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Alteração na data do pagamento ainda gera transtornos aos servidores
Cada vez mais os municipários reclamam de perseguição, ameaças e retaliações por parte da Prefeitura
A Prefeitura Municipal de Canoas emprega atualmente 4.827 servidores. Destes, segundo o Portal da Transparência, 3.883 são de Carreira e 484 são Cargos de Confiança (CCs). Além disso, 460 empregados são contratados. Estes contratos, no entanto, estão em apenas duas secretarias: Educação com maioria esmagadora e Desenvolvimento Social.
Chama atenção, no entanto, instalações que possuem mais comissionados que concursados em sua folha de pagamento. O Gabinete do Prefeito, por exemplo, possui 126 CCs e 121 de carreira, mais 3 de comissão e 3 de carreira no Gabinete da Subprefeita. Somente entre o gabinete do chefe do Executivo Municipal e sua vice, são 253 pessoas trabalhando. A Procuradoria Geral do Município, por sua vez, possuí 21 CCs e 19 concursados. A Secretaria Municipal de Comunicação possui 25 em confiança e apenas 7 que passaram na prova.
O inchaço da máquina pública continua acentuado nas demais secretarias. A Secretaria de Planejamento e Gestão possui 245 servidores, 23 comissão e 222 carreira enquanto a de Saúde ostenta mais 464 servidores dos quais a grande maioria, 434, são concursados. A de Educação supera todas as demais citadas. São 2.429 – quase metade do total de servidores – dos quais 21 são indicados.
Segundo dados do mês de julho de 2015 do da Prefeitura de Canoas, os salários dos funcionários podem variar de R$ 796,13, montante que recebe um Auxiliar de Serviços Diversos classe A até R$ 13.319,46, ordenado de um Advogado classe M. Estes dados não levam em conta os servidores dos demais poderes. O Legislativo canoense, em seu portal online, está com o espaço reservado para as despesas, pessoal e as diárias, indisponível no Portal da Transparência.
Pressão
Cada vez é maior o número de servidores que reclamam de ameaças e retaliações na administração petista. Na última semana, uma pessoa telefonou para a redação de OT e mostrou-se revoltada com as alterações nos salários. Então uma equipe se deslocou até a sua residência e fez uma matéria. Porém, na última quarta-feira, 15, a mesma ligou novamente pedindo que seu nome e imagem fossem preservados em função do medo de retaliações, perseguição e ameaças que poderia vir a sofrer do governo se suas palavras fossem publicadas e circulassem na sexta-feira.
Depois de um árduo trabalho, ficou combinado que a matéria sairia sem nome e foto. A estratégia parece ser desqualificar os personagens denunciantes na mídia. Expor fatos de suas vidas particulares, levá-los ao ridículo como se fossem fontes descabidas e pautas inventadas, sem levar em consideração a vida humana em questão e o constrangimento que são submetidas, com o objetivo de justificar a atuação do governo.
E quando não é o suficiente, colocam em prática a estrutura de 32 servidores da Secretaria de Comunicação para fazer a propaganda institucional ser veiculada nos principais veículos do estado e até do país. Mas a pergunta continua. A Prefeitura de Canoas – a cidade de quase cinco mil servidores – está colocando medo naqueles que trabalham para e junto a ela? Pelo jeito sim. Exposto isso, mesmo que se trate de uma história real, com nome e rosto real, a fim de resguardar a fonte e, concomitantemente, protestar pelo direito de expressão visivelmente menosprezado, apelidaremos nossa protagonista de Maria Senvoz.
“Chego a sentir saudades do Ronchetti”
Há 24 anos, Maria atua como Guarda Municipal no município depois de ser aprovada em um concurso público aberto no governo do prefeito peemedebista Carlos Loureno Giacomazzi, falecido em 2010, com 79 anos, vítima de broncopneumonia. A história de Senvoz continuou durante os governos Hugo Simões Lagranha (PTB), que comandou o município de 1989 até 1992, dando espaço a Liberty Dick Conter (PMDB), que governou entre 1993 e 1996, saindo para que Lagranha assumisse novamente. Foi funcionaria, também, durante a gestão Marcos Ronchetti (PSDB) e Jairo Jorge (PT). “É uma ironia dizer isso, mas, às vezes, eu chego a sentir saudades do Ronchetti”, conclui.
