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PACOTÃO: Previsão do tempo, ecoturismo e construção de bacias de contenção
Bairro Mathias Velho, afetado por alagamentos, não é considerado como prioridade no projeto
A Prefeitura Municipal de Canoas (PMC) decidiu que uma das prioridades para a cidade no ano de 2015 é prever as intempéries do tempo. Por isso, abriu licitação para contratar empresa particular que faça o serviço. Na segunda-feira, 15, técnicos visitaram a Prainha de Paquetá, acompanhados da diretora Simone Rodrigues, da Defesa Civil, para definir o local de instalação de um linígrafo próximo ao trapiche. Linígrafo é o equipamento automático responsável por medir os níveis da água.
No contrato, de número 123/2015, está previsto a prestação de serviços especializados de meteorologia incluindo a disponibilização de duas estações meteorológicas automatizadas profissionais e um linígrafo no período de um ano. O contrato prevê ainda a vigilância meteorológica em tempo real, o serviço de consultoria meteorológica e os alertas de curto prazo para a cidade de Canoas juntamente com interface web para visualização de todas as informações relacionadas a eventos climáticos.
A empresa contratada, Metsul Meteorologia LTDA, tem como vigência inicial no contrato a data de 03/06/2015. A mesma receberá o montante de R$ 89.095,00 do Gabinete do Prefeito (GP), órgão incumbido de fiscalizar os serviços prestados. A expectativa é que uma das estações fique no bairro Estância Velha e outra, no Rio Branco.
Contratante e contratada
Rodolfo Pacheco, secretário especial da Coordenadoria, explicou que os equipamentos possibilitarão obter informações sobre o clima. “As chuvas e os ventos virão de qualquer forma, mas teremos como avisar e mobilizar a população, as subprefeituras e os departamentos da Prefeitura que possam auxiliar em caso de alagamentos e outras ocorrências, antes que os fenômenos aconteçam”, afirma. As equipes da Defesa Civil e da Sala Integrada de Monitoramento, da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Cidadania também terão acesso.
A representante da empresa, Estael Sias, afirmou que a Defesa Civil terá a oportunidade de acompanhar as informações que serão geradas pelos novos dispositivos. “Já estamos passando boletins diários, além das informações para os cinco dias seguintes”, observou.
Como será
As duas estações devem possuir, segundo contrato, visor touch screen que centralize todas as informações, para fazer a interpretação da previsão, além de exibir índices pluviométricos, velocidade e direção do vento, temperatura e umidade interna e externa e previsão barométrica com gráfico de histórico. Deve possuir, também, alarmes meteorológicos ajustáveis para temperaturas e umidades altas e baixas velocidades do vento, intensidade da chuva, aproximação do ponto de condensação e precipitação, entre outros requisitos. Deve disponibilizar, entretanto, os dados gerados em texto. As estações devem funcionar por bateria e carregadas por painéis solares.
Software de vigilância
A pretensão é que uma interface para dispositivos móveis veicule as informações, em tempo real, das estações, linígrafo e boletins, através de acesso restrito a usuários cadastrados e acesso público. Esta plataforma online deve apresentar noticiais relacionadas a defesa civil, clima e uma galeria de imagens em formato de tabela, gráficos e estatísticas disponíveis.
Ecoturismo Paquetá
Por meio do edital de número 507/2014, aos 10 dias de dezembro do ano passado, a PMC também apresentou um convite para a contratação de empresa especializada para avaliação de imóveis visando a implantação do projeto de ecoturismo na Praia do Paquetá. As empresas AV-TEC Avaliações Técnicas Sociedade Simples se interessou, mas foi classificada como “fracassada” por não apresentar os documentos.
Bacias de Contenção
Foi anunciada pela administração municipal a discussão, na Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa (AL), de bacias de contenção para armazenamento de grandes quantidades de água no município e na cidade de Esteio na quarta-feira, 10. Serão ao todo sete bacias em uma área de 60 hectares de Canoas com a retenção de 1,39 milhão de metros cúbicos. A PMC considera o bairro Guajuviras o mais atingido por enchentes e não o bairro Mathias Velho. Em função disto, a obra visa atender aos munícipes do bairro Guajuviras e aos bairros Ezequiel, Três Marias, Navegantes, São José, Jardim das Figueiras, Vila Nova e São Sebastião de Esteio.
