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27/06/2025
 

Comunidade

A Sétima Arte Até Agora

O Timoneiro relembra a trajetória e evolução das salas de cinemas da cidade

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Cinema Cine Rio Branco. Foto: Anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil.

Cinema Cine Rio Branco. Foto: Anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil.

 

Por Marcelo Grisa
@marcelogrisa

 

Canoas tem uma certa tradição com a Sétima Arte. Além do envolvimento de eventuais canoenses na produção audiovisual brasileira, as projeções de cinema tiveram e têm papel importante no desenvolvimento cultural da cidade.

Isso ocorre desde as primeiras décadas do século XX, quando a cidade era somente um distrito de Gravataí. Ernesto Wittrock pode ser considerado o seu precursor: ele, até a metade das década de 1910, animava festas com projeções ambulantes de filmes mudos curtos. Em 1916, o projetor de Ernesto é instalado no salão de bailes de Santini Longoni. Além de dar a chance de um público maior conhecer a mídia, as pessoas divertiam-se com as brincadeiras promovidas por Wittrock, que inclusive passava filmes ao contrário apenas para ver a reação das pessoas. Infelizmente, em 1920, um incêndio destroi o sobrado, acabando com as atividades.

Cine Porcello

As sessões no sobrado dos Longoni duraram até 1918, quando então a maior atração cinematográfica de Canoas tornou-se o Cine Porcello, inaugurado pouco tempo antes. As atividades culturais de Vicente Cláudio Porcello, que já tinha a sua farmácia em local próximo, ocorriam onde hoje é localizada a Galeria Via Porcello, próximo à passarela da Estação Canoas da Trensurb. Ali passavam as comédias de Charles Chaplin e Buster Keaton, além dos primeiros dramas mudos. Como os filmes eram mudos, havia acompanhamento musical.

Cinema Central: 1937. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Cinema Central: 1937. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Rivalidade: Porcello x Central

O rival do Cine Porcello, que ficava do outro lado da linha férrea, era o Cine Central, fundado por Arthur Pereira de Vargas. A disputa entre Porcello e Vargas era acirrada: eles não se falaram desde que os cinemas começaram a disputar clientela até pelo menos o fechamento do primeiro, na década de 1930, com o advento do cinema falado.

O grande prédio de madeira tinha 400 lugares, e assim como na concorrência, funcionava nas matinês de domingo, quando os proprietários esperavam que todos os frequentadores costumeiros chegassem, para só então ativar o projetor. Às vezes era necessário mandar funcionários à casa de pessoas que não avisavam que iriam ausentar-se.

O Cine Central também atuou na vida política canoense: era um dos apoiadores e anunciantes de O Canoense, jornal criado em 1937 e que tinha como principal bandeira a conscientização sobre a emancipação de Canoas, que ocorreu em 1939. No ano seguinte, a festa de comemoração de posse do primeiro prefeito da cidade, Edgar Braga da Fontoura, ocorreu em frente ao estabelecimento.

Em 1941, o Cine Central passa a ser propriedade de Leopoldino de Castro Matos. Em 1948, chega inclusive a funcionar o Clube do Cinema de Canoas, que tem suas reuniões no local.

Cinema Central: 1941. Posse do prefeito Edgar Fontoura. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Cinema Central: 1941. Posse do prefeito Edgar Fontoura. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

 

Dos anos 50 ao domínio

Em 1950, é inaugurado o Cine Teatro São Luiz. Idealizado pelas famílias Busato e Capoani, a casa de espetáculos veio com a ideia de abrigar de filmes à todo tipo de apresentação cultural.

As atividades do antigo Cinema Central cessaram apenas em 1954, ano em que as duas famílias também inaugurariam o Cine Rex. A Companhia Busato & Capoani faria Canoas correr atrás de Porto Alegre, que já chegara a ter 40 salas de cinema na primeira metade do século XX. Vieram em seguida o Cine Niterói, o Cine Rio Branco e o Cine Vitória, que duraram até a metade da década de 1970.

Cinema Cine Teatro São Luiz. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Cinema Cine Teatro São Luiz. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Anos 80 até hoje

Nos anos 80, o negócio de cinemas na cidade parecia em declínio. Chegou-se a inovar em 1984 com o Novo Cine São Luiz, na mesma Av. Getúlio Vargas, sem sucesso. A partir de então, o único cinema da cidade passam a ser as três salas do Multicine, instalado no Conjunto Comercial Canoas em 1981 pelo idealizador do local, Johannes Engel.

O Multicine era pioneiro no Brasil tanto em instalação de múltiplas salas de cinema quanto na instalação delas dentro da estrutura de um shopping center. A tendência, que viria a ser adotada em todo o Brasil, vinha da Europa. Em 1997, meses antes da inauguração do Canoas Shopping, os três projetores se apagariam para não mais voltar.

A cidade permaneceria sem salas de cinema até 2001, quando o Cinemark Canoas estreou com outro recorde – o de 11 espaços em simultâneo, tornando-se o maior multicinema da América Latina à época. Devido à baixa rentabilidade, quatro delas foram fechadas em anos seguintes, mas as outras sete permanecem.

A concorrência entre cinemas, pela primeira vez em mais de três décadas, deve voltar a acontecer nos próximos anos. O ParkShopping Canoas, do grupo Barra, está sendo construído em amplo terreno da Av. Dr. Sezefredo Azambuja Vieira, e deverá contar com um multicine. A empresa que se instalará no novo empreendimento será a UCI, que tem salas em 12 cidades brasileiras, incluindo capitais do Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, além de Curutiba, na Região Sul do Brasil. Ainda não foram informados detalhes sobre a operação da empresa no ParkShopping.

