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27/06/2025
 

Comunidade

Projeto Calçada Cidadã deixa população confusa e preocupada

Em 2011, Prefeitura adquiriu piso tátil de empresa de calçados e esportes do município de Feliz

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Passeio público na rua Jose Bonifácio, no bairro Nossa Senhora das Graças, tem ao menos cinco pontos com resíduos nas calçadas.

Passeio público na rua Jose Bonifácio, no bairro Nossa Senhora das Graças, tem ao menos cinco pontos com resíduos nas calçadas. Foto: Bruno Lara/OT

Algumas são de blocos de concreto. Outras de basalto, grama, terra, grama e terra, paralelepípedos, lajotas. O passeio público de Canoas não é padronizado. Para a atual administração, padronizá-las é uma das prioridades. Em função disto, elaborou o projeto Calçada Cidadã, que visa unificar todos os passeios públicos do município com piso tátil para facilitar a vida dos deficientes visuais. A população, no entanto, mesmo em tempos de crise, é quem vai pagar a conta. É comum para quem circula pelas ruas perceber galhos de árvores, lixo, móveis, madeiras, animais mortos, areia, britas, tijolos e todo o tipo de matérias a beira das vias.

O que fazer na obra

Material de construção deve ser entregue em sacos e ficar dentro da residência, instrui Prefeitura. Foto: Bruno Lara/OT

Material de construção deve ser entregue em sacos e ficar dentro da residência, instrui Prefeitura. Foto: Bruno Lara/OT

Segundo a Prefeitura Municipal de Canoas, em casos nos quais os moradores não possuem espaço interno, ou mesmo acesso, para depositar material de construção dentro de suas casas, especialmente areia e brita, a administração municipal recomenda que o mesmo deve ser colocado em sacas, que facilitam a transferência para dentro do lote. “O comprador deve solicitar à loja que entregue o material devidamente acondicionado”, respondeu. OT consultou diversas madeireiras da cidade, todas elas declararam que vendem os materiais em sacos, como manda a lei, mas para que isso aconteça, a aquisição precisa ser em uma quantidade elevada e com um custo maior.

Conta alta
Mesmo com a crise, a Prefeitura quer obrigar o cidadão a investir nas calçadas. Este ano, os juros do cheque especial atingiram 241,3% ao ano. A marca é a maior desde 1995. No cartão de crédito, o juros rotativo subiu para 372,0% ao ano. Mesmo assim, a atual administração quer a adaptação em curto prazo.

A responsabilidade por pavimentar as calçadas e mantê-las em bom estado de conservação, no entanto, é do proprietário do imóvel. A lei orgânica municipal, no seu artigo primeiro do código de obras, promulgado pelo prefeito Liberty Dick Conter, define calçada como “Pavimentação do terreno dentro do lote”.

As diretrizes do projeto explicam as seguintes medidas: Em calçadas com largura inferior a 2,50 metros, a faixa livre aceitável é de 1,2 metros, sem faixa de serviço e de acesso, mas com piso tátil no eixo da calçada. Se a medida compreender entre 2 metros e 2,5 metros, deve apresentar faixa de 1,5 metros livres e 1 metro de faixa de serviço, mas não precisa de faixa de acesso. O piso tátil deve estar a 1,5 metros do meio-fio. Calçadas com mais de 2,5 metros devem compreender 1,5 m de faixa livre e 1 m de faixa de serviços. A faixa de acesso deve seguir as diretrizes municipais para o local específico e o piso tátil deverá ser fixado a 1,5 m do meio fio.

ZONASSEM REVESTIMENTOEM MAU ESTADO DE CONSERVAÇÃOEM BOM ESTADO, MAS SEM ACESSIBILIDADE
CENTRO30 DE ABRIL DE 201530 DE MAIO DE 201529 DE JUNHO DE 2015
COMÉRCIAL30 DE MAIO DE 201529 DE JUNHO DE 201529 DE JULHO DE 2015
INDUSTRIAL E MISTAS29 DE JUNHO DE 201528 DE AGOSTO DE 201527 DE OUTUBRO DE 2015
RESIDENCIAIS28 DE AGOSTO DE 201527 DE SETEMBRO DE 201531 DE DEZEMBRO DE 2015

Papelaria forneceu piso tátil
A Micro Empresa Sandra Maria Weber, fundada em novembro de 2005, no município de Feliz, foi a escolhida no Pregão Presencial de número 68/2011 para a “Aquisição de piso tátil direcional e alerta para atender as necessidades da Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade (SMTM), pertencentes ao Município de Canoas/RS”. Com nome fantasia de Passarela Calçados e Esportes, a empresa representada no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) com o número 07.693.814/0001-06 forneceu dois itens para o órgão em 2011.

