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13/09/2025
 

Opinião

Tito Guarniere: “Não foram dois irmãos ribeirinhos que mataram Dom e Bruno”

Redação

Publicado

em

Tito Guarniere

DOM E BRUNO

Homens da estirpe de Dom Phillips e Bruno Pereira são raros – especiais, destinados a feitos memoráveis, capazes de dedicar a vida a uma causa nobre, ignorando ameaças e perigos.

Quantos de nós temos a coragem de adentrar na selva úmida para dar voz e socorro aos povos originários, os nossos ancestrais, sem os quais não existiria a aventura do homem sobre a terra? Quem de nós está motivado de forma tão intensa de amor aos nossos semelhantes e à humanidade?

Quem de nós seria capaz de enfrentar todas as adversidades dos grotões amazônicos, para dar conta ao restante do planeta, em imagens e caracteres, de como ali a vida flui, de como é exuberante a natureza, são grandiosos os obstáculos, sacrificada a vida dos pobres, e de como o Estado se faz mais do que distante, simplesmente ausente?

É dessa estirpe que é feita gente como Dom Phillips e Bruno Pereira. Eles fazem o mundo melhor, mais habitável. Eles estendem as fronteiras da civilização. Eles nos lembram a cada passo que pertencemos à comunidade humana, não nos deixam esquecer que temos obrigações com a Mãe-Terra, o dever de mantê-la viva e preservá-la da devastação.

Pois estes dois homens formidáveis, plenos de bons sentimentos e de coragem, que só fizeram o bem, entretanto, encontraram a morte traiçoeira na curva do rio baleados (eles estavam desarmados), tiveram seus corpos esquartejados, e enterrados em terras soturnas, – como no apropriado termo de Joseph Conrad – no “coração das trevas”.

Não, senhores. Não foram dois irmãos ribeirinhos que, sós, cometeram o crime hediondo. O Vale do Javari é um vasto condomínio do narcotráfico na fronteira tríplice – Brasil, Colômbia e Peru – associado aos grupos delinquentes locais do contrabando, da extração clandestina de madeira, da invasão de terras indígenas, do garimpo, caça e pesca ilegais.

O verdadeiro mal não está na bandidagem: está na inapetência e na abulia do Estado brasileiro de oferecer soluções reais e duradouras para os problemas do Brasil, mais ainda nas suas regiões inóspitas e distantes.

Tudo naquelas paragens é do conhecimento geral – o entrelaçamento da pobreza, da necessidade de sobrevivência dos ribeirinhos, com o longo rosário de malfeitos e a ação maciça de quadrilheiros que ali praticam crimes impunemente.

Mudar esse quadro, só com a mão poderosa do Estado, os recursos do Estado, uma ação firme e coordenada de todas as instâncias de Poder, de todos os organismos estatais que têm ou possam vir a ter presença efetiva na área.

Não é o atual governo que conceberá um plano dessa ordem. A “administração” Bolsonaro não planeja, não formula, responde a todas as demandas com impulsos ajambrados – o improviso é uma das suas marcas. O governo só pensa naquilo: a reeleição.

A coordenação de um projeto assim abrangente poderia ser delegada às forças armadas. Mas estas atualmente preferem as facilidades da vida urbana, do asfalto das cidades. Estão mais empenhadas na especialidade de que agora se arvoram: o processo eleitoral, as urnas eletrônicas. Temas nos quais nunca tangenciaram, senão nestes anos exasperantes de Bolsonaro.

titoguarniere@outlook.com

twitter : TitoGuarnieree

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Opinião

“Sapatão com orgulho: nossa existência não pede licença” (por: Isabela Luzardo – Miss diversidade de Canoas 2025)

Redação

Publicado

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por Isabela Luzardo*

Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.

A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.

Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.

Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.

Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.

Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.

*Miss diversidade de Canoas 2025

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Opinião

Artigo: “CORAGEM” (por Carlos Marun – advogado e ex-Ministro de Estado)

Redação

Publicado

em

Artigo CORAGEM (por Carlos Marun)

CORAGEM

“A maior de todas
as virtudes é a
Coragem, até
porque sem ela
nenhuma das
outras pode ser
praticada”
Maya Angelou
Poetisa

Alexandre de Moraes é uma figura singular. Penso até que errou ao determinar a prisão, mesmo que domiciliar, de Jair Bolsonaro. Não vi descumprimento claro pelo ex-presidente das medidas restritivas determinadas por ele próprio na decisão anterior que impôs ao Capitão o uso de tornozeleira eletrônica. Penso ainda que as penas que estão sendo aplicadas aos vandalos golpistas do 08/01/2023 são demasiadamente elevadas, especialmente quando comparadas àquelas aplicadas aos autores de outras crimes, aparentemente mais graves. Porém, isto não desfaz o imenso trabalho relalizado pelo STF em defesa da nossa Democracia, trabalho este que teve como como líder o próprio Ministro.

Todos na vida erramos e acertamos. Os inimigos querem nos medir por nossos erros. Os amigos por nossos acertos. Eu já prefiro medir as pessoas pelo saldo médio. E sem nenhuma dúvida, o saldo médio da atuação de Alexandre de Moraes é altamente positivo.

Uma das características que mais admiro em um ser humano é a coragem. E isto inegavelmente Alexandre possui de sobra.

Enfrentou internamente um movimento político dos mais raivosos da nossa existência enquanto nação que é o Bolsonarismo Fanático. Esteve, hoje se sabe, na lista de alvos da operação “Punhal verde-amarelo” tramada dentro do Palácio do Planalto por auxiliares próximos do ex-presidente. Esteve até sob a mira dos fuzis dos militantes desta seita política que haviam sido escolhidos para por em prática a operação. E nada disto o fez recuar.

Agora, enfrenta sem vacilações o mais poderoso e nefasto ser que existe sobre a terra que é Trump, que ataca nosso país sob aplausos dos entreguistas, que insistem em manter os dentes arreganhados diante desta ameaça a nossa soberania e deste bombardeio a nossa economia.

Há mais de 200 anos conquistamos, não sem luta, a nossa Independência. Hoje assistimos brasileiros apoiarem e até desejarem o retorno do Brasil à condição de colônia. Não existem outros termos. E nem meio termo. Aplaudir ou desejar que ordens de Trump sejam aceitas pelo nosso Judiciário é desejar que o Brasil volte a ser colônia, agora americana no lugar de portuguesa.

E esta conspiração interna sobre a nossa Soberania é feita às claras, sem pudores ou subterfúgios. Há alguns dias discuti isto em um grupo de zap e ouvi de um empresário que nos transformarmos em um protetorado americano não seria um “mau negocio”. Não é fácil lutar contra adversários externos apoiados por americanófilos internos.

A coragem é a primeira qualidade que deve possuir um Advogado. Escrevi este artigo no “Dia do Advogado” e por isto este 11 de Agosto é dia também de homenagearmos Alexandre de Moraes.

Concluo rogando, como nos ensinou o colega Advogado João de Almeida Neto na bela canção “Vozes Rurais”, Que não falte coragem a estes Homens, contra o tempo e aguentando o repuxo, e que diante de estranhas tendências preservem as nossas Independência e Soberania!

CARLOS MARUN – Advogado e ex-Ministro de Estado

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Opinião

‘Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres’ (por Patrícia Alba – deputada estadual)

Redação

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'Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres' (por Patrícia Alba - deputada estadual)

Patrícia Alba*

Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.

Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.

É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.

Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.

Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.

*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia

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