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21/11/2024
 

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HISTÓRIAS CRUZADAS: Arte

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FOLHETIM
Capítulo 4:
por Marcelo Grisa

Passaram-se quinze dias. Na casa de Aquiles, suas lembranças ainda pouco empolgavam. Apenas Susaninha, a neta mais nova, continuava com a certeza de que o crítico Pierre Farias voltaria, trazendo pessoas que estavam na TV e o tiozinho que fez aquele cavalo exposto em Porto Alegre.
Enquanto isso, naquela manhã, sua viúva pouco se movia. Já tinha chorado tudo que conseguia. Lembrava de todas as vezes em que disse as palavras “latão retorcido” para o homem de sua vida. Pensava em como isso pode tê-lo machucado. Ele nunca reclamou, nem por um minuto.
À frente de sua poltrona, o telefone toca. Andreia levanta-se rapidamente. No fundo, ela sabia que ele viria, mas a dor era demais… Desligou, e foi avisar a todos para ajudarem a arrumar a casa.
Três horas depois, eles chegavam em três carros. Dois repórteres, um cameraman de um telejornal, um fotógrafo do jornal impresso, Pierre Farias e um senhor bem calvo, de olhar sereno e barba totalmente branca.
– Este é o escultor Carlos Gustavo Tenius. Desculpem a demora – Pierre parecia ligeiramente cansado, mas feliz.
Tenius pigarreou e cumprimentou-os, um a um.
– Boa tarde. Meus pêsames a todos vocês. Imagino que não tem sido fácil.
Depois de um café com a família enquanto Pierre e os repórteres organizavam as peças, todos voltaram à garagem aberta para inspecionar parte da obra de Aquiles. Carlos Tenius observou as peças em meio aos flashes e à luz artificial dos rebatedores. O espaço lúgubre tinha uma grande luz para a produção. A pequena Susana tinha um sorriso franco, enquanto o resto da família fluía entre a tristeza, a frustração e alguma remorso.
– Sim, isto é ótimo – Tenius disse, após cerca de meia hora observando, levantando e apalpando dezenas de peças. – Há grande valor não apenas artístico, mas comercial nisto. Eu mesmo entrarei em contato com os museus da Capital.
Susana comemorava, mas as expressões dos outros familiares não ressoavam.
– Eu… Acho que entendo vocês. Queriam ter olhado de outra forma. Acontece. Artistas nem sempre são compreendidos. Arte não é somente o belo.
– M-muito obrigado, seu Tenius – admitiu Ulisses, fazendo reverência. – Eu não tenho palavras. A gente foi ignorando esse tempo todo.
– Não agradeçam a mim. Agradeçam ao seu pai. Graças à persistência dele, vocês poderão ter uma vida muito melhor do que a que levam hoje. Por baixo, consigo chutar que esta colação pode valer uns dez milhões de reais.
A surpresa nos rostos de todos seguiu a declaração. Os repórteres já tinham seus microfones apontados para Tenius, ansiosos.
– Apesar do que falam hoje em dia, a arte tem seu valor, afinal.

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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro

Redação

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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro - Enchente 67
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com

A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.

As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.

O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.

Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.

Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.

Primeiras memórias

Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.

Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.

Na época, Zenoma Muzykant estava em Canoas a apenas dois anos

Na época, Zenoma Muzykant estava em Canoas a apenas dois anos

A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.

A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.

Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”

Socorrista e resgatado

Samuel Eilert resgatava pessoas de barco na enchente de 1967

Samuel Eilert resgatava pessoas de barco na enchente de 1967

Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.

Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.

“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.

Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.

Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.

“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.

Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.

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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal

Redação

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Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Canoas alerta sobre tentativa de golpe contra empreendedores

Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.

A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.

Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.

Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.

No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:

– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato

*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.

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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos

Redação

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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos

Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.

De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850  mil pessoas.

Risco de inundação extrema

O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.

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