Conecte-se conosco

header-top







 

01/07/2025
 

Opinião

Tito Guarniere: “A vaidade em Lula e Moro”

Redação

Publicado

em


Tito Guarniere

A VAIDADE EM LULA E MORO

No final do filme “O Advogado do Diabo”, Al Pacino, impecável no papel de diabo, vislumbra no olhar de Keanu Reeves (o advogado), cercado de repórteres após uma vitória brilhante no tribunal, o brilho da satisfação e orgulho. O diabo está feliz: “Vaidade, o meu pecado predileto”.

Os homens agraciados com a glória, ainda que efêmera, ignoram que, muitas vezes, só estavam na hora certa e no lugar certo, e que os deuses da época conspiraram a seu favor. Passam a acreditar que todo o mérito lhes pertence, e que alcançaram o panteão da fama e do reconhecimento somente por causa de suas inigualáveis qualidades.

Foi assim com Lula. O retirante nordestino, o operário de fábrica viveu o auge do prestígio quando se elegeu presidente da República, em 2002, e quando realizou um governo de indiscutíveis avanços, com a melhoria de vida dos brasileiros mais pobres.

Foi assim com Sérgio Moro. Ele foi o personagem principal de uma revolução na Justiça deste país. Nos cansamos de dizer, antes, que a cadeia era um lugar de pretos e pobres. Moro, mais do que qualquer outro, mudou para sempre a distorção incômoda e vergonhosa. Personalidades da política e da alta economia foram condenadas a dormir atrás das grades, usar tornozeleiras, pagar multas, devolver quantias milionárias.

Porém Lula e Moro, além de divergências e antagonismos, têm algo em comum: se perderam pela vaidade. Ambos, recebidos de braços abertos pelas massas, cada um deles tietado à maneira peculiar dos seus admiradores, em algum momento cederam à tentação de acreditar que eram destinados a uma missão superior. “Você é o cara”, diziam ao redor.

Nem Lula nem Moro cogitaram dos contextos nos quais atuaram; nenhum deles parou para pensar que existiam outros componentes e outras razões – fora deles – para o aplauso e o êxito.

Lula não percebeu que parte essencial da bonança da época era o efeito de uma conjuntura esplendorosa da economia mundial. Ele parecia convencido de que aqueles dias felizes eram devidos apenas aos seus méritos, à sua lendária (depois desmentida) intuição.

Moro, de sua vez, aplaudido nas ruas, reconhecido como herói nacional, remava a favor da corrente da indignação social contra a corrupção. Tinha herdado um formidável aparato institucional e legal, que lhe permitiu a coragem e o rigor com que se houve. O que seria da Lava Jato sem a delação premiada, votada pelo Congresso Nacional e pela execrável espécie dos políticos?

Lula continua pagando pela vaidade que o acometeu, a autoexaltação, a gabolice do “nunca antes na história deste país”.

Moro achou que podia – uma vez que seus objetivos eram nobres e elevados – superar sem susto certos “obstáculos” da lei. Esqueceu, no surto de autoconfiança e vaidade, que um juiz não pode agir em conluio e cumplicidade com o Ministério Público, como não poderia fazer em relação ao réu, ao advogado de defesa, porque tal conduta desnorteia a bússola da Justiça, retira-lhe o equilíbrio. Fez-se parcial, o mais grave erro em que pode incorrer um juiz.

Os vazamentos da The Intercept maculam a trajetória do juiz, lançam sombras e dúvidas mais do que razoáveis sobre os seus atos e decisões.

titoguarniere@terra.com.br

Continuar a ler

Opinião

‘Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres’ (por Patrícia Alba – deputada estadual)

Redação

Publicado

em

'Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres' (por Patrícia Alba - deputada estadual)

Patrícia Alba*

Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.

Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.

É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.

Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.

Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.

*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia

Continuar a ler

Opinião

“Oportunidades perdidas!” (Por Carlos Marun – ex-Ministro)

Redação

Publicado

em

Oportunidades perdidas! (Por Carlos Marun - ex-Ministro)

OPORTUNIDADES PERDIDAS!

Por Carlos Marun – Advogado e ex-Ministro

Não exerço atualmente nenhuma função pública e também não sou aposentado. Sou Advogado e Engenheiro e obtenho a remuneração necessária ao meu sustento e de minha família através da prestação de serviços de advocacia e consultoria a particulares. Niels Bohr, ganhador do prêmio Nobel de Física e um dos pais do modelo atômico, declarou em determinada oportunidade: “A previsão é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro!”. Pois bem, a obrigação do consultor é opinar, e muitas vezes sobre o futuro. Obviamente não utilizando uma bola de cristal ou poderes extra-sensoriais, mas a lógica somada a razoável conhecimento.

Acordo cedo e diariamente envio para clientes, até as 9hs da manhã, um boletim matinal com análises políticas e jurídicas sobre a vida governamental, jurídica e legislativa do país. No de 3a feira(07/01) passada, declarei pensar que o fato de a imensa maioria dos brasileiros continuarem repudiando os atos do 08 de Janeiro somado à onda de “patriotismo fraterno” decorrente da vitória de Fernanda Torres se constituíam em uma excelente oportunidade para Lula buscar atrair o Centro com gestos de pacificação. E daí opinei sobre o futuro, arriscando dizer que o Presidente da República não estava à altura de conseguir se posicionar desta forma.

Infelizmente, acertei. No dia 09/01, Lula, no lugar de agir neste sentido, retomou a verborragia tragicômica, afirmando durante visita à galeria de fotos de ex-presidentes da República que Dilma foi vítima de um golpe comandado por Temer.

