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Vice-reitor da Ulbra fala sobre a Reforma Luterana
Considerada um importante marco histórico, a Reforma Luterana (protestante) chega, em 2017, aos 500 anos. A data remete a 1517, quando o jovem monge Martinho Lutero enviou ao seu bispo 95 teses sobre questões teológicas que desejava debater abertamente, em Wittenberg, Alemanha, criticando determinadas práticas promovidas pela Igreja Católica. O impacto de tal ato modificou a região européia e, através dos tempos, influenciou a cultura, política, economia, entre outros aspectos da sociedade ocidental moderna. Especialista no assunto, o vice-reitor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Ricardo Willy Rieth, recebeu a reportagem de O Timoneiro para falar sobre a importância da reforma.
“A reforma protestante é um movimento que trouxe um impacto muito grande, não só sobre a dimensão religiosa, mas na transformação profunda dos contextos para onde ela passou”, afirma Ricardo. Ele ainda ressaltou que isso vale tanto para as regiões onde surgiu o movimento como por onde ela se espalhou. O vice-reitor elenca que a compreensão da sociedade ocidental moderna, a economia capitalista e a compreensão do trabalho são alguns dos aspectos ligados à reforma.
Influência
“Canoas, graças à imigração, tem sido bastante influenciada. Isso está associado à imigração européia, no inicio da imigração sistemática ocorrendo perto daqui, em São Leopoldo”. Rieth afirma que Canoas e todo o entorno da região desde muito cedo teve esse impacto. Ele ainda destaca a atuação da Ulbra na cidade, contribuindo para essa influência luterana: “Nossa instituição, a Ulbra, remonta a uma comunidade religiosa fundada no início do século XX, a comunidade evangélica luterana São Paulo. Logo instituiu uma escola básica, fundada em 1911, que se ampliou para outros níveis, tendo o colégio Cristo Redentor, que se tornou uma referência na cidade. Também a partir disso surgiu a Universidade Luterana do Brasil que vai, como instituição, levar essa experiência da reforma para outras regiões do Brasil”, completa.
500 anos
O vice-reitor afirma que, atualmente, existem no mundo 80 milhões de pessoas que se entendem diretamente como Luteranos. “Parte delas estão hoje em países que são referencia mundial”, destaca Rieth. Ricardo ainda citou outras vertentes protestantes, que também fazem parte do movimento: “A reforma protestante não se resume aos Luteranos. Outras vertentes, ainda mais numerosas que a nossa, foram nesses últimos anos marcando cada vez mais sua posição.” A característica do movimento da reforma, de forte questionamento e renovação, também é um dos aspectos sinalizados por Rieth. Para ele, essa é uma tarefa permanente e que se aplica aos dias atuais: “Hoje o Brasil vive uma crise institucional. O Rio Grande do Sul vive um momento péssimo na Educação Pública. É necessário questionamento e mudança para melhorar isso”. O vice-reitor destaca que Lutero teve uma dimensão profética no sentido da denúncia, de dizer as coisas que devem ser ditas e assumir as consequências disso. “Conheço muitas pessoas que não tem vinculação religiosa e que tem Lutero como uma referencia. É um dos nomes que surgem em determinadas épocas e que tem a capacidade de representar determinados anseios da sociedade. Lutero enfrentou a instituição mais poderosa da época e chamou muita atenção por isso”, conclui Ricardo.
Instituição
“Nós, há mais de dois anos atrás, iniciamos um processo de completa reestruturação pedagógica na universidade. Esse processo procurou envolver toda a nossa comunidade acadêmica, que hoje tem mais de 30 mil pessoas”. De acordo com Rieth, foi elaborado um plano de desenvolvimento institucional que tem como um dos pilares básicos a identidade confessional da Universidade, vinculada à Reforma. “Esse movimento surgiu em uma universidade 500 anos atrás. Então esse compromisso deve ser agora o mesmo, de transformar a vida das pessoas, da sociedade”, afirma o vice-reitor.
Homenagem
A data foi lembrada durante Grande Expediente realizado pela Câmara de Vereadores de Canoas, na quinta-feira, 26. Homenagem proposta pelo vereador Marcus Vinícius Machado – Quinho (PDT), lembrou os 500 anos da Reforma Luterana, comemorados em 31 de outubro. O evento contou com a presença do presidente da Igreja Evangélica Luterana no Brasil (Ielb), pastor Egon Kopereck, do reitor da Ulbra, Marcos Ziemer, e do representante da Congregação Comunidade Evangélica Luterana Cristo (CELC), pastor Olavo Güths.
Destaques
Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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