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Fundação ameaça punir trabalhadores por paralisação definida em assembleia
Por Émerson Vasconcelos
Cerca de 50 funcionários da Fundação Municipal de Saúde participaram de um protesto em frente à sede da entidade e ao Hospital Nossa Senhora das Graças nesta terça-feira, 28. Organizado pelo Sindisaúde-RS, o protesto tem como objetivo tanto um aumento de salarial de 15% quanto melhorias nas condições de trabalho nos postos de saúde.
Segundo informações dos organizadores do ato, a paralisação dos funcionários foi decidida em assembleia no dia 24, mas a baixa adesão teria sido decorrente de pressões sofridas pelos trabalhadores em seus postos de trabalho na última segunda-feira, 27. Além disso, um e-mail foi enviado aos profissionais, ameaçando-os em caso de paralisarem suas atividades.
Assembleia
Os funcionários da Fundação Municipal de Saúde decidiram, em assembleia organizada pelo Sindisaúde-RS, que paralisariam suas atividades na terça-feira, 28, em adesão à campanha salarial unificada do Sindicato, que busca uma reposição de 15%.
O presidente do Sindisaúde-RS, Arlindo Ritter, explicou, durante a Assembleia, que recebeu duas propostas da Fundação naquele mesmo dia, mas que ambas ainda não eram o que a categoria buscava, com valores bastante abaixo dos pedidos. Embora a proposta tenha sido aceita, pois os trabalhadores entenderam que era o melhor que se podia conseguir no momento, a maioria dos presentes optou por não desmarcar a paralisação do dia 28. Além do aumento de 15%, o ato pedia também melhores condições de trabalho. No entanto, um dia antes da manifestação, uma representante da Fundação afirmou por e-mail aos funcionários que faltas injustificadas seriam passíveis de advertência.
Ameaça
O e-mail enviado aos funcionários, e repassado à equipe de reportagem de O Timoneiro diz:
“Segue em anexo Circular realizada pela Diretoria Executiva da Fundação Municipal de Saúde de Canoas, reconhecendo a recomposição salarial para todas as categorias dos empregados públicos vinculados a esta Instituição. Desde já, informo que todas as Chefias imediatas devem informar seus colaboradores e dar ciência da presente Circular na data de hoje, com extrema urgência. Por fim, alerto que qualquer paralisação ou falta injustificada ao trabalho será passível de advertência em virtude da aceitação pelas categorias da proposta feita por esta Fundação Municipal de Saúde de Canoas”.
Criação polêmica
A Fundação Municipal de Saúde é envolta em polêmica desde quando foi criada em 2010. Na época, a Prefeitura afirmou que ela era a única solução para a administração do Hospital de Pronto-Socorro de Canoas (HPSC), que na época operava com trabalhadores ligados a cooperativas. O discurso oficial era de que um grupo privado assumiria o hospital durante um período de transição, no qual a Fundação se prepararia para gerir o hospital. No entanto, se passaram mais de cinco anos e o HPSC continua nas mãos de uma entidade privada. A Fundação, por outro lado, tem mais de 600 profissionais em seu quadro e cuida apenas das Unidades Básicas de Saúde.
Nas últimas semanas, o Grupo Mãe de Deus anunciou sua saída da administração e a Prefeitura abriu licitação para um novo contrato, ignorando a Fundação e contradizendo o que o próprio prefeito Jairo Jorge propagandeava na época da criação da autarquia. O discurso oficial dava conta de que a Fundação iria cuidar de todo o SUS em Canoas, mas o principal motivo apontado era o HPSC. Os sindicatos representativos dos profissionais da saúde e dos municipários protestaram contra a decisão da Prefeitura de criar uma fundação pública de direito privado para cuidar do SUS na cidade, pois entendiam que isso prejudicava os funcionários e que a responsabilidade da administração municipal é gerir diretamente a saúde pública.
Posição se mantém
Agora, mais de cinco anos depois, Arlindo Ritter explica que a posição do Sindicato sobre o tema continua a mesma. Ou seja, o SUS deveria ser administrado pela própria Prefeitura e não repassada à Fundação ou a um grupo privado. “Nosso grande ponto é esse. Esses trabalhadores deveriam ser integrados ao quadro da Prefeitura e o SUS deveria ser administrado pela Secretaria Municipal de Saúde. Somos contrários à existência destas fundações”, afirmou.
