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Fechamento de turno em escola causa indignação
Está marcado na história da Escola Estadual Bartolomeu de Gusmão as diversas lutas, reivindicações e conquistas que a comunidade escolar passou nesses quase 80 anos de sua existência. Nas últimas semanas, uma notícia inesperada tem causado indignação e mobilização entre moradores, estudantes, pais de alunos, e professores: o possível funcionamento de um turno único na escola.
Histórico de lutas
Construída na década de 40, a escola Bartolomeu de Gusmão foi a primeira instituição de ensino do bairro Rio Branco, projetada para os filhos de funcionários da empresa Frigosul, situada no bairro, terem um lugar de fácil acesso para estudar. Em meados de 1995, a escola enfrentou grandes problemas na sua infraestrutura, como buracos nas salas de aula, teto desabando e paredes caindo, o que acarretou com a sua interdição. Depois de muita luta da comunidade escolar junto ao Governo do Estadual, ela foi reconstruída e nos anos 2000 voltou com as suas atividades.
Fechamento de um turno na escola
Na primeira quinzena de janeiro a diretora e professora há 15 anos na escola, Cristiane Pena, percebeu que as turmas do turno da tarde não estavam sendo homologadas pelo sistema usado para matriculas. Procurou a 27° CRE e foi informada que em 2020 deveria funcionar em turno único, por ordem do Departamento de Planejamento (DEPLAN) da Secretária de Educação do Estado (SEDUC).
“A notícia do fechamento do turno causou muita surpresa a todos. Num momento de férias escolar ainda… Foi estipulado, não foi consultada a comunidade, nem os professores”, completa a diretora.
As justificações usadas pelo poder público para a decisão é de que a escola tem poucos alunos. Segundo a diretora, são quase 300 alunos matriculados.
“Eles não olham para a realidade do bairro. Infelizmente nós perdemos muitas crianças e adolescentes para o mundo do crime. Em Canoas somos a única escola que está passando por isso”.
Revolta da comunidade escolar
Caso a escola funcione somente no turno da manhã, turmas de 1° ao 9° ano irão dividir as dependências. Para os pais será um problema, pois haverá uma mistura de faixa etária que afeta o bem estar e segurança de todos — até ano passado alunos até o 5º ano estudavam no turno da tarde e os demais na parte da manhã¬. Esse é uns dos diversos motivos relatados pela comunidade escolar.
“O que o governo tem que fazer ele não faz, que é cobrir a quadra da escola, pagar os salários dos professores. Esse ‘desgoverno’ não está defendendo a educação”, conclui uma das mães entrevistadas.
Os pais criaram um abaixo assinado digital na última terça-feira, 28, que já conta com mais de 3.000 assinaturas contra o fechamento do turno.
Destaques
Prestes a completar 85 anos, Canoas olha para o passado para projetar o futuro
por Marcelo Grisa
marcelogrisa@gmail.com
A cidade de Canoas completa 85 anos de emancipação política no dia 27 de junho, enquanto ainda se recupera da maior tragédia de sua história.
As chuvas que atingiram o RS entre o final de abril e o começo de maio de 2024 entraram para a história em todo o Estado. Em Canoas, entretanto, mais de 60% da área urbana da cidade ficou debaixo d’água.
O Grupo O Timoneiro, no objetivo de discutir os rumos do município e para que a importância desse assunto não seja esquecida, foi atrás de histórias anteriores a que os canoenses vivem hoje.
Fala-se muito nas enchentes de 1941, que definiram políticas para as décadas seguintes em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Entretanto, os mais antigos lembram-se também de 1967, quando muitos dos bairros que alagaram no mês passado.
Falamos com algumas dessas pessoas que já sabem, a 57 anos, o que é passar por uma enchente.
Primeiras memórias
Zenona Muzykant, de 85 anos, havia chegado a Canoas, vinda de Dom Feliciano, a menos de dois anos quando as águas atingiram a cidade.
Então moradora do Mathias Velho, ela se recorda de ficar confusa ao receber informações, já que pouco conhecia Canoas à época. “A gente ficava sabendo das coisas por quem passava na rua”, relata.