O primeiro, 119 “metros lineares de piso tátil direcional, piso seguindo especificações NBR 9050”. O segundo, mais 115 “metros lineares de piso tátil alerta, piso seguindo especificações NBR 9050”, conforme a ata da sessão do Pregão Presencial do Edital PP86/2011, Processo 8578/2011 da Prefeitura Municipal de Canoas. O valor da aquisição foi de R$ 8.362,66. A empresa contratada, no entanto, tem como atividade econômica principal o comércio varejista de artigos de papelaria.

Nas atividades secundárias, uma grande gama de produtos é comercializado pela Micro Empresa, atuando no comércio varejista de artigos esportivos, de equipamentos e suprimentos de informática, de brinquedos e artigos recreativos, de artigos do vestuário e acessórios, calçados, móveis, eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo, outros artigos de uso pessoal e doméstico não especificados anteriormente, madeira e artefatos, materiais de construção em geral, outros produtos não especificados anteriormente, máquinas e equipamentos não especificados anteriormente; partes e peças. Também presta serviços especializados para construção.

Do chinelo ao material de construção
Segundo o Portal da Transparência, em 2011, ao menos sete empenhos foram firmados com a Micro Empresa. Em 19 de maio, R$ 195,00 foram empenhados para a aquisição de balão com 50 unidades coloridos, tamanho 9 item 100. Em junho, R$ 6.300,00 foram empenhados para o “fornecimento e colocação de rede esportiva, confeccionada em poliéster fio 3 mm, malha 13 cm na cor branca e no teto rede em polietileno, branca fio 1.8mm, malha com 10cm, totalizado.

A empresa também forneceu “(10) pares de chinelos tipo havaianas nº 23/24 cores azul, verde, preto, vermelho; (10) pares de chinelos tipo havaianas nº 26/27 cores azul, verde, preto, vermelho; (10) pares” pelo valor de R$ R$ 1.061,35. Em outro empenho, no mês de abril, o mesmo CNPJ foi o responsável por empenhar “(25) pares de chinelos tipo havaianas nº 37/38 cores azul, verde, preto, vermelho. (25) pares de chinelos tipo havaianas nº 39/40 cores azul, verde, preto, vermelho” por R$ 636,50.

Chama atenção, no entanto, uma aquisição no valor de R$ 12.167,51 no dia 13 de dezembro de 2011 com a descrição PROC.2011/18672, CFE. AE 1623/11 PA 266/11. Fora os R$ 1.470,00 para “40 unidade de mochilas de poliester 600 na cor preta, dimensoes minimas de 30cmx60cmx30cm, com fecho nº 10, com 02 cursores para abertura, costura em fecho vies preto, bolso frontal com 40cm”. Em agosto do ano seguinte, 2012, o órgão adquiriu então os pisos.

Madeireiras
A equipe de reportagem de O Timoneiro fez uma pesquisa com madeireiras da cidade de Canoas. Todas elas informaram que vendem o piso tátil. Na consulta por areia média, a média no valor foi de R$ 70,00 o metro cúbico. Nas pedras, referente à popularmente conhecida como brita 01, o montante do investimento é R$ 57,50 o metro cúbico em média. O cimento, elemento crucial em qualquer obra, ficou pela média de R$ 25,00 a saca. Em média, o piso tátil guia amarelo direcional tem um custo de R$ 25,90 o metro linear. O piso tátil alerta, que em vez de linhas possui pontos, sai pelo preço médio de R$ 39,90 o metro linear.

Oposição critica

rua Monte Castelo teve obra embargada. Foto: Bruno Lara

rua Monte Castelo teve obra embargada. Foto: Bruno Lara

Enviado à Câmara Municipal de Canoas pelo Executivo, o Projeto de Lei que regulamenta um padrão para as calçadas em toda a cidade gera discussão no Plenário. O vereador Juares Hoy (PDT), na sessão de quinta-feira, 23, retomou a discussão sobre o projeto de sua autoria que altera a lei da Calçada Cidadã e prevê a instalação do piso tátil num quadrilátero central, além de escolas, faculdades, prédios e áreas públicas, parques, hospitais, unidades de saúde, shopping centers e conjuntos comerciais. O parlamentar reafirmou que não há necessidade de exigir piso tátil em todas as calçadas da cidade.

