Conecte-se conosco

header-top







 

17/09/2025
 

Opinião

Tito Guarniere: “Com Lira e Pacheco o Brasil continuará andando de lado e em marcha lenta”

Redação

Publicado

em

Tito Guarniere

NOVA DIREÇÃO, VELHOS VÍCIOS  

O Palácio do Planalto está eufórico com a vitória dos seus aliados para as presidências do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Mas o presidente da República Jair Bolsonaro e os seus arautos deveriam conter o entusiasmo – é vitória à qual falta substância, matéria altamente perecível, no ambiente flácido, volátil dos senhores deputados e senadores.

Logo ao primeiro embate real, à primeira votação importante de interesse do Planalto, novas faturas serão apresentadas no guichê do Tesouro – onde falta dinheiro para tudo, menos para assegurar o apoio da maioria nas casas do Congresso, principalmente na Câmara dos Deputados. As verbas e cargos agora concedidos só quitam os votos dados a Pacheco e Lira. Finalizado este episódio, a cada nova votação será necessário combinar novos, por assim dizer, emolumentos.

Aquela massa disforme que chama de Centrão é insaciável. Bolsonaro mergulhou fundo na bacia das almas para eleger os seus preferidos. Não tem volta: daqui para frente ou ele paga a conta cada vez que precisar, ou receberá em troca retaliações e derrotas no Parlamento.

Se ao menos a troca de favores entre Executivo e Legislativo tivesse em vista um plano, uma votação decisiva, uma lei estruturante, impopular mas necessária, objeto de disputa entre interesses conflitantes (como é o caso das reformas administrativa e tributária), então haveria uma justificativa. Mas da forma como se deu, e como se dará daqui para frente, não obedece a nenhum critério de interesse público. Há um obstáculo intransponível: o governo Bolsonaro tem uma noção vaga, confusa e contraditória do que quer, governa aos espasmos, não tem plano, não tem projeto.

Com Lira e Pacheco o Brasil continuará o mesmo, andando de lado e em marcha lenta. O Congresso Nacional seguirá sendo o palco de questões paroquiais, cada parlamentar disputando a tapas o seu quinhão de verbas públicas e de fatias orçamentárias – é o que vale e conta para a reeleição em 2022. Como Bolsonaro, eles, os parlamentares, só pensam naquilo.

A representação parlamentar vem perdendo qualidade a cada legislatura – é uma constatação quase unânime. O Congresso Nacional é um gigante disfuncional e o resultado previsível das suas notórias distorções. A representação é torta – no estado de São Paulo cada deputado federal representa 650 eleitores; em Roraima, 72.

Não há Parlamento que funcione com tantos partidos políticos. Não existe no mundo nada parecido com a cornucópia de agremiações políticas, que nascem da legislação frouxa combinada com a fartura das verbas do fundo partidário. Não são agremiações políticas, mas balcões de negócios.

Não existe a menor chance desse Congresso – e dos seguintes – de ao menos aprovar o voto distrital, a mais elementar forma de baratear o custo de campanha e de aproximar o eleitor do seu representante.

Enfim, as casas do Congresso não correm o menor perigo de melhorar.  Ainda no século passado, quando um interlocutor criticou o baixo nível do Parlamento, o doutor Ulisses Guimarães vaticinou: “Se você acha ruim essa legislatura, espere a próxima”.

titoguarniere@outlook.com

Continuar a ler
Clique em Comentário

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Opinião

“Sapatão com orgulho: nossa existência não pede licença” (por: Isabela Luzardo – Miss diversidade de Canoas 2025)

Redação

Publicado

em

por Isabela Luzardo*

Desde cedo, a sociedade tentou me enquadrar em um molde que nunca me serviu: brincar de boneca, não jogar futebol, usar vestido, maquiagem e roupas apertadas. Quebrei cada uma dessas imposições ainda na infância. E deixo a pergunta: por que seguimos insistindo que certas práticas, comportamentos ou desejos pertencem a um “gênero exclusivo”? A resposta é simples: não pertencem.

A construção da minha identidade passou por etapas de compreensão, dúvida e coragem. Entender a diferença entre ser lésbica ou bissexual, assumir a palavra “sapatão” com orgulho, e principalmente, mostrar que amar livremente é um direito inegociável. Não é apenas sobre minha vida — é sobre tantas outras mulheres que ainda enfrentam medo, violência e silêncio para existir.

Hoje, eu vivo meu amor com transparência. Sou noiva da Taciana, estamos de casamento marcado, temos casa, emprego, uma gata e, ao lado da minha companheira, formo uma família. Essa normalidade, para muitos banal, é para nós uma conquista política. Porque quando mulheres que amam mulheres afirmam sua existência, elas desafiam séculos de invisibilização.

Neste Dia do Orgulho Lésbico, lembrar do Levante do Ferro’s Bar é lembrar que nossa liberdade foi arrancada com luta. Em plena ditadura, mulheres lésbicas se recusaram a aceitar a exclusão e o apagamento. Elas nos abriram caminho. Se hoje podemos falar em orgulho, é porque ontem houve resistência.

Ser sapatão é muito mais do que uma identidade. É enfrentar o machismo e a lesbofobia. É se recusar a ser apagada. É afirmar que amar mulheres não é desvio, mas potência.

Por isso, neste 19 de agosto, afirmo com toda força: orgulhem-se, mulheres que amam mulheres. Nossa existência é política, nosso amor é resistência.

