Coluna
PSICOLOGIA: Tenho esquizofrenia, e agora? (por Marianna Rodrigues)

por Marianna Rodrigues
Tenho esquizofrenia, e agora?
Receber o psicodiagnóstico de esquizofrenia pode ser muito assustador, principalmente devido ao preconceito que rodeia os temas de saúde mental de modo geral. Na coluna de hoje, vamos desfazer alguns mitos e propor algumas estratégias para conviver com esta situação.
A esquizofrenia se caracteriza como um conjunto de sintomas que envolvem alucinações, delírios e alterações atípicas de comportamento. Trata-se de uma situação crônica, isto é, que acompanhará a pessoa ao longo da sua vida. Geralmente, os sintomas mais conhecidos da esquizofrenia aparecem em um estado de crise que pode durar alguns dias.
Durante muito tempo, sob a justificativa de buscar uma cura para a esquizofrenia, muitas pessoas com este diagnóstico foram submetidas a tratamentos violentos que, hoje, já não são mais recomendados. Atualmente, com o devido tratamento, a pessoa com esquizofrenia pode desenvolver uma vida com felicidade, prazer, harmonia, apesar de ter de enfrentar momentos mais difíceis de crise onde necessitará de auxílios e cuidados.
A pessoa com esquizofrenia pode trabalhar, estudar e ter uma família? Sim, sem dúvidas. Ainda assim, é importante que as pessoas mais próximas da sua convivência possuam consciência do seu psicodiagnóstico para auxiliarem no tratamento e saberem o que fazer em um momento de crise.
A pessoa com esquizofrenia é mais suscetível a cometer crimes? Não, não existe uma correlação direta entre comportamento criminoso e este psicodiagnóstico. Infelizmente, encontramos na indústria cinematográfica uma grande tendência à produção de filmes associando psicose e comportamento violento, o que fortalece a psicofobia e o estigma da doença mental.
A pessoa com esquizofrenia está o tempo todo delirando e alucinando? Não e, inclusive, existem abordagens da psicologia que vão confrontar a fronteira entre loucura e realidade, ou seja, vão desenvolver ferramentas para convivermos com nossas loucuras.
De fato, principalmente durante uma crise aguda, a pessoa com esquizofrenia pode necessitar de acompanhamento especializado para evitar situações de risco, mas isso não é uma exclusividade deste psicodiagnóstico. De modo geral, as pessoas estão suscetíveis a momentos de descontrole, independentemente de suas estruturas psíquicas, não é?
No entanto, vivemos em uma sociedade que procura estabelecer modos de vida completamente controlados. Por essa razão, a esquizofrenia assusta.
Se você possui ou conhece alguém que recebeu este psicodiagnóstico, entenda que não é necessário afastar-se dos círculos de convivência ou deixar de fazer coisas importantes. Assim como qualquer outra questão de saúde mental, a esquizofrenia também pode ser acolhida.
*É psicóloga clínica (CRP 07/30799), Mestre e Doutoranda em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) e pesquisadora
Coluna
PSICOLOGIA: 1 ano depois das enchentes, como estamos? (por Marianna Rodrigues)

por Marianna Rodrigues*
1 ano depois das enchentes, como estamos?
Já faz um ano de maio de 2024. Faz um ano daquela madrugada fatídica em que muitos se despertaram com o avanço violento da água sobre suas casas. Alguns conseguiram sair em tempo de levar algumas coisinhas, mas outros tantos precisaram sair apenas com a roupa do corpo. Outros, sequer conseguiram sair, precisaram de resgate. Tudo ficou para trás.
De uma maneira ou de outra, as enchentes de 2024 afetaram um conjunto incontável de pessoas. Ainda hoje, discutimos os limites dos planos de ação existentes ou, na verdade, a absoluta ausência de planos de emergência. Por se tratar de fenômenos da natureza, teve quem tentou minimizar a responsabilidade de agentes públicos e privados, como se não houvesse muitas consequências diretamente associadas a ações humanas envolvidas. As controvérsias sobre tudo o que aconteceu continuam vivas.
Em decorrência de todo aquele estado coletivo de sofrimento, nesse período tivemos a prestação voluntária de serviços de Psicologia para a população. Desde primeiros socorros psicológicos, passando por acompanhamento das famílias em abrigos e, até mesmo, escutas individuais, foram muitas as frentes em que se dividiu o trabalho psicológico.
Mas e agora? Como as pessoas diretamente atingidas estão? Quais foram os passos para a reconstrução dos lares, dos bairros, das cidades que já foram dados e quais ainda precisam de algum esforço para avançarem?
Sabemos bem que grande parte dos auxílios foram de ordem “emergencial”, mas é fundamental entendermos que não importa que tenha passado um ano do que aconteceu, é perfeitamente compreensível que continuemos expressando sinais de sofrimento. É perfeitamente compreensível que choremos, nos indignemos, fiquemos ansiosos e tenhamos ainda dificuldades de seguir em frente.
Muitas vezes, pensamos que o melhor remédio é esquecer. Deixar para lá. “Engolir a seco”. Esses mecanismos de defesa parecem muito efetivos em um primeiro momento, mas geralmente deixam consequências profundas em nosso funcionamento psíquico.
Se você está nessa situação, é um bom momento para conversar com outras pessoas – sobretudo, aquelas com quem você detém algum vínculo de confiança. Contar como você está se sentindo, celebrar os passos que foram dados, encontrar forças para continuar caminhando. O serviço psicológico, a psicoterapia, também pode ser uma opção.
Por mais que grande parte da ajuda tenha sido emergencial, nosso corpo provavelmente continua elaborando tudo o que aconteceu. Por isso, seria importante a mobilização da rede de atenção psicossocial e da rede de solidariedade que se desenvolveu, sejam as profissionais, sejam as comunitárias – entre amigos, vizinhos, colegas. Por mais individual que pareça um estado de sofrimento psíquico, estamos diante de um fenômeno coletivo que, por sê-lo, necessita também das coletividades para ser superado.
*É psicóloga clínica (CRP 07/30799), Mestre e Doutoranda em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) e pesquisadora
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ECONOMIA: ‘Caminhos para a Inclusão e o Empoderamento’ (por Cristiane Souza)