Em entrevista, Juares afirmou que a exigência é abusiva, pois em nenhuma outra cidade do mundo se exige o piso tátil em todo o município. “Apresentei um Projeto de Lei que é muito simples para modificar a calçada cidadã com obrigatoriedade do piso tátil, dizendo que o piso tátil deverá ser instalado somente no quadrilátero central, compreendido entre a av. Victor Barreto, a rua Domingos Martins, a BR-116 e a av. Inconfidência e todas as ruas do quadrilátero. E exigindo que o piso tátil seja instalado em todos os prédios e áreas públicas. Hospitais, faculdades, universidades, shopping centers e conjuntos comerciais. Eu te pergunto: Qual é a cidade do mundo que é colocado piso tátil em toda ela? Nenhuma.”, conclui.

Base aliada apoia

Obras já começaram em alguns pontos da cidade como no comércio da rua Humaitá. Foto: Bruno Lara/OT

Obras já começaram em alguns pontos da cidade como no comércio da rua Humaitá. Foto: Bruno Lara/OT

O vereador Aloisio Bamberg (PPL), por outro lado, declarou ter votado o projeto com segurança. Disse que os parlamentares entenderam à época que o projeto traria inclusão. “Não podemos retroceder em um projeto de tal envergadura”, argumentou. Paulinho de Odé (PT) lembrou que o prefeito Jairo Jorge (PT) já sinalizou com a possibilidade de alterações e que os parlamentares devem aguardar para analisar qual será a proposta. Destacou a importância do piso tátil para os cegos terem acesso igualitário de circulação.
O presidente da Câmara, Paulo Ritter (PT), enfatizou que o projeto da Calçada Cidadã traz a discussão sobre a co-responsabilidade entre o Estado e a sociedade. “É inadmissível que em uma cidade como Canoas existam locais de alta frequência e rotatividade que ainda não tenham calçadas minimamente organizadas”, ponderou. Ritter sugeriu a criação de uma comissão de vereadores para tratar do tema. José Carlos Patricio (PSD) argumentou que o projeto foi discutido exaustivamente. Segundo ele, o piso tátil significa responsabilidade com a cidadania. O vereador Francisco da Mensagem (PSB) defendeu uma pactuação entre a Câmara e o Executivo para a análise do tempo necessário à adequação. O parlamentar manifestou apoio à criação de comissão especial.

Contraponto
Segundo a Prefeitura, as multas ainda não começaram, mas o primeiro prazo já venceu no dia 29/07/2015. A multa será aplicada de acordo com o metro quadrado (proporcional à área) e conforme a situação do passeio e da região onde está localizado. Vale ressaltar que os prazos e multas estão previstos na Lei Municipal 5883/2014, que institui o Calçada Cidadã. A respeito da possibilidade de prorrogar a data, afirmou que “a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação elabora uma nova proposta”.

Serviço
Cartilha da Calçada Cidadã: Saiba como executar seu passeio corretamente, acessando a Cartilha do Calçada Cidadã no www.canoas.rs.gov.br/Portal do Desenvolvimento. – Informações: 3425.7630, ramal 5722 (Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação).

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Moradores que decidiram permanecer na Praia do Paquetá recebem auxílio da Defesa Civil

Redação

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Moradores que decidiram permanecer na Praia do Paquetá recebem auxílio da Defesa Civil

De acordo com a gestão municipal, desde a quinta-feira, 19, quando as águas começaram a subir na Praia do Paquetá, a comunidade local começou a receber suporte da Prefeitura de Canoas, com coordenação da Defesa Civil e contando com a ação integrada entre diversas secretarias.

Entre as ações voltadas a quem optou por permanecer no local, ocorreram entregas de cestas básicas e suporte com acolhimento a famílias atingidas, além de resgate de pets encontrados na região. Na localidade vivem 120 famílias, das quais 100 optaram por permanecer nas suas casas.

Para o secretário da Defesa Civil e Resiliência Climática, Vanderlei Marcos, a estratégia prioritária é antecipar o suporte humanitário, mitigando o impacto sobre a vida das pessoas. Além da entrega de ranchos completos, a Defesa Civil atuou no alerta sobre riscos e na oferta de transporte para quem necessitasse buscar segurança por decorrência da cheia.

