

Patrícia Alba*
Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.
Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.
É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.
Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.
Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.
*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia
Opinião
“Oportunidades perdidas!” (Por Carlos Marun – ex-Ministro)

OPORTUNIDADES PERDIDAS!
Por Carlos Marun – Advogado e ex-Ministro
Não exerço atualmente nenhuma função pública e também não sou aposentado. Sou Advogado e Engenheiro e obtenho a remuneração necessária ao meu sustento e de minha família através da prestação de serviços de advocacia e consultoria a particulares. Niels Bohr, ganhador do prêmio Nobel de Física e um dos pais do modelo atômico, declarou em determinada oportunidade: “A previsão é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro!”. Pois bem, a obrigação do consultor é opinar, e muitas vezes sobre o futuro. Obviamente não utilizando uma bola de cristal ou poderes extra-sensoriais, mas a lógica somada a razoável conhecimento.
Acordo cedo e diariamente envio para clientes, até as 9hs da manhã, um boletim matinal com análises políticas e jurídicas sobre a vida governamental, jurídica e legislativa do país. No de 3a feira(07/01) passada, declarei pensar que o fato de a imensa maioria dos brasileiros continuarem repudiando os atos do 08 de Janeiro somado à onda de “patriotismo fraterno” decorrente da vitória de Fernanda Torres se constituíam em uma excelente oportunidade para Lula buscar atrair o Centro com gestos de pacificação. E daí opinei sobre o futuro, arriscando dizer que o Presidente da República não estava à altura de conseguir se posicionar desta forma.
Infelizmente, acertei. No dia 09/01, Lula, no lugar de agir neste sentido, retomou a verborragia tragicômica, afirmando durante visita à galeria de fotos de ex-presidentes da República que Dilma foi vítima de um golpe comandado por Temer.
Dilma caiu, na forma prevista na Constituição, porque cometeu crime de responsabilidade e porque a isto se somaram condições políticas resultantes do péssimo governo que fazia. Lula não consegue entender que Temer não é mais o Presidente da República pressionado por uma conspiração comandada pelo então Procurador Geral da República que, através de chantagem, obteve o apoio de dois dos maiores grupos econômicos do país, um do ramo das Comunicações e outro do ramo das proteínas animais.
Michel Temer é hoje enormemente reconhecido como o chefe de um exitoso Governo de Centro, que teve coragem de promover reformas fundamentais e positivas. Tão positivas que, não obstante a já citada verborragia, não foram até hoje revogadas pelo atual governo do PT. Até algumas foram levemente alteradas, mas sempre para pior.
Lula não consegue entender também que estas declarações constrangem seus aliados não PTistas ou PSOListas, muitos inclusive ministros(as) que foram na sua grande maioria favoráveis ao impeachment, inclusive votando desta forma. Constrangem de forma especial aqueles MDBistas que participam de seu governo, todos hoje concientes do avanço representado pelo breve Governo Temer.
Lula pensa que pode “comprar” o Centro com cargos. Está errado. Pode no máximo “alugar”. Ele me parece um “caso perdido” que precisa do Centro para a sua reeleição, mas que se afasta dele e dela cada vez que expressa o seu rancor pela deposição constitucional de Dilma, perfeitamente prevista no Estado Democrático de Direito do qual apregoa ser um “amante”.
Porém, como eu afirmei, consultor tem que opinar também sobre o futuro e vou então falar de outra oportunidade que provavelmente será perdida.
O Centro não tem candidato a presidência e segue como uma boiada para o matadouro, “mugindo tonta” e sabendo que ao final terá que optar entre um candidato de direita ou de esquerda. Pois bem, um simples gesto pode hoje fazer surgir este candidato.
Neste caso uma candidata. Falo de Simone Tebet e afirmo que se deixasse o Governo agora em função das palavras de Lula, estaria iniciando uma trajetória que poderia levar o Centro a Presidência em 2026. Não precisaria e nem deveria sair atirando em um governo do qual participa, mas teria que deixar claro que sai porque discorda destas palavras reincidentemente repetidas por Lula.
Conheço Simone. Trata-se de mulher capaz e honrada e que de forma alguma precisa do cargo de Ministra para viver. Mas por dever de ofício devo declarar que penso que ela não aproveitará esta oportunidade.
Opinião
“Quando o Jogo Se Torna Armadilha: A importância da Educação Financeira em Tempos de Apostas” (por Cristiane Souza)

