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15/09/2025
 

Comunidade

A Sétima Arte Até Agora

O Timoneiro relembra a trajetória e evolução das salas de cinemas da cidade

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Cinema Cine Rio Branco. Foto: Anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil.

Cinema Cine Rio Branco. Foto: Anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil.

 

Por Marcelo Grisa
@marcelogrisa

 

Canoas tem uma certa tradição com a Sétima Arte. Além do envolvimento de eventuais canoenses na produção audiovisual brasileira, as projeções de cinema tiveram e têm papel importante no desenvolvimento cultural da cidade.

Isso ocorre desde as primeiras décadas do século XX, quando a cidade era somente um distrito de Gravataí. Ernesto Wittrock pode ser considerado o seu precursor: ele, até a metade das década de 1910, animava festas com projeções ambulantes de filmes mudos curtos. Em 1916, o projetor de Ernesto é instalado no salão de bailes de Santini Longoni. Além de dar a chance de um público maior conhecer a mídia, as pessoas divertiam-se com as brincadeiras promovidas por Wittrock, que inclusive passava filmes ao contrário apenas para ver a reação das pessoas. Infelizmente, em 1920, um incêndio destroi o sobrado, acabando com as atividades.

Cine Porcello

As sessões no sobrado dos Longoni duraram até 1918, quando então a maior atração cinematográfica de Canoas tornou-se o Cine Porcello, inaugurado pouco tempo antes. As atividades culturais de Vicente Cláudio Porcello, que já tinha a sua farmácia em local próximo, ocorriam onde hoje é localizada a Galeria Via Porcello, próximo à passarela da Estação Canoas da Trensurb. Ali passavam as comédias de Charles Chaplin e Buster Keaton, além dos primeiros dramas mudos. Como os filmes eram mudos, havia acompanhamento musical.

Cinema Central: 1937. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Cinema Central: 1937. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Rivalidade: Porcello x Central

O rival do Cine Porcello, que ficava do outro lado da linha férrea, era o Cine Central, fundado por Arthur Pereira de Vargas. A disputa entre Porcello e Vargas era acirrada: eles não se falaram desde que os cinemas começaram a disputar clientela até pelo menos o fechamento do primeiro, na década de 1930, com o advento do cinema falado.

O grande prédio de madeira tinha 400 lugares, e assim como na concorrência, funcionava nas matinês de domingo, quando os proprietários esperavam que todos os frequentadores costumeiros chegassem, para só então ativar o projetor. Às vezes era necessário mandar funcionários à casa de pessoas que não avisavam que iriam ausentar-se.

O Cine Central também atuou na vida política canoense: era um dos apoiadores e anunciantes de O Canoense, jornal criado em 1937 e que tinha como principal bandeira a conscientização sobre a emancipação de Canoas, que ocorreu em 1939. No ano seguinte, a festa de comemoração de posse do primeiro prefeito da cidade, Edgar Braga da Fontoura, ocorreu em frente ao estabelecimento.

Em 1941, o Cine Central passa a ser propriedade de Leopoldino de Castro Matos. Em 1948, chega inclusive a funcionar o Clube do Cinema de Canoas, que tem suas reuniões no local.

Cinema Central: 1941. Posse do prefeito Edgar Fontoura. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Cinema Central: 1941. Posse do prefeito Edgar Fontoura. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

 

Dos anos 50 ao domínio

Em 1950, é inaugurado o Cine Teatro São Luiz. Idealizado pelas famílias Busato e Capoani, a casa de espetáculos veio com a ideia de abrigar de filmes à todo tipo de apresentação cultural.

As atividades do antigo Cinema Central cessaram apenas em 1954, ano em que as duas famílias também inaugurariam o Cine Rex. A Companhia Busato & Capoani faria Canoas correr atrás de Porto Alegre, que já chegara a ter 40 salas de cinema na primeira metade do século XX. Vieram em seguida o Cine Niterói, o Cine Rio Branco e o Cine Vitória, que duraram até a metade da década de 1970.

Cinema Cine Teatro São Luiz. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Cinema Cine Teatro São Luiz. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Anos 80 até hoje

Nos anos 80, o negócio de cinemas na cidade parecia em declínio. Chegou-se a inovar em 1984 com o Novo Cine São Luiz, na mesma Av. Getúlio Vargas, sem sucesso. A partir de então, o único cinema da cidade passam a ser as três salas do Multicine, instalado no Conjunto Comercial Canoas em 1981 pelo idealizador do local, Johannes Engel.

O Multicine era pioneiro no Brasil tanto em instalação de múltiplas salas de cinema quanto na instalação delas dentro da estrutura de um shopping center. A tendência, que viria a ser adotada em todo o Brasil, vinha da Europa. Em 1997, meses antes da inauguração do Canoas Shopping, os três projetores se apagariam para não mais voltar.

A cidade permaneceria sem salas de cinema até 2001, quando o Cinemark Canoas estreou com outro recorde – o de 11 espaços em simultâneo, tornando-se o maior multicinema da América Latina à época. Devido à baixa rentabilidade, quatro delas foram fechadas em anos seguintes, mas as outras sete permanecem.

A concorrência entre cinemas, pela primeira vez em mais de três décadas, deve voltar a acontecer nos próximos anos. O ParkShopping Canoas, do grupo Barra, está sendo construído em amplo terreno da Av. Dr. Sezefredo Azambuja Vieira, e deverá contar com um multicine. A empresa que se instalará no novo empreendimento será a UCI, que tem salas em 12 cidades brasileiras, incluindo capitais do Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, além de Curutiba, na Região Sul do Brasil. Ainda não foram informados detalhes sobre a operação da empresa no ParkShopping.

