Opinião
Olegar Lopes: “Cavalgada Canoas Dom Pedrito (parte VI)”

Olegar Lopes – Agenda Tradicionalista
Cavalgada Canoas Dom Pedrito (parte VI)
No dia 2 de janeiro de 1995, a alvorada foi às 5:00, enquanto uns encilhavam os cavalos outros tomavam chimarrão, pois apesar dos dois dias e meio de folga todos estavam ressacados. A saída foi às 6h45, pois o patrão Anderson, que era Secretário de Transporte do município, programou nossa passagem pelo centro da cidade. A equipe de apoio aguardou os cavaleiros no início da estrada de chão que leva até Dom Pedrito. Ali todos nós tomamos o café da manhã e seguimos para o local do almoço, na Fazenda das Garça, às margens do rio Vacacaí, localidade de Passo do Pedroso. Estava um dia muito quente e o que nos salvou foi a sombra das árvores e o banho no rio. Nesse almoçaram conosco o Marco Antônio e a filha Michele, de Sapucaia do Sul.
Saímos para o local indicado para o pernoite às 16:00, aconteceu que a pessoa que ficou encarregada de fazer o contato com o proprietário da fazenda não fez e o capataz não nos permitiu acampar na fazenda. Como o anoitecer se aproximava e nós na estrada onde não havia lugar acampar, eu e o Carmo saímos a procura de um local para passar a noite. Bem próximo encontramos a Escola Municipal Catão Peres, divisa dos distritos de Vacacaí com Batovi, onde fomos muito bem recebidos – até aí já estava escuro – pela professora Jussara Leila Borba Lopes que mora com o esposo Ernandes e dois filhos no prédio da escola. Estava visitando os donos da casa um rapaz de nome Ilton Rodrigues, capataz duma fazenda próxima. Ele nos contou que era natural de São Gabriel e que já morou em Canoas onde trabalhou na Cibrazem, disse que não se deu bem com a vida da cidade e voltou a trabalhar de capataz na fazenda.
Diante da humildade daquelas pessoas – e até certa carência – tivemos uma acolhida cheia de atenção e carinho, pouco que tinham colocaram tudo a nossa disposição. Preparamos nossa janta – espinhaço de ovelha com batata e arroz – e a família foi nossa convidada para a janta, com certeza foi uma noite de festa na casa daquela gente humilde e hospitaleira. A noite estava muito quente, poucos foram dormir na sala de aula, a maioria preferiu dormir embaixo dos caminhões. A alvorada foi às 5:00, os donos da casa nos o ofereceram café e chimarrão, os cavaleiros saíram às 6:00 e a equipe de apoio às 7:00, após tomar o café com os donos da casa.
Dia 3 de janeiro de 1995
Como já disse no capitulo, após tomarmos café com os donos da casa-escola, por volta das 8:30 encontramos os cavaleiros num local arborizado na beira da estrada, na frente do Haras Ibaró da Fazenda São José. A chegada do café com bolinhos fritos foi registra em foto com o Carmo à frente dos cavaleiros com a bandeira da Região, dali partimos para o local do almoço, Fazenda São Joaquim de Luiz Carlos Petraca.
Não fomos bem recebidos pelo capataz, segundo ele o patrão não permitia acampar próximo da sede. Destinou uma velha casa em local de difícil acesso, sem luz e água, muito distante do local de onde conseguimos nos acomodar precariamente – local cheio de espinheiros e cobras. Almoçamos com a ausência de dois cavaleiros, o Gilnei e o Leandro. Preocupados com os dois saímos logo com destino ao rio Taquarembó, mas antes do rio encontramos os dois deitados na sombra e os cavalos amarrados numa árvore. Servimos almoço para eles e seguimos com destino ao rio onde encontramos local com muita sombra e água cristalina – boa para um banho refrescante para amenizar o calor que era muito forte. Enquanto isso o Carmo e o Canabarro foram em busca de um local para o pernoite, já que íamos pernoitar na Fazenda São Joaquim e desistimos. No rio Taquarembó ficamos de molho aguardando o novo local para o pernoite, o último antes da chegada em Dom Pedrito. Logo veio a boa notícia: o pernoite seria na Fazenda Rodeio Bonito de Luiz Carlos Peres que, além de nos receber, ofereceu a janta: churrasco de cordeiro, carreteiro, feijão com charque e saladas. Nessa janta contamos com a presença de patrões de entidades de Dom Pedrito, o Presidente Feltrin e o vice de eventos Hildebrando Martins.
Quando chegamos na fazenda encontramos os filhos do fazendeiro levando na caminhonete 5 dúzias de latinhas de ceva para a janta. Para nossa surpresa, na hora da janta, a ceva não era para todos, só o João Carlos fez parte do grupo seleto, para nós restou cachaça com guaco. Após a janta saímos de mansinho e fomos para o caminhão cozinha onde estavam no nosso freezer 20 garrafas de 1 litro de cerveja uruguaia Nortenha que ganhamos do companheiro Marco Antônio, em São Gabriel. São fatos inusitados que acontecem quando por muitos dias tivemos que vivenciar momentos particulares com pessoas de hábitos e costumes diferentes. São fatos que não desmerecem as pessoas, mas que servem como pitadas de humor para quem está na estrada há tantos dias.