Já o secretário da Assistência Social, Márcio Freitas, trabalhou na entrega de alimentos e comandou o serviço de abrigos públicos para desalojados. A secretária de Bem-estar Animal, Paula Lopes, liderou o resgate de bichinhos de estimação para castração e encaminhamento a tutores. As atividades prosseguirão ao longo do final de semana.

“A nossa comunidade vive da pesca e do turismo. Com o tempo adverso, não tem como pescar, nem tem pessoas para comprar nosso pescado. Esse alimento garante segurança para estes dias difíceis”, pontuou o presidente da Associação de Moradores e Pescadores da Praia de Paquetá, Paulo Denilto.

Moradora de Paquetá, Elisabete Saroba agradeceu o donativo que irá manter a família formada por sete pessoas, cujos adultos trabalham na pesca e na construção, pelas próximas semanas. A Defesa Civil mantém plantão na entrada do bairro para orientar e transportar pessoas para acolhimento. As demais áreas da cidade não apresentam mais zonas de alagamento.

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Abrigo em Canoas acolhe 129 pessoas atingidas pelas fortes chuvas da madrugada

Redação

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Abrigo em Canoas acolhe 129 pessoas atingidas pelas fortes chuvas da madrugada

Na tarde desta quarta-feira, 18, a cidade de Canoas segue monitorando os impactos das fortes chuvas registradas na noite anterior. De acordo com informações da Secretaria Municipal de Assistência Social, 129 pessoas seguem acolhidas no Ginásio São Luís, no bairro São Luís.

O abrigo emergencial foi estruturado para garantir acolhimento seguro e digno à população afetada. Além disso, 35 pessoas que estavam abrigadas já puderam retornar com segurança para suas residências no bairro Mathias Velho, uma das regiões mais atingidas.

A Prefeitura reforça que permanece mobilizada, por meio de suas equipes técnicas e voluntários, para oferecer suporte imediato às famílias em situação de vulnerabilidade durante este período de instabilidade climática. A estrutura no Ginásio São Luís conta com alimentação, espaço para higiene, roupas, colchões, atendimento ambulatorial e também acolhimento de animais de estimação.

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Comunidade

Canoas lança Campanha do Agasalho 2025 com o tema “O seu roupeiro não sente frio”

Redação

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Canoas lança Campanha do Agasalho 2025 com o tema “O seu roupeiro não sente frio

Com o tema “O seu roupeiro não sente frio – desapegue do que você não usa mais e aqueça quem precisa”, a Campanha do Agasalho 2025 de Canoas foi lançada oficialmente na manhã de sábado, 14, durante a 3ª edição do evento Prefeitura na Tua Casa, na Praça Dona Mocinha, no bairro Niterói.

A iniciativa busca mobilizar a comunidade para a doação de roupas e cobertores, com foco no acolhimento das pessoas em situação de vulnerabilidade social e em situação de rua. Diante da antecipação das ondas de frio, antes mesmo do início oficial do inverno, a campanha ganha ainda mais relevância neste momento.

Neste ano, a ação contará com telebusca de doações, facilitando a entrega dos itens pela população, além de uma parceria com uma lavanderia industrial de Cachoeirinha, que garantirá a higienização das peças arrecadadas.

Coordenada pela Secretaria Municipal da Defesa Civil e Resiliência Climática, a campanha envolve a parceria das secretarias de Assistência Social, Segurança Pública, Desenvolvimento Econômico e Inovação e Cidadania, Mulher e Inclusão, integrando esforços para ampliar o alcance das ações.

O secretário da Defesa Civil e Resiliência Climática, Vanderlei Marcos, ressaltou o papel fundamental da população na construção de uma cidade mais solidária:

“Essa campanha é um esforço coletivo que depende do engajamento de toda a sociedade. Cada doação representa uma barreira contra o frio para quem não tem proteção. Nosso trabalho é garantir que esses itens cheguem com dignidade a quem mais precisa, e para isso, contamos com o espírito solidário dos canoenses.”

Durante o lançamento, o prefeito em exercício Rodrigo Busato destacou a importância da união da sociedade em torno da causa.

“A Campanha do Agasalho é mais do que uma ação de inverno, é um gesto de cuidado com quem mais precisa. Cada peça doada representa acolhimento e respeito. Nosso compromisso de governo é garantir que nenhum canoense enfrente o frio sem o mínimo necessário para se proteger”, afirmou Rodrigo Busato.

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