*Miss diversidade de Canoas 2025

Continuar a ler

Opinião

Artigo: “CORAGEM” (por Carlos Marun – advogado e ex-Ministro de Estado)

Redação

Publicado

em

Artigo CORAGEM (por Carlos Marun)

CORAGEM

“A maior de todas
as virtudes é a
Coragem, até
porque sem ela
nenhuma das
outras pode ser
praticada”
Maya Angelou
Poetisa

Alexandre de Moraes é uma figura singular. Penso até que errou ao determinar a prisão, mesmo que domiciliar, de Jair Bolsonaro. Não vi descumprimento claro pelo ex-presidente das medidas restritivas determinadas por ele próprio na decisão anterior que impôs ao Capitão o uso de tornozeleira eletrônica. Penso ainda que as penas que estão sendo aplicadas aos vandalos golpistas do 08/01/2023 são demasiadamente elevadas, especialmente quando comparadas àquelas aplicadas aos autores de outras crimes, aparentemente mais graves. Porém, isto não desfaz o imenso trabalho relalizado pelo STF em defesa da nossa Democracia, trabalho este que teve como como líder o próprio Ministro.

Todos na vida erramos e acertamos. Os inimigos querem nos medir por nossos erros. Os amigos por nossos acertos. Eu já prefiro medir as pessoas pelo saldo médio. E sem nenhuma dúvida, o saldo médio da atuação de Alexandre de Moraes é altamente positivo.

Uma das características que mais admiro em um ser humano é a coragem. E isto inegavelmente Alexandre possui de sobra.

Enfrentou internamente um movimento político dos mais raivosos da nossa existência enquanto nação que é o Bolsonarismo Fanático. Esteve, hoje se sabe, na lista de alvos da operação “Punhal verde-amarelo” tramada dentro do Palácio do Planalto por auxiliares próximos do ex-presidente. Esteve até sob a mira dos fuzis dos militantes desta seita política que haviam sido escolhidos para por em prática a operação. E nada disto o fez recuar.

Agora, enfrenta sem vacilações o mais poderoso e nefasto ser que existe sobre a terra que é Trump, que ataca nosso país sob aplausos dos entreguistas, que insistem em manter os dentes arreganhados diante desta ameaça a nossa soberania e deste bombardeio a nossa economia.

Há mais de 200 anos conquistamos, não sem luta, a nossa Independência. Hoje assistimos brasileiros apoiarem e até desejarem o retorno do Brasil à condição de colônia. Não existem outros termos. E nem meio termo. Aplaudir ou desejar que ordens de Trump sejam aceitas pelo nosso Judiciário é desejar que o Brasil volte a ser colônia, agora americana no lugar de portuguesa.

E esta conspiração interna sobre a nossa Soberania é feita às claras, sem pudores ou subterfúgios. Há alguns dias discuti isto em um grupo de zap e ouvi de um empresário que nos transformarmos em um protetorado americano não seria um “mau negocio”. Não é fácil lutar contra adversários externos apoiados por americanófilos internos.

A coragem é a primeira qualidade que deve possuir um Advogado. Escrevi este artigo no “Dia do Advogado” e por isto este 11 de Agosto é dia também de homenagearmos Alexandre de Moraes.

Concluo rogando, como nos ensinou o colega Advogado João de Almeida Neto na bela canção “Vozes Rurais”, Que não falte coragem a estes Homens, contra o tempo e aguentando o repuxo, e que diante de estranhas tendências preservem as nossas Independência e Soberania!

CARLOS MARUN – Advogado e ex-Ministro de Estado

Continuar a ler

Opinião

‘Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres’ (por Patrícia Alba – deputada estadual)

Redação

Publicado

em

'Punição exemplar para dar um basta à violência contra as mulheres' (por Patrícia Alba - deputada estadual)

Patrícia Alba*

Se a punição severa é a única maneira de frear os crimes contra as mulheres, quando se trata de uma autoridade, como o primeiro mandatário de uma grande cidade como Viamão, a sociedade saúda e aplaude a decisão da Justiça. O prefeito Rafael Bortoletti foi condenado pelo Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Viamão a mais de nove anos de prisão, por divulgar áudios íntimos trocados com uma mulher e por tentar silenciar testemunhas que poderiam depor contra ele na Polícia Civil.

Em qualquer sociedade, quem ocupa um cargo público deve prezar pelo respeito, integridade física, moral e intelectual dos seus cidadãos. Agora, cabe ao Legislativo municipal a reparação diante do povo de sua cidade. Votos legitimam uma eleição, mas é a conduta e comportamento do eleito que consagra sua permanência no cargo. É imperioso que os vereadores investiguem e até abram um processo para cassar o mandato. Não podem aceitar essa condenação como um evento banal ou de menor importância. Aliás, em qualquer país ou sociedade civilizada, os ocupantes de cargos dessa representatividade já teriam renunciado, imediatamente.

É inaceitável o ato vil cometido contra a vítima que, seis anos depois, ainda é obrigada a se recolher em uma vida de vergonha. Vejam o absurdo: a vítima foi condenada à humilhação, e o agressor segue livre, no comando do sétimo município mais populoso do Rio Grande do Sul.

Vamos acompanhar esse caso de perto, para que a Justiça seja efetivamente cumprida, dando exemplo para os agressores em potencial e evitando outros casos. Sabemos que há muito trabalho e ações a serem feitas para reduzir a violência contra a mulher – seja física ou moral.

Viamão, uma cidade pujante, com um povo ordeiro e trabalhador, uma comunidade em que praticamente a metade da população é de mulheres, tem a oportunidade de mostrar para o Brasil que não aceita nem banaliza a violência, seja contra quem for e de onde venha, principalmente contra as mulheres.

*Deputada estadual (MDB-RS) e presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia

Continuar a ler
publicidade
SicrediGraduação Lasalle

Destaques