Opinião
Tito Guarniere: “O apoio cego e agressivo dos bolsonaristas beira o fanatismo”

Tito Guarniere
CONVICÇÕES INABALÁVEIS
Nós somos, muito mais do que pensamos, presas de nossas convicções. Mesmo o que chamamos de livre-arbítrio obedece a um padrão imutável de pensamento. E se é imutável, livre não é. Com frequência alarmante ignoramos a voz tranquila da razão quando, mesmo diante de evidência solar, bate de frente com nossos pontos de vista e interesses.
Vejam a Justiça do Trabalho. Não somos bons em números – e essa é uma das razões do nosso atraso. Se soubéssemos fazer contas, não aceitaríamos todo o aparato de juizados e tribunais trabalhistas, que só em 2017 teve um custo da ordem dos 22 bilhões de reais, e que rendeu em favor dos trabalhadores, em acordos e sentenças, apenas R$ 8 milhões.
Sempre desconfiei desses valores. A primeira vez que me deparei com números parecidos, dependendo o ano, dei-lhes divulgação – não fui o único e nem dos mais lidos que também publicaram. Achei que haveria uma torrente de desmentidos.
Porém juízes, Ministério Público do Trabalho, advogados trabalhistas e líderes sindicais só encontram boas razões para manter a Justiça do Trabalho. A tudo se responde citando as estatísticas de casos e processos, destacando o papel “insubstituível” da Justiça do Trabalho, de proteger os trabalhadores e reduzir os conflitos sociais.
Do custo tenebroso – que é a razão principal de torná-la apenas um ramo da justiça comum – os seus abnegados defensores passam ao largo e desconversam. Respondem às críticas com argumentos periféricos, desviam o debate para apontamentos secundários. Não tiram o pé da posição inarredável, e acusam as “elites” de conspirar para o fim da distorção. Eles, que são membros proeminentes da elite.
Em cenário próximo, nas redes sociais, as milícias bolsonaristas esbravejam toda vez que alguém ousa criticar o chefe. E ficam ainda mais irritados quando alguém, ontem aliado, muda de opinião.
O site O Antagonista, que apoiou Bolsonaro, mudou levemente de rumo e discordou em uma ou outra questão pontual, diante de erros crassos do governo. Foi o quanto bastou para despertar a ira das redes sociais do capitão.
O site não deixou passar em branco – e nem poderia – a má ideia do presidente de expor a imagem de um doidão na folia, em cena deprimente, deixando um coleguinha urinar sobre a sua cabeça, um fetiche sexual que atende pelo apelido de “golden shower”.
Não é cena para ser exibida. Mas do alto da prerrogativa presidencial, Bolsonaro achou que devia mostrar. Como era de se esperar, recebeu críticas de todo o lado. No caso, provoca menos espanto a ideia rombuda do presidente de divulgar o vídeo, do que as reações desvairadas da tribo, como se ele houvesse praticado o ato mais inocente e necessário.
O apoio agressivo, feroz, dos bolsotários – certos fãs do capitão – em toda a situação, mesmo quando ele erra a mão e cede sabe-se lá a que instintos, beira o fanatismo. São prisioneiros de sua convicção inabalável.
Aplaudem Bolsonaro e criticam a imprensa. Por enquanto ninguém está dizendo que o rei está nu. Mas alguém precisa dizer – e a imprensa diz – que ele está de chinelo e com uma camisa pirata do Palmeiras.
Opinião
“Sapatão com orgulho: nossa existência não pede licença” (por: Isabela Luzardo – Miss diversidade de Canoas 2025)

por Isabela Luzardo*
Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.
A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.
Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.
Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.
Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.
Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.
*Miss diversidade de Canoas 2025
Opinião
Artigo: “CORAGEM” (por Carlos Marun – advogado e ex-Ministro de Estado)

CORAGEM
“A maior de todas
as virtudes é a
Coragem, até
porque sem ela
nenhuma das
outras pode ser
praticada”
Maya Angelou
Poetisa
Alexandre de Moraes é uma figura singular. Penso até que errou ao determinar a prisão, mesmo que domiciliar, de Jair Bolsonaro. Não vi descumprimento claro pelo ex-presidente das medidas restritivas determinadas por ele próprio na decisão anterior que impôs ao Capitão o uso de tornozeleira eletrônica. Penso ainda que as penas que estão sendo aplicadas aos vandalos golpistas do 08/01/2023 são demasiadamente elevadas, especialmente quando comparadas àquelas aplicadas aos autores de outras crimes, aparentemente mais graves. Porém, isto não desfaz o imenso trabalho relalizado pelo STF em defesa da nossa Democracia, trabalho este que teve como como líder o próprio Ministro.
Todos na vida erramos e acertamos. Os inimigos querem nos medir por nossos erros. Os amigos por nossos acertos. Eu já prefiro medir as pessoas pelo saldo médio. E sem nenhuma dúvida, o saldo médio da atuação de Alexandre de Moraes é altamente positivo.
Uma das características que mais admiro em um ser humano é a coragem. E isto inegavelmente Alexandre possui de sobra.
Enfrentou internamente um movimento político dos mais raivosos da nossa existência enquanto nação que é o Bolsonarismo Fanático. Esteve, hoje se sabe, na lista de alvos da operação “Punhal verde-amarelo” tramada dentro do Palácio do Planalto por auxiliares próximos do ex-presidente. Esteve até sob a mira dos fuzis dos militantes desta seita política que haviam sido escolhidos para por em prática a operação. E nada disto o fez recuar.
Agora, enfrenta sem vacilações o mais poderoso e nefasto ser que existe sobre a terra que é Trump, que ataca nosso país sob aplausos dos entreguistas, que insistem em manter os dentes arreganhados diante desta ameaça a nossa soberania e deste bombardeio a nossa economia.
Há mais de 200 anos conquistamos, não sem luta, a nossa Independência. Hoje assistimos brasileiros apoiarem e até desejarem o retorno do Brasil à condição de colônia. Não existem outros termos. E nem meio termo. Aplaudir ou desejar que ordens de Trump sejam aceitas pelo nosso Judiciário é desejar que o Brasil volte a ser colônia, agora americana no lugar de portuguesa.
E esta conspiração interna sobre a nossa Soberania é feita às claras, sem pudores ou subterfúgios. Há alguns dias discuti isto em um grupo de zap e ouvi de um empresário que nos transformarmos em um protetorado americano não seria um “mau negocio”. Não é fácil lutar contra adversários externos apoiados por americanófilos internos.
A coragem é a primeira qualidade que deve possuir um Advogado. Escrevi este artigo no “Dia do Advogado” e por isto este 11 de Agosto é dia também de homenagearmos Alexandre de Moraes.
Concluo rogando, como nos ensinou o colega Advogado João de Almeida Neto na bela canção “Vozes Rurais”, Que não falte coragem a estes Homens, contra o tempo e aguentando o repuxo, e que diante de estranhas tendências preservem as nossas Independência e Soberania!
CARLOS MARUN – Advogado e ex-Ministro de Estado
Opinião
‘Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres’ (por Patrícia Alba – deputada estadual)

Patrícia Alba*
Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.
Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.
É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.
Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.
Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.
*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia
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