Opinião
Tito Guarniere: “Intenções da igreja não enchem barriga”

Tito Guarniere
A IGREJA E AS EMPRESAS
Um recente e bem estruturado texto da Pastoral Operária, da Igreja Católica, analisa as mudanças profundas no mercado do trabalho, que resultam da revolução da informação e do conhecimento. Pode-se dizer que não há uma única linha sobre o papel da empresa, do empregador, na grande mudança no mundo e no Brasil.
A Pastoral Operária não é a Igreja, mas reflete a concepção de uma primazia do trabalho (o que é perfeitamente aceitável) sobre o capital: a busca do lucro é uma prática pecaminosa, os empresários são egoístas, se movem pela ganância.
Os padres, os religiosos, se ocupam da alma humana, da crença na vida eterna. A vida é uma passagem fugaz – deve-se vivê-la virtuosamente, seguindo os Preceitos. Então, basta um trabalho honrado, ganhar o pão com o suor do rosto, e estará aberto o caminho da graça.
Não faltam exortações da Igreja em defesa de uma vida digna para os trabalhadores. Os preceitos morais ali expostos alavancaram as conquistas sociais desde o século XIX. Mas eu não lembro de uma encíclica ou bula papal, que reconheça o papel da iniciativa privada, de investidores e empresários, na geração dos bens e da riqueza, e de empregos em massa para a classe trabalhadora.
“É mais fácil um camelo passar por uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” – lembram?
É a Igreja quem cuida da vida dos seus trabalhadores, os religiosos, ao menos das necessidades básicas de uma vida honesta e frugal. Com o sustento garantido e uma razoável estabilidade, os agentes da Igreja não têm maiores preocupações para ganhar a vida. Daí que eles, que movimentam as engrenagens da Igreja nas comunidades, têm uma pálida ideia do que são as vicissitudes da vida real, para acumular o capital, montar o negócio, remunerar os empregados, pagar os tributos e obrigações com o estado, enfrentar a concorrência e ao final – se tudo correr bem – sobreviver com alguma folga. Os donos do negócio também têm de ganhar o pão com o suor do rosto.
Há quem diga que o celibato sacerdotal ainda existe por uma questão de economia – além de assegurar a subsistência do vigário, da irmãzinha, a Igreja teria de acrescer na conta as despesas de uma família.
São louváveis ideias nobres como a opção preferencial pelos pobres. Mas intenções não enchem barriga. O ato de produzir é parte do mundo das coisas concretas, e exige muito mais do que palavras. Seria mais razoável e produtivo que a Igreja e os seus agentes tentassem compreender minimamente os mecanismos da produção dos bens e da riqueza, as formas mais eficazes para gerar emprego e renda.
O Brasil precisa dramaticamente criar postos de trabalho. O emprego formal liberta o trabalhador de suas aflições materiais, reduz a pobreza e a desigualdade que nos avassalam. E quem irá reduzir os índices vergonhosos de desemprego em nosso país? Empregos não nascem de palavras bem alinhadas, slogans fortes ou apelos de caridade cristã. Serão os empresários e agentes econômicos, a criá-los: a Igreja deveria ter uma palavra de apoio e incentivo para eles.
O trabalhador não vê diferença entre o patrão que o emprega por solidariedade humana e cristã ou por ambição de ganhar mais dinheiro.
Opinião
“Sapatão com orgulho: nossa existência não pede licença” (por: Isabela Luzardo – Miss diversidade de Canoas 2025)

por Isabela Luzardo*
Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.
A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.
Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.
Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.
Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.
Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.
*Miss diversidade de Canoas 2025
Opinião
Artigo: “CORAGEM” (por Carlos Marun – advogado e ex-Ministro de Estado)

CORAGEM
“A maior de todas
as virtudes é a
Coragem, até
porque sem ela
nenhuma das
outras pode ser
praticada”
Maya Angelou
Poetisa
Alexandre de Moraes é uma figura singular. Penso até que errou ao determinar a prisão, mesmo que domiciliar, de Jair Bolsonaro. Não vi descumprimento claro pelo ex-presidente das medidas restritivas determinadas por ele próprio na decisão anterior que impôs ao Capitão o uso de tornozeleira eletrônica. Penso ainda que as penas que estão sendo aplicadas aos vandalos golpistas do 08/01/2023 são demasiadamente elevadas, especialmente quando comparadas àquelas aplicadas aos autores de outras crimes, aparentemente mais graves. Porém, isto não desfaz o imenso trabalho relalizado pelo STF em defesa da nossa Democracia, trabalho este que teve como como líder o próprio Ministro.
Todos na vida erramos e acertamos. Os inimigos querem nos medir por nossos erros. Os amigos por nossos acertos. Eu já prefiro medir as pessoas pelo saldo médio. E sem nenhuma dúvida, o saldo médio da atuação de Alexandre de Moraes é altamente positivo.
Uma das características que mais admiro em um ser humano é a coragem. E isto inegavelmente Alexandre possui de sobra.
Enfrentou internamente um movimento político dos mais raivosos da nossa existência enquanto nação que é o Bolsonarismo Fanático. Esteve, hoje se sabe, na lista de alvos da operação “Punhal verde-amarelo” tramada dentro do Palácio do Planalto por auxiliares próximos do ex-presidente. Esteve até sob a mira dos fuzis dos militantes desta seita política que haviam sido escolhidos para por em prática a operação. E nada disto o fez recuar.
Agora, enfrenta sem vacilações o mais poderoso e nefasto ser que existe sobre a terra que é Trump, que ataca nosso país sob aplausos dos entreguistas, que insistem em manter os dentes arreganhados diante desta ameaça a nossa soberania e deste bombardeio a nossa economia.
Há mais de 200 anos conquistamos, não sem luta, a nossa Independência. Hoje assistimos brasileiros apoiarem e até desejarem o retorno do Brasil à condição de colônia. Não existem outros termos. E nem meio termo. Aplaudir ou desejar que ordens de Trump sejam aceitas pelo nosso Judiciário é desejar que o Brasil volte a ser colônia, agora americana no lugar de portuguesa.
E esta conspiração interna sobre a nossa Soberania é feita às claras, sem pudores ou subterfúgios. Há alguns dias discuti isto em um grupo de zap e ouvi de um empresário que nos transformarmos em um protetorado americano não seria um “mau negocio”. Não é fácil lutar contra adversários externos apoiados por americanófilos internos.
A coragem é a primeira qualidade que deve possuir um Advogado. Escrevi este artigo no “Dia do Advogado” e por isto este 11 de Agosto é dia também de homenagearmos Alexandre de Moraes.
Concluo rogando, como nos ensinou o colega Advogado João de Almeida Neto na bela canção “Vozes Rurais”, Que não falte coragem a estes Homens, contra o tempo e aguentando o repuxo, e que diante de estranhas tendências preservem as nossas Independência e Soberania!
CARLOS MARUN – Advogado e ex-Ministro de Estado
Opinião
‘Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres’ (por Patrícia Alba – deputada estadual)

Patrícia Alba*
Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.
Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.
É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.
Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.
Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.
*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia
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