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Opinião: O gosto pelo mediano
Por José Carlos Rodriguez
Os primeiros dias do ano começaram na tranquilidade, mas com muita reflexão. Não que tenha planejado muitas mudanças, elas já começaram a acontecer bem antes. Em um destes dias, me peguei (e as vezes eu me acho em algum canto), pensando em como a humanidade esta se acostumando ao mediano. Fomos perdendo, principalmente nas ultimas três décadas, o gosto pela excelência na música, no esporte, na política, no trabalho, etc. As pessoas perderam aquele gosto de ir a uma loja de discos, procurar algo que lês toque a alma, que arrepie a pele, seja para levar para casa ou dar de presente, um disco, um CD, até uma fita cassete e dar um pedaço de sentimento para alguém. Quando você ouve a música em uma loja e diz: ”nossa, arrepiei”.
As raridades na musica estão escondidas, na internet, nas lojas cult. Nossos grandes já são vovozinhos, já não produzem como antes, deram tudo de si e morrem. Se formos falar da maior paixão esportiva no planeta, então, poucas palavras bastam. Quando um garoto desconhecido, sem clube, faz o gol mais bonito em um ano cheio de competições não precisamos dizer muito. Onde esta a excelência dos altos salários? Onde esta o gosto pelo drible que entorta o adversário, pelo lance fantástico, pelo último segundo? Idolatramos pessoas, principalmente no futebol, que não passariam em uma peneira na década de 80.
No trabalho, bom as pessoas já não trabalham, cumprem horário ou, pelo menos, é o pensamento que guia a procura do sustento. Aah, mas tivemos muitas conquistas, sim, com o retorno das democracias, principalmente na América Latina. Retomamos muita coisa que nos foi tirada, mas, convenhamos , houve uma precarização nas relações como na execução das tarefas. A política é o ponto que nos move, pois ela esta em tudo que foi mencionado. Não temos como desvincular a política da nossa vida, ela e inerente a nós, esta na música, no futebol, no trabalho, no preço dos alimentos, dos combustíveis. E como ela esta em tudo, aí é onde mais sentimos a falta de excelência. Onde estão os grandes estadistas? A América Latina foi tomada por um progressismo alternativo que sofre de acefalia ideológica, incapaz de manter uma linha de pensamento e, muito menos, de fazer as mudanças necessárias.
Pegamos pequenas coisas daqui e dali, administramos o capital de 1% do mundo e nos contentamos com isso? E seguimos com raras exceções. Ernesto Guevara fez seu discurso perante a Assembléia Geral da ONU em 1964, quem chegou mais perto dessa excelência foi Mujica em 2013, 49 anos depois! Poderemos estar de acordo ou não, mas o aspecto visionário de ambos os faz excelentes. Dizia Mujica, no começo do seu discurso que o angustiava o porvir, que não vai vir, nada mais real, com políticos incapazes de articular três frases completas com o mínimo de sentido. É angustiante.
E assim caminhamos, com esperança em dias melhores, ou excelentes, paremos de contentarmos com o mediano, sejamos inconformados, isso é o que move as mudanças. No Uruguai há um monumento de uma mulher alada, que se sustenta apenas em um ponto. Dizem que quando perguntaram ao artista o significado ele respondeu: “assim como o pássaro tem asas, o homem tem ilusões e isso que o sustenta”. Eu trocaria ilusões por utopias, pois a utopia está no horizonte. Como diria Galeano, um dia a gente chega lá. Abraços fraternos.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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