Antes da janta o Carmo, Leandro e João Carlos iniciaram uma tertúlia, cada um com seus instrumentos musicais, só que o anfitrião, se considerando cantor, entrou com o Canto Alegretense. João Carlos sentiu o perigo e deixou o parceiro cantar sozinho, que seguiu – tropeçando na pedra moura e caindo no rio Imembuí – e , por ser o dono da janta, acabou sendo aplaudido. Tudo terminou quando já era 1 hora da madrugada porque tínhamos que dormir.
Dia 4 de janeiro de 1995
A última alvorada na estrada foi às 5:30 e a saída à 6:30. Eu o Jaime, o Castelo e o Fraga dormimos longe dos cavalos e do restante do grupo, principalmente seu João, que dizem ter levantado às 4:00, dormimos embaixo das árvores, na frente da casa do fazendeiro. Fomos direto para a Fazenda Sanga Preta, propriedade do Dr. Délcio Jardim Lanes que já nos esperava na entrada da fazenda com um piquete de 41 cavaleiros dos CTGs e Piquetes Santa Eudóxia, Os Vaqueanos, Crioulos do Ponche Verde, Rodeio da Fronteira e Herança Fraternal.
Na frente da casa foi montada uma mesa com bolos, pães, frios, café com leite e suco, fincados no chão vários espetos com churrasco de cordeiro e gado. Após mais de uma hora de churrasco e café saímos com destino à sede campeira do CTG Rodeio da Fronteira com o Dr. Délcio e as duas filhas na frente dos piquetes. Chegamos às 12:30 no CTG onde ficamos acampados até às 15 horas do outro dia, o almoço não poderia ser diferente: churrasco de cordeiro. Na janta nos serviram arroz de esquilador (carreteiro com carne de ovelha).
No dia 5 saímos às 15 horas com a Chama, acompanhados por mais de 100 cavaleiros para o local do 40º Congresso Tradicionalista Gaúcho, Parque Rural Juventino Corrêa de Moura, na entrada da cidade, oito Carruagens tracionadas por 4 cavalos, cada levando prendas dos CTGs local. Entregamos a Chama do Congresso para o Presidente do MTG, Benjamin Feltrin Netto, pontualmente às 17 horas, horário previsto. Missão cumprida após a grande jornada de 16 dias e 445 quilometro percorridos.
Assim encerro essa narrativa da grande jornada empreendida por um grupo de 20 tradicionalistas representantes da 12ª Região Tradicionalista, transitando por rodovias, estradas de chão batido, becos rurais, coxilhas e canhadas de cerca de 10 municípios da campanha gaúcha.
Opinião
Artigo: “PRÊMIO NOBEL DO CESSAR-FOGO?” (por Carlos Marun – ex-Ministro de Estado)

*por Carlos Marun
É evidente que Trump mudou muito depois do fiasco de sua conversação com Putin no Alasca. Estendeu tapete vermelho, trocaram abraços e afagos, falaram em paz e o russo assim que chegou em Moscou mandou bombardear Kiev. E com força até então nunca vista. Me parece que ali o Presidente Americano caiu na real: “Posso muito, mas não posso tudo” deve ter pensado. Certamente não foi fácil para ele se olhar no espelho e concluir que não é um Deus, mas é necessário admitir que as mudanças provocadas em seu comportamento foram para “muito menos pior”.
Vejamos: não mais falou em anexar Canadá, a Groenlândia ou o Canal do Panamá; não estendeu as sanções da Lei Magnitsky aos demais membros do nosso Supremo Tribunal Federal que condenaram Bolsonaro e seus liderados a décadas de prisão; tomou a iniciativa de abrir diálogo com o Governo Brasileiro a respeito das Tarifas; e agora obrigou um contrariado Nethaniahu a aceitar assinar um acordo de Cessar-Fogo com o Hamas. Continua aprontando as suas a nível interno, mas é “um outro Trump” visto de fora. E visto de longe pode até ser considerado um presidente normal.
Tem agora o desafio de fazer com que Nethaniahu cumpra um acordo de cessar-fogo que não deseja cumprir. Bibi precisa da guerra para se manter no poder e longe da cadeia. Chegou ao cúmulo de romper unilateralmente um acordo de cessar-fogo anterior ordenando bombardeios em Gaza minutos antes de depor para o Judiciário Israelense em um caso de corrupção. Foi dispensado do interrogatório porque a “guerra” tinha recomeçado. Vai fazer de tudo para que este cessar-fogo também não dê certo.
Ele é um inimigo declarado da Paz. Ao assumir o poder, em função do assassinato de Rabin, sepultou os Acordos de Oslo articulados por Bill Clinton, causando inclusive constrangimento. Não pense Trump que não pode tentar fazer isto também com ele.