Dilma caiu, na forma prevista na Constituição, porque cometeu crime de responsabilidade e porque a isto se somaram condições políticas resultantes do péssimo governo que fazia. Lula não consegue entender que Temer não é mais o Presidente da República pressionado por uma conspiração comandada pelo então Procurador Geral da República que, através de chantagem, obteve o apoio de dois dos maiores grupos econômicos do país, um do ramo das Comunicações e outro do ramo das proteínas animais.

Michel Temer é hoje enormemente reconhecido como o chefe de um exitoso Governo de Centro, que teve coragem de promover reformas fundamentais e positivas. Tão positivas que, não obstante a já citada verborragia, não foram até hoje revogadas pelo atual governo do PT. Até algumas foram levemente alteradas, mas sempre para pior.

Lula não consegue entender também que estas declarações constrangem seus aliados não PTistas ou PSOListas, muitos inclusive ministros(as) que foram na sua grande maioria favoráveis ao impeachment, inclusive votando desta forma. Constrangem de forma especial aqueles MDBistas que participam de seu governo, todos hoje concientes do avanço representado pelo breve Governo Temer.

Lula pensa que pode “comprar” o Centro com cargos. Está errado. Pode no máximo “alugar”. Ele me parece um “caso perdido” que precisa do Centro para a sua reeleição, mas que se afasta dele e dela cada vez que expressa o seu rancor pela deposição constitucional de Dilma, perfeitamente prevista no Estado Democrático de Direito do qual apregoa ser um “amante”.

Porém, como eu afirmei, consultor tem que opinar também sobre o futuro e vou então falar de outra oportunidade que provavelmente será perdida.

O Centro não tem candidato a presidência e segue como uma boiada para o matadouro, “mugindo tonta” e sabendo que ao final terá que optar entre um candidato de direita ou de esquerda. Pois bem, um simples gesto pode hoje fazer surgir este candidato.

Neste caso uma candidata. Falo de Simone Tebet e afirmo que se deixasse o Governo agora em função das palavras de Lula, estaria iniciando uma trajetória que poderia levar o Centro a Presidência em 2026. Não precisaria e nem deveria sair atirando em um governo do qual participa, mas teria que deixar claro que sai porque discorda destas palavras reincidentemente repetidas por Lula.

Conheço Simone. Trata-se de mulher capaz e honrada e que de forma alguma precisa do cargo de Ministra para viver. Mas por dever de ofício devo declarar que penso que ela não aproveitará esta oportunidade.

Continuar a ler

Opinião

“Quando o Jogo Se Torna Armadilha: A importância da Educação Financeira em Tempos de Apostas” (por Cristiane Souza)

Redação

Publicado

em

O crescimento das plataformas de apostas, popularmente conhecidas como “bets“, tem gerado um impacto profundo e preocupante em diferentes segmentos da população brasileira, especialmente entre as famílias em situação de vulnerabilidade econômica.

O fácil acesso a essas plataformas, aliado à promessa de ganhos rápidos, atrai indivíduos que, diante de oportunidades limitadas e dificuldades financeiras, veem no jogo uma esperança de alívio imediato. No entanto, essa promessa frequentemente se transforma em uma armadilha perigosa, levando a perdas financeiras expressivas e aumentando ainda mais a instabilidade das famílias.

Um dos aspectos mais alarmantes desse fenômeno é o uso de recursos provenientes de programas assistenciais, como o Bolsa Família, para financiar apostas. Segundo dados do Banco Central, em agosto deste ano, cerca de 3 bilhões de reais destinados a apoiar famílias em extrema pobreza foram direcionados para plataformas de apostas. Embora o Bolsa Família seja apenas uma das fontes de renda afetadas, o impacto das apostas não se restringe a esses beneficiários, atingindo diversas famílias de baixa renda que, por falta de orientação financeira, acabam comprometendo seu sustento em busca de ganhos ilusórios, oferecidos por jogos online.

Nesse aspecto, a educação financeira surge como uma ferramenta essencial para evitar que famílias sejam atraídas pelas armadilhas do jogo. Porque muitas vezes, a falta de conhecimento sobre os riscos envolvidos nas apostas e a ausência de planejamento financeiro adequado levam as pessoas a decisões impulsivas, agravando sua situação econômica. A falta de controle sobre os gastos, a tentação de compensar perdas com novas apostas e a dificuldade em priorizar necessidades básicas criam um ciclo vicioso que coloca em risco não apenas as finanças, mas também o bem-estar emocional e social dessa população.

É crucial que a educação financeira seja acessível e adaptada às realidades dessas populações, ensinando-as a planejar, poupar e gastar de forma consciente. Mais do que nunca, em um cenário de crescente popularidade das apostas, as famílias, especialmente as em situação de vulnerabilidade precisam ser capacitadas para tomar decisões financeiras responsáveis, evitando que o sonho de um ganho rápido as leve a uma armadilha de dívidas e frustrações.

Além disso, a conscientização sobre os perigos das apostas deve ser acompanhada por políticas públicas que incentivem o uso responsável dos recursos e ofereçam alternativas viáveis para melhorar a qualidade de vida dessas famílias. O jogo, em si, não é a raiz do problema, mas sim a combinação de vulnerabilidade econômica, falta de informação e ausência de planejamento financeiro que expõe famílias aos riscos das apostas.

Em tempos de apostas, é urgente reforçar a importância da educação financeira para proteger as famílias e oferecer-lhes a oportunidade de construir um futuro mais seguro e estável. Somente com conhecimento e conscientização será possível romper com o ciclo de perdas e garantir que os recursos recebidos sejam utilizados para sua verdadeira finalidade: promover dignidade e segurança.

Cristiane Souza – Educadora financeira e estudante de Psicologia

Continuar a ler
publicidade
Graduação Lasalle

Destaques