Anúncio do cinema Central de 1937. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

Anúncio do cinema Central de 1937. Foto: reprodução/anatomia de uma cidade, de Antônio Jesus Pfeil

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Moradores que decidiram permanecer na Praia do Paquetá recebem auxílio da Defesa Civil

Redação

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Moradores que decidiram permanecer na Praia do Paquetá recebem auxílio da Defesa Civil

De acordo com a gestão municipal, desde a quinta-feira, 19, quando as águas começaram a subir na Praia do Paquetá, a comunidade local começou a receber suporte da Prefeitura de Canoas, com coordenação da Defesa Civil e contando com a ação integrada entre diversas secretarias.

Entre as ações voltadas a quem optou por permanecer no local, ocorreram entregas de cestas básicas e suporte com acolhimento a famílias atingidas, além de resgate de pets encontrados na região. Na localidade vivem 120 famílias, das quais 100 optaram por permanecer nas suas casas.

Para o secretário da Defesa Civil e Resiliência Climática, Vanderlei Marcos, a estratégia prioritária é antecipar o suporte humanitário, mitigando o impacto sobre a vida das pessoas. Além da entrega de ranchos completos, a Defesa Civil atuou no alerta sobre riscos e na oferta de transporte para quem necessitasse buscar segurança por decorrência da cheia.

Já o secretário da Assistência Social, Márcio Freitas, trabalhou na entrega de alimentos e comandou o serviço de abrigos públicos para desalojados. A secretária de Bem-estar Animal, Paula Lopes, liderou o resgate de bichinhos de estimação para castração e encaminhamento a tutores. As atividades prosseguirão ao longo do final de semana.

“A nossa comunidade vive da pesca e do turismo. Com o tempo adverso, não tem como pescar, nem tem pessoas para comprar nosso pescado. Esse alimento garante segurança para estes dias difíceis”, pontuou o presidente da Associação de Moradores e Pescadores da Praia de Paquetá, Paulo Denilto.

Moradora de Paquetá, Elisabete Saroba agradeceu o donativo que irá manter a família formada por sete pessoas, cujos adultos trabalham na pesca e na construção, pelas próximas semanas. A Defesa Civil mantém plantão na entrada do bairro para orientar e transportar pessoas para acolhimento. As demais áreas da cidade não apresentam mais zonas de alagamento.

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Abrigo em Canoas acolhe 129 pessoas atingidas pelas fortes chuvas da madrugada

Redação

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Abrigo em Canoas acolhe 129 pessoas atingidas pelas fortes chuvas da madrugada

Na tarde desta quarta-feira, 18, a cidade de Canoas segue monitorando os impactos das fortes chuvas registradas na noite anterior. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Assistência Social, 129 pessoas seguem acolhidas no Ginásio São Luís, no bairro São Luís.

O abrigo emergencial foi estruturado para garantir acolhimento seguro e digno à população afetada. Além disso, 35 pessoas que estavam abrigadas já puderam retornar com segurança para suas residências no bairro Mathias Velho, uma das regiões mais atingidas.

A Prefeitura reforça que permanece mobilizada, por meio de suas equipes técnicas e voluntários, para oferecer suporte imediato às famílias em situação de vulnerabilidade durante este período de instabilidade climática. A estrutura no Ginásio São Luís conta com alimentação, espaço para higiene, roupas, colchões, atendimento ambulatorial e também acolhimento de animais de estimação.

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Comunidade

Canoas lança Campanha do Agasalho 2025 com o tema “O seu roupeiro não sente frio”

Redação

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Canoas lança Campanha do Agasalho 2025 com o tema “O seu roupeiro não sente frio

Com o tema “O seu roupeiro não sente frio – desapegue do que você não usa mais e aqueça quem precisa”, a Campanha do Agasalho 2025 de Canoas foi lançada oficialmente na manhã de sábado, 14, durante a 3ª edição do evento Prefeitura na Tua Casa, na Praça Dona Mocinha, no bairro Niterói.

A iniciativa busca mobilizar a comunidade para a doação de roupas e cobertores, com foco no acolhimento das pessoas em situação de vulnerabilidade social e em situação de rua. Diante da antecipação das ondas de frio, antes mesmo do início oficial do inverno, a campanha ganha ainda mais relevância neste momento.

Neste ano, a ação contará com telebusca de doações, facilitando a entrega dos itens pela população, além de uma parceria com uma lavanderia industrial de Cachoeirinha, que garantirá a higienização das peças arrecadadas.

Coordenada pela Secretaria Municipal da Defesa Civil e Resiliência Climática, a campanha envolve a parceria das secretarias de Assistência Social, Segurança Pública, Desenvolvimento Econômico e Inovação e Cidadania, Mulher e Inclusão, integrando esforços para ampliar o alcance das ações.

O secretário da Defesa Civil e Resiliência Climática, Vanderlei Marcos, ressaltou o papel fundamental da população na construção de uma cidade mais solidária:

“Essa campanha é um esforço coletivo que depende do engajamento de toda a sociedade. Cada doação representa uma barreira contra o frio para quem não tem proteção. Nosso trabalho é garantir que esses itens cheguem com dignidade a quem mais precisa, e para isso, contamos com o espírito solidário dos canoenses.”

Durante o lançamento, o prefeito em exercício Rodrigo Busato destacou a importância da união da sociedade em torno da causa.

“A Campanha do Agasalho é mais do que uma ação de inverno, é um gesto de cuidado com quem mais precisa. Cada peça doada representa acolhimento e respeito. Nosso compromisso de governo é garantir que nenhum canoense enfrente o frio sem o mínimo necessário para se proteger”, afirmou Rodrigo Busato.

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