Aí um Trump corajoso e decente, que exija o cumprimentos dos compromissos que ele avslisou, será mais do que necessário. É certo que está sendo heróica a resistência do Povo Palestino. É verdade que foram importantes as posições de países como o Brasil e África do Sul que desde o início repudiaram esta resposta genocida. Foi justa a ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional contra o Primeiro-Ministro israelense por crime de genocídio. Foram também importantes os reconhecimentos ao Estado Palestino promovidos por vários países há alguns dias, em especial França, Reino Unido e Austrália. Contribuiu muito o boicote promovido na ONU por dezenas de países que se retiraram do plenário e deixaram Nethaniahu na ridícula posição de falar para as paredes. Foi louvável a coragem dos participantes da “Flotilha Humanitária” que partiu para Gaza e terminou nas prisões de Israel, mas que levou milhões de europeus as ruas em protestos contra o genocídio. É meritória a ação de todos aqueles que no mundo pelas mais diversas formas expuseram a sua indignação frente ao que acontecia.
Porém nada é tão importante quanto este novo posicionamento americano. Por que? Porque os EUA são os garantidores deste acordo e tem verdadeiro poder sobre Israel. Se não o utilizou até agora foi porque não quis. Dou um exemplo: se não fossem os mísseis americanos “Patriots”, operados por militares americanos de dentro de Israel, teríamos assistido imagens de Tel-Aviv que pensaríamos até tratarem-se de fotos de Gaza quando os Alatoiás decidiram reagir com saraivadas de mísseis as provocações israelenses. Tudo é importante, mas no caso, só os EUA e Trump são imprescindíveis.
É sabido que, na sua megalomania, Trump deseja ser agraciado com um Premio Nobel da Paz. Porém, penso que ele só será digno disto se realmente conseguir efetivar a instalação de um Estado Palestino viável ao lado de Israel, e com o reconhecimento mútuo entre ambos. Ele tem poder para isto. Que o faça e receba então este reconhecimento que será justo.
Este é o caminho para a Paz e estaremos torcendo para que ele seja percorrido…
Por enquanto merece um louvável “Prêmio Nobel do Cessar-Fogo”, mas este prêmio não existe…
*Advogado, engenheiro e ex-Ministro de Estado
Opinião
Artigo: “CESSAR FOGO JÁ!!!” (por Carlos Marun – ex-Ministro de Estado)

CESSAR FOGO JÁ!!!
*por Carlos Marun
Desejo a aceitação pela Resistência Palestina do plano de trégua proposto por Trump. É óbvio que existem razões de sobra para a desconfiança em torno das intenções da besta-fera genocida chamada Nethaniahu. E confiar em garantias oferecidas pela metamorfose ambulante chamada Trump é coisa difícil. Mas é o que temos. E é urgente uma trégua que possa avançar para a paz antes que todos os habitantes de Gaza encontrem a morte provocada por bombas, fome, sede ou falta de remédios.
Os habitantes de Gaza já ofereceram ao mundo um inédito exemplo de resiliência, de coragem e de amor a sua terra. Mas agora merecem uma chance de sobreviver. E Nethaniahu já demonstrou que é suficiente mau para levar a efeito uma “Solução Final” para os Palestinos, coisa que Hitler tentou e felizmente foi impedido de concluir em relação aos Judeus.
Além dos Palestinos, os reféns ainda vivos também merecem sobreviver e os jovens soldados israelenses merecem parar de morrer. Já são 913 os militares israelenses mortos em enfrentamentos terrestres, tudo isto para a libertação de somente 7 reféns em combates.
A reação interna em Israel, onde os israelenses de bem que são muitos repudiam este massacre e exigem a volta dos reféns vivos, os últimos reconhecimentos ao Estado Palestino e o vexame imposto a Nethaniahu com a saída de diversas delegações do plenário da ONU no momento da sua fala pelo jeito abriram os olhos de Trump. E os interresses dos EUA na região são muitos e maiores do que simplesmente permanecer sustentando e apoiando o sanguinarismo de Bibi.
Pelo menos a perspectiva de retirada das tropas israelenses de Gaza e da instalação do Estado da Palestina estão presentes no documento proposto e este é o único caminho para a Paz.
Na sequência será hora de os homens e mulheres de bem que vivem na Terra buscarmos a punição de Nethaniahu. Os líderes do bárbaro atentado terrorista de 07/10/2023 já estão mortos. Falta agora a punição daqueles que desde aquele dia praticaram o Terrorismo de Estado matando e esfolando civis em uma Gaza onde não existe sequer uma única arma anti-aérea.
Julgamento e cadeia para Nethaniahu!!!
O Mundo precisa deste exemplo…
*Ex-ministro de Estado
Opinião
“Sapatão com orgulho: nossa existência não pede licença” (por: Isabela Luzardo – Miss diversidade de Canoas 2025)

por Isabela Luzardo*
Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.
A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.
Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.
Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.
Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.
Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.
*Miss diversidade de Canoas 2025
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