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Sem receber salários, médicos do Gracinha paralisam atendimentos
O Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) passa, há alguns anos, por momentos instáveis. A situação acaba de se agravar, já que o Corpo Clínico da instituição comunicou, na última sexta-feira, 8, que entrou em paralisação por falta de pagamentos.
Em documento apresentado à direção do Graças, representantes do corpo clínico afirmam que os repasses para o pagamento de funcionários não estão ocorrendo. Segundo eles, isso também prejudicou a compra de insumos para a prática médica no local.
Desde o sábado, 9, os profissionais paralisaram os atendimentos eletivos, ambulatórios, atendimentos clínicos e cirúrgicos. Apenas são atendidas urgências e emergências.
De acordo com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), as remunerações das equipes médicas contratadas em regime PJ têm atrasos que variam de 4 a 12 meses. Já os médicos contratados conforme a CLT estão com a remuneração em dia. Ainda, de acordo com informações repassadas para alguns médicos ao sindicato, o problema de pagamento ocorre porque o valor repassado pela Prefeitura não é o suficiente para manter o pagamento das equipes médicas e insumos do hospital. O Simers afirma que uma comissão de 20 pessoas, incluindo representantes da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), da direção do Gracinha e do corpo clínico, foi criada para viabilizar um acordo entre as partes.
O que diz a Prefeitura
A Prefeitura de Canoas, em nota, destaca que o HNSG é uma instituição privada, tendo como mantenedora a Associação Beneficente Canoas (ABC). Além dos recursos da Prefeitura de Canoas, o hospital é custeado por repasses dos governos federal e estadual e por em dia é fiscalização da Prefeitura. A gestão ainda afirma que não tem nenhuma ingerência sobre a administração do hospital, e que realiza repasse na ordem de R$ 6,5 milhões, “rigorosamente em dia para que os moradores de Canoas tenham atendimento através do Sistema Único de Saúde nas mais diferentes especialidades, desde a emergência até exames e procedimentos de cirurgia”. Além disso, a nota ressalta que a Prefeitura de Canoas tem o dever de fiscalizar pelos serviços contratados.
Sobre a situação financeira da instituição, a nota afirma: “A atual administração da Prefeitura de Canoas lamenta a falta de gestão na instituição, problema histórico e já noticiado por vários veículos de imprensa e de conhecimento público. Atribuir ao Executivo municipal a falta de recursos para o custeio e pagamentos de salários dos profissionais é faltar com a verdade e tentar se eximir do problema criado pelos gestores da associação”.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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