O que diz a Prefeitura
Por meio da Secretaria de Comunicação da Prefeitura, “a Fundação Municipal de Saúde de Canoas (FMSC) tem mantido, nos últimos 60 dias, uma série de negociações com todas as categorias profissionais, com auxílio de sua entidade patronal FEHOSUL, visando estabelecer o diálogo e as devidas negociações com os representantes dos colaboradores”.
Afirmou também que a “informação de que haveria consequência quanto à paralisação não procede, pois no dia 24/6/2016, a FMSC já havia recebido retorno positivo das propostas de campanhas salariais dos sindicatos profissionais SINDISAUDE/RS, SERGS, SINDACS/RS e SIPERGS, os quais orientaram as respectivas categorias para que não realizassem uma paralisação”.
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“Nunca trabalhei na vida, eu faço o que me dá prazer”; morre Jesus Pfeil aos 85 anos
Morreu no domingo, 24, o cineasta, historiador e escritor, e figura ilustre de Canoas, Antonio Jesus Pfeil. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, decretou três dias de luto oficial. O velório acontece nesta segunda-feira, até 17 horas, no Crematório de Cemitério São Vicente, em Canoas.
Antonio Jesus Pfeil nasceu em 7 de outubro de 1939, na área de Canoas que posteriormente foi emancipada e se tornou Nova Santa Rita. Cineasta, historiador e pesquisador do cinema gaúcho, estudou no Colégio La Salle e passou pelo serviço militar. Em 1960, atuou como ator no Teatro Brasileiro de Comédias, que estava com uma peça em cartaz no Theatro São Pedro. Na ocasião, subiu ao palco ao lado de Nathália Timberg e Leonardo Villar.
Seu primeiro curta-metragem, Cinema Gaúcho dos Anos 20, participou da mostra do Festival de Cinema Brasileiro de Gramado e, em 1974, recebeu um prêmio especial no mesmo festival. Além da carreira como cineasta, Jesus também conquistou espaço como pesquisador, autor de artigos e, paralelamente, atua como participante de conferências e de comissões julgadoras em festivais e outros eventos ligados à História do Cinema Gaúcho e Brasileiro.
Resgate
Como escritor e historiador, Jesus tem profunda contribuição para o resgate histórico da cidade. Ele é autor da coleção Canoas: Anatomia de Uma Cidade, e organizador do livro Origens de Canoas, que conta com artigos de Edgar Braga da Fontoura, primeiro prefeito do município. Estas são apenas algumas dentre muitas obras de Jesus no cinema e na literatura.
No ano 2000, Jesus recebeu uma justa homenagem pela sua contribuição para a cultura na cidade. A biblioteca da Escola Municipal Ícaro foi inaugurada e, desde então, se chama Biblioteca Antonio Jesus Pfeil.
Prazeres
Ao ser indagado pelo O Timoneiro, em 2018, sobre como enxerga a importância de seu trabalho para o meio cultural e para Canoas, Jesus, sempre bem-humorado, brinca: “Trabalho? Que trabalho? Eu nunca trabalhei na vida, eu só tenho prazeres, só faço o que me dá prazer”.
“As pessoas me perguntam ‘Jesus, qual é a novidade hoje?’, e eu respondo: ‘Olha, de manhã eu abri os olhos e estava vivo, não morri dormindo. Vamos ver o que acontece hoje’. Eu sempre digo, e disse no filme Jesus – O Verdadeiro, é que meu futuro foi ontem e não tem como saber o que vai acontecer hoje. Sobre o que eu já vivi, eu posso falar. Meu primeiro Kikito em gramado eu ganhei em 1974 e foi o primeiro Kikito gaúcho do festival. Eu gosto de trabalhar com História porque filme de ficção todo mundo faz e faz igual hoje em dia, só muda o nome dos personagens e o título, é sempre o mesmo roteiro. Um filme que eu fiz e gosto de destacar é o Porto Alegre, Adeus…! É uma carta que eu escrevi ao Glauber Rocha. E o Glauber Rocha tinha aquela frase que dizia que tinha que ter uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Pensando bem, hoje em dia as pessoas, muitas vezes, têm a câmera na mão, mas não têm a ideia na cabeça, por isso fazem tanta coisa igual”.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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