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18/10/2024
 

Comunidade

Compartilhando Amor, Reciclando Vidas!

Projeto leva o mundo das artes a crianças em situação de vulnerabilidade social

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Cooarlas Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT

Cooarlas Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT

 

Por Vanderlei Dutra
@vanderleidutra

 

Há 12 anos, Francisco Enir Lopes iniciou um projeto que mudaria a sua vida e a de centenas de famílias. No Guajuviras, na cooperativa de resíduos COOARLAS, ele dedicava parte do seu tempo para dar aulas de música às crianças da comunidade. Momentos de estudo, disciplina, atenção e um contato com um mundo que, antes, era visto pela TV por estas crianças: o da arte.

De lá para cá, Francisco recebeu reforços importantes e ampliou o trabalho: hoje o Projeto Compartilhar recebe a chancela e o apoio, com seminaristas voluntários, da IELB (Igreja Evangélica Luterana do Brasil), CEL Paz de Canoas, Capelania da ULBRA, colégio Cristo Redentor e Seminário Concórdia, e atende quatro cooperativas de resíduos (COPCAMAT, COPERMAG, COOARLAS e Renascer) e três escolas de Ensino Fundamental municipais (Guajuviras, Paulo Freire e Nancy Pansera).
Nossa reportagem acompanhou, convidada pela diretora do Sindicato dos Profissionais em Educação Municipal de Canoas (Sinprocan) Cristine Strobelt, as aulas em três destes locais, e conta um pouco, a seguir, do que encontrou e a opinião de participantes.

Escola Guajuviras

Na tarde nublada, duas salas da EMEF Guajuviras estavam agitadas e iluminadas. Cerca de 40 estudantes, pais e professores estavam atentos às flautas e aos violões. Em rodas, os alunos prestavam atenção nos professores de música André Felipe Silva e Cássio Loose e aos sons dos instrumentos e, nem mesmo a presença de pessoas estranhas com máquinas fotográficas, atrapalhou o desenrolar da aula com cara de ensaio.
Não demorou para que se organizasse uma pequena mostra dos dotes da turma, que com facilidade tocou clássicos da música brasileira. A atenção aos detalhes e a cobrança que cada um se faz é de gente grande, contrastando com a pouca idade dos pequenos artistas.

É o terceiro ano do projeto na escola, que conta hoje com a ajuda de alunos do Seminário Concórdia e estagiários do curso de Teologia da Ulbra. Segundo a diretora Inara Maria Soares Raupp, o projeto auxilia principalmente no trabalho com crianças em situações de vulnerabilidade. “Normalmente, os participantes são crianças cujos pais trabalham o dia inteiro. É gritante a modificação no comportamento e na sociabilidade entre os alunos. Esse apoio (do projeto) foi muito importante. Alunos que preocupavam em sala de aula hoje não dão mais problemas. O projeto cresce, sinal que os alunos estão gostando”, disse.

“O CPM da escola é parceiro e atuante junto ao projeto. As mães colaboram, cerca de 10 pela manhã e cinco à tarde, além do Grêmio Estudantil e o Conselho Escolar”, relata Inara.

Segundo Fabiene Moreira, mãe de Maria (11) e Camiele (7), o projeto é um sucesso. “Estou adorando. Elas mudaram o comportamento. Uma é mais rebelde na escola e está bem melhor. Elas adoram. Por elas, teria todo dia”, diz. Maria, sua filha, conta o que mais gosta: “É legal. Gosto de tocar violão e a música que mais gosto é ‘O Senhor é meu Pastor’”, fala.

EMEF Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

EMEF Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

Paulo Freire

Uma escola com cerca de um ano e meio de funcionamento, que atende uma comunidade em situação de extrema vulnerabilidade social, com muitos casos de indisciplina. Este foi o quadro que Francisco encontrou quando começou o trabalho na EMEF Paulo Freire. Lembra que, em uma das primeiras vezes que foi com seminaristas ao local, saíram assustados, mas lembraram do objetivo do projeto e de suas vidas. “Falamos entre nós: se é aqui que precisam de nós, é aqui que precisamos estar”, relembra.

E assim foi. Com o início do projeto e a chegada da nova diretora Elizabete Fettuccia, as coisas foram melhorando. “Com esse jeito durão e, ao mesmo tempo, maternal, ela foi colocando ordem na criançada”, conta, entre risos, Francisco.
A diretora não esconde este seu jeito durão e interrompe algumas vezes a entrevista com algumas frases mais enérgicas para interromper uma brincadeira mais forte ou até mesmo um princípio de briga. “Já pra sala”, brada ela.

Ela também elogia o projeto: “Esse projeto é maravilhoso. A música ajuda muito na alfabetização. Temos muitos casos com desvio de idade-série, evasão e outras coisas, e a música tem ajudado muito até na postura da turma”, diz.

É o que relata também a professora da turma, Fernanda Spindler. “A minha turma não tinha disciplina, tinha dificuldade de aprendizagem, não sabiam ler, sentar, às vezes nem comer com talheres. Hoje, 80% são alfabetizadas”, conta orgulhosa. Ela ressalta ainda a importância dos alunos terem o contato com outras figuras masculinas para que possam ter outras referências a seguir. “É bom que sejam homens os professores, pois têm as mesmas linguagens dos alunos e, muitas vezes, eles os têm como ídolos. Aprendem que não precisam brigar para se destacar ou chamar a atenção”, salienta.
O sucesso do projeto na escola se resume na fala final da diretora: “Pena que não podemos ter mais turmas com o projeto, pois o nosso espaço não comporta”.

EMEF Paulo Freire. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

EMEF Paulo Freire. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

COOARLAS

Saindo da escola Paulo Freire, Francisco nos guia até a Cooperativa de Reciclagem de Lixo Amigas Solidárias (Cooarlas). Ainda do lado de fora, escutamos o som das flautas que colore a tranquilidade daquela zona simples, em uma tarde agradável. Ao entrar no galpão, uma cena impactante e bonita: dois jovens recebem aula de violão sentados junto ao lixo compactado e embalado para seguir o destino do reaproveitamento.

Ali, em meio ao lixo que vira sustento para dezenas de famílias, alunos e professor dedicam parte de seu tempo na troca de ensinamentos e experiências a partir da arte. Quem estaria aprendendo mais, os alunos ou o seminarista? Deixamos a aula seguir seu ritmo bonito, caminhamos pelo galpão que tem dezenas de mulheres e apenas um homem trabalhando na triagem dos resíduos que passam em uma grande esteira. Após, entramos em uma casinha, com sala e cozinha conjugadas.

O ambiente simples estava repleto de vida. Cerca de 15 crianças com suas flautas em volta de uma mesa estavam atentas ao professor Mateus, que ensinava leitura de partituras. Ponto importante do projeto. Em todas as aulas que acompanhamos, os alunos estavam seguindo partituras, lendo e interpretando as músicas. “Sempre trabalhamos a leitura de partitura, para poderem depois participar de orquestras”, relata o professor, lembrando casos de alunos que seguiram o caminho musical.

Francisco chama as crianças pelos nomes, pergunta se suas mães e pais estão bem. Ele nos aponta uma menina e conta que a mãe dela foi sua aluna, lá no início do projeto, ali mesmo naquela cooperativa, no início dos anos 2000. “A mãe dela participou do projeto, agora a filha mais velha que já está trazendo a irmã mais nova”, conta.

Cooarlas Guajuviras.  Foto: Vanderlei Dutra/OT.

Cooarlas Guajuviras. Foto: Vanderlei Dutra/OT.

Tio Francisco

De gestos mais contidos, quase tímido, Francisco Enir Lopes, responsável pelo projeto, acompanhou as visitas e nunca falou dele, sempre fez questão de valorizar o trabalho das diretoras, dos professores e dos seminaristas, buscou dar voz aos pais e os alunos. Os adultos o respeitam, os pequenos olham com admiração. Por vezes correm e abraçam suas pernas e deixam escapar um carinhoso “oi, tio!”.

Caminha pelas escolas e pelo galpão de reciclagem como se estivesse em casa. Fala com todos, conhece tudo, lembra histórias destes muitos anos de trabalho pelo próximo.
Nota-se, nas feições do rosto, a satisfação pessoal de ver mudada para melhor a vida de centenas de crianças. E quando não está nos apresentando alguém, nos ensina também: “Precisamos aprender a caminhar juntos, sem ficar questionando (a vida dos outros). Isto procuro passar para os alunos para que eles passem adiante”. Obrigado, Francisco! Aprendemos muito, também.

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Mais de 4 mil pessoas celebram o Dia das Crianças em Canoas em ação solidária do Instituto Combustível da Vida e Lance de Craque

Redação

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Mais de 4 mil pessoas celebram o Dia das Crianças em Canoas em ação solidária do Instituto Combustível da Vida e Lance de Craque

No sábado, 12, mais de 4 mil pessoas participaram de uma grande celebração do Dia das Crianças na Escola Estadual de Ensino Médio São Francisco de Assis, no bairro Mathias Velho, em Canoas.

O evento foi organizado pelo Instituto Combustível da Vida, entidade sem fins lucrativos da RodOil, em parceria com o projeto Lance de Craque, idealizado pelo ex-jogador de futebol Andrés D’Alessandro.

Mais de 4 mil pessoas celebram o Dia das Crianças em Canoas em ação solidária do Instituto Combustível da Vida e Lance de Craque

Ex-jogador de futebol D’Alessandro

Participação de 2 mil crianças

Cerca de 2 mil crianças participaram das atividades e tiveram a oportunidade de se divertir enquanto recebiam vales para doces, refrigerantes, água e picolés.

O evento foi possível graças ao apoio de 60 voluntários que se mobilizaram para atender às famílias presentes. A ação contou com uma série de atividades recreativas, incluindo brinquedos infláveis e jogos esportivos.

Além das atividades lúdicas, a solidariedade foi um dos destaques da ação. Foram distribuídos 2 mil kits de materiais escolares da Faber Castell, 2 mil kits de lanche e 120 conjuntos de móveis para famílias afetadas pelas recentes enchentes, as famílias agraciadas com os móveis serão divulgadas na próxima sexta-feira.