por Cristiane Souza
Educação Financeira: Caminhos para a Inclusão e o Empoderamento
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma data para refletir sobre a luta histórica da população negra no Brasil e reforçar a importância de ações que promovam a igualdade de oportunidades. Em um país marcado por profundas desigualdades raciais, a educação financeira desempenha um papel essencial na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
A falta de educação financeira afeta desproporcionalmente a população negra, que enfrenta, em média, maiores taxas de desemprego, baixos salários e menos acesso a serviços bancários e financeiros. Essa realidade é reflexo de um histórico de exclusão que perpetua desigualdades. Segundo dados do IBGE, a população negra representa mais de 56% da população brasileira, mas concentra-se, em grande parte, nas classes de menor renda. Neste contexto, a educação financeira se torna uma ferramenta transformadora, pois capacita as pessoas a melhor administrar seus recursos, mesmo em cenários de renda limitada.
Promover a educação financeira entre as comunidades negras significa garantir mais acesso a informações sobre como gerenciar renda, controlar gastos, investir e evitar o endividamento. Esses conhecimentos básicos permitem que famílias construam um futuro financeiro mais estável e ampliem suas oportunidades. Para muitos, o primeiro contato com conceitos de planejamento financeiro ocorre de forma tardia, quando já enfrentam dificuldades financeiras significativas. Esse cenário pode ser revertido através de iniciativas que levem a educação financeira às escolas públicas e projetos sociais que incluam a juventude negra.
É importante reconhecer que as barreiras enfrentadas pela população negra vão além das dificuldades econômicas e incluem desafios estruturais como o racismo e a discriminação, que limitam seu acesso a melhores empregos, salários e oportunidades de ascensão social. Nesse sentido, empresas, instituições financeiras e governos também têm responsabilidade em promover uma educação financeira inclusiva. Iniciativas como workshops, cursos e palestras voltadas a populações historicamente marginalizadas ajudam a reduzir a exclusão financeira.
A educação financeira, ao ser democratizada, promove uma sociedade onde mais pessoas têm acesso às mesmas oportunidades de crescimento e estabilidade financeira. No Dia da Consciência Negra, é importante reconhecer que essa inclusão passa pelo combate às desigualdades econômicas e pela promoção de uma educação financeira que seja acessível e relevante para todos.
Assim, celebrar o Dia da Consciência Negra é também promover o empoderamento financeiro da população negra. Através do acesso a recursos e informações financeiras, é possível transformar vidas, fortalecer comunidades e reduzir as barreiras impostas pelas desigualdades raciais no Brasil.
*Educadora financeira, professora universitária, formada em contabilidade, mestre em economia, estudante de psicologia, conselheira do CRCRS e atua há vários anos como gestora na área contábil e financeira.
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PSICOLOGIA: Como identificar se estou em uma relação violenta? (por Marianna Rodrigues)

por Marianna Rodrigues
Como identificar se estou em uma relação violenta?
Grande parte das relações têm algum grau de violência, que geralmente aparece em um momento de uma discussão mais intensa ou em meio a conflitos. Há, contudo, um conjunto de comportamentos que tornam uma relação sistematicamente violenta, isto é, aquilo que sustenta a relação é a violência.
O aspecto mais difícil de assimilar, nesses casos, é o fato de que todas as pessoas envolvidas na relação têm algum papel para que se possa romper com o ciclo de violência. Em outras palavras, não há como esperar apenas do polo que comete a agressão, por exemplo, a iniciativa de mudar de comportamento, como se quem estivesse do outro lado fosse um ser totalmente passivo e sem poder. Por isso, a Psicologia tem deixado de falar em pessoas “vítimas de violência” para afirmar que se tratam de pessoas “em situação de violência”.
Quando a violência é física e deixa marcas no corpo, pode ser mais fácil para muitas pessoas identificarem que se trata de uma relação violenta. E se a violência não deixa marcas visíveis? Bem, existem algumas perguntas que podem ajudar a identificá-la:
– Quais são os momentos de prazer e felicidade da relação?
– Para disfrutar de momentos prazerosos, você precisa abrir mão de muitas coisas que são importantes para você?
– A pessoa com quem você se relaciona apoia suas conquistas e seus momentos de alegria quando vocês não estão juntos?
– Você se sente frequentemente em dívida, culpada ou responsável por tudo que acontece com o outro?
– Em uma discussão, ambos conseguem falar? Você se sente obrigada a não expressar o que está sentindo? Você ouve ofensas quando expressa uma crítica?
Infelizmente, nós naturalizamos inúmeros comportamentos violentos, como se não fosse possível ser diferente, como se aquela fosse a única forma possível de se relacionar. Isso não é verdade. É possível construir relações saudáveis.
Relacionar-se de maneira saudável e com base em uma ética não violenta é uma tentativa diária e pode ser difícil no começo. Talvez, precisemos ficar anos sem uma relação duradoura para aprender a impor limites e até encontrar quem nos respeite, admire e esteja disposto a construir um vínculo de companheirismo e cuidado.
Talvez, possamos viver independentemente de uma relação amorosa. Afinal, por que sustentamos determinadas relações que não nos fazem bem? Por que colocamos um status de relacionamento acima de nós mesmos?
*É psicóloga clínica (CRP 07/30799), Mestre e Doutoranda em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) e pesquisadora
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