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Ocupação termina em conflito e diferentes posições no Rio Branco
Além da acusação dos alunos de truculência da direção da escola Visconde do Rio Branco, professor se diz vítima de retaliação.
Por Bruno Lara e Émerson Vasconcelos
reportagem especial
Por uma semana, a Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Visconde do Rio Branco ficou ocupada por alunos que se manifestavam pedindo por melhorias na estrutura da escola e em apoio à greve dos professores. Na noite da segunda-feira, 30, porém, a escola foi desocupada, inclusive com o auxílio da Brigada Militar.
Uma página na rede social Facebook (Ocupa Visconde) foi a responsável por informar aos demais matriculados na instituição e interessados no assunto as atividades dos ocupantes durante a semana. Ocupada na segunda-feira, 23, a página informou que se tratava de uma luta em prol de um “futuro melhor para nós, nossos filhos e para os nossos netos”. Ela foi a responsável por mostrar as intervenções na rua Pistóia, onde a instituição está localizada, as assembleias, os mutirões de limpeza, as aulas ministradas por professores e alunos, os dormitórios e as refeições preparadas por eles.
Saída
Isso acabou na segunda-feira, 30, no que um estudante de 17 anos, aluno do terceiro ano no turno da manhã, que terá a identidade preservada por ser menor de idade, acredita ter se tratado de um ato truculento da direção da escola. “De manhã a situação foi tranquila, mas a tarde foi mais truculenta, em função dos professores e não dos alunos. Os professores discutiram. Foi horrível”, relatou.
Segundo ele, a guarnição da Brigada Militar foi acionada pelos alunos ocupantes, pois alegam que três alunos do turno da noite estariam armados dentro da escola. “Eles disseram que ou a gente desocupava numa boa, ou deixariam os alunos da noite entrar, ou eles iriam chamar a patrulha de choque e nos tirariam lá de dentro a força”, disse.
A versão foi confirmada por outro aluno do terceiro ano, também menor. “A própria direção riu, debochou da gente quando a Brigada entrou. Os professores nos ofendendo. Faltaram totalmente com o respeito com a gente”, afirmou. Eles disseram, inclusive, que a diretora da escola fechou os bebedores. “Nos deixaram sem água potável”, declarou.
Retaliação
Em manifestação na sede da 27ª CRE, o professor Pedro Moiano (foto abaixo), que ministra aulas de sociologia, filosofia e história há 13 anos, se disse vítima de retaliação da direção da escola por apoiar a manifestação dos alunos. “Ontem (quarta-feira, 1º), me chamaram aqui na Coordenadoria e me comunicaram informalmente que a escola me colocou à disposição. Só que eu não quero sair de lá. Quero exercer o meu direito de trabalhar lá e acho que é um direito meu e vou lutar até o final”, afirmou.
Ele sustentou a tese dos alunos de que “a desocupação foi conflituosa”. Conforme informou, isso se deu “porque a direção da escola apostou no conflito entre os alunos, tanto que ela (a diretora) convocou os alunos da noite para irem ajudar ela a desocupar a escola”, disse. “Uma parte deles começou a depredar a escola. Começaram a agredir os alunos que estavam na ocupação e então a situação ficou insustentável para a questão da segurança, e aí os alunos que estavam ocupando resolveram desocupar a escola”, declarou.
“O professor é meu amigo mexeu com ele, mexeu comigo”, foi a frase escolhida pelos alunos que saíram em defesa do docente da segunda escola a ser ocupada na cidade, com cerca de 40 alunos.
Outro lado
Para a coordenadora da 27ª CRE, Stela Steyer, que respondeu por e-mail por alegar ter tido problemas com outros jornais do município, limitou-se a dizer que o professor “deverá comparecer a CRE para tomar conhecimento dos fatos. Foi chamado, mas não compareceu”.
Sobre a desocupação na Visconde, respondeu: “Entrei em contato com o Procurador do Estado e, juntos, faremos uma reunião, primeiramente com os professores aqui na CRE e na próxima semana com os alunos, na própria Escola”. E no que se refere à greve, disse que “os direito são os mesmos para todos, ou seja, os professores e alunos que optaram pela greve e manifestações estão no seu direito, mas também devem respeitar o direito dos professores que querem trabalhar e dos alunos que querem ter aulas, isto é democracia!!”, concluiu.
O tenente coronel do 15º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Oto Eduardo Amorim, confirmou que a Brigada esteve no local, “mas não foi uma desocupação e sim um principio de tumulto”. Segundo ele, os presentes foram revistados em função da denúncia de uma arma de fogo nas dependência da instituição. “Se alguém ligar e disser que tem alguém armado perto da escola, a gente coloca todo mundo na parede”, afirmou. Segundo ele, nenhuma arma foi encontrada na segunda-feira, 30.
Escola
Uma equipe de O Timoneiro esteve na escola na terça-feira, 31 de maio, buscando contato com a diretora da escola, que se identificou como Neiva. A mesma disse que não responderia a nada a não ser por e-mail. A mesma equipe tentou por duas vezes contato por e-mail, mas a professora não respondeu em nenhuma das tentativas. Em contato telefônico no início da tarde da quinta-feira, 2, uma funcionária da escola informou que a mesma estava doente e não poderia responder até o final desta edição.
#OcupaRondon
Outro Colégio ocupado é o Marechal Rondon, no bairro de mesmo nome. Ainda sem aulas e com atividades propostas e realizadas pelos alunos, o Rondon já promoveu palestras sobre DNA, vacinas, roteiro criativo, com psicólogas, advogados, rodas de debates, oficinas de preparo de refeições, além de um jardim, entre outras atividades diárias.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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