Pela vigésima vez a escola de samba Estação Primeira de Mangueira saiu vencedora do desfile do Carnaval do Rio de Janeiro. Quem assistiu ao desfile e prestou atenção na letra do samba-enredo, notou o sentimento de protesto da grande parcela da sociedade carioca contra os governos não democráticos, e também a reação contra o desrespeito às mulheres e ao brutal assassinato político da vereadora Marielle Franco.
O momento nacional não é de apoio ao governo, embora os atuais governantes tenham vencido por uma boa margem o processo eleitoral. Mas o excesso de promessas e a falta de ação governamental, aliados ao destempero do linguajar do senhor Presidente fazem diminuir o número de adeptos, aumentar os críticos e estimular a oposição.
O Carnaval foi uma escola para tudo isso.
PPP da Corsan
Canoas tá vivendo um momento atípico, de um lado posições políticas que se radicalizam em função da proximidade da eleição para prefeito, e de outro, a da retomada de recursos pra implantar um sistema de esgoto cloacal numa grande cidade do Rio Grande do Sul, na qual grande parcela da população não tem esgoto cloacal.
A proposta da PPP da Corsan para busca de recursos e investimentos na área, que é do Estado e a Prefeitura não pode oferecer, visa atingir as camadas mais frágeis da sociedade. Vem aí um grande debate: quem vem primeiro, os interesses da comunidade ou das lideranças políticas? Vale mais a melhoria para o povo ou um grupo político criar dificuldades para o outro só para vencer a eleição?
Saúde
Com a demissão da secretária Rosa e a possibilidade de nos próximos dias haver a nomeação do presidente da Fundação de Saúde, Fernando Ritter, para o cargo de secretário, começam os debates e discussões para uma nova proposta de saúde na cidade.
A crise gerada pelo Gamp e pelas deficiências técnicas e financeiras do Gracinha causaram um grande desgaste à população e a falta de atendimento. Agora, este novo projeto, que inclui a intervenção do Gamp no Hospital Universitário e Pronto Socorro, a mudança na Secretaria da Saúde e da contratação de uma nova equipe gestora para o Gracinha começa a estimular alternativas. Volto a insistir que a solução para a gravidade da crise do Gracinha não depende apenas das ações governamentais, mas se não houver um amplo apoio e participação da sociedade o HNSG, fundado pelos canoenses, não terá como vencer. E se não o fizer, o grande prejudicado é a sociedade, especialmente os mais necessitados, eis que o Gracinha nunca fechou suas portas para ninguém, mesmo não tendo dinheiro suficiente para uma boa prestação de serviço.
8 de março
Em minha longa vida pública, de mais de 60 anos, cada vez mais me estimula a interação e a intensidade da sociedade na comemoração do Dia da Mulher. Não apenas com as festividades, mas na participação ativa nos debates, no incremento das propostas e na busca de alternativas revitalizastes e educativas.
Nesta data, relembro minha mãe Daltiva, a mais bela comerciária que a cidade de Rio Grande conheceu, e depois do cuidado na educação de seus seis filhos e no carinho do preparo de uma frase que ela sempre ostentava: – “Só faça hoje aquilo que você poderá orgulhar-se por toda a vida”.
Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.
A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.
Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.
Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.
Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.
Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.
“A maior de todas
as virtudes é a
Coragem, até
porque sem ela
nenhuma das
outras pode ser
praticada”
Maya Angelou
Poetisa
Alexandre de Moraes é uma figura singular. Penso até que errou ao determinar a prisão, mesmo que domiciliar, de Jair Bolsonaro. Não vi descumprimento claro pelo ex-presidente das medidas restritivas determinadas por ele próprio na decisão anterior que impôs ao Capitão o uso de tornozeleira eletrônica. Penso ainda que as penas que estão sendo aplicadas aos vandalos golpistas do 08/01/2023 são demasiadamente elevadas, especialmente quando comparadas àquelas aplicadas aos autores de outras crimes, aparentemente mais graves. Porém, isto não desfaz o imenso trabalho relalizado pelo STF em defesa da nossa Democracia, trabalho este que teve como como líder o próprio Ministro.
Todos na vida erramos e acertamos. Os inimigos querem nos medir por nossos erros. Os amigos por nossos acertos. Eu já prefiro medir as pessoas pelo saldo médio. E sem nenhuma dúvida, o saldo médio da atuação de Alexandre de Moraes é altamente positivo.
Uma das características que mais admiro em um ser humano é a coragem. E isto inegavelmente Alexandre possui de sobra.
Enfrentou internamente um movimento político dos mais raivosos da nossa existência enquanto nação que é o Bolsonarismo Fanático. Esteve, hoje se sabe, na lista de alvos da operação “Punhal verde-amarelo” tramada dentro do Palácio do Planalto por auxiliares próximos do ex-presidente. Esteve até sob a mira dos fuzis dos militantes desta seita política que haviam sido escolhidos para por em prática a operação. E nada disto o fez recuar.
Agora, enfrenta sem vacilações o mais poderoso e nefasto ser que existe sobre a terra que é Trump, que ataca nosso país sob aplausos dos entreguistas, que insistem em manter os dentes arreganhados diante desta ameaça a nossa soberania e deste bombardeio a nossa economia.
Há mais de 200 anos conquistamos, não sem luta, a nossa Independência. Hoje assistimos brasileiros apoiarem e até desejarem o retorno do Brasil à condição de colônia. Não existem outros termos. E nem meio termo. Aplaudir ou desejar que ordens de Trump sejam aceitas pelo nosso Judiciário é desejar que o Brasil volte a ser colônia, agora americana no lugar de portuguesa.
E esta conspiração interna sobre a nossa Soberania é feita às claras, sem pudores ou subterfúgios. Há alguns dias discuti isto em um grupo de zap e ouvi de um empresário que nos transformarmos em um protetorado americano não seria um “mau negocio”. Não é fácil lutar contra adversários externos apoiados por americanófilos internos.
A coragem é a primeira qualidade que deve possuir um Advogado. Escrevi este artigo no “Dia do Advogado” e por isto este 11 de Agosto é dia também de homenagearmos Alexandre de Moraes.
Concluo rogando, como nos ensinou o colega Advogado João de Almeida Neto na bela canção “Vozes Rurais”, Que não falte coragem a estes Homens, contra o tempo e aguentando o repuxo, e que diante de estranhas tendências preservem as nossas Independência e Soberania!
Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.
Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.
É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.
Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.
Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.
*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia