Comunidade
Mulher se acorrenta em grade da secretaria de Saúde: “Não sou mais cidadã”
Segundo ela, já são 16 anos de consultas inconclusivas. Secretária adjunta de Saúde, Ana Boll, trabalha com possibilidade de paciente ter problemas psicológicos

Eroni Maria Monteiro, 57 anos, ficou acorrentada na secretaria de Saúde em protesto. Foto: Bruno Lara/OT.
Por Bruno Lara
Eroni Maria Monteiro, de 57 anos, acorrentou-se à grade da Secretaria Municipal de Saúde na manhã desta sexta-feira, 8, em protesto a qualidade do serviço ofertado pelo órgão nas consultas e exames que realizou. Cercada por papeis picotados por ela mesma, incluindo a Carteira de Trabalho, a canoense se disse inconformado com a situação que vive.
“Em 2000 eu fiz a primeira endoscopia e deu problema. Estamos em 2016 e eles só me dão omeprazol. Nada é grave”, contestava em frente ao órgão para quem quisesse ouvir. “Não vou consultar mais, mas não vou votar também. eu sou a João Ninguém”, lamentou.
“Emagreci 10kg”
Segundo ela, os médicos solicitam exames, mas não o apreciam. “A endoscopia deu positivo, mas ele não explicam nada, se é câncer ou não é. A questão é que de cinco anos para cá eu emagreci 10 kg, pois não consigo comer. Duas especialidades graves que Canoas não tem. Otorrinolaringologista. Eu vou lá e ele só olha a garganta e apalpa. Eu to com suspeita de câncer por um clínico. Incha o meu pescoço, eu não consigo comer”, relata.
“Eu queria ser doadora”
Uma de suas maiores objeções era quando a ser doadora de órgãos, o que não será mais possível. Isso, conforme ela informou a equipe de reportagem de O Timoneiro, se dá em função da grande quantidade de remédios. “Parecetamol é de hora em hora. O meu fígado que estava bom não presta mais. Eu queria ser doadora e agora não tenho um órgão para doar, está tudo estragado”, lastima cobrando um maior rigor na fiscalização. “Consulta não me falta, mas o diploma não quer dizer nada. Tenho gente na família que tem diploma, mas pendurou e não tem capacidade de fazer. Isso não diz nada, tem que ter humanidade”, aponta.
“Não vou votar mais”
O ápice da manifestação ocorreu por volta das 10 horas da manhã, quando Eroni começou a rasgar documentos pessoais como a Carteira de Trabalho, o Cartão Canoas Saúde e centenas de folhas da secretaria. “Em vez de previdência social, tem que colocar incompetência total. Não adianta isso aqui. Eu vou cortar tudo isso aqui em protesto. Não vou votar mais, não quero saber de vereador batendo na minha porta. Por que vereador é pra falar pelo povo, para ir lá na UPA ver. Tu chega lá na UPA do Guajuviras eles xingam a gente. Esses dias meu cunhado chegou lá sangrando e eles mandam embora”, critica.
“Um empurra para o outro”
No Caic (unidade de saúde do Guajuviras) tu não pode perguntar uma informação. Tu tem que marcar ficha para perguntar. Meu exame foi marcado lá? Não. Um empurra para o outro. Ginecologista, eu to com problema grave de inflamação, mas eu nem trouxe aqui. De hoje em diante não vou mais consultar. Não sou mais cidadã, esse é o meu desabafo. Se eu morrer hoje, vou morrer feliz”, termina.
“O honesto hoje não tem vez”
Questionada pela reportagem sobre qual a sua reivindicação principal, respondeu: “Direito de natureza. A saúde e se alimentar. Eu disse: Vou lá. Se eles me prenderem, lá terei água, comida, luz, vou ter tudo. O honesto hoje não tem vez no Brasil, começando lá pelos grandão. Imagina tu ser cheia de problemas e não ter um diagnóstico para ir no INSS pedir um auxílio”, conta.
“Meu brinquedo era a foice”
Erani diz que foi criada no interior e que não teve a oportunidade de brincar na infância. “Meu brinquedo era a foice, a inchada. Me criei lá fora, trabalhando com fome aos seis anos, capinando, cortando soja, estou toda quebrada da minha coluna. Para hoje ter um atendimento desses”, reclama.
Problemas psicológicos?
Presente na manifestação da canoense revoltada com o tratamento que recebeu do Município, a secretária adjunta de Saúde de Canoas, Ana Regina Boll, rebateu as criticas informando que a questão não é falta de acesso. “A gente gostaria de ajudar a dona Eroni, mas ela não quer aceitar nenhuma ajuda. Na realidade ela tem acesso aos serviços, está tendo acesso há anos a todos os novos serviços, tanto é que ela mesma traz essas informações que ela fez as endoscopias, eu li todos os laudos, eles estão todos formalizados. Então é uma queixa imprecisa. Ela relata dores que ali não se apresentam”, aponta.
Segundo informou a secretária, o esforço do órgão foi em verificar a existência de problemas psicológicos na paciente. “A gente está tentando ver se não é o caso de uma situação mais emocional ou psiquiátrica, enfim, porque ela não tem precisão. Fala do INSS, fala do judiciário, fala que já esteve em outros órgãos para tentar a aposentadoria. Nós vamos tentar saber exatamente o que a dona Eroni precisa porque não é falta de acesso ao serviço”, garante.
Para ela, o trabalho foi no sentido de tentar identificar os pedidos da canoense. “Todos os especialistas que ela precisou ela tem. Ela tem todos os laudos. Endoscopias ela fez várias, ela fez exames, biópsias, e todos eles apresentam uma situação de não achado de patologia. Então como ela mesma disse que teve depressão, que esteve internada, a gente vai ver qual é a situação e qual é a necessidade real dela isso e que nós vamos tentar agora identificar”.
Por volta das 14 horas do mesmo dia, a equipe de O Timoneiro voltou ao local para acompanhar o caso, mas nem a paciente e nem os papéis estavam mais no local.
Veja fotos do protesto:
Comunidade
XVI Conferência Municipal da Assistência Social reúne comunidade e entidades em Canoas

Na quinta-feira, 14, a Associação Pestalozzi de Canoas foi palco da XVI Conferência Municipal da Assistência Social, que teve como tema “20 anos do SUAS: Construção, Proteção Social e Resistência”. O evento reuniu usuários, trabalhadores, entidades e gestores da política de assistência social, promovendo debates e a troca de experiências.
O objetivo, conforme a gestão municipal, foi fortalecer as ações de assistência social no município, com espaço para discussão sobre políticas públicas municipais, estaduais e nacionais. Para Edina Aparecida Alegro, presidente do Conselho Municipal de Assistência Social, “estamos aqui num momento muito importante de fala para tratar de políticas ligadas à assistência social em todas as esferas”.
Participante do encontro, Paola Estalamartes, integrante da Associação das Senhoras das Campanhas dos Bebês, destacou a relevância do apoio recebido: “Somos gratos pelo apoio da Prefeitura e de instituições parceiras. Nosso foco é trabalhar o fortalecimento do vínculo familiar”.
Representando a gestão municipal, o secretário de Assistência Social, Márcio Freitas, reforçou o compromisso com a área: “Estamos participando deste grande evento com o comprometimento de manter e ampliar as políticas públicas de assistência social, voltadas especialmente para a população que mais precisa”.
Comunidade
Canoas retoma acordo para regulamentar comércio indígena no Centro

O comércio indígena no Centro de Canoas passará por mudanças nos próximos meses. Representantes de quatro aldeias, do Ministério Público Federal (MPF), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação (SMDEI) definiram a retomada do acordo firmado em 2019, que estabelece 12 pontos fixos para a comercialização de produtos.
O pacto original foi firmado após o Município relatar ao MPF a expansão das bancas indígenas, a venda de produtos industrializados e problemas de circulação de pedestres e veículos, especialmente na Rua Quinze de Janeiro. Na época, ficou determinado que, fora dos pontos autorizados, valeria a legislação municipal que proíbe o comércio transitório na área central.
Em vistoria realizada em julho deste ano, a SMDEI identificou 29 bancas ativas no Centro, número superior ao acordado. O levantamento motivou pedidos de providências de entidades empresariais e levou à retomada das negociações.
Com o novo entendimento, será mantido o limite de 12 bancas, que receberão placas e crachás de identificação para facilitar a fiscalização. Três boxes da Praça da Bíblia serão disponibilizados para depósito de materiais.
Segundo a SMDEI, a medida busca equilibrar a preservação do direito de comercialização dos povos indígenas com a organização do espaço público e o cumprimento da legislação municipal.
Comunidade
Campanha do Agasalho 2025 de Canoas recebeu 28.340 peças e distribuiu 15.774

A Campanha do Agasalho deste ano em Canoas atingiu os quantitativos de 28.340 peças recebidas e 15.774 itens distribuídos. Nesta quarta-feira, 6, a ação ocorreu com parceria entre agentes da Defesa Civil do município e voluntários para estender solidariedade aos moradores do bairro Rio Branco.
Em uma busca cuidadosa, pilha após pilha, sem desdobrar nem desarrumar os itens separados sobre uma grande mesa, propiciou que a dona de casa Tânia de Jesus, 46 anos, encontrasse roupas para proteger seus quatro filhos, de 13, 11, 8 e dois anos de idade.
Conforme o secretário de Defesa Civil e Resiliência Climática de Canoas, Vanderlei Marcos, a ação é estratégica para fazer com que os bens doados pela comunidade cheguem efetivamente para quem precisa. “A parceria com lideranças e pessoas que são referências nas localidades é fundamental para ampliar o acesso daqueles que precisam dos agasalhos”, descreve o gestor.
Ao lado da parceira de voluntariado Celi Oliveira, Vera confirma que o elo se fortalece e a corrente de solidariedade estende sua proteção.
“Fazemos isso há dez anos. Abro minha casa para receber quem precisa da ajuda. Cada pessoa que sai daqui com uma roupinha para sua família faz valer o trabalho da gente”, define Vera.
- Política1 semana atrás
Ezequiel Vargas (PL) é o segundo vereador cassado em Canoas em sete meses de Legislatura
- Política1 semana atrás
Larissa Rodrigues toma posse como vereadora no Legislativo canoense
- Geral1 semana atrás
Jovens canoenses são selecionados para intercâmbio na Espanha
- Canoas1 semana atrás
Secretaria de Obras de Canoas projeta recuperação de mais 45 vias asfálticas em agosto
- Eventos1 semana atrás
Innova Canoas reúne empresas, universidades e público em noite dedicada à inteligência artificial e inovação
- Política1 semana atrás
NOVO e PL iniciam articulação para projeto conjunto no RS
- Geral1 semana atrás
XVI Conferência Municipal da Assistência Social acontece nos dias 14 e 15 de agosto, na Associação Pestalozzi
- Transporte1 semana atrás
Trensurb circula apenas no trecho entre estações Mathias Velho e Novo Hamburgo no sábado, 9