Anúncio do cinema Central de 1937. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Anúncio do cinema Central de 1937. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

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Programa de benefício de R$ 2 mil a famílias afetadas pelas chuvas de junho retoma cadastramento

Redação

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Programa de benefício de R$ 2 mil a famílias afetadas pelas chuvas de junho retoma cadastramento

O cadastramento para o programa Volta por Cima já está aberto em Canoas. A medida é voltada a famílias atingidas pelas chuvas e enchentes ocorridas entre 14 e 20 de junho de 2025 e segue até o dia 5 de setembro, nos CRAS Harmonia, Mathias Velho e Rio Branco, conforme o endereço de residência.

O benefício, no valor de R$ 2 mil em parcela única, é destinado a famílias em situação de vulnerabilidade social que atendam aos requisitos estabelecidos pelo Decreto Estadual 58.235/2025. O objetivo é garantir apoio financeiro emergencial às pessoas que não foram identificadas automaticamente pelo mapeamento do governo estadual.

Podem solicitar o benefício as famílias que:

  • Tenham sido desabrigadas ou desalojadas em razão das chuvas intensas e enchentes de junho de 2025;
  • Não tenham sido identificadas automaticamente pelo mapeamento do governo estadual;
  • Residam em município com decreto de situação de emergência ou calamidade pública homologado pelo Estado;
  • Estejam inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) como pobres ou extremamente pobres, com atualização nos últimos 12 meses.

Segundo o secretário de Assistência Social, Márcio Freitas, o cadastramento representa uma oportunidade de reparação para as famílias que ainda não tinham sido contempladas,

“O programa busca assegurar que todas as pessoas em situação de maior vulnerabilidade, impactadas pelas chuvas de junho, recebam o benefício e possam enfrentar este momento com mais dignidade”, destacou.

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Governo do Estado paga mais de R$ 1,3 milhão do Programa Volta por Cima a famílias atingidas pelas chuvas de junho

Redação

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Programa de benefício de R$ 2 mil a famílias afetadas pelas chuvas de junho retoma cadastramento

O governo do Rio Grande do Sul realizou, nesta quarta-feira, 20, o pagamento de R$ 1,3 milhão em benefícios do Programa Volta por Cima para famílias afetadas pelas chuvas e enchentes registradas entre 14 e 20 de junho de 2025. Os valores foram creditados no Cartão Cidadão de 686 famílias de nove municípios, concluindo o sexto lote da iniciativa.

Com esse repasse, o programa já soma mais de R$ 5,3 milhões destinados a famílias em situação de vulnerabilidade. Cada núcleo familiar desalojado ou desabrigado recebeu R$ 2 mil, conforme critérios definidos em decreto estadual, que incluem comprovação de residência em áreas atingidas, cadastro atualizado no CadÚnico e reconhecimento da situação de emergência ou calamidade no município.

O benefício é gerido pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), com apoio da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), da Secretaria da Fazenda (Sefaz) e do Banrisul. Inicialmente, o governo havia destinado R$ 4 milhões ao programa, ampliados com um novo aporte de R$ 1,3 milhão.

As famílias contempladas foram identificadas por meio de mapeamento das áreas afetadas, realizado com imagens de satélite e cruzamento de dados oficiais, em parceria com prefeituras. Em casos excepcionais, municípios poderão cadastrar beneficiários não incluídos automaticamente.

O pagamento é feito pelo Cartão Cidadão. Quem já possui o documento pode acessar o recurso imediatamente. Para os novos beneficiários, o cartão estará disponível para retirada em agências do Banrisul a partir de 4 de setembro, com prazo até 30 de novembro. Valores não resgatados até essa data retornarão aos cofres públicos.

Todas as informações sobre os repasses estão disponíveis no Portal da Transparência do Estado. Denúncias podem ser encaminhadas pela Central do Cidadão.

Nesta etapa, foram contemplados moradores de Eldorado do Sul, Esteio, Mata, Nova Santa Rita, Restinga Sêca, Rio Pardo, São Vicente do Sul e Sapucaia do Sul e Triunfo.

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XVI Conferência Municipal da Assistência Social reúne comunidade e entidades em Canoas

Redação

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XVI Conferência Municipal da Assistência Social reúne comunidade e entidades em Canoas

Na quinta-feira, 14, a Associação Pestalozzi de Canoas foi palco da XVI Conferência Municipal da Assistência Social, que teve como tema “20 anos do SUAS: Construção, Proteção Social e Resistência”. O evento reuniu usuários, trabalhadores, entidades e gestores da política de assistência social, promovendo debates e a troca de experiências.

O objetivo, conforme a gestão municipal, foi fortalecer as ações de assistência social no município, com espaço para discussão sobre políticas públicas municipais, estaduais e nacionais. Para Edina Aparecida Alegro, presidente do Conselho Municipal de Assistência Social, “estamos aqui num momento muito importante de fala para tratar de políticas ligadas à assistência social em todas as esferas”.

Participante do encontro, Paola Estalamartes, integrante da Associação das Senhoras das Campanhas dos Bebês, destacou a relevância do apoio recebido: “Somos gratos pelo apoio da Prefeitura e de instituições parceiras. Nosso foco é trabalhar o fortalecimento do vínculo familiar”.

Representando a gestão municipal, o secretário de Assistência Social, Márcio Freitas, reforçou o compromisso com a área: “Estamos participando deste grande evento com o comprometimento de manter e ampliar as políticas públicas de assistência social, voltadas especialmente para a população que mais precisa”.

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