As bacias são áreas destinadas a receber um determinado volume de água quando a cota do Arroio extravasar, evitando, assim, a enchente em áreas habitadas. As bacias de reservarão impedirão as cheias que acontecem periodicamente. Dependendo do caso, essas bacias permanecerão secas na maior parte do tempo e serão inundadas quando acontecerem chuvas intensas. A obra é estimada em R$ 133 milhões com parte da verba provinda do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), outra do Governo do Estado e uma cota de área localizada às margens dos arroios Guajuviras e Sapucaia como contrapartida do governo municipal.
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“Nunca trabalhei na vida, eu faço o que me dá prazer”; morre Jesus Pfeil aos 85 anos
Morreu no domingo, 24, o cineasta, historiador e escritor, e figura ilustre de Canoas, Antonio Jesus Pfeil. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge, decretou três dias de luto oficial. O velório acontece nesta segunda-feira, até 17 horas, no Crematório de Cemitério São Vicente, em Canoas.
Antonio Jesus Pfeil nasceu em 7 de outubro de 1939, na área de Canoas que posteriormente foi emancipada e se tornou Nova Santa Rita. Cineasta, historiador e pesquisador do cinema gaúcho, estudou no Colégio La Salle e passou pelo serviço militar. Em 1960, atuou como ator no Teatro Brasileiro de Comédias, que estava com uma peça em cartaz no Theatro São Pedro. Na ocasião, subiu ao palco ao lado de Nathália Timberg e Leonardo Villar.
Seu primeiro curta-metragem, Cinema Gaúcho dos Anos 20, participou da mostra do Festival de Cinema Brasileiro de Gramado e, em 1974, recebeu um prêmio especial no mesmo festival. Além da carreira como cineasta, Jesus também conquistou espaço como pesquisador, autor de artigos e, paralelamente, atua como participante de conferências e de comissões julgadoras em festivais e outros eventos ligados à História do Cinema Gaúcho e Brasileiro.
Resgate
Como escritor e historiador, Jesus tem profunda contribuição para o resgate histórico da cidade. Ele é autor da coleção Canoas: Anatomia de Uma Cidade, e organizador do livro Origens de Canoas, que conta com artigos de Edgar Braga da Fontoura, primeiro prefeito do município. Estas são apenas algumas dentre muitas obras de Jesus no cinema e na literatura.
No ano 2000, Jesus recebeu uma justa homenagem pela sua contribuição para a cultura na cidade. A biblioteca da Escola Municipal Ícaro foi inaugurada e, desde então, se chama Biblioteca Antonio Jesus Pfeil.
Prazeres
Ao ser indagado pelo O Timoneiro, em 2018, sobre como enxerga a importância de seu trabalho para o meio cultural e para Canoas, Jesus, sempre bem-humorado, brinca: “Trabalho? Que trabalho? Eu nunca trabalhei na vida, eu só tenho prazeres, só faço o que me dá prazer”.
“As pessoas me perguntam ‘Jesus, qual é a novidade hoje?’, e eu respondo: ‘Olha, de manhã eu abri os olhos e estava vivo, não morri dormindo. Vamos ver o que acontece hoje’. Eu sempre digo, e disse no filme Jesus – O Verdadeiro, é que meu futuro foi ontem e não tem como saber o que vai acontecer hoje. Sobre o que eu já vivi, eu posso falar. Meu primeiro Kikito em gramado eu ganhei em 1974 e foi o primeiro Kikito gaúcho do festival. Eu gosto de trabalhar com História porque filme de ficção todo mundo faz e faz igual hoje em dia, só muda o nome dos personagens e o título, é sempre o mesmo roteiro. Um filme que eu fiz e gosto de destacar é o Porto Alegre, Adeus…! É uma carta que eu escrevi ao Glauber Rocha. E o Glauber Rocha tinha aquela frase que dizia que tinha que ter uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Pensando bem, hoje em dia as pessoas, muitas vezes, têm a câmera na mão, mas não têm a ideia na cabeça, por isso fazem tanta coisa igual”.
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Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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