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Crise: HPS tem restrição de atendimentos e HU tem procedimentos eletivos cancelados
A grave crise pela qual o sistema de Saúde de Canoas passa, sempre noticiada pelo jornal Timoneiro, acaba de ganhar tons ainda mais críticos. Em anúncio oficial realizado pela diretora-presidente do Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp), Michele Rosin, e a secretária da Saúde de Canoas, Rosa Groenwald, na última quarta-feira, 14, foi admitida a gravidade da situação e foram explicadas medidas de contenção. O principal motivo apontado para o momento é o atraso de repasses do Governo do Estado, que chegam ao montante de R$ 37 milhões devidos.
Problema
De acordo com a atual gestão municipal, liderada por Luiz Carlos Busato (PTB), a situação chegou a um ponto “insustentável”. A Prefeitura já comunicou o Governo do Estado sobre a necessidade de restrição nos atendimentos. Segundo o Gamp, neste mês o Grupo recebeu um repasse de 31% do montante que deveria, o que corresponde a uma verba inferior ao solicitado, conforme determina o termo de fomento e documento protocolado em 18 de outubro deste ano com os valores necessários para gerenciamento e manutenção da assistência destas unidades até esta data. Assim, os recursos que foram repassados até o momento foram otimizados com a priorização de pagamentos salariais aos colaboradores que têm vencimentos de até R$ 3 mil, além da manutenção de serviços imprescindíveis à assistência de pacientes internados.
“Cabe ressaltar que é de conhecimento público que o Governo do Estado possui uma dívida de R$ 37 milhões com o município de Canoas na área da saúde. Esse cenário contribuiu para o contexto atual”, afirma Michele Rosin, diretora-presidente da Organização. Ela também destaca que o momento não é de pânico, mas, ainda assim, ressalta o que chama de “momento financeiro crítico e caótico”. Segundo a diretora, serão tomadas atitudes necessárias para manter o atendimento de urgência e emergência nos hospitais sob sua gestão, sem comprometer o atendimento aos pacientes internados.
A secretária de Saúde, Rosa Groenwald, lembra que a situação não é nova. Segundo ela, os atrasos já ocorrem desde o ano passado, culminando em uma situação insustentável. Ela cita que Canoas atende 156 municípios e pede a revisão deste sistema, onde mais de 60% dos atendidos no HPS são de outras localidades. “Não tem como manter o atendimento assim”, sustenta.
Medidas
O Gamp afirma que terá que implementar uma série de medidas de gerenciamento que irão impactar o atendimento prestado à população. O Grupo atua como gestor do HPSC e HU, e ainda administra as UPAs Caçapava e Rio Branco e os Centros de Atenção Psicossocial Amanhecer, Novos Tempos, Recanto dos Girassóis e Travessia. Entre as ações previstas estão a restrição aos atendimentos no Hospital de Pronto Socorro de Canoas, passando a receber apenas pacientes de urgência e emergência, e o cancelamento de procedimentos eletivos no Hospital Universitário de Canoas.
Tais medidas passam a ser executadas de forma imediata e foram comunicadas aos seguintes órgãos: Brigada Militar (para que reforce a segurança nas unidades de saúde), Ministério Público, gabinete do Prefeito de Canoas, Secretaria Estadual de Saúde, SAMU, Corpo de Bombeiros, COREN, SIMERS, CRM, Conselho Municipal de Saúde, Coreme e Câmara de Vereadores de Canoas.
O que diz o governo do Estado
Em nota, o Governo do Estado afirma: “Desde que assumimos o governo, em 2015, fizemos um grande esforço para regularizar as dívidas herdadas com as instituições hospitalares, prefeituras e fornecedores, que chegavam a R$ 763 milhões. Conseguimos quitar parte dessa dívida. Além disso, mantivemos um esforço para honrar os valores pactuados de 2015 a 2017.
Esse trabalho requer muito esforço, pois há décadas o Rio Grande do Sul gasta mais do que arrecada. Sempre nos empenhamos para entregar serviços de qualidade e para que a população fosse a menos impactada no processo de ajuste de contas.”
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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