A mudança no pagamento do último dia do mês para o quinto dia útil do mês subsequente causou prejuízos aos funcionários. Segundo Maria, tudo mudou após a alteração. “Mudaram a data, mas quem paga os juros sou eu”, explica. A falta de recursos, segundo ela, não é justificável. “Ele aparece no hotel com miss, aparece no horário nobre da TV. Que Canoas maravilhosa é essa? Olha o que ele fez com o nosso décimo. Ele não tinha dinheiro para pagar o nosso décimo, então fomos convocados a ir ao banco e assinar. Por que eu estou assinando isso se não sou eu quem está devendo para o banco? Será que isso não vai dar problema?”, se questiona, confusa. “Eu nunca paguei juros de conta. Nunca paguei conta atrasada”, lamenta.
Com um filho de 22 anos desempregado e portadora de HIV há mais de 20 anos sofrendo preconceito por parte dos que conhecem seu diagnóstico, somados com a alteração na data do pagamento, ficou impedida de gozar as férias este ano e até mesmo de comprar medicamentos para o colesterol, para dor no corpo e os antidepressivos. “Eu não consegui comprar meu remédio essa semana, porque ele custa R$ 86,00 e vêm 15 comprimidos na caixa. Eu não pude comprar. Estou no meu limite. Estou cheia de contas”, desabafa.
Maria trabalhava em casas de família até passar no concurso que pedia escolaridade até a quarta série do primário. “Era o que exigia no Edital. Quem tem uma faculdade ganha mais. Quem não tem, ganha menos. O Editorial, que saiu no Timoneiro, exigia apenas a quarta série. Agora vou concorrer? Isso é desigualdade”, contesta.
Sindicato afirma que houve discussão
A presidente do Sindicato dos Municipários de Canoas (Simca), Teresinha Antqueviezc Pruciano (foto), há 25 anos atuando na área da educação, está no sindicato por uma década, operando na sua terceira gestão à frente do sindicato. Para ela, a alteração foi “discutida amplamente entre as associações com os dois sindicatos (Simca e Sinprocan) que fazem parte da mesa de diálogo”. Porém, durante as negociações, ninguém levantou o assunto. “Infelizmente, na época, quando foi discutida a situação, o Simca não teve adesão dos demais componentes da mesa, não reivindicaram. A preocupação maior deles era com a Gratificação de Resolutividade (GR) que, na verdade, veio só para beneficiar o servidor. Não teve prejuízo”, afirma.
Segundo ela, o sindicato alertou o Prefeito em exercício sobre o transtorno que a alteração na data poderia gerar. Devido a isto, passado o prazo de quinze dias sem manifestação na Câmara dos Vereadores, a proposta foi aprovada. “Após a aprovação o servidor realmente começou a sentir no bolso a diferença, o prejuízo”. A demanda então chegou ao sindicato e foi levada ao Executivo. “A gente agora já tem a promessa, que já está sendo cumprida, que vai voltar ao dia 30 ou dia primeiro. Isso ainda não foi realizado devido à questão de que, se houver o reajuste agora, do retorno da data, ocorre que vamos receber dois salários no mesmo mês, o que vai ocasionaria em um prejuízo maior ainda para o servidor, que é a questão do desconto do imposto de renda”, conclui afirmando que a data regredirá aos poucos para que os vencimentos não coincidam no mesmo mês. A palavra, segundo ela, foi empenhada pelo próprio Prefeito.
O que diz a Prefeitura
Através da Secretaria de Comunicação, responsável por centralizar toda a informação da Prefeitura, a atual administração respondeu que “Até que os fluxos de arrecadação do Município – prejudicados em função da queda de arrecadação de tributos e da falta de repasses do Governo do Estado – sejam restabelecidos, será necessário manter o pagamento dos servidores até o quinto dia útil do mês subsequente” e que para minimizar os transtornos aos servidores “o Município tem divulgado as datas de pagamento com quatro meses de antecedência”.
Destaques
Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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