Opinião
Tito Guarniere: “Leite no armazém de secos e molhados”

Tito Guarniere
LEITE NO ARMAZÉM DE SECOS E MOLHADOS
Se o tom do discurso do governador Eduardo Leite (PSDB-RS) for o que ele está expondo nas entrevistas, a candidatura presidencial não atravessará o Mampituba.
Sim, existe uma parcela expressiva de eleitores que abominam o radicalismo. Estão enfastiados, senão horrorizados com as baixarias, os xingamentos, a gritaria irritante das disputas ideológicas e partidárias. Mas outra fatia do eleitorado quer ver clareza e firmeza de posições.
O governador Leite me parecia mais inteligente. O modelo que ele segue é o mesmo de Geraldo Alckmin na eleição de 2018 – o bom mocismo, a moderação, a sobriedade. Deu no que deu. Com a mais ampla aliança de partidos e o maior tempo de rádio e TV, Alckmin amargou um quarto lugar vexatório naquele pleito.
Ninguém faz oposição a qualquer preço, sistemática. Quando for apreciado o novo auxílio emergencial o PT e o PSOL votarão a favor, mesmo que apresentem emendas de valor maior do que o proposto, mesmo sabendo que não serão aprovadas.
O governador, se quiser se fazer ouvir, sensibilizar e ganhar uma parte expressiva do eleitorado, deve ser enfático: o PSDB será oposição ao governo Bolsonaro, por causa da má condução dos assuntos da pandemia, e por tudo o mais – é um governo ineficiente, sem plano e sem rumo. O único projeto em que Bolsonaro está empenhado é o da reeleição.
O PSDB pode perfeita e resolutamente fazer oposição a Bolsonaro, sem fazer oposição ao país, sem, por exemplo, torpedear projetos de alcance social, que beneficiem os mais pobres e desassistidos. No mais, é oposição. É como disse Millôr Fernandes: jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados. A forma como Eduardo Leite pega leve em relação a Bolsonaro está mais para armazém de secos e molhados.
O governador gaúcho diz que a pauta econômica do governo “se aproxima do que a gente defende”. Pega mal ter alguma coisa que se aproxime de Bolsonaro – a proximidade é tóxica. E em que a agenda econômica é parecida com o “que a gente defende”, se não há agenda econômica, se o governo se conduz aos trancos e não tem a menor ideia do que quer?
Diz Eduardo Leite que não se deve responder radicalismo com radicalismo. E não se deve mesmo. Mas há uma ampla margem de manobra para se opor ao governo Bolsonaro pela palavra, pelo argumento. Esta semana Bolsonaro ampliou por decreto o número máximo de armas de cada cidadão, de quatro para seis. O que há de radical em expressar no twitter ou na imprensa que esse é um ato insano, condenável em qualquer tempo, inoportuno diante da pandemia em que morrem mais de mil brasileiros por dia? É radical condenar um governante que, em meio à pandemia incontrolável, se ocupa de botar mais armas nas mãos dos cidadãos? O que o cidadão vai fazer com seis armas? Precisamos de armas ou de seringas e vacinas?
De forma elevada, sem xingamentos, com firmeza, é obrigação responder a cada palavra, a cada ato que ofenda o bem comum, os bons modos, os valores republicanos – denunciar abusos, desmandos, malfeitos e mentiras, pois é disto que é feito o atual governo.
É preciso oferecer o contraponto e demarcar as diferenças.
Opinião
“Sapatão com orgulho: nossa existência não pede licença” (por: Isabela Luzardo – Miss diversidade de Canoas 2025)

por Isabela Luzardo*
Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.
A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.
Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.
Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.
Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.
Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.
*Miss diversidade de Canoas 2025
Opinião
Artigo: “CORAGEM” (por Carlos Marun – advogado e ex-Ministro de Estado)

