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22/11/2024
 

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Fomos estuprados

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op si

Meus olhos ardem, minhas mãos tremem. Minha cabeça parece que vai explodir. O coração dispara. Para! Tudo. Uma menina foi estuprada por 33 homens. Parem todos! Para tudo, agora!
O que fere mais nem é o fato em si, por mais nauseante que ele seja, por mais absurdo, por mais assustador e revoltante. O que assassina a esperança aos poucos é o fato de isto ser antigo, pauta de luta contrária há décadas. Prova cabal de nossa estagnação na reconstrução do respeito, nos estudos e práticas acerca da honradez humana e sobretudo feminina. Prova de nossa impotência diante do machismo diário. Prova de nossa incapacidade de proteger – como sociedade, irmãos, pais, tios, professores, policiais, amigos, ativistas – uma menina de 16 anos. Quem pode nos proteger quando o inimigo está no poder?
É claro que estes estupros acontecem o tempo todo. Há séculos. Dentro de casa, na casa do amiguinho, na infância, na adolescência, na rua, nas penitenciárias, na vida adulta. Ninguém está surpreso. O que nos tira o fôlego é a tamanha covardia e o pouco avanço pragmático das relações.
Por quê será que tudo está tão silencioso?! O almoço na mesa… Pessoas nas salas de espera de clínicas de cirurgia plástica, lendo revistas de moda… No supermercado… Alienados trocando receitas de bolo, dicas de viagem… Sim, alienado, você! Um amoral. Como você pode ser tão babaca e insensível diante da enxurrada esquizofrênica em nossa fachada moral?! É que você é o boçal que concorda com estas práticas (aliás, é bem comum que caras bem aventurados tenham perdido sua virgindade estuprando animais em fazendas, é tão engraçado!). É por você que acha muito ruim, porém normal, afinal homens são assim. Você que acha horrível, “mas não foi comigo”; “cadê os pais desta menina que deixaram isto acontecer?!” A culpa é sua também, analfabeto político que apoia retrocessos. Sua, ignorante que critica sem conhecimento a causa feminista. Você aí, masturbador cibernético, em busca de diversão na madrugada, tratando tudo à base de comentários raivosos sob o escudo de uma tela de computador; zero na prática, zero em resultado positivo, zero em ajuda ao próximo, zero em empatia, um zero à esquerda. Você que está neste momento lendo isto, achando que não estou falando de você também, se liga! Pare de planejar as férias. Pare de falar de fofoca. Pare com as selfies, chega de trocar tantas vezes a foto de perfil do facebook! Tá feio, tá chato, seu inútil social!
Agora, vamos falar desta menina, não adianta dizer que “nem quero saber, porque me sinto mal”. Isto não resolve, e enquanto não nos convencermos de que todos nós temos que fazer parte das decisões, o mundo vai continuar assim. Um esperando que o outro conserte os erros de toda uma população, que mude conceitos de gerações e gerações, “comigo apenas pensando no meu umbigo e fazendo o jogo do feliz nas redes sociais”. As pessoas não estão educando seus filhos ao abafar esta realidade, fortalecendo, assim, essa cultura retrógrada nos guris e gurias que, um dia, terão seus papéis delineados em situações semelhantes futuras. Ao passo que poucos realmente se arriscam na busca por mudança, sofrendo quase uma ditadura nas escolas e universidades (professores), indo pras ruas, atuando nos coletivos de mulheres, escrevendo artigos, debatendo criminalidade, fazendo seu papel de cidadão, se importando de verdade.
Comportamentos como este não vão mudar facilmente. Infelizmente, será preciso esperar que esta geração de crianças de hoje assuma o poder para que, quem sabe, isso passe a ser visto como algo hediondo que de fato é.
Mas enquanto isso, falemos disso em casa, na padaria, na igreja, na praça, no shopping, na boate. Não calemos diante da barbaridade. O silêncio muda nada. É por causa dele que estamos aqui agora, discutindo o direito da mulher, do adolescente, da integridade física e psíquica do indivíduo em plenos anos 2016.
Estupraram a todos nós e você nem viu. Estupraram a gente na nossa cara. Nos estupram há anos. Estão nos estuprando neste momento. E a culpa é sua. É nossa. Durmamos com este barulho. Ou melhor, que tenhamos insônia.

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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro

Redação

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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro - Enchente 67
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com

A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.

As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.

O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.

Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.

Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.

Primeiras memórias

Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.

Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.

Na época, Zenoma Muzykant estava em Canoas a apenas dois anos

Na época, Zenoma Muzykant estava em Canoas a apenas dois anos

A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.

A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.

Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”

Socorrista e resgatado

Samuel Eilert resgatava pessoas de barco na enchente de 1967

Samuel Eilert resgatava pessoas de barco na enchente de 1967

Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.

Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.

“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.

Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.

Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.

“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.

Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.

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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal

Redação

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Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Canoas alerta sobre tentativa de golpe contra empreendedores

Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.

A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.

Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.

Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.

No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:

– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato

*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.

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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos

Redação

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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos

Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.

De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850  mil pessoas.

Risco de inundação extrema

O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.

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