A água chegou até a metade das janelas da sua casa, na Rua Maceió. “O pessoal levantou tudo, não perdemos muita coisa. Mas muitos parentes meus perderam tudo que tinha em casa”, aponta Zenona.
A sensação que ela tem com a enchente de 2024 é bem diferente. “Parece que muito mais gente foi atingida dessa vez”, diz.
Entretanto, para a moradora do bairro Igara, o mais importante é a manutenção da vida. “O resto se batalha e consegue com garra, vontade e fé.”
Socorrista e resgatado
Samuel Eilert nasceu no bairro Rio Branco e, como ele mesmo diz, cresceu na beira do Rio Gravataí. Os diques estavam em construção, e a estrutura que foi afetada em 2024 não estava pronta em 1967.
Então com 23 anos, o professor aposentado saiu pelas ruas junto com seu pai, Douglas, fazendo o que muitos canoenses fizeram em 2024: o resgate dos vizinhos e amigos que não tinham como fazê-lo.
“Naquele momento, os lugares seguros eram dois: a Praça da Igreja ou os trilhos do trem. As pessoas acampavam por lá”, relembra.
Com menos informações a respeito dos rios do que hoje em dia, Samuel diz que não era possível prever o que aconteceria em seguida. “Auxiliávamos e esperávamos. Eu conhecia o terreno, mas nunca tinha visto algo assim”, explica.
Em 2024, o professor Samuca, como muitos ex-alunos o chamam, esteve do outro lado da mesma situação. No mês passado, ele foi resgatado em sua casa por um grupo de jovens em um barco.
“Me senti da mesma forma quando eu resgatava, lá em 67. A juventude salva”, afirma.
Samuel acredita que, assim como no passado, os fatos recentes farão com que os rios não se comportem mais da mesma forma. “A gente precisa que o poder público se prepare de outras formas agora”, diz.
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Prefeitura de Canoas disponibiliza formulário para população se cadastrar no Auxílio Reconstrução do Governo Federal
Todos os canoenses que residem em regiões atingidas pela enchente já podem se cadastrar no formulário disponível pela Prefeitura, para terem acesso ao Auxílio Reconstrução do Governo Federal.
A iniciativa vai garantir R$ 5,1 mil diretamente à população, com pagamento realizado pela Caixa Econômica Federal, via PIX. O município cadastrou todos os CEPs das áreas afetadas. O programa não possui nenhum corte ou limitação de renda, nem a necessidade de inscrição no CadÚnico.
Os canoenses devem realizar o cadastro neste link.
Após o cadastro, a pessoa indicada como responsável deve acessar um sistema do Governo Federal, que será aberto na próxima segunda-feira (27/05), para confirmar o pedido. É necessário ter uma conta GovBr. Quem já possui conta na Caixa receberá o dinheiro diretamente nela. Para quem não tem, será aberta automaticamente uma poupança, onde será depositado o benefício.
No momento do cadastro, os canoenses devem preencher as seguintes informações:
– Nome completo e CPF do responsável da família;
– Nome completo e CPF de todos os outros membros da família;
– Endereço completo e CEP.
– Telefone de contato
*Após a inscrição, o morador deve assinar uma autodeclaração se responsabilizando pelas informações prestadas.
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DESASTRE NO RS: Total de mortos sobe para 83; 111 estão desaparecidos
Na manhã desta segunda-feira, 6, um boletim divulgado pela Defesa Civil apontou que o número de mortos em decorrências das chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul subiu para 83. Ainda estão sendo investigadas outras 4 mortes, e há 111 desaparecidos e 276 pessoas feridas.
De acordo os dados da Defesa Civil, 141,3 mil pessoas estão fora de casa, sendo 19,3 mil em abrigos e 121,9 mil desalojadas (na casa de amigos ou familiares). Ao todo, 345dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 850 mil pessoas.
Risco de inundação extrema
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima da cota de inundação. Em medição realizada às 5h15min desta segunda-feira, 6, o patamar estava em 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
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