CORAGEM
“A maior de todas
as virtudes é a
Coragem, até
porque sem ela
nenhuma das
outras pode ser
praticada”
Maya Angelou
Poetisa
Alexandre de Moraes é uma figura singular. Penso até que errou ao determinar a prisão, mesmo que domiciliar, de Jair Bolsonaro. Não vi descumprimento claro pelo ex-presidente das medidas restritivas determinadas por ele próprio na decisão anterior que impôs ao Capitão o uso de tornozeleira eletrônica. Penso ainda que as penas que estão sendo aplicadas aos vandalos golpistas do 08/01/2023 são demasiadamente elevadas, especialmente quando comparadas àquelas aplicadas aos autores de outras crimes, aparentemente mais graves. Porém, isto não desfaz o imenso trabalho relalizado pelo STF em defesa da nossa Democracia, trabalho este que teve como como líder o próprio Ministro.
Todos na vida erramos e acertamos. Os inimigos querem nos medir por nossos erros. Os amigos por nossos acertos. Eu já prefiro medir as pessoas pelo saldo médio. E sem nenhuma dúvida, o saldo médio da atuação de Alexandre de Moraes é altamente positivo.
Uma das características que mais admiro em um ser humano é a coragem. E isto inegavelmente Alexandre possui de sobra.
Enfrentou internamente um movimento político dos mais raivosos da nossa existência enquanto nação que é o Bolsonarismo Fanático. Esteve, hoje se sabe, na lista de alvos da operação “Punhal verde-amarelo” tramada dentro do Palácio do Planalto por auxiliares próximos do ex-presidente. Esteve até sob a mira dos fuzis dos militantes desta seita política que haviam sido escolhidos para por em prática a operação. E nada disto o fez recuar.
Agora, enfrenta sem vacilações o mais poderoso e nefasto ser que existe sobre a terra que é Trump, que ataca nosso país sob aplausos dos entreguistas, que insistem em manter os dentes arreganhados diante desta ameaça a nossa soberania e deste bombardeio a nossa economia.
Há mais de 200 anos conquistamos, não sem luta, a nossa Independência. Hoje assistimos brasileiros apoiarem e até desejarem o retorno do Brasil à condição de colônia. Não existem outros termos. E nem meio termo. Aplaudir ou desejar que ordens de Trump sejam aceitas pelo nosso Judiciário é desejar que o Brasil volte a ser colônia, agora americana no lugar de portuguesa.
E esta conspiração interna sobre a nossa Soberania é feita às claras, sem pudores ou subterfúgios. Há alguns dias discuti isto em um grupo de zap e ouvi de um empresário que nos transformarmos em um protetorado americano não seria um “mau negocio”. Não é fácil lutar contra adversários externos apoiados por americanófilos internos.
A coragem é a primeira qualidade que deve possuir um Advogado. Escrevi este artigo no “Dia do Advogado” e por isto este 11 de Agosto é dia também de homenagearmos Alexandre de Moraes.
Concluo rogando, como nos ensinou o colega Advogado João de Almeida Neto na bela canção “Vozes Rurais”, Que não falte coragem a estes Homens, contra o tempo e aguentando o repuxo, e que diante de estranhas tendências preservem as nossas Independência e Soberania!
CARLOS MARUN – Advogado e ex-Ministro de Estado
Opinião
‘Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres’ (por Patrícia Alba – deputada estadual)

Patrícia Alba*
Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.
Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.
É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.
Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.
Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.
*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia
- Cultura4 dias atrás
31ª Semana Farroupilha inicia programação no Parque Eduardo Gomes a partir desta sexta; confira programação
- Justiça1 semana atrás
2ª Turma do STF forma maioria a favor de Airton Souza em recurso contra condenação de improbidade administrativa
- Eventos6 dias atrás
Semana Farroupilha terá programação especial no Parque Eduardo Gomes
- Cultura4 dias atrás
Conheça a programação do 3º Festival de Cinema de Canoas
- Habitação4 dias atrás
Caixa divulga lista de cem canoenses contemplados no programa Compra Assistida
- Oportunidade1 semana atrás
Inscrições para concurso do BRDE com salário inicial de R$ 10,1 mil para nível superior terminam quinta-feira, 11
- Eventos4 dias atrás
40ª Feira do Livro de Canoas homenageia Érico Veríssimo e terá presença de Tiago Lacerda
- Geral5 dias atrás
Bazar Amigos da Casa abre vagas de voluntariado intergeracional