Ao todo, aproximadamente R$ 500 mil em produtos foram doados, impactando diretamente a comunidade local.

Roberto Tonietto, presidente da RodOil, reforçou que toda empresa deve ter um olhar atento para a parte social.

“É gratificante ver o impacto positivo que o Instituto Combustível da Vida tem alcançado. Essa ação no Dia das Crianças é um exemplo claro de como podemos unir forças com iniciativas como o Lance de Craque para fazer a diferença na vida de tantas famílias, especialmente em momentos de necessidade como o que Canoas enfrenta após as enchentes”, declarou.

O presidente também revelou que foram doados dois equipamentos de lava jato, um para a Escola São Francisco de Assis e outro para a Escola Tereza Francescutti.

O ídolo colorado D’Alessandro esteve presente e atendeu com fotos e autógrafos as crianças no evento.

Eu estou muito orgulhoso das pessoas de Canoas, a gente sabe que a Mathias Velho foi muito atingida, tem pessoas que ainda não conseguiram se reerguer, voltar para suas casas, pessoas que perderam coisas.Então eu queria parabenizar as pessoas de Canoas pela sua força de vontade. Vocês são um exemplo para nós”, finalizou o atual diretor colorado.

A ação é uma realização do Instituto Combustível da Vida, Lance de Craque e RodOil e contou com a parceria da Faber-Castell, Soprano, Grupo Zaffari, Brinox, OTC.doc, Sorvelândia, P&P Móveis em Madeira, San Rafael, Sesi-Senai, Jolimont, Transul, Docile, Anjo Tintas e Swan.

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Último dia para aposentados, pensionistas e pessoas com renda de até um salário mínimo solicitarem isenção de IPTU 

Redação

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Último dia para aposentados, pensionistas e pessoas com renda de até um salário mínimo solicitarem isenção de IPTU 

Aposentados, pensionistas e com renda até um salário mínimo podem solicitar a isenção do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e da Taxa de Coleta de Lixo (TCL). A medida é prevista no Artigo 86 da Lei Municipal 1.943/1979.

O prazo para protocolar o pedido de isenção é até 30 de setembro. Caso aprovado, o benefício abrangerá o IPTU e a TCL para os cinco anos subsequentes, iniciando-se no ano seguinte à solicitação.

Os interessados em obter essa isenção devem iniciar um processo administrativo denominado “Isenção de IPTU”.

Esse processo pode ser feito de forma digital, com o envio da documentação necessária por e-mail (atendimento.cidadao@canoas.rs.gov.br) ou pelo Portal da Fazenda, na opção “Isenção de IPTU ‘ Aposentado / Pensionista”.

Quem tem direito à isenção:

– Aposentados ou pensionistas com renda total de até três salários mínimos
– Aposentados por invalidez permanente, independentemente da renda
– Idosos ou beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC)
– Trabalhadores com renda de até um salário mínimo

Requisitos do imóvel:
– Ser o único imóvel do proprietário ou do cônjuge falecido
– O imóvel deve servir apenas como moradia, sem cadastro econômico no endereço (comércio, indústria, serviço)
– Valor venal do imóvel deve ser de no máximo 67.162 URMs (Unidade de Referência Municipal)
– Imóvel cadastrado como tipo predial (com construções)

Documentação obrigatória:
– Requerimento de Isenção assinado
– Documento de Identificação (RG ou CNH)
– Capa do carnê do IPTU ou Boletim de Cadastro Imobiliário (BCI)
– Comprovante de moradia (conta de água ou luz emitida nos últimos 3 meses)
– Certidão de único bem no município, emitida pelo Registro de Imóveis
– Certidão de casamento e atestado de óbito do cônjuge (se aplicável)
– Comprovante de renda (CNIS para rendas recebidas pelo INSS)

Documentação adicional para rendimentos de até um salário mínimo:
– Cópia dos três últimos comprovantes de renda do requerente e do cônjuge
– Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS)
– Carteira de Trabalho (identificação do trabalhador e último vínculo)

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Mutirão de Documentação para imigrantes em Canoas na próxima semana

Redação

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Mutirão de Documentação para imigrantes em Canoas na próxima semana

 

A Prefeitura de Canoas, por meio da Coordenadoria de Igualdade Racial, Povos Originários e Imigrantes, realiza, na próxima segunda, 29, e na terça-feira, 30, o Mutirão de Documentação para Imigrantes Atingidos pela Enchente.

A atividade ocorrerá no prédio anexo da Prefeitura (Rua 15 de Janeiro, 15 – térreo), das 8h às 17h.

O que precisa levar

Para entrar com o pedido dos documentos é necessário fazer o boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia e levar o comprovante de residência atualizado.

Se a pessoa tiver o Registro Nacional Migratório (RNM) ou cédula do país, também pode apresentá-los. Além disso, imigrantes que estão há pouco tempo no Brasil, sem documentação ou com documento vencido também serão atendidos.

 

 

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