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Canoas se prepara para receber os refugiados da Venezuela
SIMONE DUTRA*
Conforme já havíamos noticiado, Canoas é uma das duas cidades do Rio Grande do Sul que irá receber parte dos venezuelanos vindos de Roraima. O prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busato, esteve com o ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, na última sexta-feira, 24, para acertar os repasses financeiros do Governo Federal. O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha; a Representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Isabel Marques; e o prefeito de Esteio, que é a outra cidade a receber as famílias, Leonardo Pascoal, também participaram do encontro.
Em conversa com a equipe de reportagem do Timoneiro, a secretária municipal de Desenvolvimento Social de Canoas, Luísa Camargo, contou que o papel da Secretaria consiste em recepcioná-los, abrir as portas da cidade e inseri-los para que possam reorganizar suas vidas, desenvolvendo atividades econômicas formais ou informais. “Eles saem da Venezuela numa situação de muita violência, fome, abandonando seus projetos na sua terra natal, e o nosso papel é o de dar suporte para que eles possam se estabelecer com o mínimo de dignidade”, enfatiza Luísa.
O grupo, que é de 425 pessoas (entre mulheres, homens e crianças), está em Roraima, já foi cadastrado e vem sendo preparado pelo governo para a redistribuição, tendo passado por orientações da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Ministério do Desenvolvimento Social, e será deslocado para três pousadas na São Luís, em Canoas, pertencentes a uma empresa que alugou os prédios para a ONU (que também ajudará com 400 reais mensais para necessidades básicas das famílias).
Também de acordo com a Secretaria, o Ministério da Saúde fez uma Portaria facilitando o acesso ao SUS, e as crianças terão vagas garantidas nas escolas e que, portanto, o clima é de tranquilidade, e que a preocupação se concentra apenas em confortar essas pessoas que “provavelmente vão chegar com medo, tristes, deprimidas, assustadas”.
Hostilidade
Após os incidentes violentos ocorridos na fronteira do Brasil com a Venezuela e casos de hostilidade na internet por uma parcela da população que apresenta preocupação com a chegada dos emigrantes, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social explica que a política interna é de conversar com a comunidade para elucidar e mostrar que “é uma questão humanitária, são seres humanos que estão saindo de sua terra porque não estão aguentando mais sofrer”. Luísa frisa que em sua profissão de Assistente Social o exemplo maior é de sempre se colocar no lugar do outro. “E se fôssemos nós? E se fosse o Brasil que estivesse passando por isso? Não importa se é por ideologia política, etc. Eu gostaria de ter um lugar que acolhesse a mim e à minha mãe de 80 anos, minha irmã e meus sobrinhos. Nós não podemos jamais fechar as fronteiras”, finaliza.
Ajuda
A Secretaria criou um canal direto, através do telefone (51) 3236.2708, para pessoas que queiram ajudar voluntariamente, se cadastrando para formarem grupos que irão auxiliar na recepção aos chegados.
Destaques
Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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