O crescimento das plataformas de apostas, popularmente conhecidas como “bets“, tem gerado um impacto profundo e preocupante em diferentes segmentos da população brasileira, especialmente entre as famílias em situação de vulnerabilidade econômica.
O fácil acesso a essas plataformas, aliado à promessa de ganhos rápidos, atrai indivíduos que, diante de oportunidades limitadas e dificuldades financeiras, veem no jogo uma esperança de alívio imediato. No entanto, essa promessa frequentemente se transforma em uma armadilha perigosa, levando a perdas financeiras expressivas e aumentando ainda mais a instabilidade das famílias.
Um dos aspectos mais alarmantes desse fenômeno é o uso de recursos provenientes de programas assistenciais, como o Bolsa Família, para financiar apostas. Segundo dados do Banco Central, em agosto deste ano, cerca de 3 bilhões de reais destinados a apoiar famílias em extrema pobreza foram direcionados para plataformas de apostas. Embora o Bolsa Família seja apenas uma das fontes de renda afetadas, o impacto das apostas não se restringe a esses beneficiários, atingindo diversas famílias de baixa renda que, por falta de orientação financeira, acabam comprometendo seu sustento em busca de ganhos ilusórios, oferecidos por jogos online.
Nesse aspecto, a educação financeira surge como uma ferramenta essencial para evitar que famílias sejam atraídas pelas armadilhas do jogo. Porque muitas vezes, a falta de conhecimento sobre os riscos envolvidos nas apostas e a ausência de planejamento financeiro adequado levam as pessoas a decisões impulsivas, agravando sua situação econômica. A falta de controle sobre os gastos, a tentação de compensar perdas com novas apostas e a dificuldade em priorizar necessidades básicas criam um ciclo vicioso que coloca em risco não apenas as finanças, mas também o bem-estar emocional e social dessa população.
É crucial que a educação financeira seja acessível e adaptada às realidades dessas populações, ensinando-as a planejar, poupar e gastar de forma consciente. Mais do que nunca, em um cenário de crescente popularidade das apostas, as famílias, especialmente as em situação de vulnerabilidade precisam ser capacitadas para tomar decisões financeiras responsáveis, evitando que o sonho de um ganho rápido as leve a uma armadilha de dívidas e frustrações.
Além disso, a conscientização sobre os perigos das apostas deve ser acompanhada por políticas públicas que incentivem o uso responsável dos recursos e ofereçam alternativas viáveis para melhorar a qualidade de vida dessas famílias. O jogo, em si, não é a raiz do problema, mas sim a combinação de vulnerabilidade econômica, falta de informação e ausência de planejamento financeiro que expõe famílias aos riscos das apostas.
Em tempos de apostas, é urgente reforçar a importância da educação financeira para proteger as famílias e oferecer-lhes a oportunidade de construir um futuro mais seguro e estável. Somente com conhecimento e conscientização será possível romper com o ciclo de perdas e garantir que os recursos recebidos sejam utilizados para sua verdadeira finalidade: promover dignidade e segurança.
Cristiane Souza – Educadora financeira e estudante de Psicologia
- Política1 dia atrás
Vereadores aprovam projeto da Prefeitura de Canoas que aumenta ISSQN
- Política1 semana atrás
Na CICS, deputado federal Busato se posiciona contra aumento de impostos em Canoas
- Canoas1 semana atrás
Medalha Pinto Bandeira é entregue a 15 cidadãos nesta segunda-feira, 23; confira quem são
- Cultura1 semana atrás
Turma do Pagode retorna a Canoas com novo show no Clube Tradição, dia 27 de junho
- Enchente 2024 Canoas1 semana atrás
Canoas vai receber mais de R$ 300 milhões para obras de prevenção e reconstrução, garante Busato
- Política1 semana atrás
Câmara de Canoas realiza audiência pública para debater proposta de aumento do ISSQN
- Destaques1 semana atrás
CHUVAS: Mais de 7 mil pessoas desalojadas, quatro mortos e 146 municípios afetados no RS
- Clima5 dias atrás
Defesa Civil Estadual emite alerta para ciclone extratropical e grande volume de chuva no final de semana